A Thousand Years escrita por Dominique Slorrance


Capítulo 10
Capítulo 09


Notas iniciais do capítulo

alguém me faz parar de postar de madrugada, mds

então, olá :v

meu braço ta com câimbra aqui, fiquei mto tempo na mesma posição com ele sdjsdhsdh

eeeeeeeeeeeeee tanananam, postei cedo. era pra ser no domingo, mas eu tava com preguiça (as always). segunda passou tão rápido q nem vi sjdksdshd. agora é terça e eh isto.

não se enganem muito com o banner, é bem sensacionalista hahah...

vou deixar vocês lerem,

boa leitura ♥



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Proteger Cassie, salvar Will. Dois coelhos numa cajadada só e a minha vingança – que é meter a porrada em um certo híbrido.

Será leve, mas ainda sim humilhante para alguém como Klaus. Ele é sensível, afinal.

Will me encarava mais confuso que eu quando resolvi ouvir as idéias de merda dele.

— Partir? — indagou.

— Com Cassie, relaxa. — o tranquilizei. — Vou resgatá-la e você fica aqui fazendo suas malas. Não precisa tocar na minha, beleza? Eu cuido disso depois. Preciso ir agora. — toquei em minha cabeça para saber se minha trança raiz estava em bom estado.

— Você vai falar com o Klaus? Bella, eu não tô entendendo mais nada...

— Não me chama de Bella — fiz careta. — Respondendo sua pergunta, mais que conversar, mas basicamente sim. — ignorei sua confusão. — Você tinha razão, pode se vangloriar. — ele recuperou a postura e ficou sério. — O quê?

— Eu vou relevar essa estranha decisão sua de ir embora, simplesmente do nada, porque temos coisas mais importantes em jogo. E vou junto, sinto medo desse seu jeito aparentemente despreocupado de lidar com as coisas. — revelou. — Eu quero ajudar.

— Eu só enxerguei agora que essa cidade é muito perigosa — maneei a cabeça negativamente. — Acredite, eu tô queimando de ódio. — sorri para confortá-lo. — E eu não quero você comigo agora.

— Você não faz o tipo proativa, nenhum pouco. Você é cem por cento reativa. Da onde surgiu esse jeito cuidadoso de agir?

— Eu estou te privando, Will. Só isso. — corri de maneira sobrenatural até estar fora do quarto e murmurei um feitiço, o prendendo.

— Você não fez isso! — se aproximou nervoso, tentando passar pela porta aberta, inutilmente. Bateu com força na barreira que o prendia. — Maldito truque seu!

— Não é truque, cê sabe. Faça as malas, não estou brincando quanto a isso. — salientei.

— Vamos realmente embora? — ele baixou a defensiva. Sempre fácil de convencer. — O que você vai fazer?

— Ensinar uma lição ao meu irmão e obrigá-lo a desfazer a merda que ele fez. Para isso preciso de você seguro. Eu sou reativa, afinal. Só não quero te machucar por causa de minhas inconsequências.

— Não vai machucar Cassie com suas inconsequências? — questionou. — Me deixa ir, eu posso-

— Pode nada, xiu. Já falamos demais, cansei. Só faz as malas. — o empurrei até ele cair deitado na cama de casal e fechei a porta, tudo isso num movimentar de mãos.

Me virei para ir embora e vi uma senhorinha me encarando sem reação. De dentro do quarto, Will me chamava. Não vive sem mim, esse garoto.

— Pensei que todas as bruxas tinham sido queimadas antes de eu sequer nascer — disse ela, pensativa. Quase ri. Aquela era uma reação pouco natural para um humano.

— Somos mais espertas que isso, senhora — sorri confiante, tendo a certeza de que ela não teria crédito nenhum se saísse fofocando por aí que havia uma bruxa no quarto 171. — Somos mulheres, afinal.

— É, acho que está certa — ela analisou. — Passar bem, querida — abriu a porta de seu quarto e entrou como se nada tivesse acontecido e não ouvisse os quase gritos de Will do quarto.

Dei de ombros, seguindo meu caminho, ensaiando minhas falas e ações quando ver Klaus.

