Le Sobriété de Pouvoir escrita por Megara


Capítulo 15
S02C05 - Oliver


Notas iniciais do capítulo

iai, menines?
tudo bom com vocês?
hope yall like it

[CAPÍTULO BETADO 22/08/2019, @PatBlack, [u/26945/]



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Poucos dias depois da primeira aula de Defesa Contra as Artes das Trevas, Dahlia já estava emocionalmente saturada. A garota não aguentava mais ouvir sobre a matéria favorita de Gwendolyn e Ginny, que pareciam simplesmente extasiadas com a perspectiva de um combate.

Da mesma forma que Dahlia adorava Poções e História da Magia, suas amigas, à exceção de Luna, que preferia Feitiços, pareciam endeusar DCAT com um entusiasmo que não demonstraram anteriormente à nenhuma outra matéria. A Dursley não duvidava que teria que competir com as duas garotas naquela aula, embora somente pensasse sobre isso em segredo.

Embora Ginny e Gwendolyn fossem um dos motivos da estafa de Dahlia, não era o principal. A garota não conseguia mais ignorar o Prof. Snape sem se sentir extremamente culpada; o homem havia aberto uma exceção para a sonserina ao lhe dar aulas extras e demonstrava certa afeição a ela. Agora, ela retribuía com descaso.

— Você tinha seus motivos, sabe... — expôs Gwendolyn quando a sonserina externou seus sentimentos de culpa para a amiga; Ginny e Luna tinham Feitiços àquele horário.

— Mas eu nunca disse nada sobre nenhum deles ao Prof. Snape, Gwen — disse Dahlia, suspirando. — Eu vou ter que pedir perdão para ele.

— Por mim, você poderia morrer sem... — começou a lufana, mas se interrompeu no meio da frase. — Eu aprovaria seu silêncio eterno com o morcegão, mas acabei de me lembrar como ele está rivalizando com o demônio nas aulas; nunca esteve pior antes.

— Ah, notei — respondeu a Dursley, infeliz. —Todos estão comentando.

— E quanto às suas aulas extras com ele? — a pergunta da amiga fez o estômago de Dahlia se revirar. Agora que a raiva havia passada, nada restara a ela, exceto o arrependimento. Antes de responder Gwendolyn, a sonserina desviou os olhos para o chão e sussurrou:

— Você sabe... eu as perdi.

Gwendolyn podia ser considerada a mais brincalhona e talvez bruta do quarteto de amigas de Dahlia, mas, muitas vezes, ela conseguia ser mais empática do que Luna. A lufana sorriu consternada e abraçou a Dursley de lado.

— Faça-nos o favor de resolver sua vida logo com o Seboso — falou Gwen, bagunçado os cabelos louros da amiga. — Ele te adora tanto que duvido que vai te castigar por muito tempo.

Dahlia revirou os olhos ante o apelido que a garota havia aprendido com os gêmeos Weasley, mas concordou com a resolução, as mãos suando de nervosismo ante o pensamento de ter que ir até Snape com aquele assunto.

Apesar disso, logo outubro chegou e a loira ainda permanecia na mesma situação. Suas aulas extras de Feitiços, Transfiguração e História da Magia corriam às mil maravilhas, mas a garota se acovardava todas as vezes que tentava falar com Snape.

[...]

Naquele mês, a escola foi tomada pelo furor da Temporada de Quadribol. O primo de Dahlia, o garoto de ouro, não poderia estar mais empolgado, seguido de toda a equipe da Grifinória.

Era quarta-feira quando acontecera algo inédito. Dahlia estava sentada ao lado do Trio de Ouro,à mesa da Grifinória, ouvindo com interesse Harry falar sobre o esporte que amava. Embora não pensasse em jogar, a dinâmica das regras e do jogo interessou a sonserina, que ouvia o primo falar com entusiasmo. Ginny, que chegara de seu Salão Comunal afobada, somente ficara calada até perceber o assunto que Potter tratava. Agora, Dahlia era mera espectadora da conversa dos dois grifinórios.

Bonjour, amigos — cumprimentou Gwen, que tinha o rosto amassado de um dos lados e o cabelo mais armado que nunca.

— Gwen, você não devia ter ficado tanto tempo acordada lendo — constatou Luna, olhando a amiga com uma sobrancelha levantada.

