Le Sobriété de Pouvoir escrita por Megara


Capítulo 17
S02C07 - O jogo de quadribol


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente! Sentiram minha falta?
[CAPÍTULO BETADO 22/08/2019, @PatBlack, [u/26945/]



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Dias haviam se passado desde que a Mulher Gorda, o quadro que guardava a entrada para o Salão Comunal da Grifinória, havia sido “aterrorizada até a sagrada morte por Sirius Black” (como ela mesma dizia), mas a escola ainda não havia superado o ocorrido. Depois de dormirem por uma noite no Salão Principal, enquanto todo o castelo era revirado, tudo que os alunos conseguiam comentar era sobre o perigo que todos estavam vivendo com um assassino condenado à solta pela escola.

Não obstante, ninguém podia ignorar também que os dementadores estavam cada vez mais inconstantes depois do ataque à Mulher Gorda, certamente furiosos por terem perdido seu alvo. Apesar de muito ouvir falar sobre os tais seres, semanas haviam passadodesde o início das aulas e ela ainda não havia visto nenhum dementador, mesmo quando todos os alunos pareciam ter visto os seres assustadores, mesmo de relance. Sua curiosidade havia nascido desde que havia lido sobre os seres, mas após o ataque de Harry na viagem para a escola, ela se via cada vez mais curiosa.

Entretanto, sua curiosidade quanto aos guardas de Askaban era apenas secundária em seus pensamentos e o que mais ocupava sua mente era a preocupação com Harry. Embora dissesse a si mesma que estava exagerando e deixando a racionalidade de lado, Dahlia estava extremamente preocupada. À garota não havia passado despercebido o fato de que, após o ataque, os professores estavam sempre sutilmente encontrando motivos para acompanhar Harry pelos corredores. Mais ainda, quando a professora Minerva havia proibido o garoto de jogar.

Em um dos dias em que Gwendolyn e ela seguiam até o Salão Principal para o almoço, com a lufana tagarelando sobre qualquer assunto que Dahlia não estava se preocupando demais em ouvir, a sonserina foi puxada subitamente, e com força, até um dos corredores vazios pelos quais ambas passavam.

— Mas o que…?

— Desembucha — ordenou Gwendolyn, com uma cara irritada.

— Sobre o que, exatamente? — A loira, que não gostara nem um pouco do puxão, olhou enfezada para a amiga.

— Você, por mais distraída que seja, é sempre atenta quando estamos conversando — começou Gwen. — E não só… você e eu, sabe? Com qualquer uma das meninas, inclusive a Hermione, que até eu desligo um pouco quando ‘tá falando… Enfim… você parece que está em outra frequência esses dias, Dahlia.

— Eu… fico feliz? — a sonserina estava confusa, para dizer o mínimo.

— Em outra frequência, sabe? Como quando você está no mundo trouxa e quer ligar o rádio em uma rede AM, mas o aparelho só está configurado para redes FM? — com tal explicação, a loira apenas ficou mais confusa, o que deve ter transparecido em sua expressão, pois logo Gwendolyn se estapeou na testa, irritada. — E é por isso que eu disse à Luna que ela quem devia estar tendo essa conversa com você.

— Gwen, você nunca foi boa em rodeios. Pode ser direta comigo… — sugeriu Dahlia, mais curiosa do que qualquer outra coisa.

— Você parece muito distraída nos últimos dias, Dahlia, e a última vez que você esteve desse jeito, você quase partiu dessa pra melhor — explicou a lufana, irritada. Uma das mechas de seu cabelo cacheado fugia de seu coque bagunçado e pulava em seu rosto, fazendo a garota piscar repetidamente por causa do desconforto. Enquanto pensava sobre o que a amiga tinha dito, Dahlia tirou a mecha do rosto da garota e a encaixou novamente no montinho de cabelos a que pertencia. — Honestamente, queríamos que você não usasse episódios de quase morte para se comunicar com a gente.

— Eu acho que não é nada demais, por isso não quis preocupar vocês…

— Sabe, isso é mesma coisa que você disse no final do primeiro ano e continua sendo a mesma coisa que era antes: uma desculpa — disse Gwen, encarando a outra garota com um olhar enfezado.

