Nós ainda estávamos sendo alunos normais no refeitório, e com normais quero dizer pessoas loucas zoando e rindo muito de coisas idiotas, como qualquer outro adolescente. Eu senti estar sendo observada, o que é bem irônico já que a stalker aqui sou eu, por alguém atrás de mim e me virei um pouquinho para ver o que era. Lila estava me olhando com cara de poucos amigos, mas ela não olhava para eu meu rosto e sim para a minha mão, que eu finalmente notei que estava sendo segurada pela do Adrien. Eu corei na hora, mas não pude deixar de olhar para o Adrien sorrindo.

— O que foi? – Ele perguntou sorrindo pra mim quando viu que eu estava encarando ele.

— Nada. Só estava pensando em como seria bom estar com a minha câmera aqui para tirar uma foto disso. – Falei levantando as nossas mãos que estavam muito bem presas uma a outra.

— Oooooowwwwnt! Olha que fofos eles! – Alya comentou dando uma risadinha. – Se é uma foto que vocês querem eu posso resolver isso agora mesmo! Fiquem do jeito que estão! – Ela rapidamente pegou o celular do bolso e apontou para nós dois. - Sorriam!

Nós sorrimos, com os dedos entrelaçados e as mãos levantadas na altura do rosto encaramos o flash brilhante. Depois corremos para ver como a foto tinha ficado e o resultado tinha sido ótimo! Eu tinha amado aquela foto, mas com os meus olhos atentos olhei para o fundo da foto, um pouco distante de nós estava uma morena nós encarando com um olhar um tanto macabro. Lila estava estampada ali no fundo com aquela cara medonha e aquilo realmente assustava quem visse, no caso só eu parecia ter notado aquele detalhe, e eu já ia comentar com os outros quando o sinal tocou indicando que deveríamos voltar para a aula. Olhei para o lugar onde Lila deveria estar e ela já não se encontrava mais ali. Aquela guria era simplesmente bizarra quando queria ser! Sério, aquilo me deu um arrepio na coluna! Fui acordado dos meus devaneios pelos meus amigos perguntando se eu estava querendo matar aula ou o que por ficar ali paradona quando o sinal já tinha tocado. Nós fomos correndo pra sala para não nos atrasar. Chegando lá todo mundo se sentou, e eu que estava um pouquinho mais atrás deles ainda estava correndo para o meu lugar sem nem notar um pézinho delicado calçando uma sapatilha preta e branca na minha frente que me fez cair de cara no chão pela segundo vez no mesmo dia! O pior é que daquela vez eu estava na sala de aula! E exatamente naquele momento quem tinha que entrar ali? Isso mesmo a senhorita Olivier! E claro que ela não resistiria a uma piadinha né?

— Eita Mari, o chão beija bem? – Ela falou rindo um pouco colocando os materiais em cima da mesa dela, por um momento senti um Déjà vu me lembrando do Felix. Eu me levantei e então olhei para o lado onde Chloe, a quem o pézinho delicado que me derrubou pertencia, estava sorrindo ironicamente. Ouviu-se umas risadinhas de alguns alunos da classe. – Certo, certo, sem mais brincadeiras, o que aconteceu aqui?

— A Chloe fez a Marinette cair! – Alya logo se pronunciou pra me defender.

— Eu não fiz nada disso! – A loira de farmácia se pronunciou como inocente.

— Ah Chloe para de ser idiota! A sala toda viu! – Dessa vez quem falou foi Nino.

— Calunia! Blasfêmia! Difamação! – Chloe disse fingindo uma voz de choro. – Eles estão inventando isso tudo não é mesmo Sabrina?

— É verdade! Parem de falar que a Chloe fez essas coisas! – A Raincomprix defendeu Chloe, como sempre sendo a escrava dela.

— Sabrina cala essa sua boca porque todo mundo sabe que você fala tudo que a Chloe manda você falar! – Alya falou se levantando nervosa.

— Eu só sei que sou completamente inocente! – Chloe falou se levantando com os braços cruzados.

