In Love escrita por Eponine


Capítulo 1
Capítulo Único




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— Olha, eu não quero soar preconceituoso... – Sirius Black continuou polindo sua vassoura, dando um sorriso discreto. Sempre que James dizia aquela frase era quase um presságio de que ele falaria uma grande merda. Não sabia com quem ele estava falando, mas teve pena de quem estava ouvindo. Era a terceira vez no ano que eles abriam os testes para batedor, já que nenhum conseguia casar com Sirius.

Era sempre fraco demais, ou desengonçado demais, ou sem o menor senso de equilíbrio, ou simplesmente não conseguia se comunicar com Sirius.

Para um bom jogo que Quadribol e para que nenhum dos jogadores tenha o crânio explodido, os batedores precisam ser quase gêmeos. Um olhar entre os dois tem que ser semelhante a uma conversa de duas horas. Precisam ter um ritmo e uma agilidade extremamente afinadas um ao outro. Até mesmo o equilíbrio de ambos devia ser o mesmo.

— ...Mas uma garota não é a melhor opção para essa posição. – finalmente disse James. Sirius assustou-se em saber que pela primeira vez em anos, a candidata era uma garota. A posição de batedor é algo majoritariamente masculino, há uma preferência descarada por garotas, é possível se contar nos dedos quantas batedoras mulheres houveram na história do Quadribol. Pousou sua vassoura na grama, tentando ver com quem James estava falando, mas havia muita gente ao redor.

— Eu vim para o teste de batedora, Potter. – reforçou a garota. Os meninos ao redor deram risos discretos. Sirius ficou na ponta dos pés, esticando o pescoço. Viu um coque de cachos louros.

— McKinnon, eu já vi você voar e eu admito que você é excelente, eu acho que você seria muito boa como artilheira, você poderia ficar na reser...

— Olha, eu não estou interessada na sua opinião. Não havia nenhuma distinção de sexo no seu panfleto de testes, eu vim para o teste e vou fazê-lo, você vai perder o seu precioso tempo comigo da mesma forma que vai perder com cada um desses idiotas aqui. – Sirius finalmente viu a garota de braços cruzados para James. Ela tinha um ar másculo belamente traçado pelo feminino, e um ar irritado que não parecia estar ali apenas pelo momento. O garoto sorriu lentamente ao notar que era a única garota ali.

Ela olhou para ele, de relance, e então voltou a encarar James. Ela tinha lindos olhos azuis. Sirius desviou o olhar, nervoso. Sentiu seu coração acelerar tão bruscamente que ele tocou o peito, assustado. Lambeu os lábios secos, voltando a sua vassoura, segurando-se fortemente para não olhá-la.

— Ok, tanto faz. – James girou os olhos e ordenou a subida, para que Sirius testasse a garota. Ele subiu na vassoura, ainda nervoso. Segurou bem o taco, observando a garota subir em sua vassoura, já com o taco em mãos, com agilidade. Ela assentiu para ele, séria, e Sirius sentiu suas bochechas queimarem.

Ela era brutalmente mais forte que ele. Os balaços sequer chegavam perto do apanhador, ela os arremessava com tanta força nos oponentes que James teve que gritar para ela não matar ninguém, que era só um teste. Após meia hora, Sirius estava assustado e impressionado. A garota desceu da vassoura com um sorriso vitorioso, limpando a testa suada. Ela andou até James e apoiou sua vassoura no chão, colocando uma das mãos na cintura. Cuspiu no chão e olhou para o garoto, provocativa.

— Vou esperar meu uniforme, Capitão.

Sirius admirou a garota tombando a população masculina para o teste, em direção da saída do Campo. James olhou para todos, parecendo confuso.

— Quem ela pensa que é? – questionou ele, ofendido.

O Black engoliu seco, não entendendo o porquê de seu estomago estar dando loopings aloucados.

 

...

 

— Desculpe, o senhor me entregou o trabalho errado. – James sorriu ao erguer seu pergaminho para seu professor de DCAT. O homem voltou a mesa do garoto, analisando o pergaminho com ceticismo:

— Não, este é o seu, Senhor Potter. Me perdoe a borra de café. – James agarrou o pergaminho novamente, quase enfiando em seus olhos, conferindo se aquela realmente era a sua letra. Não estava acreditando que havia recebido um mísero Excede Expectativas. Sirius, entretanto, picotou seu trabalho, também após receber um EE, Remus começou a reler tudo que escrevera e Peter deu de ombros para mais um Aceitável. Colocou os cotovelos sob sua mesa e perguntou-se qual seria a nota de McKinnon, algumas cadeiras a frente dele, rodeada de suas amigas.

