Minha amada stalker escrita por Rainha dos Fantasmas


Capítulo 50
Minha vida vira de ponta-cabeça enquanto eu tiro uma soneca pequena de um mês.


Notas iniciais do capítulo

E aí meus súditos? Tudo bom? Errr então... Sobre ficar um mês fora... Bom, eu não sei se pedir desculpas vai ser suficiente, mas sério, me desculpem! Eu sei que foi tempo demais e que eu enrolei demais! Me desculpem mesmo! Pliiis galera não me mata não, é que aconteceu tanta coisa e a minha cabeça está tão cheia... Enfim, não quero comentar sobre isso. Deixem quieto. Está tudo bem. Mas eu tenho certeza que com essa demora vocês não estão nem aí pra esse papo meu e querem mesmo é pular para o capitulo! Fiquem a vontade! Nós nos vemos lá embaixo!



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Se eu tivesse capacidade para isso teria rido muito, muito alto, mas a risada saiu parecendo um engasgo bizarro então eu resolvi me conter. Minha irmã me encarou com uma sobrancelha arqueada e um sorrisinho travesso.

— Não acredita?

Eu a encarei como se ela tivesse acabado de dizer que viu um alienígena montado em uma vaca cor-de-rosa voando por cima da minha cabeça e cantando Michael Jackson. Acreditar que Chloé estava sendo gentil comigo e me trazendo florezinhas perfumadas todo dia era mais absurdo que isso. Da ultima vez que chequei ela não era muito minha fã.

— Eu sei, eu sei, vocês são tipo, piores inimigas desde que usavam fraldas, mas aparentemente ela queria se redimir com você já faz um certo tempo. Desde antes do acidente, pra ser mais clara. – Minha irmã falou mordendo o lábio inferior. Eu a encarei com curiosidade, sem entender o que ela estava falando. – Pouco antes de aquilo acontecer ela estava louca da vida pra te dizer alguma coisa, questão de vida ou morte, estava tão desesperada que atiçou o motorista dela para correr o mais rápido que podia para a nossa casa e... É, foi o carro dela que te acertou em cheio. Desculpe. Ela pediu desculpas também. Para a nossa família toda, eu cheguei a achar que ela ia se ajoelhar, mas ela chorou ao invés disso. Chorou pra caralho.

Eu me lembrei de mais uma coisa: eu tinha reconhecido o carro na hora, ele me era familiar porque era o carro que buscava Chloé todo santo dia na escola. Ela estava mesmo tentando falar comigo àquela hora na escola, quando desviou de mim como se nada tivesse acontecido. Correu desesperada pra minha casa pra me contar alguma coisa urgente e acabou me atropelando sem querer. Acontece né? Eu não a culpava, não sentia raiva dela, não queria xinga-la por ser irresponsável demais e fazer um motorista correr loucamente botando em risco várias vidas inclusive a dela e a dele, longe disso. Eu queria agradecer as flores e perguntar sobre o que ela queria conversar. Se Chloé estava tentando hastear uma bandeira branca nessa nossa convivência eu estava mais que disposta à assinar um tratado de paz. Sério mesmo.

— Mari? – Minha irmã chamou a minha atenção de volta pra ela. – Como estão suas mãos? Você acha que consegue movimentar elas bem?

Eu estranhei aquele questionamento aleatório, mas quase que como em um impulso eu levantei minhas mãos e estiquei meus dedos devagar, os exercitando um pouco, mexendo com eles depois de ficarem parados por tanto tempo. Era uma sensação estranha, mas não chegou a doer.

— Parecem bons pra mim. – Minha irmã deduziu. – Quer saber? Eu vou ir buscar um caderninho, um bloco, ou qualquer coisa em que você possa escrever como resposta pra mim. Essa conversa está muito estranha sem eu saber o que você está achando! Já volto, fique aí!

