Se eu for mais alto... escrita por Mercúrio


Capítulo 1
Nós vamos nos casar, tá?


Notas iniciais do capítulo

Decidi escrever a fanfic por ser um pedido de uma página do Nyah.
Espero que gostem, xoxo.



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Marinette e Adrien gostavam de brincar na praça mais próxima da Torre Eiffel. Mesmo não tendo muitos brinquedos por perto, adoravam a sensação de estarem próximos de uma das coisas mais lindas que já viram na vida. E, vez ou outra, quando iam lá à passeio, a sensação de superioridade alegrava seus corações juvenis.

Adrien era um ano mais velho que Marinette, mas se conheciam desde os sete anos. A garota tinha uma descendência chinesa que era notável em seu jeito, enquanto o garoto não tinha exatamente um passado bem desenvolvido. Existiam várias dúvidas no decorrer de sua vida, mas ele era só uma criança, não se importava com nada além de conseguir correr mais rápido do que seus amigos.

Entretanto, apesar de mais velho, o garoto sempre fora dez ou quinze centímetros mais baixo, o que era motivo para inúmeras provocações da amiga.

Aqueles dias eram felizes: Apenas duas crianças de doze anos que não tinham preocupações e podiam sorrir à qualquer momento. Se uma caía, a outra ajudava a levantar. Se uma chorava, a outra estava lá para consolar o tempo que fosse necessário. Ah, mas essa é a palavra-chave da nossa história: O tempo.

Por mais que fossem jovens e estivessem prontos para aprontar por aí, a separação as vezes é inevitável. E, por mais que me deixasse feliz dizer que esse não foi o caso destes grandes amigos, eu não posso mentir em uma história, principalmente se ainda espero seu final feliz.

— Adrien! – chamou Marinette, um tanto cabisbaixa. Tinha combinado de encontrar o amigo no mesmo parque de sempre, e ele obviamente viria. Não importa quantos garotos fossem próximos de Adrien, sua melhor amiga sempre viria primeiro.

— Mari! – correu até ela, com um grande sorriso no rosto. Entretanto, ao perceber a tristeza em sua face, levou a própria mão até a bochecha da garota, lhe fazendo uma leve carícia. – Hey, my Lady, o que aconteceu?

My Lady — aquele era um modo carinhoso de chamá-la, em homenagem à um casal de um desenho que começaram a assistir em uma tarde aleatória, mas não vem ao caso no momento.

— E-Eu... – Marinette sentiu seu toque e, em seguida, era como se tivesse gastado seu último pingo de força. Ela deixou as lágrimas escorrerem como se nada estivesse acontecendo, o que deixou Adrien ainda mais assustado. – P-preciso ir para longe... – O loiro fez uma expressão confusa, dando um abraço na garota para tentar consolá-la, mas ainda não entendia o que estava se havendo.

— Hey, eu posso ir com você! Papai com certeza vai deixar, tipo daquela vez que fomos à praia junt-- – antes que conseguisse terminar aquela frase, Marinette o interrompeu.

Você não entende! – Falou em um tom mais alto, o que deu um susto em Adrien à princípio. – Eu vou ter que morar na China! Sozinha! Sem você!

A voz de Marinette carregava um desespero que Adrien nunca tinha pensado que ela poderia ter. Deu-lhe um beijo na testa, mas sua tensão parecia aumentar mais a cada segundo.

— Quanto... Tempo...? – murmurou baixinho o garoto, pensando em inúmeras formas de como colocar um sorriso no rosto da garota.

— Três ou quatro anos... – sua voz estava rouca de tanto chorar, tanto que as palavras murmuradas saiam quase que incoerentes, mas Adrien conseguia entendê-las e sofrer com as mesmas.

Aquilo não era justo! Marinette nunca fora dos próprios pais, muito menos de seu tio, ela era de Adrien, e somente dele. O loiro sempre se sentia estranho quando a via perto de outros garotos, mas logo entendia a razão: Ele era dela, do mesmo modo que ela era dele. E sempre seria assim, nada os separaria, ele não queria deixar que os separassem.

