Os primeiros dias em Mystic Falls foram bons. Bella conheceu a Caroline Forbes no dia em que chegaram e apesar dela ser um pouco animada demais tinham ficado amigas de imediato. Mystic Falls não era tão ruim, na verdade o sol aparecia bastante o que a animou. Além disso ficava longe de Victória, Jake continuava a dizer-lhe que ela ainda aparecia em Forks e parecia que não ia desistir tão cedo. Tudo isso só fazia com que ela sentisse mais raiva de Edward e dos outros. Alice devia saber que ela viria atrás dela e mesmo assim eles tinham partido.

Bella olhou pelas portas de vidro do seu quarto novo e sorriu. Os Swans eram uma das famílias fundadoras de Mystic Falls, tinham vindo da Inglaterra, por isso a chegada deles foi vista como o regresso do filho prógido a casa e os segredos entre ela e Charlie tinham acabado. A casa era uma mansão que existia desde 1800 nos arredores da cidade e perto da floresta, o que lhe dava toda a privacidade que precisavam. Tinha três andares, a cave onde ficava uma biblioteca particular com tida a história dos Swan e onde ela podia praticar magia, o térreo e o primeiro andar. No térreo ficava a suite com três divisões, o escritório, o banheiro para os visitas, a cozinha, a sala de jantar, a sala de estar, o hall de entrada e um corredor que dava acesso à cave e ao primeiro andar.

A suite de Bella era composta pelo quarto, a sala de vestir e um banheiro só para ela. O quarto tinha paredes e tons de lilás claro com flores, duas mesas de cabeceira, uma cama de dossel com lençóis num tom lilás escuto e cobertos por um edredão roxo com rosas desenhadas, que manteria Bella quente à noite, uma secretária para o portátil novo, uma estante, e um sofá de quatro lugares. Para além das duas portas de madeira para a sala de vestir e do banheiro existiam duas portas de vidro com dois cortinados azuis escuros que davam para a floresta que rodeava a mansão.

No primeiro andar ficava cinco suites, dois quartos de hospedes, um banheiro comum e um escritório. Charlie era o que passava lá mais tempo mas ela ajudou para que tudo ficasse perfeito. Ele também lhe tinha comprado um Mercedes Guardian azul escuro apesar de saber que ela já não precisava de um carro tão resistente mas a velocidade era ótima. bella sabia que a vovó o tinha deixado muito bem financeiramente contudo nunca o tinha deixado gastar dinheiro com ela. Era diferente em Mystic Falls afinal tinham de estar à altura das outras famílias fundadoras. O guarda-roupa dela foi inteiramente renovado por peças de qualidade que valorizavam o seu corpo e as suas curvas recém adquiridas. Charlie também teve de comprar roupas novas para usar nos eventos sociais apesar de ser o novo co-xerife.

Como hoje começava a escola, Bella acordou mais cedo para tomar uma duche rápido e vestiu um top preto com uma camisola verde, uns jeans azuis escuros e calçou umas botas pretas. Depois de arrumar as suas coisas para a escola foi para a cozinha fazer o pequeno almoço para ela e para o Charlie que também começava hoje o trabalho novo. Tinha acabado de pôr as coisas na mesa quando ele entrou na cozinha.

– Bom dia, Bella, pronta para o início das aulas?

– Dentro do possível. Vai correr bem pai e a Caroline vai me ajudar.

– Por falar em Caroline não tens de ir buscá-la?

– Ainda tenho tempo para acabar de comer mas já estou a ir.

O caminho até à casa da Caroline era curto mas quando chegou ela já estava à espera dela.

– Bom dia, porquê a pressa? - perguntou sorrindo ao vê-la entrar no carro.

– Coisas da minha mãe. Ela está um pouco nervosa por causa do teu pai, é a primeira vez que vai dividir o cargo com alguém e apesar de já conhecer o teu pai à muito tempo está nervosa. E tu? Estás preparada para o liceu de Mystic Falls?

– Dentro do possível. Mas conta-me mais sobre os outros alunos.

– No meu grupo de amigos tens a Bonnie Bennett, a Elena Gilbert, o Matt Donovan que é o meu namorado e o Stefan Salvatore. - ao ver o olhar confuso de Bella explicou - Os Salvatore regressaram à alguns meses e o Damon é o namorado da Elena. Sei que estás a par dos nossos problemas sobrenaturais por isso não há problemas em dizer que eles são os irmãos Salvatores originais.

– Pensei isso quando ouvi o nome deles. É estranho saber que o Damon tem namorada pelo que ouvi dele parecia que tinha alguns problemas e ainda estava à espera da Katherine Petrova.

