Teoria do caos escrita por Angelina Dourado


Capítulo 9
Antes da Queda - Capítulo Oito


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Mais um capítulo para vocês aqui ^-^
Como eu disse anteriormente eu prefiro deixar algumas coisas em inglês mesmo, pois faz mais sentido, então ao invés de ''quebra-cabeças'' eu uso a palavra puzzle mesmo, ok? ;D
Boa leitura!



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Registro número 1 feito pelo Invencível Papyrus

Sans continua dormindo, estou fazendo vários puzzles para quando ele acordar. Aposto que ele não vai conseguir passar de nenhum!

 

Registro número 4 feito pelo Imbatível Papyrus

Sans ainda está dormindo, tentei sacudi-lo para ver se não é só preguiça dele, não adiantou. Estou fazendo puzzles mais fáceis para quando ele acordar, pra ele não se sentir mal com toda a minha genialidade.

 

Registro número 8 feito pelo Temível Papyrus

A tinta da caneta acabou e por isso estou escrevendo a lápis. Sans ainda está dormindo, mas Gaster tirou o soro dele! Acho que isso é um sinal de que logo ele vai acordar!

Registro número 15 feito pelo Espetacular Papyrus

Eu só quero Sans acorde logo, não quero que ele me veja chorando.

 

Registro número 23 feito pelo Poderoso Papyrus 

Gaster não responde as minhas perguntas, ele só vem ver como Sans está e logo sai. Eu acho que ele está me ignorando.

Eu me sinto sozinho.

Quando Papyrus terminara de escrever no pequeno bloco de papel, sentira algo se mover na cama. Olhou para o lado surpreso, se dando conta que era Sans virando-se para o lado e murmurando palavras desconexas.

— Sans! – Chamou animado, pondo as mãos no ombro do irmão que dava indícios de que finalmente acordaria. – Eu estava tão preocupado, tive medo de que não acordasse, não saí da enfermaria com medo de que você acordasse sozinho, mas você acordou e estou tão feliz que você esteja bem! Agora podemos resolver enigmas juntos e ouvir histórias e treinar magia e...

O mais novo não parava de tagarelar enquanto o recém acordado abria o olho descoberto lentamente, ainda confuso com tudo o que acontecera. Apesar dos avisos que Gaster dera para quando Sans acordasse, Papyrus naquele momento ignorara um por um abraçando o irmão e falando o mais alto que podia, dando ênfase a toda a sua alegria com o despertar de Sans.

Mas ele tinha razão para agir daquela maneira, afinal Papyrus por todos aqueles dias fora quem zelara pela bem estar de Sans enquanto estava inconsciente. Foram raros os momentos em que saíra da enfermaria, sendo apenas por grande insistência de Gaster, pois durante aqueles dias ele fora o maior enfermeiro do irmão. 

— Ei, ei calma... Não precisa ficar assim, sabe como meu sono é pesado! Posso fazer isso até de olhos fechados. – Sans dissera com um riso fraco devido ao seu estado, tendo como resposta um abraço ainda mais forte do irmão.

— Eu senti falta até de suas piadas horríveis. – Papyrus sussurrou e em seguida se desvencilhou do irmão apenas para olhar em seus olhos, parecia ainda não crer no despertar do outro. – Você está se sentindo bem? Quer que eu busque alguma coisa?

— Não preciso de nada, só estou enxergando meio estranho...

 - Ah, deve ser porque seu olho ta tapado! – Papyrus avisou apontando para o rosto de Sans. O mais velho levou a mão até o olho direito, sentindo a textura da bandagem cobrindo grande parte de seu rosto, um choque pareceu percorrer todo o seu corpo ao lembrar-se de tudo o que havia acontecido.

Sentia raiva, muita raiva. Mas o sentimento que mais se manifestava junto com ela era o medo, afinal por mais que tivesse insistido e implorado ao doutor para que parasse com o experimento, ele continuou como se suas palavras e gritos não fossem nada. Diversos pensamentos de vingança passavam por sua mente, todos completamente fora da realidade, devidos à força maior que Gaster tinha sobre ele. No fundo também sentia tristeza, uma profunda desilusão que lhe consumia lentamente, afinal era difícil esperar tamanha barbárie vinda da pessoa que o havia criado, tentando apagar os sentimentos de ódio devido às poucas lembranças que mostravam outro lado do cientista.

