Minha amada stalker escrita por Rainha dos Fantasmas


Capítulo 49
Eu me afogo no mar de flores...


Notas iniciais do capítulo

E aí meus súditos? Tudo bom? Feliz Natal e Feliz Ano Novo pra todo mundo (atrasadíssima como sempre). Eu demorei pra postar, desculpa, desculpa! Eu sei que todo mundo aqui está sedento pelo meu sangue- recebi umas ameaças de morte! Que bacana! Mas me desculpem pliss eu sei que vocês me amam né? Né (¯▽¯;) ? Abaixa essa faca gente! Eu sou delicada! Mentira sou uma bruxa do mal muahaha vamos ver o circo pegar fogo! Alguém traz a minha pipoca por favor? Obrigada! Nós nos vemos lá embaixo!



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Eu observava de longe a conversa da minha irmã com Félix, tentando captar alguma coisa, mas estava meio difícil de escutar com a distância que estávamos uns dos outros. Eu estava feliz por, pelo menos, conseguir captar que eles tinham se entendido. Eu não sabia direito o que tinha acontecido de verdade com Félix, mas sabia que ele era totalmente incapaz de trair alguém tão incrível como a minha irmã, até porque duvido que sendo ele uma pessoa que já foi traída ele quisesse passar essa dor para ela. E eu não deixaria que minha irmã ficasse nem mais um segundo longe de quem ela ama, eu sei exatamente como isso doí.

Repentinamente eu vi um carro vindo à direção deles tão rápido que eu sabia que não ia conseguir parar, ele cortava o asfalto com tanta pressa que parecia que alguém ia morrer se ele não chegasse logo ao seu destino. A ideia de que aquele carro me era familiar passou rapidamente pela minha cabeça e se perdeu. Porque raios Félix e Bridg não saiam dali? Talvez estivessem entretidos demais na conversa para prestar atenção no mundo ao seu redor. Nada se passou na minha cabeça além de correr até lá para salvá-los, assim como a minha irmã tinha feito com Félix antes. Não pensei na gravidade da situação para mim, só pensei que eu tinha que proteger eles. Talvez um instinto heroico tenha despertado em mim ou qualquer coisa doida assim, sei lá. Eu só sei que não podia ficar olhando enquanto a minha irmã grávida e o seu namorado eram atropelados, eu tinha que fazer algo e eu fiz.

Eu me joguei contra eles e os empurrei gritando e senti o impacto atingir a mim. Mais um grito- agora de dor- e eu já não consegui ver mais nada na minha frente. Minha visão tinha sumido totalmente, cada músculo do meu corpo gritava por causa da dor alucinante e eu só escutei meu nome ser chamado sem saber identificar por quem, antes de apagar totalmente. Um ultimo pensamento passou pela minha cabeça: “Esse é o meu fim?”.

*

Eu abri meus olhos. Eu não me lembrava de nada que tinha acontecido. “Quem sou eu mesmo?” uma pergunta rodopiou na minha mente. Levantei confusa e olhei ao redor. Eu estava em um enorme campo de flores, me via cercada de pequenas e delicadas anêmonas de todas as cores até onde meus olhos eram capazes de alcançar. Eu sabia que essas flores tinham um significado, mas não consegui me lembrar dele. Olhando para aquele lugar lindo eu sentia algo de melancólico na estonteante paisagem colorida. Olhei para mim mesma. Estava descalça e usava um leve vestido branco que esvoaçava com a leve brisa que passava, gostei disso. Comecei a caminhar olhando ao redor até ver alguém sentado no chão me esperando mais a frente, corri até lá e quando o garoto me viu ele abriu um sorriso largo e me abraçou. O loiro não me disse nada, simplesmente pegou a coroa de flores composta de anêmonas que segurava e colocou sobre a minha cabeça. Eu sorri para ele que segurou a minha mão bem de leve, eu apreciei e retribuí o seu gesto.  

Nós começamos a caminhar em silencio de mãos dadas. Eu me sentia bem junto dele mesmo que não disséssemos nada um para o outro. Eu o olhei, ele era lindo demais para eu evitar olhar, seus cabelos loiros brilhavam como o próprio sol com a luz batendo neles e os olhos verdes eram intensos e divertidos ao mesmo tempo. Quando percebeu que eu o encarava ele parou e me lançou um sorriso travesso segurando a minha cintura e me levantando como se eu não pesasse absolutamente nada. Nós giramos e giramos rindo um para o outro sem o menor motivo para isso, caindo no chão meio tontos logo em seguida. Nós rimos disso também, observando as flores subirem por causa do impacto que nossos corpos causaram no chão. Eu fechei os olhos por um momento, me sentindo deliciada com toda aquela felicidade que estava dentro de mim. Assim que abri os olhos e virei para falar com o menino bonito ele se dissolveu na minha frente, virou uma fumaça dourada e foi levado pela brisa. Meu coração apertou na hora. Como eu ia ficar sem ele? Eu não podia perder ele!