A francesa deu de ombros, e sentou ao lado da corvina, apoiando o rosto no ombro da garota e fechando os olhos com cuidado. Harry estava em um monólogo sobre a posição que ocupava no quadribol, por isso Gwen mal lhe dispersou muita atenção. Bem... até ouvir Ginny lhe responder.

A garota lufana levantou o rosto, de onde descansava, com rapidez, encarando os dois grifinórios com malícia.

— Ora, ora... — disse a lufana, perdendo alguns traços do sono que antes carregava. — Perdeu a vergonha, cara amiga?

Ginny respondeu com um sorriso de escárnio e jogou uma uva na cara de Gwendolyn. Harry apenas permaneceu com uma expressão de dúvida divertida.

— Sobre o que está falando, Gwendolyn? — questionou Harry.

— Dahlia, você já conversou com Snape? — perguntou Luna, mudando drasticamente o assunto e ignorando o garoto.

— Hum! — resmungou a garota, levantando-se e pegando seus materiais. — Não, ainda não, mas não quero falar sobre isso. Devíamos ir para a aula.

Luna, que era quem tinha aula com a sonserina no primeiro tempo, revirou os olhos e foi atrás da amiga, comentando:

— Péssima em desviar de assunto.

[...]

            Naquele dia, Dahlia tinha se programado para passar sua tarde estudando e atualizando deveres. Quando ela entrou na biblioteca, deu de cara com Madame Pince. A bibliotecária estava do mesmo jeito de sempre: velha e rabugenta.

— Boa tarde, Madame Pince! — cumprimentou Dahlia, sorrindo.

— Você sabe que tem que devolver seu livro hoje, certo? — A bibliotecária nunca lhe respondia, mas Dahlia adorava irritá-la.

— Sabe... — começou Dahlia, iniciando uma cena. — Eu acredito que tenha esquecido esse livro, tive tantas aulas hoje...

A garota desviou os olhos da mochila, que abrira para fingir surpresa, a fim de observar a funcionária de Hogwarts. À medida que a sonserina rodava seus objetos, e nenhum livro saía da mochila, Madame Pince bufava e batia as enormes unhas em sua mesa de forma impaciente.

— Volte ao seu dormitório para buscar o livro, garota! — ordenou a mulher, suas narinas tão infladas que Dahlia teve vontade de começar a rir instantaneamente.

A sonserina, sorrindo maldosamente, enfiou uma das mãos em sua bolsa e, sem mesmo olhar, retirou o exemplar de “Quadribol Através dos Séculos” que estava em sua posse.

— Acho que eu me enganei, senhora — falou a Dursley, fingindo uma doçura que não lhe era característica.

Dahlia nunca vira alguém arreganhar tanto os dentes quanto naquela hora. Por isso, ela entregou o livro à mulher, assinou o recibo de devolução e saiu em direção às mesas tão rápido quanto podia.

— Boa, garota! — disse uma voz feminina conhecida, sentada em uma das mesas. Quando a sonserina se virou, deparou-se com suas quatro colegas de quarto, sentadas juntas em uma das mesas quadradas do lugar. Quem tinha falado era Foxes.

Dahlia não tinha muito contato com as colegas de casa, por causa disso, ela sempre conseguia se esquecer o quão bonitas aquelas garotas eram. Annelise Keaton, Tuppence d’Mira, FoxesGail e Marjory O’Hare.

Annelise Keaton era uma garota de pele cor de caramelo, que raramente sorria, mas era muito amigável. Ela tinha cabelos quase lisos, mas que se enrolavam em grandes cachos quase no final do comprimento. Seu sorriso era, normalmente, ferino e ela tinha uma língua afiada, mas fora a garota mais simpática com Dahlia quando esta entrara na Sonserina.

Tuppence d’Mira era muito loira e tinha a pele claríssima, quase transparente, e Dahlia nunca a vira sorrindo. Ela nunca tinha trocado mais de duas palavras com a nascida-trouxa, mas nunca fora nada mais que polida. Apesar de sua polidez, Tuppence fazia parte do grupo purista de alunos da Sonserina; Dahlia mal sabia como ela se tornara amiga de Annelise, que era mestiça.

FoxesGail era o alvo de muitas paixonites da Corvinal, Dahlia sabia muito bem. Ela era, sem sombra de dúvidas, a mais bonita das quatro garotas. Seus cabelos muito cacheados e armados a faziam parecer um leão perigoso, mas toda a pompa era, usualmente, desfeita quando ela fazia troça com alguma piada de humor negro. Sua pele muito escura e livre de qualquer defeito dava vazão aos suspiros que arrancava.

