Quando cheguei na escola no dia seguinte eu me surpreendi com o eu vi. Vi uma coisa que nunca esperei ver em toda a minha vida. Em uma parte meio afastada da escola em que eu e Alya costumávamos ficar quando queríamos conversar algo mais pessoal se encontrava Alya que abraçava Nino. Ora, você deve estar pensando que isso é muito comum ate por que Alya e Nino são namorados. Claro, isso seria totalmente comum se Nino não estivesse chorando. Sim. Nino estava chorando. Eu rapidamente fui para o lado deles preocupada, afinal Nino é meu amigo também!

—O que aconteceu?- Perguntei sem cerimonias.

Os morenos se assustaram ao me ver chegando assim do nada.

—Nino...- Alya olhou para o namorado, como se pedisse algum tipo de permissão.

—Mari é nossa amiga... Pra ela você pode falar... – O rapaz tentava conter os soluços.

— Mari, o Nino foi demitido... –Alya falou. Ela parecia estar segurando para não chorar, afinal é difícil ver seu namorado chorando e não chorar também...

— O QUE?- Berrei depois de assimilar o significado das palavras. Aquilo não fazia o menor sentido! Nino é DJ incrível, e além disso trabalhava para um tio dele! Que tipo de parente iria simplesmente demitir alguém que tem o seu sangue correndo pelas veias?

— Me deixa explicar isso direito... – Nino falou secando o rosto com as mãos e tentando se recompor- Aquele lugar da lanchonete é alugado... E meu tio anda tendo umas dificuldades pra pagar o aluguel... Você deve ter reparado que o lugar tava bem cheio ontem, mas não estava cheio de clientes... Tava cheio de gente que só foi pra ouvir as minhas músicas, dançar e sair sem comprar nada... Meu tio não teve outra opção a não ser dispensar o DJ aqui afinal, ele precisa de clientes de verdade lá. Não tô com raiva dele. Eu entendo. A galera ocupava as mesas em que clientes de verdade podiam ficar, usavam o banheiro, e ele ainda tinha que me pagar. Em fim, mais gasto do que lucro então ontem de noite quando ele estava fechando ele conversou comigo. Eu aceitei, mas ainda é meio difícil pensar que não vou poder trabalhar em nenhum lugar...

—Ah, eu sinto muito. –Falei cabisbaixa. Eu me sentia culpada, afinal eu era uma daquelas pessoas. Eu pretendia entrar e não comer nada foi o próprio Nino que pagou meu lanche. Minha consciência começou a pesar.

—Não se preocupe com isso...- Nino falou e pareceu pensar por um tempo depois olhou pra mim e sorriu- Sabem o que seria legal de verdade? Eu ter o meu próprio clube de música e dança!

— Ei, isso seria incrível mesmo!- Eu sorri. Era bom ver que ele não ia ficar triste por muito tempo.

— Mas Nino, como diabos você pretende fazer um clube? Você tem 15 anos!- Alya riu da ideia inocente do namorado.

—Eu juntei muita grana trabalhando Aly! E eu sei lá poderia colocar o clube no nome do meu pai e quando eu fizer dezoito ele passa o clube pro meu nome! – Ele falou animado. –O dinheiro que eu tenho dá pra pagar o aluguel de algum lugar por uns meses e com a grana que o clube render eu vejo se consigo comprar o lugar de uma vez!

— Está bem então... Mas vê se não fica com expectativas demais nessas coisas!- Alya  disse olhando séria para Nino e depois abaixou a cabeça. - Não quero te ver triste de novo. –sussurrou.

—Não se preocupe! Vai dar tudo certo!- Ele sorriu e ela só assentiu e deu um sorriso pequeno.

O sinal tocou e nós fomos todos para a sala. O dia de apresentar o trabalho é hoje e eu já tinha esquecido. Adrien mexeu muito com a minha cabeça... Sentei ao lado da Alya quando chegamos na sala e eu fiquei pensando um pouco antes da professora chegar. Me pergunto em que tipo de escola o Adrien estuda... Ele é bem rico, talvez estude em uma escola particular. Eu queria que ele estudasse aqui... Suspirei e Alya me cutucou com um lápis na bochecha. Olhei pra ela e vi um sorrisinho de canto no rosto dela.

— Eu sei o que você fez no verão passado...- Ela falou e eu fiquei com a maior cara de ponto de interrogação.- Não banque a idiota. Nino me mandou um videozinho interessante ontem de noite... De você dançando com aquele amigo dele... –O sorrisinho só aumentava.

Eu engasguei com o nada e toda a turma ficou me encarando. Eu abaixei a cabeça envergonhada. Alya deu uma risadinha.