— Não! – Eu gritei correndo atrás da fumaça.

Estiquei meus braços para toca-lo, mas ele escapava sempre atravessando os meus dedos.

— Não! Não! – Eu gritava desamparada. Precisava que ele ficasse comigo! Eu me sentia péssima longe de seus braços, sem poder ser encarada pelos encantadores olhos verdes dele.

De repente as flores abaixo de mim começaram a ganhar vida. Elas saiam do chão e vinham na minha direção aos montes me sufocando e me levando para a direção oposta a do garoto. As flores começaram a tapar a minha visão e eu tentava me livrar delas com as mãos a todo custo e me debatia, mas era impossível me libertar delas, elas voltavam sempre. Eu gritava desesperada e as flores começaram a entrar na minha boca, me fazendo engasgar.

— ADRIEN! – Eu me lembrei do nome do garoto, que foi a única coisa que consegui gritar antes de me afogar completamente no mar de anêmonas.

*

Eu abri meus olhos novamente, mas dessa vez não tinha céu azul ou flores bonitinhas. Eu queria pode dizer de primeira o que tinha ali, mas umas luzes fortes ofuscavam a minha visão e me deixaram meio incapacitava de manter os olhos focados.

— Marinette! – Eu escutei uma voz exclamar meu nome com um susto e felicidade. – Ah, meu Deus Mari!

— Por favor, senhorita Cheng, mantenha os olhos abertos! Nós precisamos de você aqui! – Uma voz disse com calma e profissionalismo.

Eu fique confusa, não entendia nada do que estava acontecendo ao meu redor. Porque tantas vozes me chamavam tão desesperadas? Onde eu estava? O que tinha acontecido? Tantas perguntas sem respostas me vinham a cabeça e me atingiam com força que eu não sabia se poderia me manter acordada... Estava desesperada e assustada. Onde estava o campo florido? Onde estava Adrien? Eu precisava encontrar ele e salva-lo das flores do mal.

 Eu quis levantar, mas não consegui. Soltei um ruído estranho com a boca quando tentei falar. Eu me sentia muito esquisita e só consegui focar em alguma coisa quando braços passaram ao meu redor em um abraço. Era a minha mãe que chorava, e eu não sabia dizer por quê. Aquilo me deixou mais assustada ainda.

 - Senhora Cheng, por favor, se contenha, ela está muito fragilizada no momento, sem movimentos bruscos. – Olhei com dificuldades para o homem vestido de branco que afastou a minha mãe de mim.

Eu estava fragilizada? Por quê?

— Marinette? – Eu passava os olhos por aquele quarto branco desesperada sem entender o que estava acontecendo ali. – Marinette? – Fui chamada novamente e meus olhos pousaram no homem: “Dr. Edward Clarence” era o que dizia a identificação estampada em seu jaleco.  Então por algum motivo eu estava em um hospital... – Por favor, mantenha-se calma. Sei que está confusa, mas nós já vamos te explicar tudo.

Eu tentei me tranquilizar sabendo que conseguiria as respostas que queria, mas meu coração não deixava eu ficar calma. Certamente tinha algo de muito errado acontecendo ali e eu não conseguia entender o que era!

— Filha? Está tudo bem agora, ok? – Eu ouvi a voz de meu pai ao meu lado.

— Estamos aqui meu bem, estamos aqui. – Foi a vez de minha mãe falar, ela passou a mão levemente pelo meu rosto e senti ela quente contra a minha pele.

Eu tentei responder, mas não consegui falar nada de novo. Qual é o problema com a minha garganta?

— Esta tudo bem em não conseguir falar agora Marinette. – Doutor Edward pareceu adivinhar minha dúvida. – Você ficou desacordada durante um mês e cinco dias, sua voz vai voltar aos poucos quando seu organismo ir voltando ao normal.

