E precisa dizer que naquela hora eu virei um tomate de tão vermelha que eu fiquei? Acho que nem precisa né. Eu dei um pulinho de susto e comecei a falar pra ele deixar de ser tão pervertido enquanto ele ria loucamente da minha reação.

— Mas e então? – Ele perguntou do nada.

— Então o que? – Eu disse.

— Vai ou não? – Ele falou e eu só olhei com cara de ponto de interrogação pra ele. – Com a calcinha Mari-meu-amor.

— PELO AMOR DE DEUS ADRIEN!- Eu berrei e meu rosto voltou a ficar escarlate.

 - Por favor, My Lady nunca te pedi nada! – Ele falou fazendo cara de gatinho pidão.

— Eu vou fingir que você não disse nada disso! – Eu falei virando o meu rosto vermelho para o outro lado.

— E eu vou fingir que você concordou! – Ele falou, provavelmente com um sorriso de canto irritante e lindo, assim como ele mesmo é. Eu só bufei. – Ai.

— Se for pra falar mais coisas pervertidas é melhor nem dizer nada hein! – Eu já avisei agora virando o meu rosto pra ele.

— Não, não é isso! – Ele disse. – Não por enquanto - sussurrou alguma coisa que eu não entendi. –Você tá ouvindo essa música?

— Música?- Perguntei confusa.

— Aham! Presta atenção! – Ele falou meio sorridente e empolgado. Eu voltei a minha atenção para as coisas ao nosso redor em busca de ouvir alguma música e consegui identificar finalmente a qual ele se referia: Training Wheels da Melanie Martinez que estava sendo cantada por uma artista de rua que estava ali na praça não muito longe da gente. Algumas poucas pessoas estavam lá assistindo ela.

— Vamos lá! – Adrien me chamou.

— Sim! Vamos! – Eu concordei sorridente, aquela moça tinha uma voz muito linda. Nós dois demos uma corridinha para o lugar onde ela estava e antes mesmo de recuperar o folego eu já abri minha bolsa procurando por algum dinheiro e assim que achei coloquei no chapéu que a cantora tinha deixado no chão, Adrien fez o mesmo e a moça deu um sorriso sincero para nós dois.

— Hey Mari. – Adrien sussurrou no meu ouvido enquanto eu observava concentradamente a mulher cantando, eu queria conversar com ela depois.

— Sim? – Falei ainda sem olhar para ele.

— “Eu amo tudo o que você faz Quando você me chama de burra para caralho pelas merdas que eu faço” – Ele cantarolou no meu ouvido, me fazendo virar pra ele sorrindo então senti as mãos dele virem com firmeza para a minha cintura. – A bela dama me daria a honra de dançar comigo?

 - Hum... – Eu acabei me perdendo no meio dos olhos verdes brilhantes dele. – Claro, porque não? – Vejam só o que esse garoto faz comigo! Eu acabei mesmo de concordar em dançar com ele no meio de uma praça publica? Eu enlouqueci.

Deixando ir, deixando ir

Te contando coisas que você já sabe

Eu explodo, eu explodo

Te perguntando aonde você quer que a gente vá

Nós dois estávamos dançando de verdade ali, rodopiando e rodopiando juntos como em uma dança de salão ao ritmo da música de um jeito mágico, aquela magia só o Adrien conseguia fazer.

Você tem pedalado sobre duas rodas por toda sua vida

Não é como eu estivesse pedindo para ser sua esposa

Eu quero te fazer meu, mas isso é difícil de dizer

Isto está saindo de uma forma extravagante?

As pessoas ali nos acompanhavam com o olhar completamente admirado, não que eu ligasse pra eles, eu estava só curtindo aquela loucura, e então alguns deles deixaram de nos acompanhar só com os olhos e passaram a também dançar como casais. Eu acabei vindo parar em um filme da Disney? É, muito provavelmente sim e aquilo era simplesmente lindo.

