Eu corri mais do que nunca para casa. Eu não conseguia acreditar. Aquele era um momento histórico! Adrien corria junto comigo. Todo mundo ficou muito surpreso quando eu disse pra eles o que Bridgitte tinha me falado. Alya e Nino ficaram no clube resolvendo alguma coisa sobre o orçamento e Adrien veio comigo, afinal Felix era irmão dele. Quando chegamos só cumprimentamos os meus pais rapidamente e subimos as escadas até a sala. Eles estavam mesmo lá. De mãos dadas. Eu olhei para Adrien, ele estava de queixo caído.

—Santo Deus... Isso está mesmo acontecendo? – Ele perguntou chamando a atenção do casal.

—SIM!- Bridgitte gritou pulando animadamente.

—É... Está- Felix falou mais para si mesmo que para nós.

—Que tipo de chantagem você usou dessa vez Bridgitte Dupain Cheng? –Perguntei curiosa.

—Por que eu usaria chantagens? Felix me ama! Íamos acabar namorando mais cedo ou mais tarde. – Bridg falou dando de ombros. –Mas agora que eu resolvi o meu assunto um certo alguém não deveria resolver o dele? – Ela me olhou de forma bem sugestiva e pendeu a cabeça um pouco para o lado de Adrien, o que me fez corar instantaneamente.

—Ah, eh, huh, e-e-e-eu tenho que ir n-no banheiro! –gaguejei rapidamente e saí andando meio roboticamente.

—Marinette você sabe que o banheiro é pra lá não é? –Felix perguntou com um sorrisinho sarcástico.

—E-eu s-sei! –Falei indo para a outra direção e me trancando dentro do banheiro. Suspirei e me encostei na porta e deslizei ate me sentar no chão. – Meu Deus por que eu sou assim? Acho que vou escrever uma carta pra mim mesma começando com “Querida eu, como vai? Escrevo pedindo para parar de ser trouxa. Quer dizer, tipo você acabou de errar onde fica o banheiro da sua casa na frente do garoto que você ama! Gente quem é que faz uma coisa dessas? Pelo amor de Deus melhore Marinette. Agradeço desde já. Beijinhos eu.”. É. Acho que ficaria bom. Mas é claro que eu sou trouxa demais para seguir as minhas próprias ordens...

—Marinette? Cê ainda tá aí?- Ouvi uma voz perguntar do outro lado da porta.

—A-a-a-adrien? É eu estou. Claro que estou, senão quem é que estaria respondendo? Quer dizer não que eu esteja sendo rude é só que...- Eu falei meio nervosa e depois suspirei- Eu estou aqui sim.

Adrien riu.

— Você é bem estranha... A sua mãe e o seu pai estão chamando lá embaixo pra comer bolo. A proposito eles são bem legais. –Ele falou.

— É verdade... –Eu sorri.

—Mari.- Ele chamou.

—Sim?- Perguntei.

—Você não vai sair?- Ele riu- Sei lá eu acho um pouco esquisito conversar desse jeito.

—Ah é cla-claro!- Eu falei. Senhor... Por que eu faço esses papeis de trouxa? Abri a porta e vi um Adrien meio risonho. –Do que você está rindo?

—Marinette por que você foi paro o banheiro? –Perguntou.

—M-mas que tipo de pergunta é essa? O que você acha que as pessoas fazem no banheiro? –Perguntei corada.

—Você não usou o banheiro! Meninas lavam as mãos quando usam o banheiro e eu não ouvi barulho de água quando você falou que ia sair. - Ele falou com cara de detetive.

—Credo rapaz e depois eu é que sou esquisita! – Eu ri. –Você é detetive agora?

—Eu sou um cara de muitos talentos. –Ele deu de ombros. –Estava fugindo de alguma coisa quando correu pro banheiro? Por que você saiu muito rápido.

Eu pensei em mil e uma desculpas e não sabia exatamente o que dizer. Acabei por inventar uma que me lembrava muito ele pelo uso do sarcasmo:

—Você não é um cara de muitos talentos? Descubra por si mesmo Detetive Agreste. –Dei uma piscadinha e sorri de canto. Admito que fiquei bem satisfeita com a minha resposta.

 -Irei descobrir minha cara Dupain Cheng. Me aguarde. – Ele sorriu do mesmo jeito que eu. –Vamos madame? Um bolo nos aguarda.

—Vamos. – Falei e seguimos em direção á cozinha.