Preferia ir morar na China com ela do que permanecer com o pai sozinho. Era sempre ele e Marinette contra o mundo. Mas estando só... As coisas não pareciam fazer sentido. A razão de seu sorriso era ela, o motivo da sua perdição eram seus olhos azuis. Estava apaixonado, aquele amor de criança que parece bobeira, mas consegue ser extremamente forte e intenso.

Ele queria protegê-la de qualquer modo, fazer de seus braços um novo abrigo. Entretanto, naquele momento, mesmo que estivessem abraçados, Marinette já não parecia mais a garota sorridente que encontrou à semanas atrás. Estava desesperada, magoada, irritada, e isso fazia Adrien se sentir ainda pior. Ele já estava se torturando mentalmente por ter que deixá-la, imagine como ela estaria se sentindo!

— Que dia você vai, Mari...? – chamou-a novamente, tentando acordá-la do pesadelo que estava tendo em seus pensamentos.

— D-Daqui a pouco. – aquela frase doeu em Adrien mais do que qualquer tombo que já tinha levado em sua vida – Mamãe e papai pretendiam me levar lá e dizer que eram apenas férias... Mas eu ouvi eles conversando no telefone hoje... – falava em meio aos soluços – eles não querem me ouvir! Querem apenas que eu vá lá e aceite de bom grado! – gritou a última frase, toda a serenidade e alegria em sua voz tinha se transformado em medo.

— Eu não posso fazer nada para te ajudar? Você pode ficar em casa se quiser...

— Não... Eles querem que eu fique na casa do meu tio para aprender mais dos negócios da família... Por favor, Adrien, eu não quero te deixar!

"Você diz isso como se eu quisesse ficar longe de ti", pensou, sentindo as próprias lágrimas escorrerem por sua face. "Você não tem noção de como eu estou me sentindo agora, my Lady."

— Eu só tenho mais cinco minutos... – pigarreou, se afastando um pouco e olhando para o relógio do celular.

— Então... Eu tenho coisas que preciso te dizer, my Lady. – disse o loiro, encostando a testa na dela. Marinette corou levemente com o ato repentino. – Escuta, eu te amo. Você é minha melhor amiga e, eu sei que é estranho dizer isso, mas eu sinto um amor por você daqueles de querer casar, sabe?

Aquilo pegou a garota de surpresa, que deu um salto pra trás. Entretanto, sua expressão de espanto logo se tornou em uma risada frustrada.

— Eu também te amo, Silly Kitty. – mais um dos apelidos que tinham retirado do desenho que tanto gostavam – Mas eu não me casaria com um baixinho igual você! Nem morta! – cruzou os braços, dando um passo para trás.

Adrien fez uma expressão entristecida com a resposta da garota, mas logo teve uma ideia. Deu um passo para frente e segurou seu rosto mais uma vez. Ela não recuou, apenas o encarou fixamente.

— Então... Vamos fazer o seguinte! – Ela deu um olhar de desdém, mas Adrien não perdeu o foco – Nós vamos nos falar todos os dias, ok? Assim eu também vou te amar cada dia mais, e uma hora você vai acabar sentindo o mesmo que eu.

— Nós íamos continuar tendo contato de qualquer jeito, eu não iria te deixar em paz tão facilmente.

— Então... Se eu for mais alto que você quando estiver de volta... – sorriu de um modo bobo, mantendo a mesma fixação nos olhos azuis da garota – nós iremos nos casar, está bem?

— Sim, pode ser. – ela disse, colocando uma das mãos na própria cabeça, e a outra na do garoto – Mas não acho que isso vá acontecer, Adrien. São três anos, e você ainda é bem mais baixinho que eu.

— Veremos. – Abriu ainda mais o sorriso e fechou os olhos, se aproximando um pouco mais da garota, até que conseguia sentir sua respiração.

E, para sua surpresa, foi ela que se aproximou os centímetros restantes para iniciar o beijo.

Um beijo que, a princípio, parecia mais desesperado do que apaixonado, mas a calma foi o dominando aos poucos, até que a garota abraçou o pescoço de Adrien, que retribuiu a puxando pela cintura.

Não esquentaram o momento, não queriam pensar em mãos bobas. Eram crianças, afinal, queriam apenas aproveitar cada segundo do beijo um do outro.