— Bem… sabe quando adultos são muito superprotetores e escorregadios quando escondem alguma informação que acham que pode machucar você? — perguntou Dahlia, decidindo finalmente se abrir com toda a situação que a estava preocupando com relação ao primo. — Como quando você nos contou que seus pais demoraram dois meses para te contar que seu gatinho Panquecas havia morrido e ficaram fazendo todas as suas comidas preferidas?

— Sim, eu lembro-me disso — disse Gwen, encarando a sonserina com expectativa.

— Desde que a Mulher Gorda foi atacada, os professores estão sempre acompanhando o Harry e puxando assunto com ele, aguardando que ele entre nas salas de aula para virar as costas e ir embora… — começou Dahlia, segurando o olhar da amiga por algum tempo. — Esse Sirius Black… eu tentei puxar o assunto com o professor Snape um dia, mas ele somente me ignorou e não abriu a boca sobre o assunto, mas, bem… você o conhece. Quando tentei comentar com Madame Pince, ela me encarou com aqueles olhinhos pequenos dela e disse: “A data de entrega do seu livro é na terça-feira, senhorita”, e fingiu que não havia me ouvido. Mas, novamente, você a conhecetambém…

Gwendolyn olhou para a sonserina como se sua pele fosse da cor rosa-choque e pareceu prestes a falar algo, mas a loira rapidamente a cortou, continuando sua explicação. Se ela tinha que parecer louca, então que explicasse tudo.

— O que eu quero dizer é: eu não acho que isso seja coincidência — constatou Dahlia, firme. — Todo mundo sabe que não tem ninguém melhor do que o Harry para se envolver em uma confusão, mesmo que não seja culpa dele. E todo esse cuidado dos professores…

A garota negra abriu a boca para falar, mas Dahlia a interrompeu novamente.

— Você acha que eu sou exagerada, certo? — questionou a loira, continuando seu discurso sem pausa. — Eu sei que posso ser superprotetora também, mas não parece certo. Esse tipo de coisa é tudo menos coincidência e…

— Dahlia! — exclamou Gwendolyn, segurando as mãos da outra garota e impedindo-a de continuar beliscando os dedos, como fazia quando estava nervosa. — Eu não acho que você esteja exagerando.

— Não? — perguntou Dahlia, esperançosa. — Quer dizer, parece meio loucura…

— Querida, você sabe por que Sirius Black foi preso? — perguntou Gwen, olhando a sonserina com certo cuidado.

— Não.Afinal, todos a quem eu pergunto se fazem de sonsos! — exclamou a garota loira, jogando os braços para cima em frustração. — Não encontrei nenhum jornal na biblioteca sobre isso e olha que Madame Pince guarda uns jornais da década de cinquenta naquele lugar…

— Ninguém comenta sobre, especialmente nas famílias puro-sangue, sabe? — começou Gwen, já puxando a amiga para esconderem-se ainda mais no canto do corredor em que estavam. — Na época, foi um escândalo, porque, por mais que Você-Sabe-Quem tivesse muitos apoiadores nas Grandes Famílias, ainda foi uma vergonha quando tanta gente foi presa por compactuar com todas as atrocidades que ele cometeu…

— Você-Sabe-Quem? Sirius Black era um Comensal da Morte? — perguntou Dahlia, surpresa. É claro que ela lera em um livro ou outro sobre os apoiadores do bruxo das trevas e como eles se intitulavam de “comensais da morte”, como um grupo seleto de escola, mas em nível maior e mais cruel.

— Ele foi O comensal, Dahlia — afirmou Gwendolyn, diminuindo a voz. Normalmente, a sonserina faria joça do fato e diria algo relacionado à “efeito dramático”, mas as próximas palavras da lufana roubaram o ar dos pulmões da Dursley. — Meus pais disseram que foi Sirius Black que entregou os Potters à Você-Sabe-Quem.

[...]

— Dahlia, Dahlia! — interrompeu Harry, apressado. — É claro que eu sei que Sirius Black está querendo me pegar!

Depois de ouvir uma confirmação de Gwendolyn quanto às suas piores preocupações, Dahlia não perdeu tempo e logo puxou sua amiga para conversar diretamente com Harry. Elas o encontraram a meio caminho do Salão Principal, com Ron Weasley em seu encalço. O ruivo havia saído com a desculpa de se encontrar com Hermione (embora todos pudessem ouvir seu estômago roncando). Agora, depois de dizer ao Potter que Sirius Black estava à procura especificamente dele, a garota não conseguia acreditar em seus ouvidos.

