Kisses and Guns escrita por Nina Arik


Capítulo 39
Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento. - Clarice Lispector


Notas iniciais do capítulo

Boooom dia leitores e leitoras maissss bonitos e charmosos do MUNDO! Primeiro de tudo, essa autora teve uma semana dificil, impossivel quase, mas está quase acabando, segunda vou apresentar um artigo e terça vou saber as notas finais então rezem, orem, torçam por mim, e eu agradeço desde já!
Como esse fds estou mais "livre" vou postar a medida que vou escrevendo então talvez tenha algo das outras fics
Enquete: Tenho uma cena pronta da visão do Dante, da pra incluir ou não. Então, a escolha é de vocês () sim ()não
Mais uma coisa kkk Eu raramente indico trilha, mas aqui vai Crash - Sum 41 COMBINA PERFEITAMENTE E e eu chorei, sério....
Por fim, quero agradecer por terem paciencia comigo e ainda estarem aqui!
Beeeeijocas dessa autora.



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Dante me quebrou em pedaços irremediáveis. E os espalhou por lugares que eu nunca vou poder recuperar. Dante não se contentou com meu corpo, ele quis meu coração e em algum momento ele conseguiu minha alma... Ele levou tudo. Como um bom príncipe da máfia, ele roubou, extorquiu cada pedaço de mim que pode, e eu assisti e o deixei fazer tudo isso por minutos de prazer. Eu quase rio. Ele ficaria bravo se eu dissesse minutos! Não seria engraçado ver sua cara?

Minha mente vaga outra vez.

Eu estou quebrada.

Eu não tenho mais nada.

 

 

 

 

E então aqui é onde paramos, quando meu corpo desliza pela parede, fraco, meus joelhos não são capazes de me sustentar e meu corpo bate no chão duro.

Dizem que quando se está perto do final, você se lembra do começo. Não é verdade. E não estou vendo minha vida passar diante dos meus olhos. Eu estou vendo ele. Desde o primeiro minuto em que eu coloquei os olhos nele. Até o momento que me trouxe aqui, a estar deitada em uma poça do meu próprio sangue. Por eu sinto isso também, meu sangue quente se acumular debaixo de mim como uma cama macabra.

Eu entendo por que ele fez isso.

Eu o entendo. Eu não consigo deixar de entender... 

Charles Bukowski disse: “A gente ama o que precisa, ama o que faz sentir bem, ama o que é conveniente.” Mas, apesar de eu ser fã desse autor, eu agora, discordo dele totalmente, por que ele nunca foi bom pra mim, nunca foi conveniente, nunca foi o que eu precisava, no entanto, eu entendo agora que eu o amei. Merda! Eu o amo. Tento suspirar, isso não sai direito e dói como um inferno. Eu me apaixonei por Dante em algum momento. Não por que ele tentou de tudo para me conquistar, por que ele me fez amar ele, só por que simplesmente eu não pude evitar.  

Vamos ser honestos?

Ele fez tudo ao contrario. Bufo uma risada e sinto o gosto ferroso e salgado na minha boca.

E mesmo que eu esteja me aproximando do fim, eu não nego isso. Eu nunca negaria. Mesmo que pudesse mudar o meu destino, mesmo que as coisas pudessem ser diferentes, mesmo que ele não sinta o mesmo por mim eu não nego. E eu vou levar esse amor comigo até meu ultimo suspiro que está se aproximando cada vez mais rápido a cada segundo que passa. Eu sinto. A cada calafrio e sopro gelado na minha pele. Era suposto ser um dia quente não era? Por que diabos eu sinto como se estivesse deitada em neve?

A segundos atrás eu estava imersa em dor.

Agora já não sinto mais nada. Isso não pode ser bom sinal. Mas, querem a verdade desesperadora? Eu nem mesmo consigo entrar em pânico! Por que não sentir é simplesmente tão bom. Tão... libertador. 

E depois de tudo eu mereço, talvez eu não mereça o Céu, mas se algo pode amortecer todos esses sentimentos, isso basta.

O fato de meus pulmões estarem recusando minhas respirações, ou meus olhos não estarem mais vendo nada devia me deixar apavorada, talvez eu devesse gritar por ajuda, mas eu estou tão cansada e eu nem sinto mais o desespero que eu senti há alguns minutos atrás. Agora é difícil me segurar a alguma coisa. Há apenas o vazio. E talvez um desejo de poder ver os olhos dele uma ultima vez. Ouvir sua voz e as sobrancelhas franzidas, seu rosto raivoso. Ter um gosto uma ultima vez. Oh Deus! A que ponto eu cheguei? Se cada toque de Dante em mim foi com raiva, foi físico e puramente carnal! Eu sou louca? Por desejar o homem que me deixou aqui, para morrer? Sim, eu ainda iria querer ver ele uma ultima vez, por que o amor não funciona do jeito que a gente quer. Mas isso não é um filme. E meus desejos não podem ser atendidos.

Eu não vou ver ele mais, mesmo que seu rosto está pregado em cada parte do meu cérebro cansado. E é tudo que eu consigo pensar. Ele está provavelmente agora chateado por que ele não é o meu assassino. E eu penso que eu devo  realmente ter algum problema por que mesmo quando sinto o gosto do meu próprio sangue em minha boca eu sinto essa decepção e essa raiva. Deveria ter sido ele, e ele prometeu que quando fizesse seria rápido. Uma morte limpa, eu não estaria agonizando aqui se Dante tivesse apertado aquele gatilho. Ele ia ter a certeza de que atingiu meu coração. E que quando a bala me atingisse eu não sentiria mais nada.

Sinto o som do meu coração encher meus ouvidos.

Meu coração. A única coisa que realmente me pertencia. Mas, Dante, como um fiel mafioso fez questão de me tirar tudo. E agora o coração que eu sentia me falhar no peito também era dele. Um líquido quente escorre pelo meu rosto. E eu sei que são lágrimas, e que essas vão ser as ultimas que vou derramar por ele. Deus! Ele fez o que pode para me afastar, por que diabos eu o amei?

Eu poderia ter tido uma vida pacata e tranquila, ter morrido velha e com netos. E ainda assim. Acima de tudo eu escolhi me entregar para ele, mesmo quando eu sabia que isso significaria uma vida de curto prazo. E que eu nunca teria um jardim como o da minha mãe, e nunca teria filhos, e muito menos ainda netos.

Mas eu ainda faria tudo de novo. Eu ainda o amaria apesar de tudo. A escuridão se fecha nas bordas da minha visão. Sinto que estou flutuando em algum lugar. É, como estar imersa em uma piscina quente. É perturbador o quanto eu posso sentir até mesmo as ondulações. Mas, eu não luto contra isso. Não, estou cansada de lutar e essa é a primeira vez em muito tempo que eu lembro de ter paz. Então eu me entrego e me rendo, por que também há honra em se render.

Ouço um tum, tum, tum de longe, mas nem mesmo meus ouvidos estão trabalhando mais ao meu favor. E então tão de repente como o som veio ele, para. E a escuridão finalmente me leva.

Acabou.


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