Tomara que Elijah não esteja lá, porque eu vou descer a porrada naquele pedaço de lixo não reciclável, pensei venenosamente enquanto entrava num táxi.

...

— Klaus, querido, apareça — o chamei com falsa doçura ao entrar em seu lar. — Nós temos muito o que discutir. Ops, conversar — corrigi.

— Klaus saiu — era Hayley aparecendo no parapeito do primeiro andar.

— Onde? — indaguei rapidamente.

— Por que te diria?

— Te fazer sentir uma maravilhosa e aguda dor que equivale a todos os seus ossos quebrando em vários pedacinhos dentro do seu corpo, não parece de longe algo agradável. — disse despreocupadamente, encarando as unhas por meio segundo antes de voltar a encará-la. — Desembucha antes que eu o faça. — sorri docemente.

Ela me olhou como se fosse superior, mesmo que estivesse sendo ameaçada. Corajosa, confesso.

— Não é como se eu soubesse, não sou babá dele. Só queria ver sua reação — ah, agora eu tô puta com ela. — Pergunte a Elijah — desceu as escadas. Me controlei para não cometer um crime de ódio. Evitar Elijah vinha sido minha maior lição esses dias, aquele dali só me dava desgaste mental.

— Obrigada por sua incrível utilidade — com um movimento de mão, a fiz tropeçar num dos degraus. Ela cairia feio se não tivesse se apoiado no corrimão.

— Você tem o quê, cinco anos? — me encarou irritada.

— Às vezes — suspirei, desaparecendo num vulto.

Sentia-me frustrada com tudo, com raiva. Raiva de Klaus, raiva de Hayley, de Elijah, de Willian e até de Cassie. Sentia raiva, mais ainda, de isso tudo estar acontecendo somente por minha causa – por minha própria burrice de crer que ficar aqui e tentar equilibrar amigos, crianças adolescentes e família daria certo. Não com os Mikaelson sendo a família. Não com alguém como Will sendo meu melhor amigo.

Não como Isabella Mikaelson.

Sabia que minha expressão estava fechada, nada diferente de meu humor verdadeiro. Até pessoas na rua me encaravam. Algumas, entre o interesse mórbido, e outras eram esquivas, como se eu fosse radioativa. Sentia o medo delas, e não me importava. Não era satisfação, só indiferença. Eram nadas para mim.

Estava desfocada, um pouco. Minha mente era um buraco sem fundo, que mesmo assim não absorvia nada no momento. Eu sabia ser exagerada, sim, mas conhecia meus limites. Eu estava muito estressada, nervosa, séria.

Sensível.

Sensível no sentido não de não saber o que fazer, mas não querer fazer o que devo fazer. Era negação, mas eu já havia feito minhas escolhas, no fundo. Eram mil anos me conhecendo, e aquilo era o suficiente para saber o que meu coração apontava.

Menti para Willian ao dizer “vamos partir”, é a verdade.

Encontrei Klaus num bar.

Estava com a tal Camille. Sem paciência, apenas o roubei sem cerimônia e sem ele ao menos me enxergar, o jogando num beco estreito pertinho do bar. Prendi todos que estavam no bar com o mesmo feitiço que usei com Will, sem me preocupar se algum deles quisesse sair. Também não queria ver aquela humana me atrapalhando.

— Irmã — Klaus cumprimentou, creio que de mau-humor. Não mais que eu.

— Pra você é Isabella — o prensei contra a parede, irritada.

Ele ergueu a sobrancelha e depois riu.

— Ah, veio falar do seu amiguinho? Não era minha intenção machucá-lo. — o deboche era evidente.

Apenas me afastei minimamente de si, usando o kit básico das bruxas que era uma vez na vida, pelo menos, poder fazer uma pessoa – de preferência um vampiro – ter aquela dor insuportável de cabeça. Ele se ajoelhou e grunhiu de dor, segurando a cabeça instintivamente. Parei por um tempo, fazendo ele me encarar pouco amigável.

— Está brava, pelo que vejo. — tentou levantar, mas o fiz se ajoelhar de novo.

— Devolva Cassie — ordenei. — Talvez assim eu te perdoe. — sorri, sem saber se havia sido convincente; eu não estava com vontade de sorrir, nem mesmo de maneira irônica.