Beliscando com força um dos braços do primo, ela exclamou:

— E você não pensou em me contar?

— Ai, ai! — o garoto exclamou de dor, fugindo do alcance da prima. — O Sr. Weasley já me alertou a tempos sobre isso, eu sei que devo ser cuidadoso. Ele é um comensal da morte, Florence! É claro que iria querer me pegar...

— Como você fica sabendo de algo tão importante e não me conta, seu boçal? — perguntou Dahlia, com sangue borbulhando em suas veias. — Agora, ao invés de te proteger, eu quero amassar seu rostinho na parede.

— Desculpe…? — disse Harry, com um sorrisinho no rosto. — Eu te amo também, Flor. Vem aqui.

Dahlia permitiu que o grifinório a puxasse para um abraço apertado, mas sua preocupação e irritação voltadas ao garoto não diminuíram nem um pouco. Com o coração apertado e sentindo que algo que ela não estava vendo estava escapando por entre seus dedos, ela pediu:

— Me prometa que você vai ser cuidadoso.

Segurando o dedo mindinho dela com o seu, ele respondeu com um sorriso: — Sempre.

Os três logo saíram do corredor vazio para enfim prosseguir para o almoço, com Dahlia agradecendo Gwendolyn pela ajuda que recebera da amiga. Porém, mesmo com o que parecia a resolução de um problema, a ansiedade de Dahlia não havia diminuído nem um pouco. Mas, pensou ela, tentando ser mais racional, deve ser por ter um assassino louco caçando o Harry, com certeza.

Harry seguiu para a mesa da Grifinória para se encontrar com Hermione e Ron, enquanto a sonserina e a lufana seguiram para se encontrarem com Ginny e Luna, que estavam sentadas juntas àmesa da Corvinal. O mar de azul e bronze se abriu para receber as duas garotas, embora estas não fossem de sua própria casa. No fundo de sua mente, Dahlia encontrou um lugar para anotar o quão engraçado era o fato de que os alunos de todas as casas haviam se acostumado com o quarteto de amigas que sempre se sentavam juntas (mesmo a sonserina, que fora tão resistente no início).

A preocupação com Harry fez a garota prestar pouca atenção quando Gwendolyn detalhava o motivo pelo qual a sonserina estava tão fora do ar ultimamente. Foi, novamente, de forma distraída que a garota puxou um guardanapo e encheu com algumas tortinhas recheadas com muito frango para darao cachorro que havia conhecido dias antes.

[...]

Nos dias seguintes, toda a escola foi tomada pelo furor do início da temporada de Quadribol e, sem despertar muita surpresa na garota, Oliver Wood havia se fixado ao lado da sonserina como se fosse supercola. A garota obedientemente havia informado ao grifinório todos os seus horários livres da semana e, como consequência, ela parecia tê-lo colado ao seu quadril em quase todos os momentos, exceto em suas aulas.

Apesar da irritação gerada pelo excesso de Wood, Dahlia continuava encontrando o garoto na biblioteca nos horários programados pelos dois para discutirem a estratégia da Grifinória nos jogos, mas, enquanto ela permanecera fiel à sua palavra, ele parecia não lembrar muito bem o que prometera à ela.

A sexta-feira anterior ao jogo da Grifinória versus Lufa-lufa atingira o pico para a Dursley e, ao final do encontro dos dois, antes que Oliver pudesse deslizar sorrateiro pelas estantes da biblioteca, como sempre fazia, ela o agarrou pelo braço com força e o empurrou de volta para a mesa em que se sentaram.

— Você também acha que precisamos discutir mais sobre Diggory? — perguntou Oliver, suspirando aliviado. Não esperando uma resposta da garota, ele continuou: — Precisamos trabalhar com a perspectiva que ele apanhe o pomo de ouro antes do Harry. Precisamos fazer mais pontos antes do...

— Wood, ainda estou aguardando você me entregar o grimório que me prometeu... — interrompeu Dahlia, com o tom de voz baixo, como sempre conversavam, mas inegavelmente irritada. — E estou perdendo rapidamente a paciência.

— Eu já te disse, Dahlia — respondeu Wood, exasperadamente, passando as duas mãos pelo rosto. — Minha mãe está viajando a trabalho, não pode me enviar o livro ainda.