Eu arregalei os olhos. Como poderia ter ficado desacordada por tanto tempo? Eu sei que costumo dormir muito, mas aí já é demais não? Eu sabia que estive dormindo- àquele jardim maluco agora só me parecia uma coisa de sonho mesmo- mas não parecia ter dormido nem por mais de uma hora, dias então me parecia absurdo! Como isso foi acontecer? Eu encarava todos ali. tão aflita que meu pai não teve escolha senão começar a me contar aquela história direito.

— E-eu sei que você não está entendendo nada meu doce, veja bem, vou te explicar... Você foi atropelada. – Meu pai explicou engolindo em seco. – Você pulou na frete de um carro para impedir que ele acertasse a sua irmã.

Com as pequenas informações adquiridas as minhas memórias foram voltando para a minha mente rapidamente como um flash: o encontro de minha irmã, a confusão sobre traição, eles estarem se redimindo no meio da rua como os retardados que eram e então veio... Veio um carro. Eu me lembrava de ter pulado na frente dele, eu me lembrava do choque que foi ser acertada com tanta força e isso trouxe um arrepio para a minha coluna.

— Mas você resistiu bem ao atropelamento, Marinette. Você vai ficar bem, seu quadro melhorou muito e agora você está totalmente consciente. Isso é muito bom.  – O médico falava de forma encorajadora me lançando um sorriso. – Logo poderá voltar para a casa!

Eu sorri de volta, ainda não entendia muito da minha situação atual, mas tinha certeza que voltar para a casa era sinal de que eu ia sair do acidente sem danos permanentes, mas ainda assim meu coração pulava no meu peito muito rápido.

— Tem certeza disso, doutor? Não queremos arriscar a saúde de Marinette nos precipitando ao leva-la pra casa assim! – Minha mãe disse preocupada. Eu nunca a vi gesticulando tanto quanto naquele dia.

— Não se preocupem, não vamos libera-la até termos certeza de que está tudo bem. Podemos garantir isso. – O médico disse. – Mas, bem... Agora que vocês já viram ela e podem ver que está bem eu gostaria de pedir que trocassem de turno com algum outro parente. Estão exaustos!

— Mas de jeito nenhum! Eu nem pude conversar com minha filha direito! – minha mãe protestou.

— Senhora Cheng, por favor. Nós todos sabemos que quando Marinette voltar precisará de todo o apoio de vocês e não vão poder fazer isso se estiverem esgotados! Estão acordados á tantas noites que é impossível contar, e quando foi a ultima vez que comeram direito? Precisam descansar de verdade, isso está acabando com a saúde de vocês.

Meus pais me encararam receosos e eu finalmente pude notar como estavam mais magros que o normal e o tamanho de suas olheiras, além da palidez visível em seus rostos cansados. Estavam tão péssimos quanto eu. Eu balancei a cabeça levemente confirmando o que o médico disse.

— Mas- Meu pai começou, mas eu o encarei severamente e apontei para a porta com o queixo.

Ambos saíram hesitantes depois de muita insistência do médico. Não deu nem um minuto depois e a porta foi aberta por ninguém mais ninguém menos que Bridgitte, que só não pulou em cima de mim por ordens médicas, mas me abraçou como pode e fez isso tão delicadamente que parecia que eu ia quebrar ao seu toque, como se eu fosse uma boneca de porcelana.

— Você está bem! Você está bem! – Eu via lágrimas começarem a brotar no canto de seus olhos. – Ah Mari me desculpe, me desculpe! Se eu não fosse idiota de ficar no meio da rua isso não teria te acontecido! E eu senti tanto a sua falta, você não tem nem noção de como tudo ficou tão esquisito sem a sua presença! E e-eu estava me sentindo muito mal por você ter feito isso por mim, Félix também. Ele vai ficar tão feliz quando souber que você acordou!

Assim que ela disse isso eu arregalei os olhos e notei um detalhe crucial em sua nova aparência: ela estava com barriga de grávida! Não uma barriga enorme de nove meses, uma barriga de três meses, mas ainda assim muito perceptível. Eu consegui mover meu braço- o que não estava ligado ao soro por um fio- e apontar com dificuldades para ela.

— Ah! - Ela exclamou – Sim, tem isso também! – Ela riu meio envergonhada, foi bom finalmente escutar sua risada. – Caramba eu vou ter que passar horas falando pra te situar na nossa atual situação. Mas para começar, essa barriga não é linda? Quer tocar nela?

