A Thousand Years escrita por Dominique Slorrance


Capítulo 3
Capítulo 02


Notas iniciais do capítulo

OIá!

Já era pra eu ter atualizado, mas até que deu bom porque pude fazer um final mais elaborado de certa forma.

Espero que gostem do capítulo, boa leitura :3



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— Who's that sexy thing i see over there? — apontei para o espelho, cantando com a escova de cabelo frente aos lábios. — That's me, standin' in the mirror¹ — sorri convencida.

— Já acabou, Jéssica? — Will surgiu atrás da porta. Observei pelo espelho ele fechá-la com o pé, pois suas mãos estavam sobrecarregadas de sacolas.

— Estragou o meu show. — isso não era exatamente uma reclamação. — Mas e aí, o que traz de bom? — perguntei, sem real interesse.

Dividi meus cabelos ao meio e coloquei metade em cada ombro, começando a passar a escova por cima lentamente, deixando liso na parte de cima e em baixo com suaves ondulações. Revezei algumas vezes de cada lado até terminar, fingindo ouvir o que Will tagarelava.

— Isabella, tá me ouvindo? — peguei o pente que ele jogou para me acertar sem ao menos olhar. — Por que você tem um reflexo tão bom? — resmungou.

— Eu sou uma ninja, querido — falei com superioridade, indo até onde estava a minha mala aberta, guardando o pente e a escova lá.

— Vai lá, Naruto — debochou. — E esse pente é meu! — retirei o pente da mala.

— Eu vou ser Hokage um dia e todos vão me reconhecer, tô certo. — fiz uma imitação barata do personagem, causando risos na criança que é Will. — Agora... — segurei firme o pente. — pensa rápido. — joguei o objeto certeiramente em sua direção, mas como ele é uma anta burra e estúpida, deixou o pente acertar o próprio rosto.

— ISABELLA — berrou, segurando o nariz enquanto se contorcia de dor. Bati a mão na testa.

— Idiota — revirei os olhos, chegando perto dele numa velocidade que podemos considerar inumana. — Deixa eu ver essa merda — tirei a mão que cobria seu nariz. — Seu nariz já não era bonito, agora tá...

— VOCÊ NÃO TÁ AJUDANDO, PORRA — olhou pra mim como se quisesse me partir ao meio. Sorri amável.

— Relaxa que eu já passei por coisa pior — tentei amenizar, afinal, só saia um pouco de sangue de seu nariz. — Eu só estou zoando, seu nariz continua mais lindo que o meu — reprimi os lábios, passando o polegar abaixo de seu nariz para tirar um pouco do líquido vermelho.

— Eu só quero te matar, Isabella — gemeu de dor. Rolei os olhos mais uma vez pelo exagero.

Procurei rapidamente um pano para ele pôr no local. Deixei a criança quieta e fui me arrumar, afinal, são sete e quarenta e três da manhã e nós temos uma cidade para explorar.

Meu look era bem garota da cidade. Um simples short de couro, uma blusa branca e uma jaqueta por cima. A maquiagem era leve em minha pele lisa e a única coisa que se destacava era o batom cor vinho em meus lábios, além do delineado ousado nos olhos; se não fosse pra chamar atenção, eu nem teria nascido. Minha bota de camurça não era tão alta, porque aqui prezamos conforto nos pés. Por último, coloquei meus óculos escuros, fazendo cara de badass.

— Você é maravilhosa, Isabella — fazia pose, como se fosse tirar uma selfie.

Ajeitei meu kit de maquiagens e saí do banheiro, visualizando Will semi deitado na cama, olhando desinteressado a tevê ligada.

— Como tá o nariz? — perguntei, fingindo uma indiferença que não existia.

— Eu vou sobreviver — suspirou dramático. — Só machucou um pouco pelo impacto, nada demais. — virou o rosto para mim. — Gostei. — disse ao me analisar, fazendo sinal positivo.

— Não teria como não gostar, eu sou linda até mendiga. — joguei os cabelos para o lado, fazendo ele revirar os olhos. “Não, Isabella, não” respondeu, a qual eu retruquei lhe mostrando o dedo médio.

