Beatriz e Daniel escrita por Olavih


Capítulo 3
O fim


Notas iniciais do capítulo

E este é o desfecho da história desse lindo casal. Espero que tenham gostado, mesmo que só tenha 3 capítulos. Boa leitura!



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Faltava pouco para a meia noite, mas Triz já estava com seu computador ligado, pronta para acessar a página do Inep. Em poucos minutos o resultado do Enem estaria disponível e ela mal podia se aguentar. Os últimos dias tinham se arrastado e ela mal conseguia se concentrar em algo. Daniel reclamou algumas vezes, mas ele mesmo estava nervoso com isso.

“Pronta pra verificar sua nota?” – Porco Machista.

Triz sorriu ao conferir o celular e ver a mensagem de Daniel. Ela tomou o aparelho nas mãos e digitou rapidamente:

“Computador ligado, só esperando dar meia noite para acessar o site” respondeu ela. A resposta dele foi uma foto de si, o dedo polegar em sinal de “joia” e um sorriso largo exagerado,           quase formando uma careta.

“Boa sorte para nós”

“Toda sorte do mundo” E ela deixou o celular de lado.

O relógio do notebook apontou meia noite. Triz respirou fundo antes de digitar o endereço do site e apertar enter.

***

— Dona Carmen, tudo bem? — Triz ouviu a voz vinda da porta, mas não compreendeu quem era. Não desgrudava os olhos do computador tentando, repetidamente acessar sua página do participante.

— Oi Daniel, graças a Deus você chegou. Será que pode dar um jeito em Beatriz? — ela perguntou, um tanto irritada, apontando para Triz que estava na cozinha. — Ela acordou umas seis da manhã e não sai da frente desse computador.

— Imaginei, já que ela não respondia minhas mensagens. — Daniel murmurou. Sorriu para a sogra. — Pode deixar dona Carmen. Super-namorado entrando em ação.

Triz sentiu quando ele se aproximou, mas não se virou. Estava terminando de digitar sua senha. Então sentiu o toque quente de Daniel em seu ombro seguido de um beijo no topo de sua cabeça. Um sorriso involuntário surgiu em seu rosto iluminado pela luz da tela do computador. Sua cabeça doía e o medo a corroía, mas por fora era como se estivesse em um dia normal.

—Quando você vai desligar essa porcaria e olhar para mim? — perguntou Daniel em um tom controlado. Triz desviou o olhar para encará-lo e abriu um sorriso para amolecê-lo.

— Não sabia que você viria. — ela disse, dando-lhe um selinho.

— Saberia se conferisse seu celular de vez em quando. — ela franziu o cenho.

— Meu celular? Não tem nada no meu... Oh! — foi só o que ela conseguiu exclamar ao ver as dezesseis mensagens de Daniel. Havia desde ameaças a terminar o namoro às mensagens carinhosas onde ele a chamava de amor. Daniel nunca a chamava de amor.

— Quer conversar sobre isso? — ele perguntou, tomando sua mão na dele. Ela suspirou, negando.

— Não, eu estou bem. Só preciso ver essa porcaria de nota... — disse ela, voltando a se concentrar na tela. Ela não viu quando Daniel revirou os olhos, apenas sentiu suas mãos em seus punhos, parando-a.

— Nós vamos sair. Agora. — e seu tom não era em pergunta.

— Eu nem estou vestida para isso. — ela estava com sua blusa de pijama do lanterna verde, que ficava enorme nela e um short curto.

— A gente não vai num shopping, Triz, apenas ali fora. — ele revirou os olhos. — Você está ótima assim.

***

—Você está péssima assim. — comentou Daniel, zangado. Triz revirou os olhos, sorrindo um pouco. Eles estavam na praça em frente à casa de Triz, tomando um sorvete. Um grupo de garotos estava um pouco longe e vez ou outra eram flagrados olhando para as pernas da garota.

— A culpa foi toda sua. Como foi mesmo que você falou? “A gente não vai num shopping, Triz”. — ela imita sua voz, forçando para sair mais grossa, o que desperta um sorriso em meio à carranca do rosto do namorado. — se tivesse me deixado trocar de roupa...

— A culpa é sua, se fosse mais feia não iríamos ter esse problema. — a risada de Triz reverbera por entre as árvores. — Além disso, se eu deixasse você ir se trocar, provavelmente se trancaria no banheiro para poder acessar sua nota pelo celular.