— Inocente? Ah, claro que é! E também foi naquela vez que você colocou uma goma de mascar na carteira da Mari no sétimo ano, daquela que você colou chiclete no cabelo dela no oitavo, daquela que você jogou o trabalho de Matemática dela no lixo no nono... – E essa meus querido é a memoria de elefante da Alya! Nunca vacilem com ela porque ela pode esfregar isso na sua cara para o resto da vida.

— Isso foi tudo um grande engano! Eu nunca tive culpa dessas coisas! – Chloe disse dramaticamente, sério ela seria uma ótima atriz!

Depois disso Alya e Chloe começaram à discutir e deu o maior barraco. E vocês devem estar se perguntando onde estava a nossa (ir)responsável professorinha nesse momento certo? Assistindo tudo como se fosse a novela das sete! Eu sinto que se ela pudesse ela estaria comendo pipoca enquanto via a cena das duas alunas brigando uma com a outra aos berros. Enquanto todos observavam o barraco senti alguém tocar no meu ombro, o que me fez dar um pulinho de susto. Virei para trás e era Adrien. Vocês podem me chamar de paranoica se quiserem, mas eu realmente cheguei a pensar que fosse a Lila.

— Você tá bem? – Adrien perguntou.

— É, eu já estou acostumada a cair. – Falei sorrindo um pouco.

— Eu quero dizer, sobre todo mundo ter visto. – Ele falou.

— Ah...- Eu fiquei sem graça. Realmente tinha sido muito micão cair na frente da sala toda, inclusive na gente do Adrien. – Eu já passei por coisa pior.

— Sério? – Ele perguntou se sentando na carteira que antes estava ocupada pela Alya e eu sentei do lado dele.

— É como a Alya disse: a Chloe já implicou muito comigo. Nós estudamos juntas há séculos e em nenhum segundo sequer ela para de fazer essas besteiras infantis comigo! – Eu falei. – Sabe o meu cabelo? Ele só é curto assim por causa dela! – Eu comecei a desabafar meio irritada por guardar tudo esse tempo todo sem nunca socar a cara da loirinha aguada. – No oitavo ano ela colou goma de mascar nele, mas não foi uma só! Foi muita! E não tava saindo aí o que eu tive que fazer? Cortar todo aquele cabelão que eu tinha e deixar curtinho.

— Eu gosto dele assim. – Adrien falou pegando na minha mão e dando um beijo nela.

— Eu também prefiro assim agora. – falei. – Por isso deixo desse jeito.

— Mas mesmo assim foi muito vacilo da Chloe... Por que...? – Ele perguntou.

— Por causa de uma peça de teatro infantil. – Falei. – A protagonista era a Rapunzel e eu era a aluna com o maior cabelo da sala então já tinha isso ao meu favor para fazer a Rapunzel, mas a Chloe queria muito aquele papel. Tanto que fez o que fez.

— É sério isso? – Ele falou incrédulo.

— É... - Resmunguei. – Ela era tão infantil e egoísta... Alias ela ainda é! – Resmunguei fazendo biquinho. Adrien deu uma risadinha. - Que foi?

— É que você fica um amor fazendo biquinho. – Ele falou me fazendo corar.

— Adrien não fala essas coisas na escola! – Falei olhando para baixo. Ele só riu.

— OK MUITO BEM PAROU CHEGA DEU PODE IR TODO MUNDO FICANDO QUIETO AÍ! –a senhorita Olivier gritou meio desesperada e todos se calaram. Olhei em direção a confusão e tinha mesmo razão da mulher se desesperar, porque a  Alya e a Chloe já estavam quase se estapeando ali. – Não que eu não quisesse ver um barraco eu adoraria pra falar a verdade. – Ela sussurrou alguma coisa que eu não entendi, parecia... Outra língua? Só sei que Adrien pareceu entender porque ele deu uma risadinha. A professora pigarreou. – Muito bonito para vocês duas isso aí hein! Sabiam que se vocês se machucarem em sala de aula quem leva a responsabilidade é o professor que está presente na sala, no caso EU? – A mulher respirou fundo. – Ok alguém pode me dizer o que aconteceu de verdade aqui?