Ele riu mais uma vez, por mais que estivesse irritado por não conseguir levantar. Era irritante. Irritante ver que era aquilo que eu queria.

— Entre ter uma dorzinha de cabeça e ter aquela criança gritando nos meus ouvidos, prefiro a dor — estava desafiando, como sempre.

— Bem, já que você escolheu assim… — comecei a usar minha força para quebrar seus ossos e logo seus gritos irritavam meus ouvidos. Era desagradável, mas ele merecia, no fundo. Sabemos que sim. Agora ele estava de quatro no chão. Parei de quebrar seus ossos; os gritos cessaram. — Podemos negociar agora? — me agachei perto de si, ouvindo sua respiração ruidosa pela boca junto de sons ininteligíveis.

Ao me fitar, havia um tom âmbar substituindo os azuis de seus olhos e as presas estavam evidentes. Observei levemente curiosa seu rosto, reparando também nas veias ao redor dos olhos. Pisquei, sabendo que era ele quem eu havia escolhido – ele e os Mikaelson. E eu digo com uma honestidade amarga; o demônio conseguia ser encantador até assim.

Foco, Isabella.

Ele rosnou. Foi o suficiente para eu me alertar; antes que ele me atacasse de vez, joguei seu corpo contra a parede e o fiz vomitar o sangue de suas possíveis vítimas, sujando toda sua roupa. Depois, brinquei de jogar seu corpo de um lado para o outro até fazê-lo cair com força no chão, pude até ouvir seu corpo estalar de tanta força que usei. Acho que ele afundou o piso.

Me aproximei e olhei-o de cima.

— Vai salvar ela ou vamos ficar nisso? Temos a eternidade. — joguei despreocupadamente.

— Tecnicamente, eu não posso tirá-la de lá — ele disse com dificuldade. Segurei a vontade de pisotear todo o seu corpo, impaciente. Havia raiva em seus olhos, mas pelo jeito era por estar me ajudando. Klaus odiava ser subjugado, era fato.

— Pode mais que isso, Klaus. Não me faça perder palavras te ameaçando, por favor. — eu não estava agindo como deveria. O comum seria ameaçá-lo logo, jogando palavras pesadas no ar, mas sabia que seria perda de tempo. Era mais prático algum ataque físico.

E o fiz.

Movi minha mão para o alto, meus dedos unidos puxando o ar dos pulmões de si, o sufocando. Seu rosto vermelho enquanto suas mãos paravam em seu pescoço era quase amolecedor, com os sons secos saindo de seus lábios, sem poder fazer nada. Deixei-o respirar novamente, colocando a mão na cintura de maneira displicente, apenas o esperando.

Ele foi se recuperando, tossindo algumas vezes, ofegante, me encarando com raiva.

— Não sabia que tinha um lado sádico, irmã — comentou rouco, assim que pôde, levantando com dificuldade. Havia feito um buraco no chão. — Na verdade, até sabia — revirei os olhos, incomodada com o tom sugestivo.

— Eu nem comecei, meu belo anjo — tentei recompor a postura e o puxei pelos ombros, olhando no fundo de seus olhos, como costumo fazer com Will. Péssima ideia, aliás, mas tudo bem.

— Salve a garota daquele hospício ou eu juro que você vai se arrepender de ter posto o dedo neste planeta. — avisei friamente, tentando ignorar o cheiro de sangue advindo de seu corpo. —  Você tem uma hora, tá quase anoitecendo. — minha procura por ele durou mais que o necessário, na verdade.

O suspiro e desagrado dele era evidente.

— Só porque pediu tão carinhosamente — disse irônico, tirando o celular do bolso – que não se sabe como estava vivo – e ligando para alguém. Falou brevemente antes de desligar.

— Pronto? — indaguei.

— Não. Eles não querem me dar ela de volta. Eu avisei você antes...

— Não dá para hipnotizá-los? — ele me encarou impaciente.

— Para quem quase me matou sem dificuldades, precisa ser menos ingênua — revirei os olhos.

— Você não tá se esforçando, Klaus, vou ter que te lembrar da mesma dor que passou? Tsk — soltei um muxoxo.