— Onde está Gaster? – Perguntou com um tom de voz sério, seu único olho aberto tornando-se vazio com aquelas palavras. Papyrus ao notar aquilo se afastou um pouco do irmão, desfazendo lentamente o seu sorriso.

— Eu não sei, quase não saio daqui.

— Paps... – Sans continuava num tom sério, mas quase que em um sussurro. O mais novo olhou em seu rosto, notando um enorme pesar que o irmão estampava. – Não fala pra ele que eu acordei, não ainda...

Papyrus assentiu silenciosamente, em seguida engatinhou até se sentar perto do irmão que escorou a cabeça em seu ombro, ainda exausto apesar dos vários dias em que permaneceu adormecido. Por vários minutos os dois ficaram em silêncio, apenas contemplando a companhia um do outro, como se tentassem criar um mundo paralelo onde apenas eles existiam, onde mais ninguém poderia entrar.

— Obrigado, por não ter me deixado. – Sans disse e Papyrus se sobressaltou, pondo as mãos nas cinturas em um gesto de indignação.

— Óbvio que não te deixaria! Você também não me abandonaria! Além de tudo eu sou o... Ã...

— Ainda não decidiu um título? – Questionou Sans com um riso fraco.

— É que tem muito a ser considerado, afinal eu preciso de um título tão grandioso quanto eu!

— Ei, que tal o Gran... – Sans ia terminar a sentença, mas foi impedido por uma breve crise de tosse.

— Ta tudo bem? – Papyrus prontamente questionou, preocupado com a saúde fragilizada do irmão. Quando a crise passou, Sans fez um gesto com a mão dizendo que não era para se preocupar.

— Não é nada, só vou me deitar mais um pouco... – Respondeu com a voz sonolenta, desabando no colchão. Papyrus assustado pegou o irmão pelos ombros, Sans se deteriorava rápido demais, como se seu despertar de nada significou, já estando com o olho fechado novamente apesar de ainda estar consciente, colocou a palma da mão na testa dele em busca de algum indício de febre, estranhando a textura pegajosa no crânio do irmão.

Papyrus afastou a mão, vendo que o irmão aparentava ficar cada vez mais suado (isso era possível?), até notar que o que escorria por seu crânio era seu próprio corpo. Desesperado, tentou erguer o irmão, o segurando sentado e tentando mantê-lo acordado.

— Sans, Sans me escuta! Não dorme, por favor, preciso que fique acordado, por favor, abra o olho irmão. Não me deixe sozinho...

— Paps...? – Sans resmungara com o olho entreaberto, a voz saindo rouca e fina. – Não me sinto... Bem...

Ao ouvir aquilo Papyrus não hesitou mais, pegou o irmão no colo e andou para fora do quarto. Tentando andar o mais rápido que conseguia a procura da única pessoa capaz de consertar tudo naquele lugar, infelizmente deveria negar o pedido que seu irmão havia feito poucos minutos atrás. Pois se Gaster havia quebrado Sans, ele deveria saber como consertá-lo, pensava.

Doutor Gaster! — Gritava incessantemente e mesmo com o pouco fôlego que lhe sobrava, já que corria com o irmão inconsciente em seus braços. A cada segundo que se passava sentia Sans ficando mais mole, coisa que um esqueleto jamais deveria ser, a camisa azul do irmão ganhava um tom cada vez mais escuro por conta da umidade de suas costelas derretendo. O desespero tomava conta de Papyrus que percorria o laboratório inteiro gritando pelo doutor, lágrimas escorrendo de seus olhos á medida que via as salas vazias e sentindo Sans escorrer por suas mãos.

Felizmente o doutor aparecera apressado e apavorado com os gritos que escutara até chegar ali, mas logo dirigiu seu olhar para Sans nos braços do irmão, se desfazendo lentamente.

— Meu irmão está derretendo... Ele vai sumir! – Papyrus com a voz tremula soluçava, as lágrimas caindo uma por uma. Gaster não disse nada, sem mais delongas ele rapidamente pegou Sans e saiu correndo em direção da principal sala de testes, com Papyrus o seguindo logo atrás.