Sem hesitação eu passei a mão na barriga dela, estava durinha. O sorriso que eu abri foi tão grande que chegou a doer. Era maravilhoso ver a minha irmã assim, ela estava linda, estava brilhando com uma aura de mãe ao seu redor. Eu percebi seu cabelo levemente maior e seu rosto mais gordinho, assim como os seios que também cresceram um pouco. Suspirei sem acreditar que tinha perdido essa transformação incrível, e o pior é que para mim só parecia que eu tinha dormido por algumas horas, não por um mês inteiro como me disseram. Eu me sentia triste comigo mesma e ao mesmo tempo muito curiosa. Como tudo podia ter ficado tão confuso assim tão de repente?

— Bem... Acho que deveria começar do começo! – Ela disse enquanto eu ainda passava a mão pela sua barriga. - Hum, acho que você já deve ter percebido que Félix sabe que eu estou grávida. – Eu assenti, era difícil que ele não notasse aquela barriga enorme. – Depois do acidente... – Ela estremeceu ao se lembrar, parecia já ter remoído aquela cena horrível em sua cabeça muitas vezes. - Os nossos pais te levaram para o hospital e me obrigaram a ficar em casa, acho que imaginaram que isso era para o meu bem, sei lá, mas eu só consegui me sentir um lixo o tempo todo afinal você sofreu aquilo por mim, se eu não estivesse parada nada disso teria te acontecido. Félix ficou lá tentando me reconfortar, dizendo que você ficaria bem, que já tinha ligado para o melhor médico que conhecia e indicado você para ele na hora, mas eu sabia que ele também estava se culpando mentalmente e só estava tentando fazer com que eu me sentisse melhor. Ele tentou desviar a minha atenção disso me pedido para dizer o que eu queira falar com ele lá embaixo antes de tudo acontecer e... Eu corri para o banheiro e vomitei. Aquilo foi bem vergonhoso, eu confesso, mas depois de toda aquela agitação eu já não estava aguentando mais o meu estômago. Então ele perguntou...

—______________________________________________________

— Você está bem? O que você tem? – O loiro perguntou enquanto nos encaminhávamos de volta para a sala.

— Não se preocupe, eu estou bem. – Eu falei respirando fundo, já sabendo até onde aquilo tudo ia ir. – Acho que já estou me acostumando com isso.

— Se acostumando? Do que raios você está falando? – Ele me interrogou. – Me fale a verdade. Você está mais estranha que o normal á muito tempo e eu venho ignorando isso sem reparar, mas agora posso ver claramente que está me escondendo alguma coisa séria.

Eu estava agitada e com a respiração descompassada. Sabia que o momento que eu tentava evitar em vão tinha chegado e isso me trazia um frio na barriga. Eu olhava para todos os pontos da sala, mas nunca para os olhos investigativos dele. Comecei a ponderar as palavras que deveria usar, com medo de desmaiar no meio da frase. Se eu falasse o que ia acontecer? Ele ia ficar triste e insatisfeito? Ele ia se sentir frustrado, porém obrigado a continuar comigo por causa de uma criança? Ele ia me abandonar? Nenhuma das opções na minha cabeça parecia nada agradável, mas já estava na hora de enfrentar aquilo...

— Félix tem uma coisa que eu realmente venho escondendo de você. – Eu suspirei me levantando do sofá e virando de costas. – Eu descobri faz um tempo, mas o medo vem me dominando e impedindo de te contar a verdade. – Eu comecei a andar pela sala, estava inquieta. Ele estava sentado no sofá me encarando de forma avaliativa. – Eu estou com medo de como você pode reagir a isso, do que você vai pensar e fazer... – As palavras saiam, mas eu me sentia sufocada por elas e tentava prolongar mais e mais o momento antes da revelação. – A verdade é que eu... – Eu me virei e parei para encarar seus olhos, disparando as palavras uma atropelando a outra. – Estou grávida, Félix!

Eu observei bem a reação dele, cada detalhe ficou gravado na minha mente: primeiro ele pareceu meio confuso, tentando entender a palavras e o significado delas, então aparentemente a ficha caiu e os olhos dele se arregalaram tanto que poderiam saltar para fora se quisessem e o rosto dele ficou mais pálido que o normal. Seu rosto demonstrou tantas emoções tão rápido que pareceu até impossível que ele estivesse mesmo sentindo aquilo tudo: espanto, surpresa, confusão, compreensão e acho que ele estava prestes a desmaiar ou explodir.

