Elsa ainda não estava acreditando que tinha feito aquilo. Imagens passavam pela sua cabeça, deixando-a cada vez mais incrédula.

O baile - aquele baile desastroso - onde tinha recebido a coroa em sua cabeça... Aquela coroa pesada mais pareciam correntes. Ela tinha sido coroada rainha de um povo que diriam que ela é um monstro, se soubessem dos seus poderes, e a sua irmã, a única que sabia depois da trágica morte dos pais, não lembrava de nada. Não lembrava dos bonecos de neve que fizeram juntas no salão, não se lembrava das duas patinando pouco antes do galo cantar...

Naquele momento, Elsa se preocupava em correr para longe dali, para longe daquela vida. A cada passo que dava, a neve e o gelo a circundavam; ela congelava lagos, fazia com que as árvores ficassem cobertas de neve e o frio predominasse. Mesmo já tendo saído da vista dos moradores de Arendelle, Elsa ainda conseguia ouvi-los gritar.

Bruxa! Vadia! Vagabunda! Traidora!

A sua irmã a encarava, boquiaberta, ao lado do homem que queria casar, um tal de Hans. Eles tinham se conhecido naquele dia! Era um absurdo!

Culpa. Era o sentimento que dominava Elsa. Ela podia ter dito a irmã que queria falar com ela a sós. Poderia ter explicado os seus receios longe daquele Hans, ou de todos os presentes no salão de baile.

Mas Anna despertava alguma coisa em Elsa, que sabia que era errado, sabia que aquele sentimento não deveria existir, mas existia.

Quando Anna chegou ao seu lado, perguntando se tinha a sua bênção para se casar com Hans, mesmo que eles tivessem se conhecido naquele dia, Elsa teve vontade de gritar, e ver o sangue escorrer do rosto daquele maldito Hans.

Ela percebeu ali. Achava que o amor e o carinho que tinha por Anna era algo fraterno, mas a vontade que teve em fazer Hans sofrer por querer se casar com Anna definitivamente não era algo fraterno.

O frio nunca tinha incomodado tanto Elsa quanto naquele momento. Não era a temperatura em si que a fazia se sentir mal, mas sim saber que todo aquele gelo era como estava internamente, era como estava seu coração.

Elsa sentia que era o erro, a ovelha negra da família. Era a única que era diferente, era a única que podia fazer aquelas... coisas com gelo, que tinha feito com que todos do seu reino a xingassem em uníssono. Ela era a única que tinha se apaixonado não só por uma garota, mas pela irmã!

Elsa olha para as luvas de um tom de rosa fechado, e se sente pequena. Aquelas luvas são as únicas coisas que a protegiam do reino. As únicas coisas que escondiam do reino o motivo que tinham para querer matá-la.

Elsa era cruel, uma assassina fria. Por um descontrole, quase matou um homem. O homem que sua irmã amava, o homem que a mulher que ela amava queria se casar.

Grande coincidência, não era? Amar incondicionalmente a sua irmã, com um amor que não era de irmãos?

Mais pedaços de gelo se espalhavam pelo ambiente cheio de neve, enquanto Elsa corria, descarregando a sua raiva em qualquer coisa que passasse perto - o lugar estava deserto, portanto nenhuma pessoa corria risco de morte, felizmente.

No fundo do seu coração de gelo, Elsa desejou que Anna não fosse lhe procurar.