Meus pais já estavam servindo Bridgite e Felix e falando sem parar sobre casamento, filhos e coisas assim. Eu ri da cara de desconforto do Felix. Claro deve ser meio esquisito pra ele que acabou de começar a namorar receber perguntas do tipo: “Qual vai ser a escola em que vocês vão colocar o seus filhos? Que faculdade eles vão cursar? Qual vai ser o nome dos filhos dos filhos dos filhos dos filhos dos filhos dos filhos dos seus filhos?”. Eu e Adrien logo nos sentamos junto com todos e começamos a comer o bolo e alguns docinhos que meus pais tinham pegado da padaria. Adrien entrou rapidamente no assunto e começou a fazer suas piadas e trocadilhos idiotas, o que fez todos rirem. O brilho nos olhos dos meus pais só podia indicar uma coisa e eu já sabia muito bem o que era. Liguei o meu “alerta oh-oh”.

—Adrien querido você já tem namorada? – Minha mãe perguntou sem a menor discrição.

—Na verdade eu não tenho senhora Cheng. –Adrien respondeu calmamente. Eu queria ter essa habilidade. Tenho certeza que se a pergunta fosse pra mim minhas bochechas iriam explodir de tão quentes que iriam ficar.

—Na verdade ele não tem por que não quer. Tem um bando de garotas atrás dele. –Felix disse pegando uma xicara de café.

—O pior é que isso é verdade. –Bridgitte falou- Teve uma vez que eu não consegui sair da casa deles por que o portão estava infestado com fãs do Adrien que se recusavam a sair de lá até ele pedir alguma delas em namoro. Pior foi quando elas me viram lá dentro e acharam que eu era namorada dele... Ai elas começaram a querer entrar lá. –Ela suspirou. –Céus que dia horrível.

—Não foi tão ruim assim. –Felix disse com um sorrisinho de canto.

—Não foi ruim pra você! Afinal não era atrás de você que tinha 36 pirralhas loucas correndo atrás pelo jardim daquela mansão! – Bridgitte resmungou frustrada.

—Exatamente. Não era comigo. Foi engraçado. –Felix falou ainda sorrindo e se virou para os meus pais que encaravam o casal com divertimento. –Eu ainda tenho o vídeo dela correndo. Querem ver?

—SIM!- Meus pais falaram animados.

—DE JEITO NENHUM!- Bridgitte tentou pegar o celular dele, mas não obteve sucesso.

—Senhor e Senhora Dupain Cheng, eu lhes apresento a melhor corredora de Paris: a sua filha Bridgitte. –Felix disse mostrando o tal vídeo para os meus pais que começaram a rir e a cara da Bridgitte começou a pegar fogo.

—Eu já te falei pra excluir esse vídeo!- Minha irmã resmungou.

—Não vou excluir. Sua cara caindo e depois levantando é muito hilária. –Ele riu.

—Sabe o que mais é hilário? A sua cara quando eu falei que era sua namorada para as fãs doidas pararem de correr atrás de mim. –Ela sorriu .- Sabe o que é irônico? Que naquela época era mentira, mas agora é verdade.

—E a senhorita vai fazer questão de ficar falando isso o dia todo não é? –Ele perguntou revirando os olhos.

—Pode ter certeza!- Ela afirmou sorridente.

De repente um celular tocou.

—Minha mãe. Com licença. –Felix falou e atendeu o celular. – Oi. Sim. É mãe já falei com ela. É mãe. Como assim você não acredita que eu pedi ela em namoro? Eu sou seu filho devia acreditar em mim. Tá. Eu passo pra ela.- Ele resmungou. –Aqui. Pelo que parece a minha mãe acredita mais em você do que em mim. –Felix entregou o celular pra Bridgitte.

—Oi Senhora Agreste. SIM NÃO É MARAVILHOSO?- Bridgitte gritou animada de repente- Uma festa? Oh sim isso seria incrível, mas eu não posso ir hoje. Sim por causa do trabalho... Pois é. Amanhã? Hum... Sim, acho que não tenho nada amanhã. Então está bem. Amanhã. Tchau tchau.- Ela falou e entregou o celular pra Felix- A senhora Agreste quer fazer uma festa amanhã para comemorar o inicio do meu namoro com o Felix.-  Bridgitte explicou.

—Isso é ótimo!- Meu pai falou sorrindo.

—É verdade!- Minha mãe falou.

—Ah ela também disse que vocês dois tem que ir agora para ajudar ela com a lista de convidados. Ela quer chamar muita gente. –Bridgitte falou olhando para os irmãos Agreste.