—Ah, não fica assim amiga! Aposto que ele gostou de você! O Adrien é bem gente boa. Se quiser eu e você podemos ir no cinema com ele e com o Nino! Seria legal também se eu e o Nino por acaso fossemos comprar pipoca e não voltássemos mais, assim deixando vocês sozinhos e- Ela estava toda animada tagarelando, mas ficou quieta quando eu olhei bem seria pra ela.

—Você não vai fazer uma coisa dessas comigo de jeito nenhum! –Afirmei. –Você não sabe o tamanho da vergonha que eu tenho só de falar com ele! Eu gaguejei o tempo todo! Ele deve me achar uma esquisita!

— Ele falou que você é esquisita? – Ela perguntou ainda sorridente.

— Na verdade não. Ele disse que eu sou engraçada, mas- Eu ia falar mas ela nem deixou eu dizer mais nada.

— Então pronto! Ele te acha engraçada! Isso é pelo menos um começo! –Ela falou animadamente. – Posso marcar o cinema então?

— Ai Alya... Me deixa pensar um pouco, tá? –Perguntei um pouco confusa. Ah, qual é? Vai me dizer que nunca ficou na dúvida sobre o que uma pessoa pensa sobre você hein senhor leitor perfeito?

— Está bem, mas vou logo te falando pra responder ainda essa semana. O Nino disse que ele vai ficar bem ocupado semana que vem e não vai poder fazer nada... – Ela disse e depois olhou para a porta. A professora finalmente chegou.

— Bom dia turma! Todos prontos para apresentar os trabalhos?- Ela perguntou e só se ouve um burburinho de frustação – Hey, todo mundo! Silencio! Vamos começar! Quem quer apresentar primeiro?

— Aqui! Euzinha! – Chloe disse se levantando e foi para a frente de toda a sala-  O meu trabalho foi feito em uma sessão de fotos de verdade!

—Que interessante senhorita Bourgeois- A professora disse o que fez o sorriso de Chloe aumentar ainda mais-  E a sessão foi sobre?- Disse a professora esperando Chloe completar.

—Eu, é claro!- Falou sorridente – Observem a perfeição em cada detalhe das fotos! São imagens minhas, no meu cotidiano!- Ela se exibia explicando o que estava fazendo em cada foto, como encontros com gente importante e compras.

—  Que... Interessante senhorita Bourgeois. Er pode se sentar.- A professora disse .- Quem quer ser o próximo?- Perguntou depois de Chloe se sentar.

Todos os alunos foram se apresentando, alguns animados, outros entediados e Lila que obviamente tinha feito montagens de cenas completamente incríveis e tinha conseguido convencer todas as pessoas da sala que era tudo de verdade, menos eu  que já sabia que ela só fazia aquilo pra aparecer. A apresentação do meu trabalho foi mais voltada para as fotos dos casais, principalmente aquela do pedido de casamento. Meu tema era “Paris a cidade do amor”. Bem irônico eu falar de amor não acham? Pois é. Eu tinha pensado nesse tema antes de conhecer o Adrien, e agora o meu trabalho parecia uma piada sem graça para mim. A professora pelo menos gostou, ela disse que iria dar as notas depois. O sinal tocou e todos fomos para o recreio. Alya ficou o tempo todo insistindo para que eu pensasse logo sobre a sua maravilhosa proposta sobre o cinema e me dando motivos para ir:

—Ah, qual é Marinette? Ele é bonito, charmoso, simpático e tudo que há de bom! Você acha que ele vai ficar solteiro por muito tempo? Se você não correr atrás outra corre!- Ela falou depois de eu falar umas mil vezes que estava pensando no assunto do cinema.

—Ai Alya, para com isso! É muita pressão! Eu não consigo pensar com você falando sem parar!- Eu bufei- E além disso, você não acha um pouco estranho que ele não tenha namorada? Pelo menos uma quedinha por alguém ele deve ter!- Menti. Eu sabia muito bem que ele não gostava de ninguém, mas era melhor falar isso pra ver se a Alya parava de falar nele por pelo menos um segundo. Eu já estava pensando nele o bastante, não tem a menor necessidade de me fazer pensar mais ainda...

— A dona Marinette, você está muito enganada! Aquele cara não quer nem a Lila! Imagina só! Aquela gata correndo atrás dele e ele lá só de “Vamos ser só amigos tá bom?” Se fosse comigo- Nino falava mas se calou ao ver o olhar assassino da Alya- Se fosse comigo eu nem ficava perto dela, por que a minha namorada é bem mais gata que ela, só que tem ciúmes eu não sei por que!

—Talvez por que você tenha chamado ela de gata!- Alya disse cerrando os punhos.