O doutor levara Sans novamente para aquela fria mesa, onde a máquina que causara todo aquele sofrimento se encontrava logo acima, já a posta para ficar de frente ao alvo. Em seguida retirou a bandagem que até agora não havia sido retirada do olho de Sans, revelando diversas rachaduras ao redor do orbe.

Papyrus não muito agiu, não sabia nem o que pensar sobre aquilo, afinal não imaginava que fora aquilo que ferira seu irmão. Se Sans estivesse acordado provavelmente se negaria a fazer aquilo novamente até sua voz se extinguir, porém infelizmente era a única chance que tinha para sobreviver.

— [Feche os olhos.] – Gaster alertou e Papyrus obedeceu, apesar de um pouco hesitante. Em seguida a máquina fora ligada e um feixe de luz se lançara em direção ao olho direito de Sans, atravessando o seu crânio, ficando uma iluminada linha contínua por vários segundos, com diversas ondas esverdeadas seguindo em direção a ponta da máquina, como se sugasse alguma coisa de dentro do garoto. Emitia um fino zumbido que confundia a audição, de maneira que Papyrus sentira-se nauseado com o barulho.

Quando o som cessara Papyrus arriscou abrir os olhos, imaginando que havia acabado. Vira o doutor perfurar o osso de Sans, que apesar de não ser uma visão agradável mostrava que felizmente ele voltara a ficar com os ossos firmes novamente, em seguida colocou uma agulha que levaria o soro até seu organismo. Gaster era rápido e apressava para que Papyrus alcançasse os aparelhos que pedia, não demorando para Sans ficar coberto de fios e tubos passados por entre seus ossos e eletrodos grudados em seu crânio, com diversas telas e computadores ao seu redor mostrando seus sinais vitais. A bandagem voltou para seu olho direito.

— Ele vai melhorar, não vai? Você vai consertar o Sans? – Papyrus indagou num tom choroso, olhando para Gaster que parecia petrificado no lugar em que estava, como se em um estado de choque. – Por favor, traga ele de volta.

— [Farei o que estiver ao meu alcance.] – Gaster respondeu de maneira fria, não olhando para Papyrus que amuou com aquela reação.

— Por quê? Por que fez isso com ele? – Questionou confuso, pondo-se de frente para o doutor em uma tentativa de prender mais sua atenção. Queria ser ouvido, e ainda mais poder ter as respostas que pedia incessantemente por todos aqueles dias.

E o doutor não respondeu, ignorando Papyrus como se ele não existisse e olhando para o irmão mais velho com um olhar imutável, em um estado da mais completa reflexão e pesar. Parecia que o mundo desabara diante de seus olhos e que não havia mais nada a ser feito, ficando apenas como um espectador de tamanho caos.

Mas Papyrus não teria suas respostas no silêncio, muito menos seu irmão de volta.

                                                                        ***

O experimento havia sido um fracasso.

O cientista real não conseguia mais ter certeza dos resultados. A magia sendo algo que se manifesta em corpos menos físicos, quando mesclada a estranha essência humana manifestada sempre em corpos mais físicos produzira um efeito devastador quando posta direto na alma. O corpo de Sans não suportara aquele forte elemento, tornando-se cada vez mais frágil em busca de uma forma que comportasse aquela substância, mas aquilo poderia levar o garoto ao pó.

Felizmente Gaster conseguira estabilizá-lo, retirando parte do elemento da alma de Sans, entretanto parte dele já havia tomado conta da alma do esqueleto e não seria possível pegar de volta toda a substância injetada. Sans voltou a dormir em um sono profundo, mas com um diferencial perigoso em comparação ao seu primeiro coma, pois a cada dia em que se passava ele perdia cada vez mais HP.

E não era apenas perda, por mais que Gaster tentasse curá-lo o HP de Sans não se recuperava. Era algo diferente de quando um monstro era ferido, pois ele não perdia HP ele diminuía. De 680 de limite de HP fora para 600, 500, 300, 200, 50, 20... A cada dia que se passava mais frágil o corpo de Sans ficava e não havia nada que Gaster conseguisse fazer, era um efeito descontrolado onde nenhuma magia ou tecnologia podia impedir.