Não percebiam o tempo passar, os cinco minutos que Marinette tinha restando pareciam ser uma eternidade enquanto seus lábios estavam selados. Entretanto, uma hora aquele momento perfeito tinha que acabar.

Quando foi necessário o fôlego, ambos se afastaram de uma vez, completamente corados. Adrien mantinha o sorriso bobo, enquanto Marinette apenas desviou o olhar, tentando conter a mesma expressão de satisfação.

— E-Eu não acredito que beijei um baixinho como você, Kitty.

— E vai beijar várias outras vezes quando voltar. – Piscou. Na verdade, aquele beijo tornava a separação ainda mais complicada, mas ambos se seguravam o máximo possível para não voltarem a desabar em lágrimas.

Após poucos segundos, a mãe de Marinette deu um grito a chamando. Nenhum dos dois se despediu, pois não era um "Adeus" de verdade. A garota ia dando passos lentos para se distanciar do amigo, olhando para trás o tempo todo. Adrien, por sua vez, tinha vontade de correr abraçá-la, mas não o fez.

Não queria tornar aquela despedida ainda mais dolorosa.

Até porque aquele beijo os uniu mais do que qualquer outra coisa. Não importava onde Adrien estivesse, sua amada melhor amiga sempre estaria ao seu lado.

 

— X –

 

— Ai! Meu! Deus! – O loiro gritava, completamente nervoso. Em parte, por ansiedade. Fazia mais de dois anos que não via Marinette e, quando ela finalmente ia retornar para Paris, o garoto estava simplesmente desarrumado.

Tinha vestido vinte camisetas diferentes na experimentação, para acabar saindo com a primeira que tinha colocado. O cabelo estava completamente bagunçado por toda a corrida pelo aeroporto para ver se a encontrava. Lidou com o fato depois de meia hora de busca: O voo tinha atrasado. Entretanto, sua aparência continuava um desastre.

Ele mudara muito desde a partida da garota. Estava mais alto, mais magro, vestindo roupas com cores mais neutras. Era como se as sombras tivessem o possuído. Seu grande arco-íris sempre foi Marinette, afinal.

Ela, no entanto, parecia a mesma de sempre nas fotos: Não abandonava o penteado, ainda tinha o mesmo sorriso lindo, suas roupas sempre possuíam azul marinho e rosa ao mesmo tempo. Ele amava suas combinações confusas que ficavam maravilhosas nela.

Quando escutou um sinal de que um avião tinha acabado de aterrissar, nem se preocupou em escutar onde foi o ponto de decolagem. Correu até o local que os passageiros estavam descendo do avião, na esperança de ver sua amada.

Muitas pessoas saíram, mas nenhum sinal de sua Lady. Suspirou, desanimado, dando meia volta, indo novamente para o centro do aeroporto.

Até que sentiu uma mão o puxando.

— A... Drien? – ouviu uma voz baixinha o chamar. Aquela voz... Era impossível ele não reconhecê-la. Olhou para trás, encontrando uma garota de cabelos negros e completamente soltos, com os olhos azuis mais belos que já tinha visto na vida.

Ela estava usando um vestido branco e rosa, que combinava perfeitamente com ela. Adrien a olhou da cabeça aos pés, sem conseguir pronunciar uma única palavra. Marinette fazia o mesmo, até que destruiu o silêncio.

— Eu estou tão feia assim? – murmurou, fazendo um beicinho.

— Não, é que... – ele continuava a encarar, sem saber exatamente o que dizer. Foi aí que lembrou de um momento do passado, de uma promessa que fizeram um ao outro. Abriu um grande sorriso, que até mesmo espantou-a – My Lady...

— Hum...? – deu um passo a mais em sua direção, de modo que conseguiam sentir a respiração um do outro.

— Eu estou mais alto que você.

E, naquele momento, ambos deram uma risada ao recordarem do dia da partida de Marinette. É verdade, eles tinham feito uma promessa, e pretendiam mantê-la, sem sombra de dúvidas.

Adrien selou os lábios nos da garota. Dessa vez, não se importavam com tempo, podiam ficar ali pelo resto da vida se desejassem. Era como o garoto sempre pensou que fosse: Marinette o pertencia, e ele era inteiramente dela.


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Notas finais do capítulo