Guardei o kit na mala, virando-me para ele.

— Vai se arrumar, querida. — joguei a roupa e a toalha que já tinha separado mais cedo pro indivíduo.

— Sim, mamãe. — embolou tudo nas mãos e foi para o banheiro.

Fiquei mexendo no meu celular, vendo as redes sociais, curtindo algumas coisas dos meus ships, até que ouvi o barulho da maçaneta sendo aberta.

— Arrasou! — soltei o aparelho e bati palmas para Will, que abriu os braços e sorriu adoravelmente convencido.

Ele estava uma graça com aquela calça chino de cor clara, blusa branca gola v e alpargatas pretas nos pés. Era um estilo tranquilo que combinava com ele.

— Pera — fui até sua mala, pegando um acessório.

— O que é? — indagou, mas apenas me aproximei dele, encaixando um ray-ban aviador sobre seu rosto.

— Agora sim tá um verdadeiro galã — sorri. — Vamos. — pus o celular na minha bolsa de lado, pequena, pousando-a sobre meu ombro. Will apenas colocou a carteira no bolso e levou o celular nas mãos.

Depois que é roubado, reclama.

...

— Comidaaaa — disse ao ver cupcakes na vitrine, colando minha cara no vidro.

— Nem pensar, Isabella. — Will balançou o dedo em negação. — Daqui a pouco a gente vai almoçar, isso sim. — fiz beiço, irritada, mas no fim só tirei uma selfie com os cupcakes da vitrine, fazendo meu melhor amigo revirar os olhos e dizer que eu deveria ter algum tipo de problema.

— Pelo menos eu sou feliz.

— Sei.

Continuamos andando por mais um tempo, passando por alguns restaurantes, discordando um do outro toda vez que sugeríamos um. Por fim, fomos no ímpar ou par, onde ele ganhou.

— Eu quero comida brasileira — ele disse. Mal abri a boca pra falar e a criatura já me arrastava para atravessar a rua.

Paramos em frente ao restaurante, onde tinha um marketing terrível, como “a melhor comida brasileira dos EUA está aqui”. Esse povo não tem criatividade, não.

Entramos no estabelecimento, o lugar aos meus olhos se tornando mais aconchegante. O local tinha cores na maioria suaves, mas algumas paredes tinham tons mais vibrantes, quentes. Várias mesas redondas ficavam no centro, e nos cantos, a iluminação bem mais fraca, porém visível, estava algumas redes que parecia ser para relaxar após o almoço, pessoas até cochilavam nelas. Era bem diferente, realmente, mas visivelmente confortável.

— Olá, desejam uma mesa? — perguntou um moço, simpático.

— Sim. — respondi prontamente. Enganchada em meu amigo, seguimos atrás do homem que nos apontava e sugeria mesas.

Pegamos uma que ficava bem no centro, dando para ter uma visão privilegiada da entrada.

O moço que se chamava Thomas nos disse para ficarmos à vontade, que iria chamar outra pessoa para nos atender.

— Gostei. — comentou Will, e eu assenti com descaso, concentrada em digitar algo no celular. — Isabella… — o tom ameaçador estava presente, me fazendo rolar os olhos.

— Calma, porra. — desliguei a tela, guardando o smartphone de volta na bolsa.

— Você sabe da nossa regra: nada de celular ao invés de aproveitar. — repetiu a frase conhecida e eu fiz um gesto de quem havia entendido, não querendo criar caso.

Peguei um dos menus sobre a mesa, olhando as opções de comidas.

— Já sabem o que vão pedir? — uma garota surgiu da vida, falando. A encarei, me assustando um pouco com o sorriso extremamente largo dela, enquanto segurava uma caneta nos dedos e mantinha firmemente o bloco de notas na mão esquerda. Ela não piscava, em nenhuma porra de momento; ela nos olhava com aquele sorriso visivelmente macabro e não piscava. Como alguém não pisca os olhos? Até eu pisco.