Minha irmã falou se levantando e saído pelos corredores em busca de tinta e papel pra irmãzinha sem voz. Eu dei um leve sorriso, ela disse aquele “Fique aí” como se eu pudesse sair da maca, o que era totalmente irônico! Com certeza eu não conseguia mover minhas pernas direito e isso era deprimente demais. No momento a minha maior vontade era pular da maca e gritar bem alto: “O QUE DIABOS ACONTECEU COM A MINHA VIDA ENQUANTO EU ESTAVA FORA?” mas infelizmente eu não tinha capacidade de fazer isso. Ia ficar ali, sem saber de nada, me contentando com os pequenos fatos que minha família me contava aos poucos. Só quando eu fique sozinha naquele quarto eu me dei conta de como aquilo era irritante! Eu tinha perdido um mês inteiro da minha vida! Eu não fazia ideia do que estava acontecendo lá fora, não fazia ideia de como estavam os meus colegas, não tinha acompanhado o crescimento da barriga de gravida da minha irmã e nem a reação de Félix àquilo, provavelmente perdi muita coisa na escola e iria me sentir totalmente deslocada quando voltasse para as aulas, e... Céus, á quanto tempo eu não vejo Adrien?

Adrien.

Meu coração falhou uma batida ao pensar nele. A imagem dele sendo levado para longe de mim no meu sonho se projetou na minha cabeça e eu a dispensei o mais rápido possível.  Como será que ele estava? Como ficou quando soube do acidente? Será que eu o preocupei demais? Eu precisava ver ele pra mostrar que estava bem e para saber se ele estava bem. Não vejo a hora de isso acontecer! Assim que minha irmã chegar com o tal bloquinho eu vou escrever pra ela perguntando sobre como ele está e pedindo pra ele me visitar. E vou pedir comida porque eu me sinto um saco vazio. E vou pedir meu celular porque isso aqui está um tédio. E vou pedir uma escova de dente, minha boca está com um gosto amargo estranho por ficar tanto tempo sem comer, sobrevivendo na base de soro...

“Senhor, eu sou totalmente dependente da vontade dos outros agora para qualquer coisa? Vou ter que pedir ajuda pra ir no banheiro também?” pensei, totalmente desesperada tentando mover minhas pernas em vão, o máximo que consegui foi mais um motivo pra pensar se, ei, se jogar na frente de um carro pra salvar sua irmã e não sair rapidamente era mesmo uma boa ideia. Não queria ter de passar por algo assim de novo tão cedo.

Interrompi meus pensamentos quando escutei uma conversa do lado de fora do quarto, as vozes estavam abafadas e eu não consegui entender, mas percebi que era a minha irmã e... É. Chloé. A loira entrou no cômodo sem nem pensar em bater, fechando a porta atrás de si e segurando um caderninho contra o peito. Ela me encarou de forma hesitante e eu retribui esse olhar. Ela veio até mim devagar.

— Oi. – A loira cumprimentou. Acenei levemente com a cabeça em forma de cumprimento. – Sua irmã me pediu pra te entregar, pelo que fiquei sabendo você não está conseguindo falar ainda. – Ela me entregou o caderno e uma caneta.

“Obrigada pelas flores, são lindas.” Foi a primeira coisa que eu escrevi ali.

 - Ah, você gostou mesmo? Eu estava tentando arranjar um jeito de pedir desculpas e o Nath me contou que jacintos representavam um pedido de desculpas então eu te trouxe eles... Durante semanas. – Ela disse dando um sorriso mínimo. – Eu queria muito mesmo me desculpar pelo... Você já soube que o acidente foi minha culpa né? Eu sinto muito mesmo Marinette, é sério, eu não queria de jeito nenhum que uma coisa dessas acontecesse, eu sei que nós não nos damos bem, mas eu nunca faria algo assim de propósito! E-eu sinto m-muito de verdade! – A voz dela falhava.

“Chloé, não é sua culpa. Você estava com pressa, eu estava no meio da rua e aconteceu, não se culpe!” eu rabisquei rapidamente. “ Eu estou bem, está tudo bem.”