– E estava mas ele salvou a Elena no acidente de carro que matou os pais dela na primavera passada. Deve ter pensado que era Katherine, já que a Elena é descendente dela. Ele voltou uns meses depois, pensava que Katherine estava presa numa tumba com outros vampiros mas ela não estava lá, depois disso ele pareceu entrar numa espiral negativa e o Zach chamou o Stefan. Apesar deles terem alguns problemas, ele parece ser um dos poucos que conseguiu trazer o Damon de volta ao normal, isso e Elena. Acreditas que eles se viram novamente num cemitério?Eu iria achar um lugar um pouco mórbido para um encontro mas não eles. Ela também passava lá muito tempo por causa dos pais.

– E como estão as coisas entre eles? Eu sei por experiência que não deve ser fácil namorar um vampiro. - pelo olhar dela soube que ia ter de explicar mais tarde.

– A verdade é que ela faz bem ao Damon, torna-o melhor. Houve alguma fricção quando ela soube que era a imagem vívida de Katherine mas ele conseguiu convencê-la que não era por isso que estava com ela. Foi assim que ela soube que era adotada pelos Gilbert.

– Estou a ver que muita coisa aconteceu apesar deles estarem aqui à poucos meses. A tua mãe sabe o que eles são?

– Claro que não. Damon infiltrou-se no conselho para estar a par do que eles sabem. Eu adoro a minha mãe mas ela pensa que todos os vampiros são malvados.

– Muitos deles são. - Bella sabia muito bem disso. - Apesar de haver exceções.

– Tu aceitas o sobrenatural com muita facilidade. - Caroline observou com alguma desconfiança.

– Não são os primeiros que conheci, além disso, agora também sou uma parte dele.

– Como assim?

– Eu sou uma bruxa Swan, a minha linhagem é diferente da Bonnie. Eu não sou uma bruxa da natureza, sou uma bruxa elementar, muito mais poderosa e a última da minha linhagem, pelo menos enquanto eu não tiver filhos, ou, se o meu pai não tiver outros filhos.

– O que significa ser uma bruxa elementar?

– Bem, existem dois principais campos de magia, elementar e psico/físico. A Terra, ar, fogo e água são elementares. Já Mente, corpo e espírito são psico/físico.

– A maioria eu entendo mas e o corpo e a mente? O que consegues fazer com eles?

– O elemento da mente permite-me ler pensamentos, sentir as emoções que me rodeiam caso eu queira. Já com o elemento do corpo posso ver o corpo das pessoas por dentro, encontrar doenças e curar feridas.

– Isso é bom. Bonnie consegue causar aneurismas a vampiros mas tem de ter cuidado com a quantidade de magia que utiliza.

– O poder dela é limitado senão tiver cuidado pode morrer, por isso é que as bruxas da natureza canalizam amuletos ou corpos celestes mas às vezes não é o suficiente. Olha já chegámos.

O liceu de Mystic Falls era diferente de Forks mas Bella gostou do que viu. Conforme Caroline a guiava até à secretaria pôde sentir os olhares dos outros alunos mas fez o melhor para ignorar afinal era normal.

– Bom dia, sou a nova aluna, Bella Swan.

– Claro, bem está tudo certo com os teus papeis. Espero que gostes de Mystic Falls.

– Obrigada. - agradeceu antes de sair da secretaria e viu que Caroline não estava sozinha, junto a ela estavam duas raparigas e um rapaz.

Pelas descrições de Caroline percebeu que eram a Bonnie Bennett e a Elena Gilbert mas o rapaz deixou-a confusa. Ele tinha cabelos escuros, meio ondulados e olhos verdes.

– Bella, estas são a Bonnie e a Elena e ele é o Stefan Salvatore. A Bella veio de Forks, Washington.

– Olá - cumprimentou-os com um sorriso amigável, sem deixar de notar a maneira como Stefan a olhava, ele parecia confuso com alguma coisa. - Algum problema?

– Não, só pareces familiar. - Ele ainda continuava a olhar para ela.

– Eu tenho a certeza que não nos vimos antes mas as nossas famílias conhecem-se à muito tempo, afinal fazemos parte dos colonos originais. - Bella deu um meio sorriso e uma piscadela. - Mas isso foi à muito tempo atrás não concordas?

– Certo... - ele ainda parecia desconfiado.

– Então, Bella, estás a gostar de Mystic Falls? - Elena perguntou com um sorriso enquanto andavam até à sala onde ela e Stefan iam ter aula.

– É bem diferente de Forks, mas é bom ver o sol novamente, lá parecia que estavamos sempre cobertos por nuvens.

– Disseste novamente? - Stefan estava curioso, algo sobre Bella chamava a sua atenção.

– Eu vivi com a minha mãe na Flórida até à quase um ano atrás quando fui viver com o meu pai. Eles divorciaram-se quando eu era pequena e eu só via o Charlie nas férias de verão apesar de estarmos sempre em contacto.