— Dispenso, não sou masoquista. — sorriu maroto.

— Então, se eles não querem devolvê-la, vamos tomá-la de volta. — mudei de assunto. — Mas antes você vai trocar de roupa, anda — ordenei com um sinal de mão. — Enquanto isso eu desfaço o véu de magia. Me encontre em frente ao hospício em cinco minutos, seu tempo de resgate diminuiu — sumi antes que ele tivesse a chance de dar um piti por eu estar “mandando” nele. Sem paciência, simplesmente.

Parei perto e caminhei um pouco até estar em frente a casa, pensando apenas em Cassie. Comecei a me concentrar, sentindo toda a tensão que aquele lugar guardava. Franzi o cenho ao sentir um poder maior do que esperava. Não era de longe um local salvo. Não pude deixar de hesitar de retirar o véu que prendiam as bruxas.

— Por Cassie — murmurei para mim mesma, ainda encarando o local desconfiada, como se pudesse ver algo além do exterior. Quebrei o feitiço.

Senti um vento atrás de mim. Era Klaus.

— Eu só quero a Cassie, seja breve — avisei-o. Ele assentiu e invadiu a casa sem delongas.

Quando vi Cassie parar em minha frente, senti algum alívio pela primeira vez no dia. Coloquei o feitiço de volta.

— Satisfeita? — Klaus jogou ela em cima de mim assim que percebeu que finalizei. Acolhi a garota desnorteada em meus braços, mesmo que não fosse tão afetiva com as pessoas. — E desprenda as pessoas do Rousseau’s — ordenou.

— Eu sei. Agora vaza daqui antes que eu te prenda dentro dessa casa — retorqui curta e grossa, a qual ele revirou os olhos e sumiu de minha vista. — Vai ficar tudo bem, Cassie — disse para ela, acariciando o topo de sua cabeça.

Que poder era aquele na casa? Indaguei-me brevemente. Bem, não é de minha conta.

— Eu não sabia que lugar estava quando acordei… — fui suprida de meus pensamentos por Cassie. — E aí quando vi aquele tanto de pessoas parecendo doentes e os médicos, imaginei que estava num hospício. Quando estava andando pela casa, vi Will no portão pela janela do primeiro andar e tentei pedir ajuda. Eu gritei e depois só senti um pano cobrir meu nariz e um cheiro horrível que me fez desmaiar. Eu acordei tonta e num local escuro. Foi como um filme de terror — ela murmurou assustada. — Então...

— Eu sei, Cassie — a cortei, olhando em seus olhos, sorrindo sem mostrar os dentes com intenção de tranquilizá-la. Acariciei brevemente seus cabelos curtos. — Já acabou. Foi apenas um erro. Vamos ver Will. Vou te pegar no colo para ser mais rápido, tudo bem? — ela assentiu. A verdade era que eu me importava com a garota, mas ouvir algo que não me adicionaria nada não estava nos meus planos, no momento.

A peguei e segui rapidamente para o hotel. Assim que abri a porta, quebrei o feitiço com um movimentar de mão e vi Will levantar da cama e vir em nossa direção, ansioso. Coloquei Cassie no chão e ele a agarrou num abraço.

— Ela está bem, só assustada. — esclareci. — Eu preciso ir checar umas coisas. Você já fez as malas? — questionei.

— Sim. Você está com fome, Cassie? — soltava ela do contato sufocante, segurando seus ombros. — Acho que tem biscoito em algum canto por aqui. — olhou agitado para os lados, como se magicamente o biscoito fosse surgir.

— Não, só me sinto um pouco tonta. Água seria bom — respondeu ela, com a voz fraca, e ele foi buscar uma garrafa de água no frigobar.

— Então, cuide dela que eu já volto — me adiantei para sair.

— Não vai fazer suas malas? — indagou enquanto entregava a garrafinha para Cassie, me encarando. — Ainda nem discutimo-

— Depois, isso é o de menos — cortei, tentando fazer descaso. Desapareci sem dar mais explicações, sentindo-me levemente pesada por estar mentindo.