Eu não fazia ideia de que Chloé “Me Odeia” Bourgeois era capaz de dar abraços tão calorosos quanto o que ela me deu naquela hora, mas ela é. Ela só se afastou minutos depois, com lágrimas nos olhos que me encaravam preocupados.

— Eu pensei que tinha matado você! – Ela disse entre um soluço. – Eu estava lutando contra todo o meu orgulho para te pedir desculpas, sabe, depois de séculos em que o Nath ficou tentando me convencer a isso, eu corri pra sua casa, decidida a pedir desculpas por tudo que eu já te fiz e me desprender da minha vida antiga horrível de vez e quando eu já estava tão perto eu te atropelei! Porque eu não consigo me resolver com você, Marinette? Porque o mundo tem que me fazer estragar a sua vida de um jeito ou de outro? Eu não te odeio, ok? Eu quero pedir desculpas, eu quero mudar tudo! Eu quero ser uma pessoa boa!

Eu segurei a mão dela tão devagar que até eu fiquei incomodada com isso. Chloé me encarou e eu sorri. Movimentei meus lábios em um “Obrigada” silencioso e acho que ela entendeu porque um brilho passou pelos seus olhos.

 “Chloé Bourgeois, eu, Marinette Dupain Cheng, perdoo todas as vezes que você me atazanou, humilhou, colou chiclete no meu cabelo, me empurrou, pisou no meu pé, e tudo mais (até esse estúpido acidente que você acha que é sua culpa, mas NÃO É) e estou disposta a deixar isso para trás.” Eu escrevi com todo carinho que tinha. Não era fácil acreditar que Chloé queria me pedir desculpas e mudar anos de inimizade, mas se era isso que ela queria era bom saber que eu também queria.

— Sério mesmo? Está tudo bem? – Ela perguntou intrigada com cara de “WTF?” – Qual é a pegadinha? Porque está sendo tão simples? Você não deveria me perdoar tão fácil depois desses anos todos.  – Ela sussurrou, e eu simplesmente dei de ombros. Também não entendi, mas eu simplesmente não odiava mais a loira faz tempo. – Bem, que bom, porque eu realmente não estava querendo correr atrás de você como um cãozinho pedindo desculpas!  

Eu dei um sorriso de canto. Essa era a Chloé que eu conhecia, e a loira orgulhosa nunca mudaria isso totalmente. Isso até que não era ruim, pelo menos ela estava se esforçando e honesta sobre o que sentia.

“Então. Já que estão desfeitos, os ressentimentos você pode me sanar uma dúvida?” eu escrevi com a loira ao meu lado encarando o papel com curiosidade e assentindo. “O que está rolando entre você e o Nath? Você até que citou ele bastante na nossa conversinha...” eu quase engasguei depois de ver a cara de surpresa da filha do prefeito, que estava totalmente corada e com certeza não esperava por isso.

— Do que você está falando Cheng? Está maluca? – Ela perguntou, desviando o rosto cada vez mais vermelho.

“Chloé ninguém leva tanto a opinião de alguém em consideração a ponto de mandar flores para a pior inimiga se não estiver apaixonada por essa pessoa!” eu levantei o caderno para ela ler.

— E-eu... Eu não... Você... Argh! – Ela resmungou porque a cada palavra o meu sorriso aumentava. – Você venceu tá? Eu tô... – Eu levantei uma sobrancelha, como que diz “Continue, eu quero escutar!”. – Tô gostando dele! Feliz agora?

“Com certeza! Nath é muito legal! Pra que hesitar em me contar? Vocês estão juntos escondido de todo mundo ou o que?” eu rabisquei eufórica.

Sim, tenho quase certeza de que eu bati forte com a cabeça e acordei em uma realidade paralela onde Chloé e eu somos amigas que tem total liberdade pra conversar sobre garotos. Isso é bizarro, mas não vou reclamar, é hilário ver ela vermelha de vergonha. Geralmente sou eu que fico assim, é bom variar.