Dahlia tinha muitas palavras para descrever Marjorie O’Hare. Ela era impactante, para dizer o mínimo. Não era tão branca quanto Tuppence, mas seus cabelos louros claros e milimetricamente arrumados faziam Dahlia se sentir envergonhada com suas madeixas desgrenhadas. Seu olhar fazia qualquer um prestar atenção ao que ela falava instantaneamente e seu poder de manipulação fazia Dahlia a temer como ninguém mais na Sonserina, mesmo qualquer um dos integrantes do grupo purista.

As quatro garotas estavam isoladas do resto dos alunos, como todos os sonserinos normalmente ficavam, mas observavam Dahlia atentamente, à medida que ela se afastava da bancada da bibliotecária. A Dursley apenas sorriu para as colegas de dormitório e se sentou quase nas últimas carteiras do lugar.

A nascida-trouxa mal havia retirado seu material da mochila quando duas mãos grandes e calosas lhe tiraram a visão. Ela podia sentir um leve cheiro que lhe era familiar, parecido com o que sentia quando Harry estava com sua vassoura.

— Sentiu minha falta, garota? — Dahlia conhecia aquela voz, felizmente.

Quando as duas mãos deixaram seus olhos, a sonserina sorriu enquanto observava Oliver Wood atentamente. O capitão do time da Grifinória era um garoto alto e esguioque sorria muito facilmente. Seu cabelo curto e castanho cheiroso, somado à covinha que sempre acompanhava seu sorriso, faziam-no se tornar notável por onde passasse.

— Wood, achei que tinha esquecido da minha existência — comentou Dahlia, mordaz.

— Você me entristece com uma afirmação dessa, meu amor — respondeu o grifinório, ainda sorrindo. Com suas vestes desarrumadas, o garoto puxou uma das cadeiras ao lado da loira e largou sua mochila, que estivera pendurada em um dos ombros, no chão perto de si.

— Sim, sim. Claro que acredito em você... — falou Dahlia, revirando os olhos com impaciência e empurrando os pés que Oliver havia colocado em cima da mesa. Madame Pince os encaravairritada e, depois de haver apertado os botões da mulher naquele mesmo dia, a sonserina não queria arriscar puxar mais ainda o fio de sua paciência. — O que você precisa?

— Por que acha que eu preciso de algo? — questionou Oliver, levantando uma das sobrancelhas para a garota e sorrindo de lado.

— Bem... da última vez que conversamos, você estava com problemas amorosos... — Dahlia observou com cautela a forma na qual o garoto cuidadosamente permaneceu com exatamente a mesma expressão e não a olhou nos olhos. — Que eu acredito que não estejam muito... certos ainda. Correto?

— Meu amor é duro comigo, querida — respondeu Oliver, sorrindo ferino. — Mas minha situação com certo ruivo não é o pleito aqui.

A Dursley fez uma lista mental de todos os ruivos que Hogwarts abrigava, antes de perguntar, cuidadosamente: — Não?

— Não — respondeu Wood. — A questão é que nem mesmo você conseguiria me ajudar com todo o trabalho que tenho.

— Transfiguração? — perguntou Dahlia, sabendo que aquela era a matéria na qual Oliver mais pecava.

— Para sua surpresa, cara cobra, eu sou um dos melhores alunos de McGonagall do meu ano agora. Me esforcei bastante para conseguir isso e tive muita ajuda, mas agora acredito que poderia até mesmo ajudar outra pessoa com a matéria.

— Deve ter sido uma ajuda e tanto, já que você mal conseguia tirar a cabeça do quadribol quando eu tentei lhe ensinar — ironizou Dahlia, cutucando o garoto com um dos dedos.

— Depois de muita chantagem emocional, e algumas ameaças, creio que obtive muito sucesso em aprender a matéria — respondeu Oliver, coçando o queixo com uma das mãos e a olhando.

O capitão do time da Grifinória não disse nada por um longo tempo, o que acabou por irritar a garota.

— Cuspa logo o que quer, garoto! — exclamou Dahlia.

