Eu não aguentava mais. Trish estava a meia hora falando de Dez, sinceramente eu já estava de saco cheio. Eu apenas balançava a cabeça concordando com tudo e ela continuava falando.

Ela está namorando com Dez só faz dois dias e fala como se estivesse namorando a dois anos.

—Ally? Te fiz uma pergunta. - A latina estrelada os dedos na minha frente, me chamando a atenção. - Quando foi que você e o Austin começaram a namorar?

—Ah... - Me deixe lembrar... - Austin e eu combinamos todos os detalhes, e treinamos todas as respostas para perguntas como essa. Assim os dois falariam as mesmas coisas. - Faz só quatro dias.

— Porque pelo o que eu me lembre você não me contou que estava gostando dele. E nem me lembro dele estar gostando de você. - Trish arqueou uma sobrancelha, eu sabia que ela não estava engolindo nem um pouco essa história.

Quando Trish levanta uma sobrancelha coisa boa não é. Nunca é. Isso é um péssimo sinal, quer dizer que ela não está acreditando em absolutamente nada.

— Trish, Austin sempre foi especial para mim, você sabe disso. Sempre tive um carinho enorme por ele. - Ok, isso realmente é verdade, e ela sabe disso.

— Hum... E por que não me contou nada disso? Poxa Ally, sou sua melhor amiga.

— A gente só estava tentando, não era oficial, até Austin falar para você.

Trish me olhou de canto, com sua sobrancelha arqueada. Droga, ela ainda está desconfiada.

***

Estamos em um restaurante, que na verdade parecia um bar bem arrumado, pois seu público alvo era os jovens. Tinha um espaço coberto, com um balcão, onde faziam as batidas, e um espaço aberto, com uma vista incrível da baía de Miami.

Mal cheguei e já estava louca para ir embora. O lugar realmente era incrível, porém se tratava de um encontro duplo. Austin e eu aceitamos vir pois Trish e Dez não estavam acreditando muito em nosso namoro, e eu já estava desconfortável.

— Até quando vamos continuar com esse namoro falso? – Cochichei no ouvido de Austin.

— Até você esquecer o Dez, e eu ficar com Kira. – Bufei, espero que isso não demore muito.

— Gente, vamos sentar na área aberta? A vista é maravilhosa. – Trish nem esperou nossa resposta e já foi se sentando. Eu e Austin não tivemos opção a não ser sentar junto. – Estou louca para fazer uma crítica deste restaurante!

— O lugar é conhecido por suas batidas, então nada mais justo que a gente começar pedindo um drink né? – Dez passou o olho pelo cardápio. – Acho que vou querer uma sem álcool. Depois a gente pede a entrada, que pode ser massa.

Eu e Austin olhamos o cardápio, eu não poderia imaginar que um simples drink custava 20 dólares. A comida também tinha um preço salgado. Olhei para o loiro ao meu lado e comecei a rir de sua cara.

— É um pouco caro aqui não é? – Seus olhos estavam grudados nos preços, não pude segurar a risada.

— Não se preocupa, hoje é por nossa conta. – Dez piscou para mim, minhas bochechas começaram a queimar. Droga, porque ele tem que ser tão lindo?

***

Eu não vejo a hora de ir embora.

A noite estava indo bem, a comida estava boa e os drinks realmente eram ótimos. O problema era que Trish e Dez começaram a se beijar, um beijo atrás do outro, eu já estava ficando tonta, e com nojo.

— Ally, você esta bem? Sua cara não está muito boa. – Austin perguntou. Abri a boca para responder mas ele entendeu assim que olhou para frente, onde Dez e Trish estavam trocando salivas. – Você quer ir embora?

— Quero. – Juntei minhas coisas, peguei minha bolsa e me levantei.

— Dez... – O loiro chamou a atenção do casal, que no mesmo estante se separaram com vergonha. – Ally não está se sentindo bem... Acho que vamos voltar para casa ok?

— Ah, tudo bem então... Melhoras Ally. – Agradeci e andei rápido em direção a saída.

— Ally espera! – Olhei para trás, Austin estava correndo com sua carteira e jaqueta. – Como você está?

— Péssima Austin! – Algumas lagrimas começaram a cair. – A gente não deveria ter vindo. Por que assim, bem na minha frente... Bem na nossa frente? Você sabe como é horrível isso?

— Calma Ally... – Austin me abraçou, e eu me senti uma garotinha de cinco anos. Fechei os olhos e por um momento todos os barulhos em minha volta sumiram, os carros sumiram, as pessoas conversando sumiram, e tudo que eu ouvia era o coração de Austin. – Eu tive uma grande ideia. – Me afastei dele. – Eu ouvi dizer que aqui perto tem um boliche. – Não pude deixar de sorrir. – Mas você vai ter que melhorar essa sua cara de bunda.

— Vamos logo. – Ri e dei um soco de leve em seu ombro.

O boliche era bem perto de onde estávamos. Era apenas a duas quadras. O lugar era enorme, e tinha muitos adolescentes jogando.

— Ok, nós somos na pista três. – Ele entregou o meu sapato. – Estou morrendo de fome.

— Austin, você acabou de comer. – Comecei a rir.

— Dois pedaços de macarrão e uma bebida não enchem. Vem, vamos dividir uma pizza enquanto eu ganho de você. – Ele começa a rir. Nisto eu tenho que concordar, a comida realmente não encheu nada, e eu também estou com fome.

— Quem disse que você vai ganhar?

— Isto é um desafio? – Falo que sim e ele me olha sério. – Quem perder paga a pizza. – Ele estende sua mão.

— Você é muito mão de vaca. – Começo a rir e aperto sua mão.

Pedimos a pizza, onde a mesma seria paga na saída. Austin começou com um strike. Onde eu estava com a cabeça quando aceitei isto? Eu não sou boa no boliche, mas não imaginei que ele seria. Em meu primeiro lance acertei dois pinos.

— Vem aqui. Vou mostrar como se joga de verdade. – Austin entregou a bola para mim. – Ok, vem aqui no meio. – Ele pegou em minha cintura me puxando até ele. – Está vendo este pino da frente? O primeiro pino? – Respondo que sim. – O seu braço, no momento em que você jogar, deve estar de frente para ele, e não o seu corpo. E não use muita força. – Sua respiração quente batia em meu pescoço, causando pequenos calafrios.

— Mas alguma dica mestre? – Olhei em seus olhos e só ai percebi o quão perto nós estávamos um do outro. O loiro não tirava os olhos de mim. – Austin?

— Ah, não. Pode jogar. – Ele piscou, voltando para a realidade, e se afastou.

E foi assim que Ally Dawson fez um strike.

*** 

Após uma longa partida, Austin perdeu por dois pontos. Acho que suas dicas funcionaram mais para mim do que para ele. No final o loiro teve que pagar a pizza e o jogo, claro, o mesmo fez muito drama para pagar tudo, mas trato é trato.

— Obrigada por hoje loiro. Eu me diverti muito. – Falei assim que chegamos em casa. Pelo silencio, Trish e Dez não tinham chegado, deviam estar aos amassos.

— Eu também me diverti muito. – Confessou. – O que eu não faço para ver esse sorriso não é. – Sorri.

— Boa noite Austin.

— Boa noite Ally. – Fui para o meu quarto, eu estava exausta. – Sabe, eu deixei você ganhar. – O loiro apareceu na minha porta. Caminhei até ele. – Ok, ok. Foi sorte de principiante. – Levantou as mãos, se rendendo.

— Aceite a derrota Austin. – Novamente desejei boa noite e fechei a porta do meu quarto.