Desfiz o feitiço que prendia as pessoas no bar e entrei no local, sentando numa das banquetas perto do balcão. Na primeira vez que vim aqui, encontrei Kol – mesmo que sem saber ainda –, meu pai e Elijah num dia só. Naquele tempo, Camille não estava aqui. Ainda bem.

Muitas pessoas saíram do bar xingando enquanto ela parecia tentar acalmar – inutilmente – os ânimos. Provavelmente era a única que havia entendido a situação por conhecer o mundo sobrenatural, agora imagina o resto das pessoas tentando passar por uma barreira invisível? Era até engraçado.

— Desculpa pela demora, as coisas estavam um tanto complicadas por aqui — a loira disse ao voltar para o balcão, sorrindo simpaticamente para mim, apesar do visível cansaço. — Então, o que vai querer?

— A culpa certamente não foi sua — batuquei os dedos na madeira escura. Toda a comoção era minha culpa e eu só conseguia pensar que aquela era a menor das minhas preocupações. — Um whisky puro, por favor — pedi.

— Dia difícil? — disse enquanto despejava o líquido no copo, colocando em minha frente.

— Meio cansativo, sim — encarei a cor da bebida por meio segundo antes de pegá-la e beber tudo de uma vez só. Pousei o copo na mesa, fazendo uma careta ao sentir o líquido descer por minha garganta. — Sempre fui uma pessoa imparcial em tudo e agora estou envolvida em coisas demais pro meu gosto.

— Ah, entendo. Quando você vê, está tão envolvida que não consegue mais sair, talvez nem queira, no fundo.

— Talvez entenda mesmo — ri sem muito humor. — O problema é que existem coisas que eu preciso proteger, e para protegê-las eu preciso afastá-las dessas novas coisas que vem acontecendo. A situação chegou a um ponto que preciso fazer escolhas difíceis e decisivas, coisa que detesto. Na real, não sei se estou preparada para abrir mão de nada, sou egoísta. — dei de ombros, tentando amenizar meu discurso. — Por isso me mantenho imparcial em muitos assuntos. Essa coisa de escolher lado e tal, não combina comigo. Eu posso até torcer por um lado, mas batalhar para que ele vença, definitivamente não.

— Se me permite dizer, um pouco hipócrita — assenti positivamente, concordando. O ar sincero dela era bem vindo. — Mas tem coisas muito importantes para serem ignoradas, certo? — disse retoricamente. — Talvez seja o momento, se me permite dizer, de deixar esses velhos hábitos em prol dessas coisas importantes. Pelo menos por hora.

— É, eu sei — murmurei, expirando o ar resignada. — Só preciso de coragem.

— Pelo seu rosto, não parece ser algo que lhe falta. — confessou. — Mais? — indicou a garrafa e eu assenti.

— Você é gentil — ri, observando ela encher meu copo mais uma vez. — Não é à toa que Klaus parece se importar com você — deixei sair sem intenção.

A garrafa escapou de seus dedos e iria cair no chão se eu não tivesse aparecido em menos de um segundo para recuperá-la.

Ela arfou, surpresa, talvez horrorizada. Pus a garrafa em cima do balcão.

— Will me falou bastante de você — comentei, já que não tinha como desmentir quem eu era, e eu nem precisava dessa precaução.

Observei sua reação. Estávamos bem perto uma da outra, seu rosto estava emudecido e ela parecia pálida.

— Isabella — disse, sem esconder a surpresa e o tremor na voz. — Melhor amiga de Will e irmã de Klaus.

— Sim — movi a cabeça lentamente, confirmando. — Eu que prendi todos no bar quando fui conversar com Klaus. Você sabe, sempre tem o dano colateral — pendi a cabeça para o lado, semicerrando os olhos, um tanto cínica. Ela parecia mesmo aterrorizada, e apesar de achar que seria divertido fazer ela ter medo de minha presença, relaxei a expressão. Não estava com tanto humor para brincadeiras, preguiça da porra. Culpa do Klaus. — Obrigada pelas palavras gentis e pela bebida. — puxei umas notas de dinheiro do bolso e coloquei no balcão. Bebi rapidamente o copo cheio, tentando me renovar por dentro. — Acho que está na hora de ter a tal coragem, não é mesmo? — disse após largar o copo na madeira do balcão. Ela não respondeu, parecia muito… lenta para processar tudo. — Te vejo por aí, humana — saí rebolando do bar.

