Teoria do caos escrita por Angelina Dourado


Capítulo 21
O Vazio - Capítulo Dezoito


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Desculpa por mais um capítulo minúsculo, eu tinha planejado fazê-lo maior, mas acabei apagando várias partes dele. Pois havia ficado bem repetitivo e monótono, afinal como podem ver no título do capítulo esta é apenas uma descrição do estado de Gaster no próprio Vazio, apenas para explicar melhor certos acontecimentos antes de se iniciar o novo ciclo.
As frases com aspas não foram escritas por mim, apenas as transcrevi de alguns diálogos do jogo. Acho que a maioria de vocês irão reconhecer de onde eles são ;D
Boa leitura!



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— Olha só, o que é isso que você está desenhando?

— [Pare de espiar!] – Wingdings disse com sua voz estridente e estática, fazendo Semi Serif estremecer com o tom agudo, pois mesmo depois de anos de convivência ás vezes ele ainda estranhava aquela voz. O mais velho deu uma risada calorosa, pondo sua mão em um dos ombros do garoto que tentava esconder o desenho com os braços. – [Ainda não terminei].

— Pode me dizer ao menos do que se trata? – Semi questionou e Wingdings ponderou por alguns segundos, olhando do desenho para o pai enquanto estava no dilema.

— [É um conversor de energia mágica geotérmica!] – Respondeu bastante empolgado, enquanto Semi Serif fazia cara de desentendido, como se pedisse para que aquilo fosse traduzido. Isso fez com que Wingdings revirasse os olhos, antes de explicar de maneira mais simples. – [Faz lava virar luz].

— Oh! Isso é incrível Dings! Realmente você é um pequeno gênio. – O mais velho disse orgulhoso, fazendo um leve cascudo no menor. – Posso ver que está destinado a fazer grandes coisas rapaz!

— [Eu estou?]

— Pode ter certeza que sim.

O pequeno esqueleto sorriu de canto, pensativo enquanto olhava para o seu desenho, logo em seguida o retirou de baixo de seus braços e o estendendo para Semi Serif.

                                                                          ***

‘’Faz sentido por que Asgore demorou tanto tempo para encontrar um novo Cientista Real. Pois afinal, o outro... Dr.Gaster. Que exemplo a ser seguido! Eles dizem que ele criou o CORE. Porém, a sua vida... Durou pouco. Um dia ele caiu na sua própria criação [...]’’.  

E sua alma se quebrou.

E continuou se quebrando, infinitamente, sendo jogada para todas as direções e realidades. Jamais chegando a virar pó, apenas se dividindo em mais milhões de pedaços a cada segundo que se passava. Estava agora em todos os lugares e ao mesmo tempo em nenhum, estava vivo e também morto, estava consciente e também vegetativo, era tudo e não era nada.

Estava no mais completo Vazio, virando quase que uma parte do mesmo.

 ‘’[...] mas o antigo Cientista Real, Doutor WD Gaster? Um dia, ele desapareceu sem deixar vestígios. Falam que ele foi destruído e despedaçado atravessando o tempo e espaço. Ha ha... Como posso falar disso sem ter medo? Estou segurando um pedaço dele aqui mesmo.’’

E com seus pedaços estando em tantos lugares ao mesmo tempo, poderia saber de qualquer coisa que aconteceu, estava acontecendo e que acontecerá em todas as linhas do tempo já criadas. No começo havia sido difícil lidar com tantas informações, mas não demorou muito até saber separar as linhas que apareciam diante de si, tornando-se um eterno observador.

‘’Você por acaso já pensou sobre um mundo em que tudo está exatamente igual, mas você não existe? Tudo funciona perfeitamente sem você. Isso me assusta. ’’

E ele os vira morrer milhões de vezes. E outras milhões eles conseguiam viver sem maiores problemas, algumas até mesmo chegar até a superfície. Mas isso não mais chamava a atenção de WD Gaster, pois ele apenas via tudo acontecer de longe, nunca podendo sofrer ele mesmo as consequências ou aproveitar as oportunidades. Estava preso, para sempre.