—Ah, para com isso foi só um elogio... Cê faz um tanto de elogio pro Adrien e eu nunca tô nem aí!- Nino abraçou a morena.

—Ele é seu melhor amigo, é diferente com ele!- Ela falou saindo do abraço.

—Então eu não elogio mais a Lila, tá bom assim pra você?- Nino voltou a abraçar ela.

—Cê não vai elogiar mais nenhuma menina!- Alya ordenou.

— Ué, mas e a minha mãe? Ela é menina também. E a Mari? Ela é sua melhor amiga e você não quer que eu fale bem dela? E a minha vó? E as minhas tias?- Ele começou a perguntar com um sorrisinho sarcástico.

 -Você entendeu muito bem o que eu quis dizer Nino Lahiffe!- Alya olhou brava pra ele.

Eu comecei a rir dos dois. Era assim todo dia. Eles nunca vão mudar.

—Ah é Senhora Adrien Agreste!- Alya falou com um sorrisinho de canto- Como o meu querido Nino aqui é o melhor amigo do Adrien ele pode muito bem nos dizer o que o seu futuro marido pensa de você!

Eu arregalei os olhos e olhei com expectativa para o Nino.

—Bem, ele disse que você é simpática e engraçada. Você dança bem e é fofa.- Nino contou e eu quase caí no chão.

—Ele disse isso mesmo?- Meus olhos brilhavam e minhas bochechas ficaram vermelhas.

— É-é sim- Nino se assustou com a minha repentina mudança de personalidade, mas eu não estava nem aí... Adrien me elogiou... Soltei um gritinho agudo.

—Ok, vamos para o cinema então!- Alya afirmou sorrindo e eu saí da minha bolha de felicidade e olhei séria pra ela.

—Eu não falei em momento nenhum que iria mesmo para o cinema. –Falei.

—Por que não, garota? Você ouviu tudo o que o Nino disse! O Adrien te elogiou! –Ela argumentou.

—Mas eu não quero estragar essa boa primeira impressão!- Eu falei colocando toda a seriedade que podia na voz para ela entender que não ia ganhar dessa vez.

—Ah, então vai ficar assim pra sempre? Só na primeira impressão?- Ela colocou as mãos na cintura.- Nada disso mocinha! Não quer que ele se esqueça de você não é mesmo? Então tem que ter um encontro com ele logo!

—Mas eu não estou preparada para um encontro!- Eu disse com a voz um pouco tremida e a cabeça um pouco abaixada. – Dá pra você entender que eu não consigo?

—Ah Marinette, você só não está preparada por que nunca teve um encontro! Se você for vai perceber que não é esse bicho de sete cabeças que você imagina que é!- Ela cruzou os braços- Em algum momento da sua vida você vai ter que sair com algém, então por que não agora de uma vez?

—Por que eu não consigo Alya! Me entenda de uma vez! Eu só vou passar vergonha! Não acha que eu vou simplesmente entrar numa sala de cinema e sair casada né? Eu não consigo falar uma frase inteira com ele sem gaguejar, imagina ficar sentada durante uma hora ao lado dele? Eu iria desmaiar só de ver ele do meu lado!- Falei de uma vez.

— Marinette, se você não sair com o Adrien por bem vai sair por mal!- Ela me fuzilou com o olhar. –Você vai ir naquela porcaria de cinema e você vai estar com o Adrien nem que eu tenha que ameaçar te matar pra você fazer isso!

—Ok, agora você conseguiu me assustar... Acho que vou ali buscar uma camisa de força pra você e vou ligar para um hospício por que você já esta começando a ficar doida.- Falei e depois comecei a rir. Alya e Nino riram também.

—Está bem... Você conseguiu se livrar de mim dessa vez. Mas não vá achando que não vai nesse encontro! Você vai ir, isso é só questão de tempo. Me aguarde.- Ela me olhou com um sorriso de canto e infelizmente eu soube que aquilo era realmente só questão de tempo.

O sinal tocou e voltamos para a aula. Se passaram algumas aulas entediantes em que eu não prestei atenção, pois eu estava viajando por um universo paralelo em que o Adrien e eu estávamos juntos e mais felizes que aquelas famílias dos comerciais de margarina. Quando percebi eu já estava sozinha na sala de aula e tinha um bilhetinho na minha mesa.

“A aula já acabou “senhorita estou pensando no Adrien, mas se me perguntarem vou dizer que não apesar de dar pra notar pela cara de boba alegre que eu estou fazendo”. Vou te deixar aí pensando no seu príncipe encantado e espero que não tranquem a escola com você aí dentro.

