Kisses and Guns escrita por Nina Arik


Capítulo 41
Pois lutar é a palavra vibrante que levanta os fracos e determina os fortes. - Cora Coralina


Notas iniciais do capítulo

She's ALIVE! Musica de hoje - Chet Faker - Talk Is Cheap



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Sentimento ou conhecimento que permite ao ser humano vivenciar, experimentar ou compreender aspectos ou a totalidade de seu mundo interior. Essa é a definição de consciência, se alguém quiser procurar no dicionário. A consciência é um ponto de luz acendendo lentamente em uma escuridão imensa, profunda e fria. É o que nos faz sair de nossa própria casca e olhar ao redor. É o que nos dá as sensações. Frias, quentes, agradáveis e dolorosas.

A pequena faísca de consciência me atinge como um raio. Um choque que perpassa pelo meu corpo inteiro. Ouço bipes e mais bipes minha cabeça pesa. Não posso ver, mas em algum lugar da minha cabeça eu sei que é uma questão de abrir os olhos, mas meus olhos parecem estar pesando toneladas. Meu corpo parece estar debaixo de alguma pedra. Oh Deus! Eu vim para o inferno? Me esforço para abrir os olhos. Sinto como se eu estivesse levantando peso. Mas, quando finalmente faço a explosão de luz me machuca, solto um gemido torturado e percebo que minha garganta está dura.

— Oh... Deus! – Ouço uma voz meus ouvidos estão sensíveis. Meu corpo todo parece sobrecarregado. Pisco várias vezes. Alguém aparece em minha visão. Uma cabeça ruiva e tudo que eu posso ver são os cabelos cor de fogo. Até que eu foco. Olhos azuis cheios de lágrimas e um rosto angelical que se parece com... Amélia. – Graças a Deus! – Ela chora com força. – Enfermeira! Ela está acordada. – Amélia grita histericamente. O que ela faz aqui? Enfermeira? Que diabos está acontecendo? Descubro que não tenho força para me mexer, apesar de eu sentir meu corpo todo. É como se minha energia tivesse esgotado. Uma enfermeira entra correndo com o rosto sério.

— Nicole? – ela fala para mim. Franzo a testa. – Você consegue falar?

— Quem... – começo, minha voz está rouca e grossa.

— Nicole... – Amélia sussurra. – Eu estava tão preocupada. – Amélia olha pra mim em expectativa.

— O que aconteceu?

— Você sofreu um acidente querida. – a enfermeira diz suavemente. Acidente? As imagens que passam pela minha cabeça estão longe de serem acidente. O som dos tiros fazem minha cabeça doer. Eu me debato. Dante tentou me matar! O que Amélia está fazendo aqui? Vai terminar o serviço? Quando Dante vai vir? A expectativa de ver ele é tanto amedrontador como excitante. Eu quero ver ele? Sim. Não. Talvez. Inferno!

— Eu vou checar você. – a enfermeira diz. – Você ficou duas semanas desacordada querida. Você se lembra de tudo.

— Duas semanas? – eu pergunto meio tremula quando a enfermeira faz suas vistorias.

— Sim. Mas, você está se recuperando bem e seus ferimentos estão fechados. Você vai ficar bem. – Ela me dá um sorriso. – Eu vou ajudar você a tomar um banho e te trazer uma sopa leve. O médico vai passar mais tarde.

Várias perguntas ainda estão girando minha mente, quando a enfermeira me leva para o banheiro. Depois do banho rápido, ela me traz uma sopa pouco apetitosa que faz meu estomago torcer e ela me alimenta, por que não tenho força. Eu me obrigo a engolir um pouco por que o fato de eu estar me sentindo fraca me deixa nervosa e certo como inferno que eu não vou ficar assim. E depois ela finalmente sai me deixando sozinha com Amélia.

— O que você está fazendo aqui? – pergunto duramente e sem rodeios. Ela arregala os olhos ligeiramente.

— Alex... eu...

— Eu sei, Amélia. De tudo! O matriarca pagou você para se aproximar de mim? Como você pode?

— Como é? Não!

— Não mente para mim! Quando eles vem terminar o que começaram? Quando Dante vem?

— Alexandra! Que merda você está falando? O matriarca nunca me falou sobre você!

— Eu nâo acredito...

—  Você tem que acreditar! Eu me aproximei de você por mim mesma! Eu queria uma amiga! Meu Deus! Você não pode pensar que eu faria alguma coisa para aquele demônio! Ele... Ele fez da minha vida um inferno! Deus! Ele é cruel! Ele...- ela começa a chorar. – Tem que acreditar em mim. – foda-se. Ela está sendo sincera.

— Amélia.

— Oh Alex.  – ela se quebra e me abraça. – Eu sinto tanto.

— Como eu vim parar aqui?

— Eu fugi. – ela engoli seco. – Um dia depois que noivei com Dante. Eu não poderia fazer isso. Então eu ia até você, mas você está saindo quando eu cheguei e eu ti segui. Vi os homens do Matriarca seguirem você e então quando seu carro capotou e você seguiu para aquele prédio eu chamei a policia. Quando eles vieram e ti encontraram... – ela olha para o nada e está pálida como nunca. – Achei que você estivesse morta. Mas, quando os paramédicos me disseram que você estava viva subornei eles para darem um relatório de morte e te dei uma nova identidade. Você é Nicole Garret agora. E estamos aqui.

— Você pintou os cabelos.

— Sim, eu tive que fazer. Eu sou Nina Jamerson agora. Precisa recuperar sua força Alex, precisamos sair daqui. – ela diz com determinação.

— Você poderia ter ido.

— Eu não iria deixar minha melhor amiga. – ela sorri. E pela primeira vez em muito tempo eu sorrio de volta. Amelia não me traiu. Ela é minha amiga.

— Tudo bem. – digo. Coloco as pernas para fora da cama. Elas tremem como varas e eu posso claramente ver o peso que perdi, mas minha determinação é muito maior. – Quem ajudou você a fugiu?

— Minha mãe, ela me deu dinheiro e me tirou de lá. Eu nâo poderia casar com Dante, ele é como um irmão para mim e... Eu sei que vocês...

— Nâo há nada sobre nós...

— Alex...

— Ele tentou me matar!

— Ele não...

— Se vamos fazer isso, você vai ter que me prometer não falar dele. – digo determinada.

— Tudo bem. Aqui. – ela remexe em uma bolsa e me tira um par de roupas. – Eu resgatei suas coisas e suas armas. – sorrio aliviada.

— Isso é bom. Vamos precisar de proteção. – O pequeno banheiro me fornece o mínimo de privacidade. Eu tremo inteira e me leva tempo para entrar nas roupas. Acho uma escova de dentes na embalagem e usa. Há um kit de primeiros socorros na pia. Uma tesoura dentro. Encaro o espelho. Meus olhos azuis estão pálidos e claramente não saudáveis. Tenho bolsas debaixo dos olhos e meu rosto está muito fino. Nem quero começar a falar dos dois ferimentos ainda em um tom de rosa no meu braço e no meu peito. Se eu estou aqui é por um pequeno fio. Meu cabelo está grande. Abaixo dos meus quadris. Junto eles com um laço e passo a tesoura. Quando solto eles estão na altura dos meus ombros. Dizem que o corte está na moda.

Amelia arregala seus olhos para mim quando saiu.

— Seu cabelo...

— Foi preciso. – digo mais secamente do que pretendia. – Vamos indo.


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