Andei mais um pouco pela cidade, refletindo minhas opções, sentindo um gosto amargo na boca, porque nenhuma delas era boa.

Por havia escolhido eles, afinal?

Só realmente parecia tão errado ir embora do nada. De novo. Sem nem mesmo fazer algo pela família.

Ou algum pedaço dela. Me sinto em dívida com os Mikaelson? Talvez, sim. Eles estão tão paranóicos uns com os outros – não que eu não esteja, mas numa escala extremamente menor – que não consigo virar as costas. E também tinha várias outras coisas, mas elas não estão prontas para serem reveladas agora.

Nem para mim, nem para ninguém. Era muito doloroso.

Então foquemos em alguns fatos inegáveis sobre outras responsabilidades minhas: Meu melhor amigo, Willian, já sofreu demais por toda essa merda dessa família e não merece isso. Perfeito. Já a Cassie precisa se livrar de traumas e nessa cidade ela não vai conseguir, pelo que vemos. Perfeito.

Peguei o celular, vendo várias mensagens e ligações de Will não correspondidas. Nem tinha visto, o celular ainda estava no silencioso. Liguei para ele.

Atendeu no primeiro toque.

— Isabella, onde você tá? — estava irritado, nada novo sob o sol. Ou no caso, sob a lua. — Você fala que vamos embora e fica passeando pela cidade sem nem falar pra onde vai e sem planejar logo a nossa viagem, mas que porra — xingou e eu riria muito se fosse um dia normal, mas deixei apenas um sorriso aparecer, sincero desta vez. O silêncio o fez bufar, bravo, continuando. — Quando você vai voltar? Cassie está no banheiro, estamos te esperando. Precisamos decidir para onde vamos, as passa…

— O que acha de Londres? — sugeri enquanto caminhava em direção do hotel.

— O quê? Meio longe, não? Em outro continente, na verdade.

— Um ar diferente não faz mal.

Ouvi um suspiro do outro lado da linha.

— Eu sinceramente tô custando pra te entender hoje. Primeiro insiste que não quer ir embora e do nada-

— Tem Veneza também — desconversei. — ou Roma. Talvez Paris…

— Vamos ficar com Londres — ele respondeu rapidamente. — Precisamos comprar as passagens, será que vai ter voo hoje?

— Procura pela internet, tô quase chegando aí. Se não tiver, sempre tem o jatinho — ele fez um som estranho com a boca. Ah, é, esqueci que Will não gostava que eu esbanjasse minha riqueza; para ele só de estarmos num hotel meia-boca já era motivo de surto. Ridículo, mas não havia nada que eu podia fazer. — Com fome? — tentei manter a conversa de maneira suave, precisava manter a sanidade até o fim da noite e arranjar briga com ele por motivos fúteis não ajudaria.

— Traz alguma coisa não muito pesada por via das dúvidas, não sei se Cassie aguenta muita coisa naquele estômago — retrucou, conseguia ouvir ele se movimentar, provavelmente procurando o notebook. — Bem, nos vemos daqui a pouco. Uma sopa talvez seja bom — sugeriu distraído, ouvia os dedos dele na tecla do aparelho e eu conseguia visualizá-lo digitando a senha.

— Ok — suspirei, desligando.

Era quase duas da manhã quando a gente se movia em direção do jatinho. Will estava resignado e ranzinza, e aquilo seria divertido se eu não estivesse prestes a deixá-lo.

— Vai ser mais rápido e sem paradas — garanti para ele, tentando amenizar a situação. — Matthew — cumprimentei o piloto conhecido.

— Isabella — disse de volta, respeitoso como sempre. — Já podemos ir — assenti.

— Você não respondeu o porquê de não ter trazido sua mala no táxi — Will se virava para mim enquanto Cassie entrava no jatinho com minha aeromoça particular.

— Will… — não havia palavras que eu encontrasse para dizer aquilo. Havia pensado na cena que seguia várias vezes, mas sabia que de nada adiantaria.

Ainda doeria.

— Você não vai, não é? — seu rosto adorável estava sério. Acariciei sua bochecha.