Ele apenas deu de ombros, e deitou a cabeça no encosto da cadeira, fechando os olhos. A sonserina estranhara o comportamento, mas decidira esperar que Oliver estivesse confortável o suficiente para falar o que queria. Ela apenas pegou um de seus pergaminhos e começou a corrigir sua redação de História da Magia.

— O time está afundado na merda esse ano, garota — suspirou Oliver. Dahlia desviou sua atenção da redação e se voltou para o garoto, mas ele olhava as árvores aparentes em uma das janelas.

— O que você quer dizer? — perguntou a loira, levantando uma das sobrancelhas.

— Quero dizer que o seu time tem as melhores vassouras do ano — respondeu Wood, irritado. — O maldito Malfoy comprou vassouras para todos, sem exceção. Não temos chance!

— Você devia estar investindo em estratégia, não se lamuriando — retrucou a garota — E não é meu time, Wood.

— Sim, é seu time — alfinetou o grifinório, cutucando o brasão verde e prata do uniforme da garota.

— Eu não dou a mínima para esse jogo estúpido e perigoso — afirmou Dahlia, dando de ombros. — Mas que Ginny não me ouça falar isso...

Wood sorriu com escárnio e escorregou em sua cadeira, colocando as duas mãos atrás da cabeça e fechando novamente os olhos.

— Por que está aqui, Wood? — perguntou Dahlia, batendo os dedos na mesa, impaciente.

— Por quê? Não posso desfrutar de um dia calmo na biblioteca para pensar em como resolver meu problema?

— Poderia... se não houvesse sentado na minha mesa para contar desse tal problema e não houvesse ido embora até o momento. Acha que eu sou idiota? — demandou Dahlia, não conseguindo nenhuma resposta de pronto. Irritada, a garota arrumou seus pertences e se levantou. — Passar bem, querido.

— Espere — em tom baixo, pediu o garoto. Ela parou de se retirar da biblioteca, mas não se sentou novamente à mesa. — Quero sua ajuda.

— Minha ajuda? — questionou a sonserina, sentindo uma pulga atrás da orelha.

— Eu sei que você se interessa pelo esporte, mas faz esse joguinho de intelectual que não se importa com isso — respondeu Oliver, fazendo o sangue da garota ferver.

— Eu tenho medo de altura, seu boçal — vociferou a loira, controlando a vontade de esganá-lo.

— Se não pelo jogo, então se interessa pela tática— replicou Wood.

Ele era esperto, Dahlia sabia. Ela podia apostar que ele havia notado os dias que ficara com o “Quadribol através dos séculos” e juntara os pontinhos.

— Tudo bem, eu entendo de tática e estratégia — Dahlia retorquiu, sentando-se novamente e colocando seus pertences sobre a mesa. — E o que tem a ver?

— Você mesma disse, eu tenho que focar em estratégia — disse o jogador de quadribol, sorrindo como se houvesse encontrado ouro ao fim do arco-íris. — Porém, acredito piamente que não poderia armar um circo tão bem quanto a senhorita. Com sua mente trabalhando junto à minha, poderíamos ganhar o campeonato mesmo com as piores vassouras.

— Isso parece exigir o tempo de dedicação que eu não tenho, Oliver — respondeu a garota, lembrando-se também que estaria armando contra a própria casa. — E não posso lhe ajudar contra a Sonserina. Não me importo muito com esse jogo, mas não quero ser queimada na fogueira por meus colegas de casa...

— Eu posso ter algo que você almeja...

— Sinto muito, mas não acredito que você tenha nada que possa me interessar a esse ponto.

— Talvez eu tenha — sussurrou Oliver, levantando-se e jogando as coisas dele e as delas em seus ombros, uma mochila de cada lado. — Siga-me, senõrita.

— Você não sabe falar espanhol, Wood — disse Dahlia, suspirando em descontentamento, mas seguindo o garoto pela biblioteca.

Enquanto os dois contornavam as mesas, e seguiam para os recantos mais afastados da biblioteca, Dahlia sentiu um calafrio no pescoço e se virou, observando os olhos de Marjorie colados em si.

As outras três garotas haviam sumido e restava apenas a loira sentada àquela mesa. Dahlia, por um momento, perguntou-se onde estariam suas amigas, mas Oliver a puxou adiante sem que ela pensasse muito sobre o assunto.

Os dois andaram por algumas prateleiras até pararem em uma iluminada pela claridade do sol e mais limpa que as outras estantes. O imaginário da garota esperava um lugar ermo e que não mostrasse sinais de visitas recentes, algo diferente daquilo que ela via, como não viu nada daquilo, esperou que o garoto se pronunciasse.