— Nós não estamos juntos, eu não quis falar porque nem ele sebe disso. Só contei pra Sabrina até agora. – A loira disse frustrada. – Não é como se eu fosse ficar me confessando durante uma tragédia como o seu coma, isso é estranho e parece meio errado, sei lá.

Eu sorri, mas ainda assim tive vontade de bater nela com o caderninho.

“Como assim vc não contou por causa disso? Eu não ia me importar, sério! E aliás agora eu estou super de boa, então já pode sair daqui direto pra casa dele e falar tudo!”

— Não surta menina-padeira, eu não estou emocionalmente preparada pra isso e nem vestida pra tal ocasião. – Chloé me lançou um sorrisinho esnobe. – E, no momento, eu estou dedicando minha nobre presença para você, não precisa agradecer.

“Tudo bem, acho que vou ter que me juntar com a Sabrina e contar para ele por conta própria.”

— Se é esse o caso, fico feliz de você não ter voz. – Ela rebateu.

 “Isso foi muito maldoso.” Eu rabisquei rindo mentalmente.

— Então... – Ela deu um sorriso meio forçado. – O que exatamente você sabe sobre o mundo lá de fora no momento? Precisa ser atualizada?

“Ah, com certeza! Eu não sei de nada.” eu rabisquei com muita pressa “ O que está acontecendo? O que eu perdi no ultimo mês?”.

— Ah, tanta coisa, você nem faz ideia... – Chloé por um momento pareceu triste, mas se recompôs antes que eu tivesse tempo de escrever perguntando o porquê disso. – Ah, Senhorita Olivier voltou de viagem! Ela está super feliz, trouxe lembrancinhas do Brasil pra todo mundo, a sua está com ela ainda, e está insuportável cantando músicas em português que ninguém entende e citando memes em português que ninguém entende.

“ A mesma de sempre”

— Com certeza. Estamos lendo um livro novo na aula dela, mas você consegue acompanhar se começar a ler ele aqui, tenho certeza. Vou te emprestar o meu, ok? Não precisa agradecer a minha gentileza. – Ela falou retirando da bolsinha que carregava um livro que não tive tempo de identificar porque ela apressadamente colocou no criado-mudo ao meu lado. – Eu tive tempo de pedir desculpas pra todo mundo enquanto você dormia, então o pessoal da escola está me tratando bem, até. Alya demorou um pouco pra aceitar as desculpas, mas aceitou. Ela é bem cabeça-dura.

“ Ela é, mesmo. Como ela está? Como todo mundo está?”

— Fisicamente bem, emocionalmente fodidos, como Nino me disse. Estão todos preocupados com você. O diretor parou uma aula pra falar pra escola inteira sobre você ter entrado em coma, sobre como a escola estava ressentida e esperava que você melhorasse e tals. Alya chorou nesse dia. Eu vi ela chorando uns outros também, e já vi Nino chorando também. Ah, Rose também, você sabe como ela é sensível. Foi a primeira a me perdoar e querer ser minha amiga. Gente das outras turmas que eu nem sabia que te conheciam param alunos da nossa sala pra perguntar sobre seu estado. Ah, nossos colegas te fizeram muitas visitas, deixaram presentes e flores – mas as minhas são as melhores- principalmente Alya e Nino. Pelo que fiquei sabendo muito parente seu veio também. Enfim, meu mundo tem girado em torno do acidente de Marinette causado não intencionalmente por Chloé. – Ela contou tudo sem parar, mas quando ela disse isso eu segurei a mão dela pra chamar sua atenção.

“Alguém jogou a culpa em você?” eu escrevi a encarando, séria.

— Ninguém com quem se importar. – Eu a encarei com firmeza. – Não é nada, sério.

“Chloé, quem foi?”

— Ah, foi só aquela vadia nojenta da Lila Rossi, ela está amando ser o centro das atenções e humilhar todo mundo, parece que quer roubar o meu papel! – A loira resmungou.

“Ui, eu que estava me achando especial, achei que o centro do universo agora era eu!” escrevi só pra ver Chloé melhorar aquela cara emburrada.