A exasperação do garoto não somente enfureceu mais a garota, como também a fez perceber que ele estava repetindo o gesto que sempre fazia quando ela lhe perguntava sobre a pessoa que ele estava saindo; o capitão do time da Grifinória estava mentindo para ela.

— Pode começar a falar a verdade — ela sibilou, furiosa. — E rápido.

— Do que você está falando? — questionou Wood, mais alto do que ela gostaria de ouvir.

Levantando a cabeça mais alto do que o normal e se virando para a frente da biblioteca, ela percorreu o olhar pelo lugar, tentando verificar se alguém havia ouvido o garoto. Em uma das mesas perto de Madame Pince, sua colega de quarto, Marjorie, estava sentada lendo um livro que parecia ser a bibliografia básica de Poções, indicado pelo professor Snape, enquanto anotava algumas coisas em um pedaço de pergaminho. Aliviada, Dahlia se voltou novamente para Oliver:

— Se você não diminuir o tom de voz, todos vão saber do nosso pequeno acordo e eu irei me tornar uma pária na Sonserina — disse Dahlia, acalmando-se levemente ao sentir um arrepio na espinha ao pensar naquela possibilidade. — Juro por Deus, se isso acontecer, eu vou entregar todos os seus órgãos ao Snape como oferenda para poções.

— Bruxos supostamente deviam jurar à Merlin ou Morgana, meu bem — atiçou ele com um sorriso matreiro. Apesar da brincadeira, Dahlia não sorriu. — Tudo bem, tudo bem. Eu autorizo você a me usar como ingrediente. Feliz?

— Não. Você não me disse por que diabos ainda não me entregou o grimório — respondeu a sonserina, levantando uma de suas sobrancelhas. — E não adianta me enrolar com conversa fiada, Wood. Como diria Gwendolyn: “desembucha”.

De nervosismo, o jogador voltou a percorrer os dedos pelo cabelo enquanto olhava a loira nos olhos, claramente procurando alguma saída. Ela segurou o olhar com ferocidade, tentando imitar o que Tuppence, outra de suas colegas de quarto, fazia com frequência: intimidar as pessoas até que elas fizessem o que ela queria.

— Tá bem — concordou ele, voltando a chegar perto da garota para sussurrar: — Eu cheguei a comentar com minha mãe sobre o grimório, mas ela disse que, pelo que ela sabia, minha avó havia sido enterrada com ele...

De tanta surpresa, Dahlia nem mesmo reagiu ao que o garoto havia dito, mas ele logo continuou o que dizia, sem esperar uma reação por parte dela:

— Mas minha avó foi enterrada em um dos mausoléus da família, perto da minha casa — disse o garoto, bem baixo. — Se não se importar com o atraso, posso te entregar depois do recesso de Natal...

— Você vai... quer dizer, sua mãe... — Dahlia tentou formular uma frase decente por duas vezes, antes de fechar a boca por alguns segundos e se concentrar no que diria. — Que diabos, garoto!

— Ouch! O que foi, menina? — questionou Harry, quando a garota lhe deu um beliscão no braço.

— Você vai abrir o túmulo da sua avó pra pegar a porcaria do livro, Wood? — perguntou Dahlia, mais chocada do que qualquer outra coisa. — Isso é extremamente desrespeitoso.Eu não acredito que você vai fazer isso!

— Eu não! — exclamou o grifinório, com um sorriso ordinário no rosto. — Eu vou pedir ao caseiro para pegar para mim.

Balançando a cabeça para os dois lados em descrença, a garota murmurou a palavra “inacreditável” enquanto se levantava da mesa e saía da biblioteca, deixando o grifinório sozinho na mesa.

[...]

Se a escola estava em pólvora por causa da expectativa dos jogos, quando, finalmente, chegou o dia do jogo da Grifinória versus Lufa-lufa, todos estavam pegando fogo. Mesmo com o frio congelando os ossos e a chuva quase cortando a pele, todos estavam se alinhando obedientemente para as arquibancadas de jogo.

Bem... quase obedientemente.

— Eu não acredito que essa porcaria de jogo não foi cancelada por causa da chuva, honestamente. — Dahlia não estava feliz. Nem um pouco. Ela sempre tinha a temperatura corporal baixa e raramente sentia frio, mas naquele dia sua habilidade de regulação de temperatura estava sendo posta à prova. Seu corpo tremia incessantemente e ela não conseguia mais sentir os dedos das mãos, seus pés também nadavam em água, como se os sapatos fossem pequenas piscinas. Luna, que estava agarrada firmemente ao seu braço direito, também tremia como vara verde.