Ele parecia estar procurando algo pelas prateleiras, mas não permaneceu dessa forma por muito mais tempo, puxando um livro grande e leve dentre os demais. Ele abriu o índice e o mostrou à sonserina.

— O que diabos é isso, garoto? — demandou Dahlia.

— Este é o indicador das maiores bruxas da história— respondeu Oliver, sorrindo jocosamente. — E repare bem no gênero da palavra: “bruxas”.

— E daí que são mulheres, idiota? — perguntou Dahlia.

— Às vezes me esqueço que foi criada por trouxas, querida — disse o garoto, sentando-se no chão e apoiando o livro nas pernas. — Sente-se.

Ela tinha vontade de agarrar sua bolsa e sair daquele lugar, mas sua curiosidade a fez ajeitar a postura e se sentar ao lado do grifinório com cuidado.

— Muitas famílias da atualidade são patriarcais, especialmente as puro-sangue, porém, antes mesmo da fundação de Hogwarts, uma boa parte dessas famílias eram matriarcais. — Dahlia ouvia com atenção, mas Oliver não era o melhor contador de histórias que ela conhecia. — Enfim, mulheres no comando, e tudo mais, essa história toda você pesquisa depois. A moral da história é que existiam oscovens, que eram, surpresa, também comandados por senõritas como você. As líderes desses covens mantinham grimórios detalhados com magias, poções, relatos de suas reuniões...

— Sim, sim — disse Dahlia ansiosa quando o garoto deu uma pausa dramática, desnecessáriaao ver da garota.

— Somente as bruxas dos covens tinham a habilidade de ler esses grimórios e aprender sobre o que diziam, o que os tornavam inúteis para quase todos...

— Se vai me oferecer alguma coisa relacionada à algum grimório, é inútil, então — disse ela, impaciente.

— Me deixe terminar, garota — disse Wood, revirando os olhos — Somente as bruxas e as mulheres trouxas podiam ler os grimórios: as bruxas, porque os aprendiam e liam;e as trouxas, porque eram essas que os escreviam. Não sei bem porque as trouxas participavam disso, vai ter que pesquisar isso também...

— Por que diabos isso iria me ajudar, imbecil? — exclamou Dahlia extremamente irritada. — Não sei se notou, mas eu sou uma bruxa que não pertence a nenhum covem.

— Eu sei disso, mas naquela época, a sociedade bruxa renegava ainda mais firmemente os nascidos-trouxas do que hoje. Talvez as bruxas incluíssem as garotas nascidas-trouxas nesse meio das “sem-magia”...

— Oliver, você é um péssimo negociante, honestamente — disse Dahlia, ainda irritada. — Você não me disse nada demais sobre o assunto, somente pedaços quase desconexos; não me disse se tinha acesso a nenhum grimório que eu pudesse usar e, pior de tudo, ainda há somente uma possibilidade que eu possa ler a coisa toda e...

— Enfim — ele interrompeu, fazendo a bruxa fitá-lo com os olhos semicerrados de irritação. — Na minha família, vem correndo durante algumas décadas um desses grimórios. Coisa antiga mesmo; muito importante. Um tio solteiro, que era irmão da noiva de um tatatatatara-vô, ou coisa do tipo, ganhou em um jogo de azar e veio parar em nossas mãos. Minha avó era apegada na coisa, mas ela morreu alguns anos atrás...

— E? — perguntou Dahlia, secamente.

— Eu estaria mais do que disposto em lhe dar o grimório — disse o garoto, sorrindo charmosamente. Dahlia levantou uma das sobrancelhas para o garoto.

— Eu sinto uma condição vindo... — conjecturou a loira.

— Você é chamada de esperta por uma razão, caríssima— começou Oliver. — Vou lhe emprestar o grimório durante todo esse ano escolar e você pode pesquisar sobre essas histórias e tudo mais. Se a Grifinória ganhar a taça das casas, o livro é todo seu.

Dahlia observou o garoto por algum tempo, antes de realmente pesar o que tinha em mãos. Não havia dúvidas que sua curiosidade havia se aguçado com o que tinha ouvido, porém, ela poderia estar comprando uma briga com sua casa que tinha a possibilidade de durar até o fim de sua vida escolar. Ela estava pronta para negar polidamente quando Oliver novamente abriu a boca.