— Ah, você é também. Mas de você as pessoas falam bem... Dela? Nem todo mundo. – Chloé sorriu, como se isso fosse uma pequena vitória.

“Mas porque isso? Eu, sei que Lila é uma modelo famosa, mas que escândalo todo é esse agora?” rabisquei curiosa, esperando uma fofoca, mas Chloé perdeu o sorriso. Eu também perdi. Da ultima vez que Lila fez algo pra mim foi bom, ela me ajudou, se não tivesse me visto seguindo a prima demônio eu não teria saído do quartinho de limpeza tão cedo. Por um segundo pensei que se, ei, Chloé agora era legal comigo será que Lila também não poderia ser minha amiga? Mas o que tinha acontecido com ela?

— Nada demais, sério. Não pense nisso, não pense nela, aliás, esquece que eu citei esse nome desgraçado que isso é que nem praga! – Chloé falou tropeçando nas palavras. – Vamos falar de coisa bonita, de coisa boa!

Eu ainda estava curiosa sobre Lila, aliás, agora eu estava mais curiosa ainda, mas resolvi deixar pra lá por enquanto porque eu realmente tinha algo mais urgente pra falar.

“Tipo o Adrien?” Eu perguntei me segurando pra não circular o nome dele com um coração de forma pateticamente apaixonada. “Com ele está?”

— Ah, er, ele está bem. Muito bem. – Chloé riu desanimada. – Mas eu não estou falando dele, estou falando da coleção nova de roupas da marca Gabriel. Minha filha olha só pra isso, tá tão lindo que deveria se chamar “Chloé”, mas se chama “Marinette”, o mundo é tão injusto. – Chloé falou puxando uma revista da bolsa e me entregando. Eu só faltei comer a revista com os olhos.

Era uma revista de moda que mostrava várias e várias peças da coleção “Marinette” de Gabriel Agreste. As roupas eram delicadíssimas em tons pastel e muito fofas. Eu suspirava virando as páginas. Aquilo tudo era mesmo inspirado em mim? Chloé pareceu ler a minha pergunta da minha mente.

— Pelo que eu sei a Sra. Agreste ficou extremamente sentimental com o acidente que te aconteceu e, querendo te homenagear de algum jeito, deu a ideia para o Sr. Agreste de fazer uma coleção inspirada em você, uma menina tão talentosa. Ele concordou na hora, aparentemente o seu jeito doce é muito inspirador. Olha só pra essas roupas! É a coisa mais linda que eu já vesti! – A loira disse se levantando e girando no vestido que eu reconheci ser o que estava na capa da revista. – Ah, não se preocupe, os Agreste te mandaram a coleção inteira, então assim que sair do hospital vai poder desfilar com um desses também.

Eu senti lágrimas brotarem nos cantos dos meus olhos. Aquilo era tão maravilhoso, eu estava tão feliz, ia passando as páginas pensando em como aquelas roupas foram carinhosamente feitas para mim. Chloé estava grudada em mim com um sorriso enorme, nós comentávamos sobre todas as peças e seus mínimos detalhes, ainda não tinha me acostumado a conversar tão descontraidamente com a Bourgeois, mas era bom ter alguém que gostava tanto de moda quanto eu pra falar sobre isso.

— Ah, olha só pra essa rendinha aqui na barra! É um detalhe tão pequenininho, mas faz muita diferença! – Chloé falou apontando para um vestidinho esvoaçante. Eu assenti, sorridente. – Ah! – Assim que eu passei para a página seguinte Chloé puxou a revista das minhas mãos. Eu a encarei, confusa. – Acabou a coleção, o resto da revista não passa de umas fofocas idiotas e sem o menor sentido! Nem vale a pena olhar, um monte de bobagem. – Ela apressadamente guardou a revista na bolsa.

“Sério? Você não quer saber sobre fofocas de gente famosa? Não estou te entendendo.” Eu escrevi muito confusa com aquilo tão de repente.