— Professor, por que eu ganhei um EE se está tudo certo? – questionou James. Lílian Evans virou-se para ele, girando os olhos, comentando algo com sua amiga ao lado. O professor também teria girado os olhos se pudesse, mas conteve-se e apenas suspirou, tirando seus óculos.

— Porque houveram trabalhos melhores que o seu, Senhor Potter.

Quê?!— esganiçou, indignado. James não estava acostumado a ser o segundo ou com a possibilidade de existir alguém melhor que ele em algo. Sirius olhou para o amigo com tédio.

— Segundo minhas anotações, a única aluna a ter ganhado um Ótimo nesse trabalho foi a Senhorita McKinnon, aliás, meus parabéns, eu tive um prazer enorme em ler suas análises, a referência que a senhori... – James parecia estar em transe enquanto o professor caminhava em direção de Marlene McKinnon, não contendo os elogios para a garota. A menina loura, que estava fingindo-se de lisonjeada para os elogios eloquentes do professor, virou-se lentamente para ele, dando-lhe um sorriso malicioso, enquanto o professor praticamente lambia seus pés.

Sirius ignorou James entrando em colapso ao lado dele e sorriu, fascinado. Ela era excelente em quase todas as matérias, excelente em Quadribol... Merlin, ela era perfeita! James inclinou-se para o amigo, ainda ofendido.

— Como uma bolsista tirou uma nota maior que a minha? – sussurrou ele, visivelmente magoado.

— Ela é bolsista? – Sirius estava tão fascinado que qualquer migalha sobre a garota já o deixava animado. James o olhou como se fosse burro.

— Claro que é! A capa dela é remendada... E os McKinnon não são muito famosos por dinheiro. Que droga, eu sou o melhor em DCAT, esse professor esta caducando... Com certeza ela é puxa saco, é o único motivo, porque eu sou o melhor... – Sirius ativou seu instinto natural de ignorar o que James falava quando ele começava a flutuar em seu ego e admirou a garota, completamente imerso nos poucos detalhes que sabia sobre ela.

Estava começando a ficar maluco. Só ficava imaginando onde ela poderia estar quando não estavam no mesmo ambiente, será que tinha um namorado? Ou se interessava por alguém? Quais seriam suas bandas preferidas, o que será que ela achava da política atual, o que ela achava sobre qualquer coisa... Sirius começou a ficar preocupado... Ele estava com o mesmo grave problema que James tinha em relação a Lily.

 

...

 

— Os testes para apanhador estão abertos? – questionou Marlene no primeiro treino do time após o recesso de Natal. James uniu as sobrancelhas enquanto Sirius passava sua camisa do time na testa, limpando o suor. Os outros jogadores se entreolharam, risonhos, mas James estava extremamente sério enquanto olhava uma Marlene encharcada de suor.

Eu sou o apanhador do time.

— Eu sei disso, por isso perguntei.

— Desculpe? – Marlene sorriu lentamente.

— É que você não parece muito por dentro das regras de Quadribol. Toda vez o time toma uma série de faltas desnecessárias e digna de um aprendiz de nove anos durante os jogos porque você não consegue seguir uma regra simples.

— Você quer me ensinar a jogar Quadribol? Você tem noção de quantas Taças foram ganhadas por minha causa?

— Não precisa se estressar, Potter.— Ironizou ela, rolando os olhos. – Só estou dizendo que devíamos treinar o seu reserva, porque se você fizer o que fez hoje durante o treino, vai ser expulso no primeiro tempo.

O campo entrou num silêncio agonizante enquanto James encarava Marlene, sério.  Então sorriu lentamente, sem piscar.

— Sabe, McKinnon, eu não sou apenas o apanhador, eu também sou o Capitão. Que por acaso, também é o estrategista. Eu sei o que estou fazendo. – Marlene desviou o olhar com descrédito, parecendo entediada. – Faça o seu trabalho, se não quem vai ser substituído vai ser você.

Sirius olhou os dois, não acreditando que estava morto de amores por uma cópia feminina de James que tinha uma nuvem de ego tão grande quanto a dele. Marlene o analisou, parecendo querer gargalhar na cara dele. E então molhou os lábios, dando de ombro.

— Certo, Capitão. — ela virou-se, indo em direção de sua vassoura e James bufou, também se virando para conversar com os outros integrantes do time. Sirius decidiu ir atrás da garota, que pegava sua garrafa d’água jogada na grama.

— E então... Tudo bem com você? – Sirius forçou um sorriso, sentindo-se um completo idiota. Marlene McKinnon continuou olhando o horizonte, ensopada em suor após o treino para o jogo de sábado contra a Sonserina. Ela tomou um gole de sua água em sua garrafinha, sem se preocupar em olhar o garoto.