Se não parasse de diminuir, Sans morreria. 

Não havia tempo nem espaço para arrependimentos, o doutor não se deixaria levar por sentimentos desnecessários, não podia deixar de prosseguir com sua carreira e com o plano que poderia levar a libertação dos monstros. Gaster tentava afastar quaisquer que fossem os pensamentos que iam contra essa ideia, afinal apesar de ter sido uma lástima o que houve com Sans eram isso o que aconteciam em testes, haviam riscos a serem considerados e o doutor estava ciente deles desde o começo.

Sabia que caso a alma de Sans pudesse se reorganizar ao ponto de conseguir viver com o elemento injetado, o garoto poderia viver mesmo que com uma quantidade ínfima de HP comparada a originalmente. Porém isso só seria possível se sua alma lutasse contra a morte, e a cada dia que se passava e com seu HP diminuindo progressivamente, mostrava que Sans havia desistido de lutar.

Quando notara isso, Gaster viu que não havia muito a ser feito, vendo com pesar o seu primeiro pupilo indo embora lentamente, perdendo suas forças e se tornando mais próximo do pó. Havia feito aquilo para um bem maior, mas agora se via em um resultado repleto de desgraças.

O doutor por dias não havia feito mais nada a não ser ficar de olho em Sans. O resto de seu trabalho estava abandonado, nunca ficara tanto tempo parado e improdutivo. Precisava pensar, precisava descobrir alguma outra forma de reverter, precisava descobrir quais foram seus erros, precisava fazer tantas coisas que mal conseguia nomeá-las.

Seu relacionamento com Papyrus não mudara de certa forma, continuava distante como sempre fora. Talvez um pouco mais afastado, já que o menor não se dirigia ao mais velho com espontaneidade, pois novamente ficara ao lado do irmão mais velho esperando pelo seu retorno pacientemente. Decidira por não falar nada ao menor, pois sabia que mesmo se lhe dissesse que não haviam chances ele continuaria a acreditar na recuperação do irmão mais velho.

Então Sans ficara com 1 HP.

E seus olhos se abriram.

Lentamente as órbitas de Sans mostraram os dois pontos brancos acesos e não mais tapados por bandagens, seu olhar denotava confusão e demorara alguns segundos até que discernisse o que acontecera. Estava vivo, estava bem.

— Sans?! Sans! – Papyrus comemorara, com lágrimas em seus olhos e trazendo o irmão para um abraço necessitado, nunca havia ficado tão feliz em toda a sua vida ao ver o irmão acordado mais uma vez, acreditava piamente que agora ele ficaria bem. – Você não vai mais me deixar não é? Vai ficar bem, eu sei que vai.

— Papyrus...? – Sans pronunciou com a voz rouca, um tenro sorriso se formara em sua face. – Paps... Eu pensei... Que tal... O Grande Papyrus?

Aquele era o título perfeito.

Ao saber do despertar de Sans, Gaster não compreendera como ele conseguira sobreviver aquilo quando tudo indicava o contrário, ainda por cima com uma recuperação tão rápida. Não havia o mínimo de sentido a seu ver, até começar a estudar mais afundo de onde Sans reunira forças para não sucumbir.

Era Papyrus, sempre fora.


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Notas finais do capítulo

Papyrus é meu personagem favorito, não sei se já notaram ;p
Uma observação: nessa história pus como primeira quantidade de HP de Sans como sendo 680, já que este é o HP de Papyrus no jogo.
Gaster entrando em desespero com a iminente perda de Sans faz nem parecer que é um péssimo ''pai'' e que é o culpado disso ;D
Não quis estender neste capítulo o coma do Sans em mais de um capítulo ou com um capítulo muito grande. Afinal se as coisas já eram paradas e monótonas no laboratório imaginem quando isso aconteceu. Então quis apenas deixar claro que foram MUITOS dias naquele situação, com Papyrus ao lado de Sans esperando-o acordar e Gaster se martelando mentalmente para encontrar alguma solução. Se eu falasse mais além disso ia ficar bem repetitivo e enrolado, por isso não estranhem o capítulo mais curto... Afinal esse daqui renderá outros com muitas coisas a serem desenvolvidas =D
Comentários são sempre bem-vindos ^-^



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