— Eu já te falei, só tem besteira ali! – Ela riu debochadamente. – Não perca seu tempo, não é nada relevante.

“Chloé vc está me escondendo alguma coisa?” eu perguntei.

— Não, sério. Vamos falar de outra coisa! – Eu a encarei com cara de “Você tá de brincadeira?” - Qualquer coisa! – A loira suplicou.

“ O que tem de errado com a revista?” Eu insisti em escrever.  

— Ih, olha só! Alya me mandando umas mensagens aqui, ela tá doida querendo saber de você. Ah, ela tá ligando deixa eu te passar o celular. – A loira praticamente jogou o aparelho pra cima de mim, me fazendo soltar o papel e a caneta antes de poder escrever mais perguntas.

— Alô? Chloé? – Eu pude escutar a voz de Alya do outro lado do celular. – Loira, como a Mari tá? Chloé? Me responde criatura!

Eu fiz um ruído estranho que deveria ser um “ALYA MEU DEUS DO CÉU!” e Chloé pigarreou.

— Ah, é. Você tá sem voz. Desculpa, passa o telefone. – A loira deu um sorriso amarelo. Eu entreguei o celular. – Oi? Sim, sou eu, desculpa, eu tinha passado pra Marinette, tinha esquecido que ela estava sem voz. O que? Não grita, não é permanente, a voz dela vai voltar... Né? – A loira falou e virou pra mim esperando uma confirmação e eu só assenti. – É, vai voltar. Ela está bem, na medida do possível depois de ser atropelada e ficar em coma. Ok, sei que não é hora de brincadeira. – Chloé disse dando um sorriso debochado. – Certo, eu vou passar pra ela.

Chloé se sentou na maca e me entregou o celular dizendo para eu responder as mensagens de Alya.

Aly(enigena) Louca: Mari?

Eu ri do nome que Chloé colocou no contato de Alya.

Oi Alya, sou eu. – Eu tive um pouco de dificuldade em digitar, estava muito desacostumada.

Aly(enigena) Louca: Mds, garota! Vc n tem ideia de como eu estou preocupada! Como vc está? Quando eu posso te visitar?

Eu tô bem, fica tranquila. Eu não sei ainda do horário de visitas, acho melhor vc perguntar isso pra minha irmã . Como vc está?

Aly(enigena) Louca: Eu estou bem, está td bem. Oq Chloé te contou?

  Eu estranhei essa pergunta repentina e encarei a loira com uma sobrancelha franzida. Chloé deu de ombros e olhou distraidamente para as flores.

Ela disse q todo mundo está “Fisicamente bem, emocionalmente fodido” e me falou sobre algumas coisas da escola, q a Alice voltou de viagem, q vcs fizeram visitas,  q ganhei uma coleção de roupas com meu nome, coisas assim. Pq? Ela deixou algo de lado?

Aly(enigena) Louca: Sei lá, acho que n. Mas vc está bem mesmo? Emocionalmente?

Eu n sei. N sei o que pensar, n sei o que fazer. Só sei que o mundo não parou para esperar eu acordar e eu devo estar muito atrasada e n só em relação á séries. Eu estou confusa.

Aly(enigena) Louca: Mari, fica tranquila, as coisas vão se organizando com o tempo tá? Agr eu quero que vc só pense em sarar logo, melhorar de uma vez pra sair do hospital rápido.

Certo. Eu vou fazer isso.

Aly(enigena) Louca: Obrigada. Se esforce ok? Seja forte. Todos os seus amigos estão te esperando. Melhoras miga. Eu tenho que ir agr, minha mãe deixou minhas irmãs comigo e se eu n ficar de olho elas tacam fogo em casa! Elas estão desejando melhoras pra vc tbm! Bjs, vou ver com a Bridg quando vou poder te visitar! Te amo!

Obg migs, te amo tbm! Agradece suas irmãs, e vê se vem logo! Beijos! Boa sorte aí com elas!

Eu já ia entregar o celular pra Chloé, mas segurei ele.