— Sabe, se aceitasse, estaria fazendo uma barganha e tanto — aludiu o garoto, pressentindo uma negativa. — Minha avó recusou centenas de pedidos de venda desse tal grimório até quando perdeu a paciência. Ela acabou disseminando em uma das festas de gala que frequentava que havia feito negócio com um aristocrata alemão e que não tinha mais a posse do objeto.

— Você bajula muito esse livro e os tais covens e bruxas. Se são tão famosos como fala, por que nunca ouvi falar de nenhum deles? — questionou a garota.

— Você sabe muito bem como são os puro-sangue, querida — começou o grifinório, sorrindo — Pode acontecer um banho de sangue em uma reunião secreta que nem mesmo a mais ousada mosca zumbiria um detalhe sobre o acontecido.

—Hmm... — respondeu a loira, pouco convencida.

Oliver a observou atentamente, antes de ter sua atenção puxada para o fim do corredor em que se encontravam. Dahlia não entendera o que havia puxado a atenção do moreno de si e, quando estava prestes a questioná-lo sobre o que havia acontecido, ela foi puxada por ele pelos corredores do castelo.

Ambos andaram pelo que pareceram alguns minutos, antes do grifinório empurrá-la para dentro de uma sala vazia, olhando por cima dos ombros. Apesar de estar levemente irritada, Dahlia não fez comentários, e apenas encarou o garoto Wood, esperando por uma explicação.

Antes de se voltar novamente para Dahlia, ele puxou rapidamente sua varinha do bolso, e praticamente suspirou uma palavra por entre os lábios, apontando para a porta.

— Uma explicação seria interessante, Oliver — exigiu a Dursley.

—Covens são assuntos muito delicados na comunidade bruxa, amore mio, especialmente o que restou deles, que são os grimórios. Não queremos uma atenção desnecessária nesse assunto.

Embora, cinco minutos antes, ela estivesse pronta para recusar participar dos jogos de Wood, e do que parecia ser a maior lorota que havia ouvido, a garota se conhecia o suficiente para saber que, quando uma pulga pulava tão irritantemente atrás de sua orelha, sua curiosidade já estava afiada demais para seu próprio bem.

— Tudo bem, garoto — chiou a sonserina, irritada. — Me traga o maldito livro e eu vou fazer a Grifinória ser bem-sucedida neste campeonato.

Ela esperava um sorriso convencido e uma pose, mas ele lhe olhou sério e lhe estendeu uma das mãos. A Dursley pegou a mão estendida e observou com cautela os olhos castanhos amendoados que lhe vasculhavam.

— Acredito em você, Srta. Dursley — disse o garoto, ainda sério. — O livro é seu e a taça é minha.

Ela sentiu os cabelos da nuca arrepiarem, mas não disse uma palavra. É resultado dessa corrida até aqui, por certo. Ele parece que sabe jogar muito bem fora do campo de quadribol.

— Mais uma coisa — ele disse, segurando firme a mão dela quando ela tentou soltá-la. — Não chame um grimório de maldito, menina. Ele pode lhe ouvir.

Ela sentiu vontade de questioná-lo, mas, antes que abrisse a boca, ele soltou sua mão, e sorriu para ela, usando um sorriso convencido, que lhe era quase característico. Ela se sentiu compelida a retribuir, mesmo que estivesse ligeiramente trêmula.

— Trago o livro para você na nossa primeira reunião de estratégia, caríssima— afirmou Wood, ainda sorrindo quando se virou para abrir a porta e sair.

— Mais uma coisa, Wood — chamou a sonserina quando ele já estava quase totalmente fora da sala de aula. Quando o garoto olhou novamente para a loira, ela levantou uma das sobrancelhas em desafio e disse:

— Você não sabe falar espanhol e nem italiano, amore mio.

Dahlia pôde ouvir a risada dele mesmo depois que ele virou o corredor contrário ao que ela estava indo, mas refletiu que era a estranheza da situação que estava mantendo os cabelos de sua nuca arrepiados, tentando se convencer da afirmação.


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Notas finais do capítulo

Espero que vocês estejam preparades pra verem um pouquinho do Oliver durante o segundo ano da nossa protagonista kkkk
Ficaram curiosas sobre as coisas novas desse capítulo? Vem mais coisa por aí ;)



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