Ele passou quatro meses agonizando com sintomas que ele via James ter e fazia questão de rir da cara do amigo sempre que podia. Achava graça em como a existência de Lílian Evans era algo que podia enlouquecer James por completo, não via sentido em como o garoto não conseguia simplesmente esquecê-la ou enjoar-se dela. Não conseguia ver a beleza tão endeusada que James descrevia, não a achava tão inteligente e nem tão dócil. E ele sabia que estava cego pela doença, porque Marlene McKinnon não era nenhum exemplo de beleza.

— Bem, estou suando feito uma porca. – sorriu ela, ainda se alongando, como se fosse treinar mais ainda. Sirius coçou a cabeça, nervoso. Ele admirou suas mãos indelicadas apertando o rabo de cavalo que prendia suas longas madeixas louras e a forma como seu nariz de batata era a coisa mais doce que ele já viu em vida.

— Ainda assim você continua bonita. – Sirius parou de respirar quando viu que sua boca havia lhe traído. Olhou para as próprias botas e recolheu toda a sua coragem, vendo uma Marlene McKinnon chocada e risonha tapar o pôr-do-sol ao longe. Ela estava com a mão esquerda na cintura e a vassoura no ombro direito, o analisando, parecendo se recuperar.

— Bonita é uma forma bem preguiçosa para me descrever. – disse ela, o avaliando, num misto de ironia e deboche que deixava Sirius completamente despreparado. Ele não era daquele jeito! Era ele quem fazia o deboche e a ironia, não os outros! O garoto sentiu suas bochechas queimarem e abaixou-se para pegar sua vassoura, vendo que a garota já tinha iniciado sua caminhada para fora do campo.

— Então eu te vejo domingo??? – gritou Sirius, sentindo seu coração lutar para quebrar a caixa torácica. A McKinnon não se virou para responder, mas abaixou a cabeça rapidamente e Sirius pensou ter ouvido um riso.

 

...

 

— Pense em como seria perfeito um encontro entre nós quatro, eu, Lily, você e a caminhoneira da McKinnon...

— James, para de me colocar em suas fantasias, eu nem gosto de estar na sua vida, imagine nas fantasias! – cortou Sirius, dando uma cotovelada no amigo enquanto eles caminhavam em direção de Hogsmeade. – E pare de chamar a McKinnon de caminhoneira!

— Cara, você vai sair com uma menina de um metro e noventa! – riu Peter. – Ela é mais alta que você.

— É Wormtail, pelo menos é uma pessoa. – Sirius apertou o ombro do amigo. – Uma pessoa... Uma pessoa real. Cuidado para não paralisar sua mão por esforço excessivo.

Remus abaixou a cabeça ao rir e Sirius envolveu seu braço no ombro do amigo, ansioso. James deu um pulo, apoiando-se no ombro do Black e Peter rolou os olhos, sendo empurrado pelo Potter. Os quatro continuaram a caminhada e Sirius manteve sua máscara de despreocupado, tendo um derrame silencioso tamanho nervosismo ao ver que chegavam cada vez mais perto da pequena vila.

— Que orgulho, o primeiro encontro do Garoto Órfão. – James beijou a bochecha de Sirius, levando empurrões, gargalhando. – Olha só a felicidade dele!

— Eu não estou feliz, eu estou menos puto. – ele segurou o sorriso, ajeitando sua jaqueta, passando a mão em suas madeixas rapidamente. – Ok, saiam de perto de mim, e não é um encontro, ok? Vamos discutir sobre o time.

Sirius caminhou em direção da garota loura encostada perto da entrada do Três Vassouras, ouvindo o que Emmeline Vance lhe dizia. Ele semicerrou os olhos, analisando suas calças jeans sujas de algo permanente e seu casaco de sempre, ela sequer parecia ter se esforçado para parecer mais apresentável. Chegou perto o suficiente para chamar atenção das duas, que miraram seus olhos nele com deboche.

— Pronta? – Marlene uniu as sobrancelhas.

— Pronta para...?

— Eu... – ele olhou Emmeline Vance, com seu um metro e meio, o aliando com um sorriso zombeteiro, mascando um chiclete irritante. – Eu te convidei para uma cerveja. No treino.

— Ah... – ela colocou umas madeixas atrás da orelha. – Ok.

Os dois se fitaram num silêncio constrangedor. Emmeline beijou a bochecha da amiga.

— Boa sorte com o namorado do Potter. – sorriu ela, saindo de perto deles. Sirius observou a garota partir, feliz por ela tê-lo constrangido na frente da garota que ele gosta. Voltou a olhar Marlene, que parecia esforçar-se para não gargalhar. O garoto coçou a nuca, desconfortável e a garota continuou o fitando, parecendo querer descobrir algo.