— Não, eu não vou — ele riu de minhas palavras, aquela risada sem humor. Era horrível ouvi-la.

— Tudo bem, eu desisto — disse risonho, as lágrimas visíveis presas nos olhos. — Eu não sou páreo pra eles — sua voz saiu embargada, estrangulada. Engoli em seco, sem saber como agir; despedidas nunca foram meu forte. Ele tirou minha mão de sua bochecha, tentando conter as lágrimas ao olhar para cima, mas inevitavelmente elas escorreram por seu rosto. — Deus, eu sou patético — limpou as lágrimas, fungando. — Tá tudo bem, tá tudo bem. — tentou sorrir e aquilo só me fez sentir pior. — Nem somos namorados para eu estar assim.

Cansada de olhar a cena com toda a dor que sentia, abracei seu corpo com força. Não precisava ser fria com Will. Ele merecia mais.

— Me perdoa — pedi. — Eu sinto tanto por ter feito você passar por isso. Eu só…

— Sente que deve reparar as coisas? — se separou de mim, me encarando. Não precisava de constatação. — Eu espero que você consiga, de coração, Isa. Mesmo. Mas me prometa uma coisa, se puder. — assenti vagarosamente, ansiosa. Ele segurou minhas mãos entre as suas. — Se… — respirou fundo, tomando coragem. — Se você ver que no final, mesmo você se esforçando, não conseguirá consertar essa família, você vai embora, sem olhar para trás. Não por mim, nem por ninguém, mas por você. Você tenta se fazer de fortona, mas eu sei que você é frágil e tenta esconder todo o mal que você passou. Estar com eles só vai te fazer reviver esse mal e eu não posso evitar isso, mas por favor, pense em sua sanidade e seu bem estar, sua felicidade. Não se sacrifique por quem não faria o mesmo por você, Isabella. Por favor, se preze, antes de tudo.

— Eu vou tentar — respondi o mais positiva que pude, mas ele balançou a cabeça negativamente, sabendo que eu era falsa naquilo.

— Eu tenho medo que você se culpe e se martirize pelas escolhas que fez no passado de deixá-los e tente compensar isso ao ponto de ignorar suas próprias necessidades em prol deles. — confessou de uma vez, soltando o ar ofegante.

Tão preocupadinho.

— Eu acho que mesmo que eu fizesse isso, você ia vir aqui me dar um tapa de realidade. — fiz graça, ou tentei. — Obrigada por se preocupar comigo, Will. É muito importante e precioso para mim. — disse honesta e suave, soltando uma mão da sua, passando-a por seu cabelo carinhosamente. — Mas agora acho que já podemos parar com o momento piegas, o Matthew até saiu pra não vomitar de nojo — ele olhou para trás e viu que estávamos sozinhos do lado de fora.

Rimos como não riamos há um tempo.

— Eu prometo que vou cumprir o que disse, ou ao menos tentar — prometi, voltando a sentir a tristeza se alastrar dentro de mim. Ela nunca havia ido, mas por um momento parecia que era só a gente novamente. Sem família, sem ninguém além de nós dois. — Obrigada por não surtar pelo fato de eu estar te dando um pé na bunda com a Cassie. Cuide dela por mim, eu vou mandar dinheiro e você boas notícias, certo? — ele revirou os olhos.

— Você é muito controladora — soltou nossos dedos unidos e me deu um cutucão.

— E você um chato — devolvi, dando um tapinha em sua nuca. — Pode gastar todo o dinheiro que eu mandar pra vocês — não era um pedido.

— Não exagere na hora de mandar — ele sabia que eu ia. — Acho que depois de Londres vou levá-la para conhecer minha família.

— Coitada — disse penalizada ao imaginar a cena. A família dele era enorme, não era à toa que seu nome inteiro era Willian Lucca Le Fay Montgomery.

— Ela precisa socializar — deu de ombros.

— Socializar com a sua família é a mesma coisa que suicídio social — eu não mentia.

— Se a tia Margareth ouvisse isso... — rimos de novo.

