Kisses and Guns escrita por Nina Arik


Capítulo 24
Coração na mão e arma em punho.




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Não tenho boa sensação quando o elevador começa a subir. Nem quando abre por que me lembro o que eu vi quando essas portas se abriam pela primeira vez para mim. E mesmo depois de tudo o que eu vi eu ainda... Balanço a cabeça para afastar as lembranças. Eu sinto que estou sufocando. O nó na minha garganta é insuportável. Meu coração é tão pesado como uma pedra no peito.

Não desmorone. Não desmorone, Alexandra.

— O kit de primeiros socorros fica no banheiro. Você sabe onde é. Você pode ficar no quarto no final do corredor. – Ele diz sem olhar para mim. – Eu tenho que ir. – Mordo o impulso de perguntar a onde... Mas, eu acho que no fim das contas eu nem quero saber. Apenas assinto com a cabeça no caminho vejo uma mesa cheia de bebidas alcoólicas e pego uma vodka para esterilizar os ferimentos   e vou para o banheiro. Volta a minha arma no cós da minha calça e começo a limpar minhas feridas.

A ferida no meu braço acabou por ser ainda mais profunda do que eu tinha imaginado. Rangi os dentes quando peguei o kit de sutura. Se tinha uma coisa que eu odiava era ter que costurar ferimentos. Os meus principalmente.

Quando começo a dar pontos Dante reaparece. Ele me olha confuso por um momento.

— Que porra você está fazendo? – ele pergunta com a voz grossa.

— O que você acha? – digo rangendo os dentes por que a dor é insuportável. E por mais forte que eu tento me fazer parecer eu não sou tão forte assim. Minhas mãos tremem. Pela perda do sangue e pelo esforço. E ainda assim me obrigo a olhar para ele como igual. Não menos que isso. Eu sempre tenho a sensação de que eu tenho que estar alerta em torno de Dante. Como se eu tivesse que olhar por qualquer coisa que faço. Eu não gosto nenhum pouco. 

Corto a linha ainda sob seu olhar. E jogo um pouco da vodka que encontrei sobre o ferimento. Arde. Como uma cadela. Eu quero gritar. Alto e pedir por minha mãe. No fim eu apenas apertos os dentes nunca deixando de olhar Dante nos olhos. As vezes eu sinto que ele fica procurando alguma fraqueza e se depender de mim ele não vai achar uma.

— Parece que não é a primeira vez que você faz isso.

— Não é sempre que acontece, mas quando acontece eu sei me virar. – Digo. Ele estica para mim um pequeno pacote branco.

— Tome isso. – Aperto meus olhos para ele, eu sei o que é. Eu não acho que eu já estive mais humilhada em toda a minha vida. Pego o pacote com violência e abro a pequena caixa é uma dose unica. Engulo duramente e o remédio passa seco pela minha garganta. – Estou saindo. – ele diz. Acho que ele espera que eu pergunte, que eu me arraste, que eu implore por uma companhia. Ele para por um segundo antes de marchar para fora.

Por mais que eu gostaria de ser segurada agora, eu nunca pediria a ele.

O quarto no fim do corredor é grande. A maior cama que eu já vi está no centro. É perturbador. O quarto tem tons de marrom cinza preto e branco. É elegante com janelas altas que dá para ver que o dia se foi e a noite está reinando. Tiro as roupas e deixo minha arma no criado mudo perto da cabeceira. Entro no chuveiro.

Me atrevo a dizer o melhor chuveiro que já vi em minha vida. Sinto meu corpo tremer quando entro na água quente. Todas as feridas ardem ao mesmo tempo e é uma agonia infinita de dentro para fora. Seguro as lágrimas, o desespero e a vontade de desmaiar, mesmo com minha vista embaçada. Tropeço para fora e agarro uma toalha fofa e depois me deito na cama.

Eu não me sinto segura, eu nunca me senti segura um dia em minha vida desde que minha mãe se foi. E as vezes parece um longo tempo de merda. Tempo demais.

O que eu não daria para estar novamente remexendo a terra ao lado dela? O que eu não daria para sentir o cheiro de sua torta de pêssegos outra vez. Ou simplesmente olhar para ela por um segundo outra vez. Um precioso segundo que valeria minha vida. E eu saberia que tudo que eu fiz valeu a pena. Mas a realidade é mais fria, mais dolorosa. Como mil agulhas perfurando meu coração. Eu nunca mais vou ver ela. 

Afinal de contas, por que eu luto tanto?

Se eu pensar bem não tem motivo. Eu deveria simplesmente me entregar a escuridão, deixar ela me levar. Talvez eu encontre algum descanso. Talvez tudo isso acabe, eu pare de correr, atirar, matar... 

Não percebo que adormeci. Claro que a maciez da cama pode ter algo a ver com isso. Eu me sinto quente como nunca. Estou pesada. Pisco. O quarto ainda está escuro. Mas, não sou eu que estou pesada. É um braço na minha cintura. Meu corpo tenciona na hora.

Infernos!

Está quente por que um corpo está pressionado contra minhas costas, eu me contorço para me libertar, mas o braço se estreita ainda mais me puxando contra um corpo duro, duro até demais. Uma ereção está pressionada na minha bunda. Eu a sinto por que minha bunda está nua e o membro está quente contra mim e provavelmente...  Espera... Engulo seco.

As coisas pioram quando percebo que estou de toalha. E ela está aberta e amontoada. A palma da mão está pressionada na minha barriga e subindo até alcançar meu seio exposto. Meu mamilo se endurece segundos antes que a mão se feche e acaricie o mamilo sensível. Um gemido se forma na minha garganta e eu o forço dentro duramente. A ereção se esfrega ainda mais na minha bunda nua. Um folego atinge minha nuca me fazendo arrepiar. A mão em meu seio acaricia lentamente, enquanto os movimentos abaixo da minha cintura fazem com que a ereção cutuque minha entrada. Perto demais. Cavando a entrada. Tentando meus limites. Procurando e quase... 

Lentamente alcanço minha arma na cabeceira. Destravo.

— Se você não tirar suas mãos de mim agora, eu juro por Deus Dante eu vou atirar. – eu digo. Meu corpo treme violentamente. Sua mão desliza do meu peito lentamente e ele tira da minha cintura. 


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