– Então porque foste viver com o teu pai?

– A minha mãe casou novamente e precisava viajar por causa do trabalho de Phil - respondeu à pergunta de Elena e acrescentou - Ele é jogador de baseball, na pequena liga e eu não queria ficar no caminho. Ela já não precisava de mim para cuidar dela, ao contrário do meu pai que nem consegue ferver água.

– Ele deve estar feliz por estares com ele.

– Eu penso que sim, ele não mostra muito as emoções mas eu sei o quanto sou importante para ele por isso aceitei mudar-me para cá. Ficar em Forks não estava a fazer bem a nenhum dos dois.

Stefan sentou-se algumas filas atrás de ela, enquanto Elena ficou na fila da frente, já Bella ficou na do meio. Tentou prestar atenção na aula mas era difícil com a sensação de estar a ser constantemente observada e o culpado era o Stefan. Cada vez que virava a cabeça apanhava-o a olhar para ela, afinal o que ele queria? E cada vez que ele via que tinha sido apanhado dava um sorriso convencido que ela começava a odiar. Mas isso só a deixava desconfiada que ele sabia de alguma coisa sobre a sua família. A aula terminou rápido e ainda bem, ela já sabia a maioria da matéria, a vovó Swan insistiu para que ela aprendesse tudo sobre a história de Mystic Falls quando ela era mais nova.

O resto da manhã passou rapidamente apesar dela ser o motivo de interesse da maioria dos outros alunos mas conseguiu evitar ser interrogada a cada cinco minutos. Na hora de almoço foi com Caroline para o refeitório e depois de escolher uma fatia de pizza e uma maçã seguiu-a até à mesa onde estavam Elena, Bonnie e Stefan.

– Então, Bella deixaste alguém especial em Forks? - Bonnie perguntou curiosa fazendo todos na mesa olharem para ela, incluindo Stefan.

– Alguns amigos, especialmente na Reserva.

– Reserva? - a curiosidade estava evidente na voz de Carolina.

– Forks tem uma reserva indígena, os Quileutes. Charlie é muito amigo do actual chefe da tribo e ele tem um filho um ano mais novo que eu. Nós conhecemo-nos desde crianças.

– Deve ser interessante. - Stefan olhava-a como se a desafiasse a contradizê-lo.

– É muito divertido, eles gostam de saltar de falésias. Mas tirando isso eles costumam ajudar a polícia se alguém de perder na floresta.

– E namorado? Deixaste algum lá?

– Não, pelo menos não quando Charlie recebeu a proposta de trabalho.

– Então houve alguém. - Bonnie insistiu.

– Edward terminou comigo depois do meu aniversário. O pai dele recebeu uma proposta de trabalho na Califórnia e achou melhor assim. - Bella desviou o olhar ao pensar naqueles primeiros dias. - por isso não há ninguém e duvido que vá haver nos próximos tempos.

– Foi assim tão ruim? - Elena parecia preocupada.

– O problema não foi só o fim do namoro, foi a maneira como ele terminou tudo. Ele podia ter feito as coisas de maneira diferente, só isso. A irmã dele era a minha melhor amiga e eu era muito próxima da família dele. Charlie ficou preocupado comigo por muito tempo mas agora já estou melhor. - percebeu pelos olhares do Stefan que ele sabia que havia mais nessa história mas achou melhor fingir que não.

Como não tinha aulas à tarde, depois de deixar Caroline na casa dela e foi para a dela. Precisava treinar a sua magia, especialmente se ia estar em contacto constante com vampiros. Charlie só ia chegar mais tarde, como não havia ninguém por perto preferiu ir para trás da casa deixando os elementos virem a ela enquanto meditava, sentia a leveza do ar, a temperatura do fogo, a aceitação da água e a pulsação da terra, eles faziam parte dela, para a proteger e a guiar. Nuvens carregadas começaram a formar-se à sua volta, o vento ficou mais forte balançando os seus cabelos e a terra tremia aos seus pés respondendo ao seu chamado. Já treinava à três horas quando algo perturbou a sua concentração.

– Que fazes aqui, Stefan? - perguntou sem abrir os olhos.

– Como sabias que era eu?

– Eu sempre sei quando um ser sobrenatural está perto de mim. - disse abrindo os olhos - e a tua energia muda conforme a sua natureza sobrenatural mas cada pessoa tem algo que o faz único. Se eu já estive perto dele consigo reconhecer a pessoa. Mas porque vieste?

– Não sabia que ainda existiam as bruxas Swan.

– Eu sou a última mas não mudes de assunto. Porque vieste à minha casa?