Ouvia milhares de vozes, de conversas que aconteceram em tantos lugares e por diferentes motivos, enquanto ele mesmo não soltava seus símbolos para o ar já fazia muito tempo. Nunca se viu perante tanto conhecimento, mas da forma em que estava ele de nada podia lhe servir.

Não sabia ao certo se estava arrependido ou não por ter feito aquilo. Afinal, tinha certeza que se caso não tivesse feito teria vivido com a sombra da dúvida, com a possibilidade de o que poderia ter acontecido. Mas temia pelas consequências que poderia ter criado, algo que seu pupilo tanto tentar lhe alertar, algo que um dia prometeu tentar evitar.

Infelizmente, WD Gaster sabia que mesmo assim continuaria péssimo em promessas.

Agora havia tantas fendas no tempo... O buraco se transformou em ramificações que permitiam com muito mais facilidade que algo entrasse e saísse dali. Ironicamente, ele, o que tinha feito isso, não poderia nunca mais ir para qualquer outro lugar. Havia se tornado um só com o Vazio, perdido na sua própria existência.

Mas notara que não era o único naquele estado. Claro que sua condição era única, era um indivíduo preso naquele lugar fadado a ser um eterno vigia. Entretanto, havia uma estranha lembrança presa no vazio, à imagem de alguém que se fora havia muito tempo e que por estranhas circunstâncias jamais conseguiu sair daquele loop infinito. Com sua onipresença já havia conseguido observar o fenômeno, mas era como uma espessa névoa difícil de ver o que havia logo à frente. Apenas via a distorcida imagem de um campo com flores amareladas, que nunca durava muito tempo e se desvanecia como se jamais estivesse estado ali.

Apesar de tudo, WD Gaster admitia que o Vazio era tão ou até mais surpreendente do que havia imaginado.

Em momentos raríssimos ele conseguia sair do Vazio. Assim como aquela memória, ele mesmo parecia ficar mais visível no meio de toda aquela névoa de escuridão. Quase conseguia se sentir corpóreo, e tentava se reerguer para adentrar em um dos milhões de universos diferentes de um mesmo – afinal, no meio de tantas possibilidades não sabia mais de onde originalmente havia vindo.

Mas nenhuma dessas grandiosas oportunidades ocorreu como o esperado. Com sua alma quebrando-se eternamente, estando em uma forma corpórea tornava-se muito instável. Não sentia nada, mas se via como uma massa negra e disforme, não podendo se mover de forma alguma. Para piorar, sempre estava fadado a ficar apenas em um pequeno quarto cinzento, uma espécie de barreira que isolava o erro espaço temporal que era do restante do mundo afora.

Uma vez, havia uma criança humana que lhe disse Olá. Como ela conseguiu entrar naquela sala surpreendeu WD Gaster, sua alma era única, exatamente como as lendas diziam. E aquela havia sido sua primeira conversa em muitos anos.

Pena que não pode responder de volta, muito menos avisar aquela criança sobre o perigo em que estava se metendo.

‘’É feio falar sobre alguém que está escutando. ’’

Mas todo aquele conhecimento e poder não lhe satisfaziam, sentia-se como um recipiente sem fundo onde tudo que entrava jamais o preenchia. Talvez fosse por isso que demorou menos tempo do que imaginava para se acostumar com a ideia de que ficaria ali para toda a eternidade. Completamente esquecido, como se não tivesse sido nada na vida de alguém. De certa forma, aquilo lhe tirava um enorme peso das costas, repleto de arrependimentos e memórias ruins. Já havia cometido erros demais, era a hora de dar um fim.

‘’Por favor, me esqueça. Por favor, não pense mais sobre isso. ’’


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Notas finais do capítulo

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