— Que diabos você está dizendo? —vociferou Ginny, que estava tão nervosa de expectativa com o jogo que quase beirava à agressividade. — Nada de cancelar, vamos lavar o chão com os narizinhos dos jogadores da Lufa-lufa.

Dahlia e Luna se entreolharam, revirando os olhos, e esperaram pela briga que certamente viria.

— Que é que você está dizendo, hein?—questionou Gwendolyn, cutucando Ginny firmemente no peito. — São nossos jogadores que vão usar os seus de esfregão nessa lama, cabeça de fogo.

A sonserina e a corvina empurraram as duas levemente para que continuassem a andar e não parassem a fila de alunos que se acomodavam nas arquibancadas. Desde que a notícia que o primeiro jogo da temporada seria Grifinória versus Lufa-lufa, Ginny e Gwen estavam intragáveis, para se dizer o mínimo. As duas adoravam o jogo bruxo com uma intensidade assustadora e eram extremamente competitivas, o que as fazia brigarem sempre que o assunto surgia.

— Harry vai agarrar o pomo bem antes daquele seu Diggory mão-mole, escute o que eu estou dizendo — afirmou Ginny, com o rosto um pouco vermelho, mesmo com a intensidade do frio.— Certo, Dahlia?

— Não me enfia nesse meio, eu não sei de nada — respondeu Dahlia, segurando o guarda-chuva, que dividia com Luna, com mais força. Seus olhos procuraram Oliver na bagunça de lama e jogadores no chão, mas só viram um borrão não-identificável. Suspirando, ela apertou o braço de Luna que estava junto ao seu.

— O seu apanhador é bom, mas o nosso é bem melhor. Admita, Weasley — disse Gwen, encarando a ruiva intensamente. — Diggory vai fazer o Potter engolir lama hoje.

—Hey! Ele ainda é meu primo! —exclamou Dahlia, mais brincando do que com qualquer indignação real.

Gwendolyn parecia que iria retrucar Dahlia, porém aquele foi o momento em que todos pareceram voltar a atenção ao gramado do campo, onde, agora, quase se dava para distinguir que os jogadores haviam se dividido no ar com os dois times, com um pontinho ensopado, que devia ser Madame Hooch, no meio. Toda a arquibancada pareceu segurar o ar por um momento e, então, o som agudo e distante do apito preencheu o campo.

Dahlia esperava sentir o tédio usual relacionado às partidas de quadribol, mas a verdade é que a visão dos jogadores sendo empurrados pelo vento forte fazia seu estômago queimar de ansiedade e medo. Diversas vezes, o ponto que ela identificava ser Harry era arrastado pela ventania e por duas vezes ela o vira ser quase derrubado por um balaço errante.

O medo e frio a impediam de perder a noção de tempo, como parecia acontecer com suas amigas ao seu redor. Luna continuava bem agarrada ao seu braço e a garota tremia mais a cada minuto, embora continuasse seguindo os jogadores incessantemente. Ginny e Gwendolyn tiveram o guarda-chuva, que compartilhavam, roubado pelo vento e, por isso, haviam se agarrado no guarda-corpo da arquibancada e conversavam sobre o jogo aos gritos, que ninguém mais além das duas conseguia ouvir, por causa do barulho da tempestade.

— Ele nunca vai conseguir pegar o pomo com os óculos encharcados e aquela visão horrível — gritou Dahlia, perto do ouvido de Luna. A corvina, que tinha os lábios quase roxos de frio, apontou para Hermione, que vinha empurrando os alunos debaixo da chuva até chegar ao lado de Dahlia.

— Dahlia! —exclamou a grifinória, agarrando o braço da Dursley com um aperto de ferro. — Harry não vai conseguir agarrar o pomo com aqueles óculos! Você faz aulas extras com o Flitwick, certo? Lembra de alguma coisa que possa ajudar?