—É a cara da mamãe fazer uma festa de ultima hora e ainda querer chamar muita gente.- Adrien falou rindo e se levantou. Ele tinha ficado bem quieto por um tempo. –Eu acho que esqueci meu celular lá em cima. Pode me ajudar a procurar Marinette?

—Está bem. –Falei e seguimos até a sala. –E então onde você deixou o celular?- Perguntei quando chegamos.

—Ah, o celular? Deixei no meu bolso.- Ele falou e me mostrou o aparelho.

Eu encarei ele com cara de “WTF”.

—Isso foi só uma desculpa pra falar com você sozinho. - Ele falou com um sorrisinho de canto.

—E o q-que quer fa-falar? –Perguntei.

—Quero falar que o grande Detetive Agreste resolveu mais um caso. –Ele falou de forma dramática.

—Hein?- Falei meio confusa, mas logo depois entendi do que se tratava e corei. –O-o que v-você descobriu?

—Que você tem algum “assunto” romântico pendente. – Ele falou fazendo cara seria, mas não aguentou ficar assim por muito tempo, pois dois segundos depois voltou a exibir um sorriso exibido. –Eu descobri não descobri? Sou incrível!

—Eh er hum ah q-q-que? Nã-o! Não é nada disso! –Eu falei muito corada e ele só me olhou de forma sarcástica- Não é isso para de me olhar assim... –Eu sussurrei desconfortável.

—Não se preocupe Marinette! Eu posso te ajudar! –Ele falou colocando uma mão no meu ombro.

—Não pode não!- Eu falei rápido.

—Por quê? Eu não vou te zoar. Pode me contar. –Ele falou com um sorriso gentil.

—Não é nada disso mesmo Adrien, aquilo é só coisa da cabeça da Bridgitte. Serio não tem nada. -Eu falei com um sorriso nervoso.

—Serio mesmo? –Perguntou desconfiado.

—É. - Confirmei.

—Então você não está gostando de ninguém? –Ele perguntou com um sorriso de canto.

—É. - Confirmei de novo.

—Sua cara tá esquisita... –Ele riu.

—É- Confirmei sem nem perceber o que ele tinha dito.

—A senhorita percebeu que acabou de confirmar que a sua cara está esquisita?- Ele perguntou entre risos e quando eu notei o que tinha feito corei e comecei a rir. –Mari... –Adrien chamou depois de parar de rir e eu só o encarei pra mostrar que estava ouvindo. –Você vai ir amanhã na festa?

—É. Eu acho que vou sim. –Falei com um sorriso.

—Então até amanhã, my lady.- Ele pegou a minha mão e a beijou. –A proposito acho melhor que você tenha um vestido de gala. Minha mãe gosta de dar festas assim.

—Pode deixar eu vou arrumar alguma coisa. –Falei sorrindo como uma idiota só de pensar em ver o Adrien em uma roupa formal... Céus ele ficaria tão lindo! –Até amanhã...

—ADRIEN ANDA LOGO O MOTORISTA VEIO NOS BUSCAR!- ouvi Felix gritar lá debaixo.

—-JÁ ESTOU INDO!- Adrien gritou de volta e foi em direção à escada e antes de descer mandou um beijo no ar pra mim.

—Ai senhor! Eu preciso de um vestido de gala!- Eu falei desesperada depois que ele saiu.

Eu corri até o meu quarto e abri o meu guarda-roupa bem rápido e fui olhando todos os vestidos...

—Não.Não.Não.Não.Não- Eu sussurrava pra mim mesma a cada vestido que olhava.- SIM!- Falei pegando um vestido que tinha encontrado. - SIM SIM SIM SIM SIM MIL E UM SIMS !- Gritei animada e abracei o vestido.

—Está tudo bem com você filha? –Meu pai perguntou entrando no quarto. –Eu ouvi uns gritos esquisitos.

—Está tudo bem sim papai!- Eu falei girando com o meu vestido- O que acha desse vestido?

—Ah, é aquele que você fez para usar no casamento da sua prima não é? –Ele falou sorrindo.

—É sim!- Eu falei.

—Você demorou bastante pra fazer. Ficou ótimo meu bem.- Ele disse. –Mas eu acho que tem um probleminha.

—Qual? –Perguntei.

—Ele não tinha rasgado na parte de trás quando a sua mãe foi lavar? –Ele perguntou e eu arregalei os olhos.

Virei o vestido e olhei. Estava mesmo rasgado.