— O que foi? – A loira perguntou curiosa.

“Como vc salva o meu contato?”

— É sério? – Ela deu uma risadinha. – “Lady Sortuda” por causa do lance da coleção “Marinette”, afinal quem não quer uma coleção com seu nome?

Eu sorri e entreguei o celular pra ela. Sim, uma pequena exigência com os amigos é saber como eles salvam seu contato, vai me dizer que vocês não perguntam? Tem que perguntar sim! Vai que você salva a pessoa como “Chloé Melzinho” e a pessoa te salva como “Marinette”? Não pode isso gente, tem que ter no mínimo uns emojis no nome.

— Você tem umas curiosidades estranhas hein. – Ela riu. – Como você salva o meu?

Eu tenho certeza que corei quando respondi “Chloé” e ela me olhou com uma insatisfação danada. “Por que eu n era sua amiga antes, mas agora eu vou mudar, ok?”.

— É bom mesmo! – Ela disse me lançando um olhar severo. – E como você vai salvar, Lady Sortuda?

“Chloé Melzinho” eu escrevi e desenhei uns corações em volta.

— Uau, agora sim, eu me sinto um doce de menina! – Ela sorriu de canto.

Escutamos a porta se abrir e viramos pra ver quem era.

— Marinette você está pronta para começarmos seus exames?- Era o mesmo médico de antes, Dr. Edward.

Eu encarei Chloé que assentiu me incentivando. Nunca imaginei que em algum momento iria esperar a opinião dela para fazer alguma coisa.

— Vai lá, quanto antes você começar os tratamentos, mais rápido você vai voltar pra casa. Como a Alya disse, você tem que se esforçar.

Eu assenti concordando.

— Então eu já estou indo, ok? Não se esquece de começar a ler o livro. – Ela apontou para o criado-mudo. – Vou voltar pra te ver amanhã.

Chloé estalou dois beijinhos nas minhas bochechas e saiu rapidamente.

— Você tem bons amigos Marinette, isso é muito bom. – Dr. Edward sorriu e eu sorri pra ele de volta. – Vamos começar com os exames? – Ele perguntou novamente e eu assenti. – Muito bem, olhe para essa luz.

Ele disse apontando diretamente aos meus olhos um objeto que me lembrava uma caneta mas que emitia um luzinha, como uma pequena lanterna. Depois desse teste ele fez umas anotações e então checou os meus batimentos cardíacos. Em seguida ele mediu minha pressão. Dr. Edward, depois de vários testes para checar a minha saúde, disse que eu estava razoável para quem acabou de acordar de um coma, e que aparentemente não tinha identificado chances de eu levar alguma sequela do acidente. Eu suspirei aliviada.

— Mas vamos ficar com você em observação por um tempo, algumas semanas. – Precisamos ter certeza que você vai ficar boa, vamos esperar até sua voz voltar e suas pernas se moverem, o que eu imagino que não vai demorar muito. – Ele me lançou um sorriso encorajador. – Enquanto isso você vai ter que ficar aqui, mas vai poder receber visitas, não queremos que você perca o contato com o mundo lá fora. Ver rostos conhecidos diariamente vai te fazer muito bem! – Então repentinamente ele ficou sério. – Mas tem uma coisa muito ruim, Marinette... – Eu o encarei com os olhos arregalados, muito assustada. O que podia ser isso? – Você vai ter que comer a comida do hospital e isso, minha garota, é a pior notícia que nós vamos lhe dar. – Ele sussurrou a ultima parte como se fosse um segredo obscuro e eu não pude evitar de sorrir, pelo menos o meu médico era bem humorado. – Á propósito, eu sou o Dr.  -Edward Clarence - mas prefiro ser chamado de Ed, que é bem menos irritante de se pronunciar, sou o melhor amigo do seu cunhado.

 

 


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Notas finais do capítulo

Caralho galera tá ameaçando dar um blecaute aqui na minha rua então só vou postar isso rápido antes da energia cair! Beijinhos amo vocês e ~fui~



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