A sonserina quase foi tola o suficiente para berrar o feitiço que sabia por cima do vento, quando todos podiam notá-la fazendo algo que claramente beneficiaria o time da Grifinória, apesar de que esta fosse a casa rival de sua própria. Não querendo ser assada viva, pelos colegas de casa, ela balançou a cabeça de um lado para o outro e gritou:

— Não sei, desculpe! — Assim que sua boca se fechou, ela rapidamente movimentou sua boca para formar o feitiço que ela sabia que poderia repelir a água dos óculos de Harry. A palavra “impervious” não fez um som sair da boca de Dahlia, mas ela viu o entendimento nos olhos de Hermione, o que foi o suficiente para a sonserina.

— Não tem problema! —gritou Granger, fazendo-se ouvir por cima do vento.— Eu acho que me lembrei.

A garota saiu correndo pela arquibancada, novamente empurrando todos no caminho e ganhando alguns protestos indignados. Dahlia observou com atenção quando Hermione chegou aocampo, quase ao mesmo tempo em que todos os jogadores da Grifinória se juntavam em um montinho no chão. A garota, que parecia uma anã pela distância e comparação com os grifinórios, logo se enfiou no meio do time, ficando lá por pelo menos cinco minutos, antes de sair correndo novamente em direção à arquibancada.

— Você tem que tomar cuidado com isso, Dahlia — disse Luna perto do ouvido da sonserina, com a voz mais baixa que os gritos que estavam compartilhando, mas alta o suficiente para se fazer ouvir por cima da chuva. — Se o pessoal da sua casa descobre que ajudou a Grifinória, você vai tomar veneno de café da manhã.

O aviso de Luna fez um arrepio de medo subir pela coluna da Dursley, mas ela apenas acenou em concordância, sem a mínima vontade de desenvolver aquele campo de assunto perigoso. Ela se voltou para o jogo com sofreguidão, ignorando que o olhar de Luna pesou em cima de si por mais alguns minutos, que pareceram uma eternidade. Suspirando, a sonserina voltou sua total atenção para o jogo novamente.

Com o céu quase preto, como se a noite houvesse chegado horas mais cedo, Dahlia podia distinguir pouquíssima coisa do jogo, mas ela notava que a partida estava ficando mais perigosa a cada minuto e estava rezando para que alguém, qualquer um, pegasse logo o pomo de ouro para que aquilo tudo acabasse de uma vez.

O sexto sentido da Dursley estava deixando a garota mais ansiosa do que antes, fazendo-abalançar de um lado para o outro, mesmo agarrada no braço de Luna. Sentindo uma antecipação na espinha, a garota se virou para as costas da arquibancada. Algo bem mais escuro que as capas dos estudantes e multo alto se esgueirava pelos lados do pódio, arrastando-se preguiçosamente em direção aos jogadores.

Um dos vultos, o que estava mais próximo das garotas, pareceu se viram inteiramente na direção da sonserina, soltando um som arrepiante, como unhas afiadas sobre um quadro de giz. Dahlia abriu a boca, aterrorizada, mas parecia que ninguém mais podia ouvir o som. O dementador não permaneceu por muito tempo ao seu lado, afastando-se rapidamente em direção ao que parecia ser seu objetivo principal.

Dahlia conscientemente abriu a boca para gritar um aviso, mas não ouviu nada passar pelos seus lábios. Muda, ela observou os dementadores se afastarem da arquibancada com uma velocidade inumana, em direção ao seu primo. Pior do que Hermione havia feito anteriormente, a garota quase voou pela arquibancada, empurrando quem estivesse em seu caminho.

Com um tremor de pânico, ela observou Harry amolecer na vassoura e cair. O medo que a garota sentia pareceu diminuir o tempo, pois o apanhador do time da Grifinória parecia cair quase lentamente em direção ao chão. A garota não ouviu a excitação dos alunos com os dementadores e nem mesmo o choque com a queda de Harry, tamanha era sua pressa para chegar logo ao chão. Quando ela finalmente chegou ao gramado do campo, Harry ainda não havia descido completamente e a garota percebeu que a desaceleração da queda do primo não fora aparente, e sim causada por Dumbledore, que também havia espantado os dementadores.

Apesar do peito doendo por falta de fôlego e das pernas trêmulas, a Dursley voltou a correr na direção de seu primo, que começava a ser rodeado por jogadores do seu time. Com o canto dos olhos, ela viu um cão, que conhecia bem, desaparecer por entre as sombras da noite.


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Notas finais do capítulo

Beijinhos, menines! O próximo vai sair rapidinho, porque já está pronto ;)



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