— É, eu provavelmente faria isso mesmo. — ela concordou, dando de ombros. Acharam um lugar em baixo de uma árvore e se sentaram. Daniel ainda estava na metade do sorvete enquanto Triz já estava no fim. Ele olhou impressionado para a namorada.

— Não sei dizer se você estava com fome ou se só é esfomeada mesmo. — ela riu, mostrando-lhe língua.

— Me deixa, não mandei você me trazer para cá.

— Então, vai me contar porque está surtando tanto? — ele perguntou, olhando-a. Triz concentrou na praça a sua frente, observando a grama e a tranquilidade das pessoas que ali passavam.

— Precisa perguntar? Eu só estou ansiosa pra saber o resultado da prova mais importante da minha vida.

— Não é exatamente assim. Se você não for bem nessa, ainda tem muitos anos pra saber...

— Mas eu não quero passar depois, eu quero passar agora. — ela baixou o tom ao falar.

— Escuta, Triz... — a mão dele virou o rosto dela para que seus olhos se encarassem. Triz ficou sem ar por alguns segundos por conta daquele olhar intenso e ao mesmo tempo tão doce. — Você vai passar. Você estudou para isso. E se não passar... Eu vou estar aqui, com você. Nunca se esqueça disso.

Eles ficaram em silêncio por um longo tempo. Triz encostou a cabeça no ombro dele ouvindo seus batimentos cardíacos tranquilos. Ela sabia que Daniel também devia estar nervoso para saber a nota, ele estudara muito para aquilo. Mas só de ver o esforço dele para demonstrar calma e, assim, acalmá-la, fez a garota ver que Daniel era especial. Mesmo se o namoro deles não desse certo, ela não se arrependeria. Ele é uma pessoa maravilhosa e, a cada dia que passa, ela só sentia seu sentimento por ele crescer.

— Obrigada. — ela sussurrou. Daniel continuou passando a mão em seus cabelos, desmanchando seus cachos e os refazendo.

— Pelo sorvete? Já te falei que ele não vai sair de graça...

— Não, seu tonto. — ela riu, fracamente. — por se importar.

Triz sentiu Daniel beijar o topo de sua cabeça e sussurrar:

— Sempre.

***

— CONSEGUI! — Anunciou a garota, toda feliz. Todos na casa voltaram seus olhos para Triz e seu notebook, como se eles fossem as atrações principais de um show. Daniel ainda estava lá, ao seu lado. Ele lhe dissera que não sairia dali enquanto não visse a nota com ela. Assim que ela anunciou, ele tirou os olhos do celular direto para o quadro e conferiu as notas.

— Como foi? — perguntou Carmen antes de conseguir se aproximar do computador da filha. As notas não poderiam ter sido melhores: 900 em Português/Inglês, 850 em Ciências Humanas, 700 em matemática e Ciências da Natureza. Mas foi a nota da redação que deixou Triz sem queixo: 950 pontos. Ela escancarou tanto a boca que ficou com medo de acabar perdendo-a.

— Novecentos e cinquenta? — perguntou ela, atônita. E logo depois, o surto de loucura. As mulheres começaram a comemorar, se abraçando. Bruna abraçou Triz tão forte que foi como se suas costelas estivessem se encontrando. Triz sorriu, soltando-se da sua irmã e indo de encontro ao seu namorado.

— Viu aí, mal amada? Eu te disse: você ia se sair bem.

— Obrigada. Por tudo. — ela deu de ombros e foi aproveitar seu abraço de urso.

Bruna tirou o celular do bolso e sorriu para os dois. Tirou umas fotos, nada discretamente e, quando Triz notou, ela apenas disse:

— Vocês estão lindos assim, não podem me negar uma foto. Agora façam pose. — ordenou. Triz revirou os olhos e sorriu. Daniel a abraçou, contentando-se a dar um sorriso simples. Bruna desceu o celular indicando que tinha terminando e Daniel voltou a namorada para si.

— Eu tenho que ir agora, está tarde. — Triz abriu a boca para protestar, mas ele apenas continuou. — Quero que a senhorita se alimente, tome um banho e vá dormir. Não é um pedido, não adianta nada passar na faculdade se não tem saúde para cursá-la. — ela revirou os olhos como se indicasse exagero, mas sorriu com sua preocupação.