E foi a professora dizer isso que a algazarra voltou. Todo mundo querendo meter sua opinião e dizendo o que aconteceu no ponto de vista deles, e tudo ao mesmo tempo em uma gritaria ensurdecedora! Alice gritou “CHEGA!” e depois que todos se calaram ela olhou ao redor e apontou para o fundo da sala onde sentado rabiscando alguma coisa em seu caderno estava Nathaniel Kurtzberg.

— Nathaniel venha aqui! – Ela chamou em seu tom de voz sério e esquisito para ela. Realmente não era compatível com aquela baixinha de cara fofa.

Nathaniel levantou meio assustado, provavelmente confuso por ter sido chamado para o meio daquela confusão.

— Você me parece um bom aluno, pode me dizer o que aconteceu? – Ela perguntou, fazendo o garoto se aliviar por não ser repreendido por seja lá o que fosse.

Eu vi Chloe lançar um olhar meio que ameaçador para o ruivo, como se dissesse “Se contar a verdade você vai se foder bonitinho! Eu sou a filha do prefeito e mando em tudo e todos! Posso mandar te prenderem!”. Nathaniel revirou os olhos e sorriu de canto, como se estivesse mesmo muito feliz em poder dedurar Chloe. E na verdade eu sabia que ele estava porque, assim como acontece comigo, Chloe também costuma implicar bastante com ele e isso seria no mínimo uma vingancinha básica. Então o ruivo contou toda a verdade sobre a Chloe ter me feito cair e Alya só estar tentando me defender enquanto a professora ouvia atentamente cada detalhe. Claro que a loira estava a todo custo tentando convencer a professora que não era nada daquilo e que a vitima era ela, mas não deu muito certo.

— Chloe eu poderia deixar isso passar limpo e só te fazer copiar alguma coisa aleatória umas trinta vezes, mas isso acabou indo bem mais longe do que eu esperava... A escola toda deve ter ouvido os gritos de vocês duas. Então eu vou ter que levar vocês para a diretoria! – A professora falou.

— O QUE? VOCÊ SABE QUEM EU SOU? É O MEU PAI QUE PAGA O SEU SALÁRIO! – Chloe falou, como sempre com a voz muito acima do que o desejado pelos meus ouvidos.

— E sou eu que dou as suas notas então cala a boca e me obedece! – A professora falou irritada.  Alya e Marinette vocês veem também! Nathaniel venha como testemunha dos acontecimentos. – Todos á quem ela chamou se levantaram, incluindo eu mesma. - Hum, Lila fique de olho na turma.

— Capiche senhorita Olivier. – A morena falou com um sotaque italiano.

Então nós, os envolvidos no caso do beijo do chão, seguimos rumo à diretoria. Chegamos, nos sentamos na frente do diretor e conversamos explicando o que aconteceu como os  alunos civilizados e normais que éramos. Menos a Chloe ela fez um escândalo e como o Sr. Damocles morre de medo do pai dela o máximo que aconteceu foi a gente perder tempo por que ele não fez exatamente nada! E se reclamássemos obviamente Chloe daria um jeito de fazer a gente se ferrar enquanto ela passava impune então resolvemos só voltar para a sala de uma vez, afinal de qualquer jeito não tinha sido grande coisa também mesmo né. Quando voltamos a sala estava normal e a senhorita Bustier estava nos esperando na porta para começar a aula de Francês dela, porque por incrível que pareça o barraco acabou ocupando toda a aula de Literatura! Todos nos sentamos e as aulas se passaram normalmente. Mentira! A Chloe ficou encarando mortalmente á mim, a Alya e até ao coitado do Nathaniel! Ela parecia querer me massacrar mais do que já queria antes e olha que nem punida ela foi! Outro olhar que eu sentia era o de Lila Rossi, mas não pra mim dessa vez era para o Adrien, tentando jogar charme mesmo que ele nem notasse ela lá no fundo. Aquela troca de olhares toda estava me deixando tensa, aquilo era muito sufocante! Mas vez ou outra para me acalmar eu recebia o olhar de um certo gatinho que vinha acompanha do de um sorriso. Ele até chegou a me passar um bilhetinho escrito “Me dá um beijo? ( )Sim ( )Não” assim como as crianças menores costumavam fazer na minha sala antigamente.  Eu dei uma risadinha e desenhei lábios fazendo biquinho no papel e escrevi “Por enquanto se contente com isso”. Ele bufou, o que me fez soltar outra risadinha.