– Lembrei-me de onde te conheci. Devias ter uns três anos. Estavas num parque na Flórida, a tua mãe estava muito distraída para perceber mas tu tinhas-te afastado e eu encontrei-te encostada a a árvore apesar de seres tão nova não estavas assustada, pelo contrário parecias estar à espera que ela viesse ter contigo. Mas estava a começar a escurecer e ela ainda estava longe, olhaste para ela e pediste-me para te levar à tua mamãe. Nunca me tinhas visto antes mas olhavas-me com tanta confiança nos teus olhos cor de chocolate que não pude recusar o teu pedido. Quando encontrámos a tua mãe ela estava a começar a entrar em pânico por não te ver no lugar onde te tinha deixado. Acho que nunca vi ninguém tão aliviada por encontrar alguém.

– Durante semanas ela não me deixou sair de pé dela cada vez que íamos ao parque mas nunca mais te ví.

– Tive de sair da Flórida na semana seguinte, Damon tinha-me encontrado e ele não era muito sociável na época, culpava-me por Katherine estar presa na tumba.

– Algo que nunca aconteceu.

– Ele não sabia disso e com ele a alimentar-se de sangue humano não podia correr o risco de ter uma recaída.

– Tu não bebes sangue humano? Pensava que os da tua espécie podiam alimentar-se sem matar as pessoas.

– Eu tenho uma problema, não consigo parar, quero sempre mais.

– Posso? - ao vê-lo assentir levou as mãos à cabeça dele deixando o seu corpo físico para entrar no dele, tentando encontrar o problema foi então que sentiu, a magia de uma bruxa que o fazia perder o controle, com cuidado desfez a magia até desaparecer por completo e poder voltar ao seu corpo. Aquilo fora feito com o único propósito de fazê-lo perder o controle e transformar-se em algo que todos iriam temer. - Melhor?

– O que fizeste? Parece que um peso saiu de ela, a sede excessiva que eu sentia desapareceu.

– Alguém queria que tu fosses o pior tipo de vampiro que existe, ela chegou ao ponto de colocar uma magia em ti, não conheço a linhagem da bruxa mas senti o dedo da Katherine. Agora já podes beber sangue humano sem teres medo de matares alguém se bem que eu aconselho bolsas de sangue são mais fáceis de usar e não precisas magoar ninguém.

– Obrigada, muito obrigada. - Stefan disse antes de partir.

Bella ficou mais um pouco na floresta antes de voltar para fazer o jantar para ela e para o Charlie. Estava a pôr a mesa quando ele chegou.

– Como foi o teu dia, pai? Muito trabalho?

– Mais do que em Forks, sem dúvida mas correu bem. É fácil trabalhar com a Liz. E o teu? A escola correu bem?

– Não foi ruim, os amigos da Caroline são ótimos.

– E o Stefan Salvatore? Não imaginas a minha cara quando a Liz disse que eles estavam na cidade - ao ver a preocupação na cara da filha Charlie achou melhor tranquilizá-la - Não te preocupes não lhe disse que eles são os Salvatore originais.

– Eu gostei do Stefan, mas o Damon preocupa-me, ele é conhecido pelos seu impulsos, só posso esperar que a Elena o mantenha controlado.

– Não podemos deixar os outros do conselho dos fundadores descobrirem que eles são vampiros. Eles podem ajudar caso Victoria apareça por aqui.

– Acho que já garanti a ajuda do Stefan - sorriu ao ver a cara do pai e achou melhor tranquilizá-lo. - Ele estava sobre um feitiço que o fazia perder o controle se bebesse sangue humano e aumentava a sua sede. Eu acabei de desfazê-lo.

– Quem iria fazer uma coisa dessas?

– Alguém que queria que ele desligasse a sua humanidade para não ter de sentir a dor do que fazia, Katherine esteve envolvida nisso. Ela sabia que assim que ele virasse um vampiro ia lembrar-se de todas as vezes que foi compelido por ela e ia deixá-la.

– Mas e o Damon?

– Ela nunca compeliu o Damon, ele sabia o que ela era e apaixonou-se por ela. Para ele foi tudo real mas não para o Stefan, ele pode ter-se apaixonado por ela mas Katherine teve de o compelir para que Stefan continuasse com ela depois de descobrir o que ela era.

– Só espero que ela não apareça por aqui. Já temos problemas suficientes.

– Não sei não, Katherine não vai gostar de saber que Damon a substituiu por uma versão humana dela, ainda por cima Elena é a cópia dela.

– Por enquanto vamos aproveitar a calma que ainda existe. - Charlie disse antes de começar a comer.

Depois do jantar foi para o quarto, estava mesmo a precisar de uma boa noite de sono só podia esperar que o dia de amanhã fosse tão bom ou melhor que o de hoje.