Algo estava estranho no olhar de Daniel, havia uma tristeza que ela não notara antes. Mas antes que pudesse protestar, Daniel beijou-lhe e se despediu de todos, saindo rapidamente. Até Carmen estranhou.

— Ele foi embora rápido para quem estava disposto a ficar aqui “o tempo que for necessário”.

— Acho que sei o porquê. — diz Triz, desbloqueando seu celular, que era o que Daniel estava usando. Um quadro de notas do Enem estava estampado ali e os resultados não eram animadores. — as chances dele são poucas.

***

Daniel ficou um pouco ausente durante quase uma semana. Triz tentou de tudo para consolá-lo, mas ele sempre dizia que estava bem, que só precisava de um tempo para si. Ela sabia que não era bem assim. Não é fácil tirar notas ruins para algo que você se dedicou tanto.

Quando as posições do Sisu saíram, não foi surpresa quando Triz conseguiu passar em jornalismo, na faculdade ali da cidade. Também não foi surpresa que Daniel tenha ficado na lista de espera. Ele continuava dizendo que estava tudo bem, que não se importava de fazer um cursinho. Mas os sorrisos forçados e o olhar triste indicavam o contrário. E cortava o coração de Triz não conseguir convencê-lo de se abrir.

— Então, o que vamos fazer hoje? — perguntou ela, assim que chegou na casa dele. Jogou-se no sofá, tirando o celular do bolso e respondendo algumas mensagens.

— Pensei em ver alguns filmes, o que acha? — ele perguntou, saindo do quarto sem camisa. Triz observou um pouco seu físico levemente sarado e sorriu.

— Porque sempre que eu estou aqui você está sem camisa? — ele sorri malicioso à pergunta dela.

— Talvez porque eu queira conquistar você. Funcionou? — pergunta, beijando o músculo do braço. Triz solta uma gargalhada com suas poses ridículas.

— Claro querido, agora pare de pagar mico e venha escolher o filme. — ele revira os olhos, sentando-se ao seu lado e ligando a televisão. Logo está no netflix tentando escolher algum filme.

— Sabe Triz, seria mais fácil escolher um filme se você tirasse os olhos do celular e me ajudasse aqui.

— Porque só não coloca numa série? Quero ver Teen Wolf.

— Eu não vou ver Teen Wolf com você. — ele negou.

— E porque não?

— Não quero ver você babando para o lado daquele Dylan O’Brien. — resmungou Daniel. A gargalhada de Triz foi alta e ela se lembrou de uma discussão que tiveram certa vez. O motivo? O ciúme de Daniel por Dylan.

— Não seja bobo, eu não vou babar por ele. — Ela fez uma pausa dramática. — Não muito.

— Não. Vamos ver outra coisa. — ele continuou procurando por filmes. Triz soltou o celular dela no colo, parecendo entediada. Esticou-se por sobre ele para pegar seu celular e encostou a cabeça em seu ombro, vasculhando no celular do namorado. Daniel quebrou o silêncio — Quando suas aulas começam?

— Em fevereiro. Quero nem pensar na primeira semana e todos aqueles... Trotes. — ela falou soltando calafrios. Os trotes da faculdade eram conhecidos por serem humilhantes. Nada que passasse do limite, mas era horrível ser sujado de farinha e tinta no meio da praça, a cidade toda ficava sabendo.

— Isso vai ser engraçado. — Daniel sorriu, olhando para Triz. Ela revirou os olhos. — Ah, não fique com medo. Você vai ficar linda com todas aquelas camadas de farinha. Faço questão de ir lá ver.

— Hã... Daniel? Acho que você não vai precisar ir até lá para ver. — ela falou com um sorriso macabro. Então endireitou o corpo e mostrou um e-mail recém-recebido por Daniel. A mensagem dizia “Parabéns, Sr. Daniel Silva. Você foi classificado para a primeira chamada”.

— Mas o que? — perguntou ele, atônito. O sorriso de Triz mal cabia em seu rosto. Era um misto de alegria e traquinagem.

— Não se preocupe, querido. Você vai ficar ótimo todo sujo de tinta e farinha.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam desse casal traquinagem? Espero que tenham gostado, sério. Deixe seu comentário, quero saber sua opinião. Beijos.



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