Quando o sinal bateu indicando o fim das aulas aquilo foi um grande alivio para mim. Sai puxando os meus amigos o mais rápido que pude para fora daquela sala tensa cheia de olhares malignos daquelas demônias me encarando e encarando o meu Adrien! Já do lado de fora do portão da escola Alya e Nino se despediram de mim e do Adrien dizendo que precisavam mexer com umas coisas da Miraculous, mas eu sei que era só mais uma das desculpas deles para me deixar sozinha com o Adrien. Convenhamos eu simplesmente adora essas desculpas! Adrien pegou na minha mão sorrindo e me encarou com os olhos brilhando.

— Mari apesar de tudo acho que hoje foi um dos melhores dias da minha vida! Estudar em uma escola de verdade é incrível! – Ele falou realmente muito feliz, e isso aquecia meu coração. Ver aquele sorriso sincero e o brilho nos olhos verdes de gato dele não tinha preço. – E estudar com você é melhor ainda minha joaninha. – Ele completou aproximando o rosto do meu.

 - Eu digo o mesmo gatinho. – Falei meio corada, mas ainda assim feliz. – Eu também estou muito feliz.

Nossos rostos terminaram a aproximação com um leve toque de lábios, nada muito intenso, só sentimos a presença um do outro ali em um leve selinho. Claro que eu queria mais, mas no exato momento em que eu ia intensificar aquilo Adrien se afastou.

— Princesa eu esqueci que tenho que falar uma coisa importante lá na secretaria! Resolver uma coisa de uns papeis que estão faltando sabe? Eu queria muito te acompanhar até a porta de casa, mas acho que vai demorar um pouco e não quero te fazer ficar aqui fora esperando. – Ele explicou rapidamente. – Você entende né minha linda?

— Eu entendo que eu quero você só pra mim, é isso que eu entendo! – Resmunguei como uma criancinha pirracenta abraçando ele. – Mas vou deixar passar dessa vez! – Falei soltando ele com um sorrisinho. – Tchau, tchau gatinho. – Pisquei.

— Até breve my Lady. –ele beijou a minha mão e correu para dentro do prédio da escola. Suspirei fazendo o caminha até a minha casa sozinha. Seria mesmo muito melhor ter ele ali, pelo menos se ele fosse eu saberia que não ia ficar dando uma de vela dentro da minha própria casa com o Felix e a Bridg lá “cuidando da padaria”. Ah por favor! Todo mundo sabe que eles devem é estar se pegando lá. E eu vou ficar sozinha, com os meus ensaios para a Miraculous. Triste realidade.

P.O.V Adrien

Entrei correndo na escola, com um pequeno peso no coração por ter que deixar minha Lady pra trás e ainda mais peso por ter mentido pra ela sobre meu motivo para voltar para o prédio assim tão apressado. Eu passava pelos corredores aos quais eu ainda não tinha me acostumado, mas ok. Alguns alunos ainda estavam ali dentro o que me dava esperança de encontrar alguém especificamente. Depois de um tempo de procura quem me achou foi a pessoa que eu estava caçando. Senti a mão apertar meu braço me puxando para eu parar de andar. Olhei para trás e encontrei um enorme sorriso.

— Vi que voltou correndo e me preocupei, estava procurando alguém? Quer ajudar? – Falou se aproximando, perto demais para mim, que acabei por dar um passo para trás e encarar a figura a minha frente com um olhar sério e frio, coisa que sabia fazer muito bem pelo convívio com meu irmão e meu pai, belos exemplos não?

— Eu estava procurando você. – Falei. – Chloe vamos conversar.