 - Fé-félix? – Eu o chamai, receosa. Ele permaneceu imóvel no sofá por um tempo e finalmente virou o rosto na minha direção, eu não saberia dizer o que a expressão dele demonstrava naquele momento. – Você... Você está bravo? – Foi a única coisa que eu consegui pensar em dizer, algo bem idiota pra falar a verdade.

— Bravo? – Ele repetiu e eu assenti. – Não.

Eu esperei pacientemente que ele dissesse mais alguma coisa, mesmo que eu estivesse morrendo de preocupação, e depois do que pareceu uma eternidade ele perguntou:

— Você... Você está mesmo grávida?

Eu assenti sem palavras para aquela pergunta. Como ele poderia estará me perguntando isso depois de eu já ter dito? Estava achando que eu estava no clima para fazer piadas?

— I-isso significa que e-eu vou ser p-pai? – Ele disse como se não pudesse ser real.

— Sim. – Confirmei novamente. – Sim, nós vamos ter um bebê.

— Meu Deus... – Ele puxa tanto ar para si que eu começo a achar que ele já já não vai deixar mais sobrar ar para mim. – Não pode ser verdade... Você está brincando? Não, não está brincando, você está séria e brava por eu ter perguntado isso. Talvez seja engano! Você já fez o teste quantas vezes? Essas coisas podem ser enganosas! Foi em um laboratório? Tem certeza mesmo?

— FÉLIX! – Eu gritei furiosa. – Eu estou gravida! Eu sei que estou, não é um estúpido engano, caralho! Você acha que eu não saberia uma coisa dessas? Droga, eu sabia que você ia ter uma reação desse tipo! Eu sou burra de ter contado! Eu sou burra demais, como é que vou ser mãe desse jeito? Eu não consigo nem lidar com a gravidez, imagina com a criança! Eu vou ser péssima e é por isso que você está assim né? Ou é porque você odeia crianças? Caramba, eu não entendo mais nada, nem a você e nem a mim mesma!

— Bridg, calma... – Ele me segurou pelos pulsos levemente, me fazendo encarar aqueles olhos azuis penetrantes. – Eu não estou assim por sua causa... Por causa de vocês... – Ele baixou os olhos para a minha barriga tentando avistar diferenças. – O problema sou eu.

— O que você quer dizer com isso?- Perguntei insegura.

— Ah, por favor, você acha mesmo que eu consigo ser pai? – Ele resmungou. – Diga a verdade você acha que eu posso ser pai? Que tenho capacidade de criar uma criança? Eu não consigo Bridg, eu estou assustado! Eu estou com medo! – Ele me encarou com os olhos arregalados, apertando meus pulsos com um pouco mais de força, como se ele quisesse se prender a alguma coisa. – Isso é muito repentino... Eu acho que você consegue... Você é doce, gentil, delicada, será uma mãe excelente, mas e eu? O que se espera de um cara como eu? Eu sou uma pessoa horrível, nunca fui bom o suficiente pra você e aí vem essa história de ser pai e eu... Eu sou... – Eu vi lágrimas brotarem no canto de seus olhos e aquilo partiu meu coração.

— Ah nerdzinho... – Eu passei meus braços ao redor do pescoço dele. – Você não é horrível, você é incrível. E não diga que não é bom o suficiente para mim, você  pode ser um cara chato, mas eu te amo! – Eu pude escutar ele rindo. – O que foi?

— Você me acha “chato”? Só isso? – Ele falou com sarcasmo.

— Se eu fosse enumerar seus defeitos não íamos sair daqui nunca! – Eu sussurrei. – Mas o mesmo vale para suas qualidades...

— Só você pra enxergar alguma... – Ele me abraçou mais forte. – Obrigado. P-por me dar um filho. – Ele sussurrou. – Eu vou me esforçar pra ser o melhor pai do mundo para essa criança.

— Obrigada por estar aqui comigo.

Eu não conseguia parar de sorrir por finalmente ter dito e por estar tudo bem com Félix. Eu sei que ele vai ser o melhor pai do mundo para essa criança, bem, do jeito meio torto dele, mas eu sei que vai. E poder escutar tantos elogios e palavras dele era coisa rara, o que me comovia mais ainda, assim como as palavras que vieram dele em seguida:

— Eu te amo Bridgitte. – Ele se soltou do meu abraço. – Eu te amo. – Ele se ajoelhou na minha frente e segurou as minhas mãos. – Eu te amo e quero me casar com você.