— Será que ela ainda acha que eu preciso de exorcismo? — pendi a cabeça para o lado, lembrando de quando o conheci e me tornei próxima de sua família para roubá-lo dela. Margareth era aquela pessoa que usava do de seu sexto sentido – falho, ainda por cima – para definir seu modo de viver, inclusive forçando em outras pessoas. Insuportável.

— Capaz. Minha mãe as vezes liga e diz que Margareth vive falando que você é má influência e que se algo de ruim acontecer comigo é sua culpa. Sexto sentido dela, ela diz — riu e eu revirei os olhos.

— Ela não está errada, de certa forma — disse desgostosa; era Margareth, afinal, mas era só lembrar de onde estávamos que as memórias vinham como um flash. Eu, de fato, havia feito Will passar por coisas ruins.

Ele suspirou.

— Acho que Cassie já está até dormindo — mudou de assunto.

— Você tem que ir — continuei, sentindo meu peito apertar.

— Sim — assentiu, reprimindo os lábios.

Sorri, tentando passar tranquilidade em minha expressão. Agora ia ficar tudo bem para ele e era minha escolha ficar, deveria estar feliz.

— Adeus, Isa. — se virou e Kate, a aeromoça, o ajudou com sua mala.

Observei-o se distanciar.

— Adeus, Will. — desejei, e antes que olhasse para trás uma última vez, desapareci num vulto.

 


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Notas finais do capítulo

falei para não acreditarem no banner do cap :p a risada da isa no gif seria equivalente a risada q ela dá com will durante a despedida deles, caso queiram saber. sim, unico momento verdadeiro q ela ri durante um capítulo confuso e sentimental SHUAHSAHSH.

e aqui finalizamos o ciclo will x isa x cassie.

finalmente, né? shdushdshd. eu n sei se alguem ta triste, mas podem me dizer o q vcs tão sentindo nos comentários :p/
eu ia finalizar esse ciclo de maneira mais... cruel? acho, mas ia ser muito apressado, então deixei assim. faz tempo que escrevi, mas quando fui reler hoje, acabei escrevendo mais um pouco. achei que precisava impor mais os pensamentos da isabella. me perdoem se ficou um pouco confuso, as vezes é difícil ser coerente quando estamos falando de sentimentos. eu senti que precisava, mas é madrugada e eu to sensível. escrevi muita coisa e apaguei e recomecei até ler e falar "ok...", mas impressões da madrugada não conta muito não sbsdhbshdbsd. enfim, essa é sou eu sendo paranoica (ou não k). qualquer duvida, me perguntem, é isso. se verem q ta mto ruim deem aquela avisada q eu checo e vejo o que posso fazer.
e eu preciso dizer: eu detesto a cassie. acho que ngm na série gostava dela pq ela eh falsinha ne, mas eu tentei dar uma suavizada aqui. eu precisava me livrar dela pq a isa ia ficar com escoliose de tanto carregar essa garota nas costas durante a fic. ia ficar muito pesado, sabe? e eu precisava de espaço pra aprofundar a isa na família mikaelson. will não ia ficar, isso pra mim sempre foi uma possibilidade muito viável, visto que na versão antiga da história ele não durou nem um capítulo KSDSDJSSHD. mas eu precisei que ficasse tudo verossímil e gostei assim. ele não quis ficar e a isa que não ia obrigar, então ela deixou ele ir, sabe? ela quis, porque ela reconhece a merda que é estar com os mikaelson e que ele merece muito mais que ficar preso em uma cidade sobrenatural problemática do k7 só por causa dela. é um perigo constante que ela não quer arriscar mais, e o fato dele mesmo se adiantar e ir embora é perfeito. nem sempre a gente tem que suportar uma situação por causa de alguém que a gente ama. as vezes o mais saudável é deixar ir :)

btw, agora a gente tenta focar na isa e os mikaelson 100% yeeeeeeeeee
eu creio ja ter dito antes: eu comecei o cap 10, só que n cheguei na metade por bloqueio e tal. acho que esse bloqueio pode ser por eu não ter escrito uma coisa boa, de fato. então eu vou refazer o cap e ver no que dá. não sei quando vamos nos ver novamente, mas espero que em breve. podem comentar que eu vou tá sempre respondendo, independente de que mês/ano ASJKJSKSDHD

bjs e obrigada pela atenção ♥



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