Beijos Alya ♥ “

Eu revirei os olhos. A Alya era uma completa sem noção, imagina só? Que tipo de amiga te deixaria na sala depois do sinal bater? Eu comecei a recolher o meu material e guardei tudo. Saí de lá e fui pra casa- Sim a escola estava aberta senhores engraçadinhos eu não fiquei viajando tanto tempo assim. Em casa Bridgitte estava lavando a moto com um sorriso nada discreto. Eu ignorei e fui para o meu quarto depois de cumprimentar meus pais. Eu pensei. Será que Alya tem razão? Será que eu tenho que deixar de ser idiota e chamar Adrien pra sair? Naaaah, eu é que estou certa. Resolvi sair pra tomar um ar. Lá fora Bridgitte estava sentada na moto recém-lavada ainda com o sorriso gigante.

—Ok, fale logo o que houve antes que eu me arrependa de perguntar... –Eu falei deixando a curiosidade vencer.

— Felix me chamou pra sair!- Ela cantarolou.

—O QUE?- Berrei sem acreditar- Tá brincando né?

—Tá bom, ele disse que isso não era um encontro e que ele só ia ir comigo pra biblioteca do shopping pra comprar uns livros por que os pais dele não iam deixar ele sair sozinho, mas quem liga pra esses detalhes idiotas?- Ela contou e seu sorriso se tornou algo determinado- Se isso não é um encontro eu vou transformar isso em um!

—Boa sorte pra você...- Falei.

—Ah, você já está aqui. Vamos logo.- Felix chegou de repente e já pegou um dos capacetes da moto.

—Que? Você quer que eu vá assim?- Bridgitte disse apontando para as roupas molhadas e cheias de sabão.

— Pra mim você está ótima. Vamos?- Ele perguntou impaciente.

—Espera você disse que eu estou ótima?- Bridgitte perguntou com os olhos brilhando.

Felix arregalou os olhos. Provavelmente tinha dito aquilo sem perceber.

—Vo-você sabe muito bem que não foi isso que eu quis dizer!- As bochechas de Felix pareciam que iam derreter de tão vermelhas.

—Mas disse!- Brridg ainda sorrias como uma boba- Fique aqui fora um pouquinho, vou me trocar!- Ela correu animadamente pra dentro da padaria.

—Você gosta dela?- Perguntei seria para o Felix.

—Isso não é assunto pra criança.- Ele falou sem me dar a menor atenção.

—Não sou criança.- Fiquei na frente dele e cruzei os braços.

—Então isso não é assunto pra você.- Ele pegou o celular no bolso e começou a mexer nele. Eu fiquei sem paciência e tirei o aparelho das mãos dele que me olhou incrédulo.- É serio isso pirralha?

—Sim.- Eu o olhei bem seria.

—Não, não gosto agora poderia me dar o meu celular e sair daqui?- Ele tentou pegar o celular mas eu não deixei. Ele revirou os olhos- Fala sério...

—Você não se sente nem um pouquinho atraído por ela? Não acha ela bonita? Não fica feliz toda vez que ela vai pra sua casa cuidar de você? Não sente borboletas no estomago só dela falar com você? Você não- Eu ficaria fazendo essas perguntas a tarde todo só pra saber a verdade, mas ele me interrompeu.

—Pa-para co-com isso! Eu já falei que nã-não!- Ele estava com as bochechas mais vermelhar que antes.

—Você gosta dela!- Meus olhos brilharam- Você está completamente apaixonado por ela!

—O que? Não escutou o que eu falei menina?- Ele me olhou como se eu fosse doida e eu só ri.

—Foi exatamente pelo que você falou! Você gaguejou e suas bochechas estão tão vermelhas que acho que os carros vão parar por te confundir com um semáforo.- Eu ri.

—Já disse que não gosto dela.- Ele tomou o celular de mim e eu só ri mais ainda. Depois de um tempo que eu fiquei rindo ele se cansou e se virou pra mim. –Vai pro shopping. Praça de alimentação.

—Achei que ia me xingar- Ri mais um pouco- Por que raios quer que eu vá pro shopping?

—Seu amado Adrienzinho está lá.- Falou e deu um sorriso sarcástico depois que viu que eu corei- Bridgitte me contou que gosta dele. Não se preocupe eu não falei nada com ele. Agora vai lá.

—Por que quer que eu vá?- Perguntei desconfiada. Pra mim não fazia sentido ele me ajudar.

— Eu sou um ser humano com um coração bom... Pode não parecer, mas eu sou.- Ele me encarou com um sorriso que pela primeira vez parecia sincero- Eu quero o bem para o meu irmão e eu te considero uma melhor opção que Chloe ou Lila. Agora vai.

—Felix- chamei.

— O que foi?- Perguntou voltando a expressão seria de sempre.

—Obrigada.- Sorri.