— Olha... – ele colocou as mãos no bolso de sua jaqueta, sentindo um amontoado de sentimentos tão frustrantes que não conseguia colocar nada em ordem. – Eu não quero te forçar a fazer nada.

— Não faço nada a força. – respondeu Marlene.

— Ok.

— Ok...

Ele irritou-se.

— Você faz eu me sentir idiota.

Ela deu de ombros, segurando um sorriso.

 

 

Crowded House - Don't Dream It's Over

 

 

— Peço desculpas, senhor Black. – Marlene desgrudou-se da parede. – Olha, eu não quero que você entenda errado, mas eu não estou muito interessada em ser algo a mais que sua dupla no time... Acho melhor nós sermos amigos apenas.

— Você tem namorado? – perguntou ele, desesperando-se internamente, mas seu rosto não conseguia expressar nada. – Namorada???

— Eu só não estou... Interessada. – sorriu ela. – Mas eu sou uma ótima amiga.

— Você entendeu errado... Eu não te convidei para um encontro eu só... Eu acho que os batedores precisam ter uma conexão imbatível. Um olhar entre os dois tem que ser semelhante a uma conversa de duas horas e... – Sirius sentiu seu coração se partir em tantos pedaços que era uma contagem quase impossível. Seu estomago se retorcia, todo o seu corpo berrava, ele queria correr, esconder-se e chorar feito um idiota. Sentiu-se o ser mais imbecil e inocente do universo. Mas ele continuou firme, falando de forma tão eloquente que Marlene caiu na conversa, entretida. – Precisam ter um ritmo e uma agilidade extremamente afinada... Como naquele time desconhecido que ganhou o Puddlemere United em 1962...

Os dois entraram para uma cerveja e Sirius não conseguia parar de sorrir, mesmo com o coração dolorido, completamente enlouquecido de amor com a garota mais legal que ele já conheceu na vida. Ela detonou um copo atrás do outro, descrevendo longas estratégias e jogos históricos de Quadribol, ele amava a forma como ela jogava suas madeixas para trás, ele amava suas roupas baratas e esculachadas, ele amava seus olhos azuis, amava a forma como ela tinha gírias típicas de uma garota do interior e como sua risada era alta e escandalosa, exatamente como a dele.

Ele não estava esperando levar um fora da primeira menina que gostou na vida. Sentiu a dor que tanto relativizou quando via em James. Mas manteve a compostura... Sirius sempre mantêm sua compostura. Ele sempre fora bom em esconder emoções.

Mas era tão difícil fingir não ser maluco por aquela garota, olhe só para ela... Só olhe para ela.

— Você me ouviu? – Sirius despertou, olhando para James, sentado no sofá ao seu lado.

— Não, eu tinha ativado meu instinto que te ignora naturalmente. – respondeu ele, deslizando para sofá, em uma posição que podia quebrar sua coluna. O Potter girou os olhos e encostou-se no amigo, próximo de seu ouvido.

— Eu disse que a Smith está há uma hora te encarando. – sussurrou ele. – Você é tão sortudo, eu não consigo atrair tantas garotas assim. Que droga, e eu sou tão mais bonito que você e mais ric...

Sirius simplesmente voltou a ensurdecer, observando Marlene ler seu livro, sequer notando a existência do garoto na Sala Comunal lotada. Teria que se contentar com os abraços e beijos despretensiosos da garota, e voltar a ser o cara que não se interessava por ninguém, mas sempre tinha olhos grudados nele.

Agora ele tinha um interesse, e aquilo provavelmente era um castigo dos seres acima dele. Sirius desviou o olhar, despreocupado. Ele nunca foi um cara muito preocupado, logo aquela sensação horrível irá passar.

Ele irá ficar bem.

Merlin, ele espera que sim.

 

 

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Eu amo esse otp??????????????????????

Sirius, bobinho, achando que ia ser correspondido logo na primeira caçada, coitado.

Eu gosto desse Sirius que nunca pega ninguém, e se ele pega é tão "ah, eu tava sem nada pra fazer" kkkkkkkkkk Aliás, eu não sei onde, mas eu fui até o poço da internet e não achei, mas eu li que a J.K disse que o Sirius, apesar de lindo, ele meio que cagava pras meninas...

Pode ser só boatox, nunca saberemos. Isso cresce os olhos pra *******wolfstar*******, que eu amo, mas assim como BlacKinnon, eu não consigo fazer acontecer, eu só gosto de colocar nas entrelinhas.

Sobre a Marlene, acho que vocês perceberam que ela adora implicar com o James nas minhas histórias sobre os Marotos hahahahahaha Ela é MINHA personificação. Mas eles não se odeiam, como o Sirius disse, eles são parecidos demais e guerra de ego é uma loucura, sai de perto hahaha

Espero que tenham gostado!