Recebi um chute leve nos pés de Will, que me deu uma olhadela que gritava “para de ficar comendo a garota com os olhos”.

Dei de ombros.

— Acho que… — olhei novamente o cardápio. — o meu amiguinho vai escolher. — sorri agradável para a moça. Direcionei meu olhar para Will, que me lembrou um búfalo, soltando o ar de maneira forte. No momento, ele tava muito vermelho, me causando estranhamento.

— O senhor vai querer…? — apontava-lhe a caneta discretamente, finalmente piscando os cílios.

— Eu quero uma feijoada, por favor. — sua voz saiu baixa, entre dentes.

Franzi o cenho, ele está bem?

— Okay — anotou rapidamente. — Algo para beber? Sobremesa?

— Coca-Cola e a sobremesa escolhemos depois, obrigada — disse por ele, o observando cuidadosamente.

— Então tudo bem, logo chegarei com o pedido, licença — senti a presença dela se distanciar aos poucos.

— Que merda está acontecendo com você? — dei um tapa em sua têmpora, fazendo-o soltar um gemido e abaixar a cabeça. Semicerrei os olhos. — Willian Lucca Le Fay Montgomery, se você não me disser o que...

— Porra, precisava dizer todo o meu nome? — encarou-me irritado. — Não é nada demais, só uma dor de cabeça que já passou — se recompôs.

Soltei o ar, ainda franzindo a testa, olhando-o desconfiada, mas ele parecia bem agora, então decidi ignorar. Ao menos por enquanto.

Almoçamos tranquilamente, discutindo sobre Harry Potter.

— Eu acho melhor você calar a sua boca antes que eu vá até nosso quarto buscar meu pomo-de-ouro pra tacar ele na sua cara — disse irritada.

— Só por que eu estou dizendo a realidade? — seus olhos azuis brilhavam, afiados, me desafiando a lhe contradizer.

— Realidade é o meu amor por Luna Lovegood, o que você está dizendo é simplesmente o cúmulo do ridículo — estalei os dedos perto de seu rosto, movendo minhas sobrancelhas como se fosse dona da razão. E eu sou.

— Confesse, Isabella, Hermione estaria muito melhor com o Harry — rolou os olhos.

— Muito melhor? Muito melhor é a minha bunda, muito melhor estaria eu casada com Draco Malfoy, muito melhor estaria eu sendo herdeira de todo o banco Gringotts — rebati, tomando minha coca para relaxar a tensão. —, pelo amor de santo Lúcifer, eu não nasci e passei meus séculos sendo maravilhosa desse jeito pra no final ter um amigo que shippa Hamione — olhei para cima, levantando as mãos em direção ao teto.

— Eu não disse que shippo — respondeu, quase rosnando. — Eu só disse que…

— Não disse nada. — cortei, grossa. — Não era nem pra você ter aberto a boca porque já tá todo errado começando pelo seu nome.

— Caralho, usar meu nome é sacanagem. — disse, de repente chateado, mas eu apenas ri levemente, dando por encerrado aquele assunto.

— O que vai querer de sobremesa? — indaguei, já levantando a mão para a garota que nos atendeu, chamando-a num aceno.

— Eu já escolhi o prato principal, o resto é com você. — limpou os lábios com o guardanapo.

Olhei o cardápio rapidamente, só para confirmar o que eu queria.

— Vão querer a sobremesa agora? — perguntou a garçonete, já pegando os nossos pratos e a panela pequena que antes tinha um cheiro convidativo.

— Sim — assenti. — Dois mousses de maracujá, por favor — sorri simpática para ela, que piscou os cílios longos e retribuiu, indo para longe novamente com as mãos cheias.

— Eu percebi um clima por aqui? — Will disse, cheio de malícia, exibindo um sorriso maroto que seria até bonito se não me irritasse.

— Ela é bonita — entortei os lábios, pensativa. —, mas não faz o meu tipo — completei, dando de ombros.