Eu fiquei sem ar, não esperava por isso e por um momento me perguntei se tinha escutado direito. Eu fiquei encarando ele sem dizer uma palavra, não conseguia fazer a minha voz funcionar. Acho que ele interpretou mal o meu silencio:

— Quer dizer... Ah... Eu... Se você quiser, claro, er... Bem... – Ele se atrapalhou as palavras e vi que ele estava tremendo, quase se desequilibrando da posição. – Porra, eu não consigo fazer uma pergunta clichê idiota...

— Félix – Eu ri e me ajoelhei na frente dele. Vi que ele estava corado feito um pimentão e agora ele não conseguia falar. – Você é idiota. “Quer casar comigo?” é o que você queria dizer né? Mas, não precisa de verdade, sabe que eu quero sim. – Eu sorri tão largamente que chegou a doer. – Sim. – Eu respondi a pergunta que não foi feita e o beijei.

Ele, surpreso como estava, demorou um pouco pra me retribuir, mas retribuiu. Á esse ponto da nossa vida juntos nós já não precisávamos de pedidos mirabolantes e românticos, eu o amo e isso basta porque sei que ele me ama também. E claro foi adorável o ver tentar fazer um pedido decente e falhar, foi simplesmente tão “Félix” que eu não pude deixar de amar isso também.

Estava tudo bem, como se uma bolha mágica de felicidade tivesse envolvido nós dois e pudéssemos ser um casal feliz por um momento, mas fomos interrompidos pelo zumbido do meu celular tocando. Eu atendi o número desconhecido, que logo descobri ser do hospital onde você estava, e uma enfermeira começou a falar comigo, solicitando a minha presença lá... Eu cheguei e descobri que... Descobri que você estava muito mal de verdade e que não ia acordar tão cedo... E eu sabia que a culpa era minha por mais que todos dissessem que não, que foi escolha sua me salvar, mas eu sei que a culpa é minha! Eu fiquei me sentindo um lixo, principalmente por ter estado feliz em um momento em que você estava entre a vida e a morte, mesmo que não soubesse disso na hora!

Eu preferia trocar de lugar com você do que te ver entubada em cima de uma maca...

—______________________________________________________

Eu me senti mal na hora. A minha irmã estava chorando na minha frente e se culpando por uma escolha minha, e eu não podia fazer nada além de abraça-la porque não consegui nem falar direito. Ah, mas duvido que se eu pudesse qualquer coisa do que eu dissesse fosse fazer o menos efeito nela.

Por um momento o Dr. Edward Clarence abriu a porta, mas quando viu a minha irmã chorando pareceu querer nos dar espaço e fechou sem nem entrar no quarto. Me perguntei se ele tinha alguma noticia importante para me dar, as voltei minha atenção total para mulher de olhos vermelhos na minha frente que tentava em vão secar as lágrimas que só vinham mais e mais. Depois de uns dez minutos assim Bridg se acalmou e pediu desculpas de novo, eu não sabia se pelo mesmo motivo de antes ou se pelo choro, mas assenti e a abracei de novo. Foi quando virei o rosto um pouco para o lado e vi o enorme buquê ao meu lado: jacintos de todas as cores colocados em um vaso delicado. “Lindo” eu pensei ofegando com a visão colorida em meio ao quarto monótono. Cutuquei minha irmã e apontei para as flores.

— Ah! Lindas flores não são? Você recebe novas a cada dia! Consegue adivinhar quem te traz elas pessoalmente?- Minha irmã conseguiu colocar um sorrisinho no rosto.

“Adrien” foi o nome que me veio em mente na hora, mas antes que eu tentasse falar, mesmo sabendo que ia falhar miseravelmente, o nome dele minha irmã tomou a fala para si.

— Sua queridíssima amiga Chloé Bourgeois.


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Notas finais do capítulo

Tensooo~ E aí o que acharam? Eu particularmente caprichei pra deixar o capitulo grande! Sei que vocês esperaram demais pra ver algo com menos de quatro mil palavras, né? (Sei tbm que vocês estão todos pistolados comigo) Fazer o que né? Eu sou uma pessoa má (~ ̄▽ ̄)~ Sei que tem gente por aí com teorias e queria escutar elas.. Galera fala o que vocês estão pensando! Eu não mordo não! Plis!
Beijinhos e ~fui~ ♥♥♥
PS: Os significados dessas flores (as anêmonas e os jacintos) tem a ver com a história sim (pelo menos os significados que eu achei em uns sites), se quiserem podem pesquisar na internet... heheh



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