Eu amo tudo o que faz

Quando você me chama de burra para caralho pelas merdas que eu faço

Eu quero pedalar em minha bicicleta com você

Completamente despida, sem rodinhas de treino para você

Eu vou tirá-las para você

Eu amo tudo o que faz

Quando você me chama de burra para caralho pelas merdas que eu faço

Eu quero pedalar em minha bicicleta com você

Completamente despida, sem rodinhas de treino para você

Eu vou tirá-las para você

(Tudo o que você faz)

(Eu quero pedalar em minha bicicleta com você)

(Sem rodinhas de treino para você)

Eu amo tudo o que faz

Quando você me chama de burra para caralho pelas merdas que eu faço

Eu quero pedalar em minha bicicleta com você

Completamente despida, sem rodinhas de treino para você

Eu vou tirá-las para você

Quando a música acabou todos nós ali nos viramos em direção à cantora e aplaudimos muito ela ficou muito feliz e agradeceu aos elogios. Eu olhei ao redor e o numero de pessoas ali parecia ter triplicado quando começamos a dançar. As pessoas se voltaram ao chapéu que estava no chão e começaram a fazer doações para a moça que sorria agradecida.

— Isso foi mágico. – Eu acabei deixando escapar.

— Com certeza. – Adrien falou segurando minha e me dando um beijinho na bochecha. – Você quer ir pra casa?

— Não! Eu quero falar com ela! – Disse apontando discretamente para a cantora de rua. – Ela é tão talentosa! Será que me ajudaria a perder um pouco do meu medo de palco?

— Só tem um jeito de saber né? – Adrien perguntou e nos fomos falar com a mulher.

Eu e Adrien começamos a conversar com a simpática mulher que falava com a gente muito agradecida porque a nossa dança acabou atraindo muitas pessoas que doaram dinheiro pra ela.

— Que isso! Sou eu que tenho que agradecer! Se não fosse por você eu não teria dançado com a minha princesa aqui!- Ele falou passando o braço pelo meu ombro, eu sorri meio corada.

— Sim obrigada! – Eu falei. – Bom eu queria pedir um favor!

— Claro! Se estiver no meu alcance eu posso garantir que faço! –Ela falou recolhendo as coisas dela que estavam no chão.

— Bom eu preciso de umas dicas como cantora, vou trabalhar em um clube que vai abrir em pouquíssimo tempo e eu tenho muito medo de palco.  – Expliquei.

— Medo de palco? Isso é uma bobeira! Muito simples de se resolver! – Ela disse. – Você gosta de agradar as pessoas?

— Bom, claro, quem não gosta? – Falei estranhando ela ter fugido de assunto.

— Então é só você saber que todos que estão ali te vendo estão gostando do que você faz! Afinal se não gostassem não estariam ali não é mesmo? – Ela falou e, bom aquilo fazia sentido. – Se você se sentir inquieta no começo relaxa que é normal! Com pouco tempo você se acostuma!

— Muito, muito obrigada mesmo! Você me ajudou muito! – Eu falei sorrindo.

— Ah disponha! – Ela falou, então olhou para um relógio no pulso. – Ih! Olha a hora! Tenho que ir!

— Ah ok, muito obrigada mesmo e tenha um bom dia! – Eu falei acenando.

— Bom dia! – Adrien repetiu o gesto.

— Pra vocês também crianças! Ah e vocês são um lindo casal! – Ela falou antes de sair.

— Mari. – Adrien me chamou depois de uns minutos. Ele parecia estar refletindo sobre alguma coisa.

— Fala. – Eu disse.

— Tem uma coisa que eu queria te- Ouvimos uma buzina de carro e olhamos para o lado onde uma limusine estava estacionada. A porta foi aberta e de lá saiu uma mulher vestida de um jeito formal que estava bem apressada vindo na nossa direção, se não me enganado ela se chamava Natalie e era a secretaria da família do Adrien.

— Adrien! Seu pai já tinha me pedido para ir ate a escola pra ver se estava lá! Por sorte te achei aqui! Você se esqueceu de que tem que gravar um comercial de perfume agora à tarde? – Ela perguntou tão fadigada que nem me notou ali. – Ah perdão! Bom dia! – Ela disse me notando finalmente.

— Bom dia. – Cumprimentei. – Adrien eu acho melhor você ir. – Eu falei, não queria atrapalhar ele.

— Mas eu tenho que- Ele ia falar, mas foi interrompido por um pigarreio de Natalie que estava impaciente.

— Você pode me dizer por mensagem depois! – Falei dando um selinho nele antes de ouvir algum protesto da parte do loiro. – Tchau amor.

— Tchau princesa. – Ele falou depois de um suspiro e seguiu a contragosto para o carro seguido da secretaria que reclamava um pouco. Eu suspirei seguindo caminho rumo a minha casa. “O que será que ele ia me falar?” eu pensei em meio a caminhada.