— Você tem realmente um gosto peculiar por mulheres — analisou. — Por homens é assim também? — aparentava uma curiosidade que seria quase imperceptível, se eu não o conhecesse.

— Depende — franzi as sobrancelhas, batucando os dedos na mesa do mínimo ao indicador. — Eu não gosto de garotos delicados demais, nem de bêbados velhos e gagás. Eu gosto de homens fortes, não bombados, é claro — rolei os olhos ao imaginar a cena de um cara exibindo os músculos. —, mas que tenham pegada, nada forçado demais, nada lento demais. Podem ser de elegantes à selvagens, uma boa abordagem e bom tato é tudo — conclui, satisfeita com a minha resposta.

Will assentiu, parecendo impressionado demais para responder. Quando a sobremesa chegou, comíamos em silêncio, até que ouvi um gemido por parte do meu amigo. Por um momento pensei que era de deleite, causado pela sobremesa deliciosa, então ignorei. Mas veio outro, fazendo-me direcionar o olhar para ele.

— Will? Will! — levantei da cadeira, atravessando para seu lado, agachando-me e segurando sua cabeça que balançava de um lado para o outro, suas pálpebras apertadas. Parecia perdido em sua própria dor, reprimindo os lábios para não gritar. Respirei profundamente, encarando em volta.

Rede.

Sim, a rede. Puxei seu corpo para cima, apoiando-o em mim e o levando com pressa para perto das redes, fazendo ele deitar numa. Algumas pessoas encaravam a cena, curiosos, mas apenas mandei eles tomarem conta da própria vida que estava tudo certo novamente.

— Tome, eu trouxe um pouco de água — a moça de outra mesa me entregou um copo, a qual fiz Will beber o líquido com dificuldade, pois ele estava num estado de semiconsciência, emitindo sons sem sentido. — Desculpe, as pessoas não sabem cuidar da própria vida. — suspirou.

— Obrigada. — disse rapidamente, empurrando o objeto para ela novamente, olhando preocupada para Will que adormeceu totalmente após tomar água. Toquei sua testa, pescoço, bochecha; ele não estava com febre, tampouco gelado.

Mas que merda é essa?

— Isso acontece normalmente? — perguntou e finalmente eu a olhei por inteiro. Era uma menina jovem demais, com traços delicados. Segurei-me para não franzir o cenho; ela parecia familiar e não era na aparência.

— Não. — respondi, curta. — Não sei o que causou isso. — fui honesta.

— Bem, eu vivo em New Orleans há tempo suficiente para saber que as pessoas daqui são receptivas, se me permite dizer — olhou cuidadosamente para Will. Eu conhecia aquele olhar. —, mas também perigosas quando querem. — sorriu docemente, acariciando os fios loiros dele, até que se aproximou mais de mim, encarando-me com os olhos frios. — Você nunca ouviu que não se deve aceitar nada de estranhos, Isabella? — disse baixo, atenciosa, como se estivesse avisando aquilo para um filho. Senti meu queixo tremer.

— O que você fez? — sussurrei, contendo a fúria que crescia dentro de mim.

— Nada que não possa ser desfeito — disse calmamente. — Até logo, querida — afastou-se e se foi. Observei tudo calada, vendo-a sair.

Fiquei minutos vidrada, até que em movimentos automáticos paguei a conta do almoço, dando notas demais para a garçonete e levei Will em meu colo, adormecido, pelas ruas ensolaradas e barulhentas de New Orleans, ignorando os olhares insistentes das pessoas queimando em minhas costas.

 


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Notas finais do capítulo

¹ a música que a Isa canta no início do capítulo é "Me too" da Meghan Trainor diva maravilhosa, ouçam tbm :3

Então, o que acharam? Podem dar as sugestões de vocês nos comentários, se tiverem alguma. Digam suas opiniões, palpites do que vai acontecer mais pra frente, críticas; vamos conversar, eu sou meio loka mas sou um amorzinho tbm ♥

E ah, meu facebook caso alguém queira mais intimidade: https://www.facebook.com/isabelly.luiza.77

Até a próxima ^^



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