Le Sobriété de Pouvoir escrita por Megara


Capítulo 12
S02C02 - A Penseira


Notas iniciais do capítulo

Antes de qualquer coisa eu queria avaliar algumas coisas com vocês, meus amores.
No início da fanfic eu usei muitas partes dos livros originais, para que vocês tivessem alguma familiaridade com os lugares e a linha de tempo de LSPD. Mas agora, vocês vão começar a notar que as coisas vão começar a acelerar e não vão reconhecer tantas coisas quanto antes... Não vou atropelar nada, se acalmem kkkk Mas saibam que muitas coisas que aconteceram no livro também acontecem na fanfic mas vão ficar subentendidas.
Okay? Okay.
E fiquem familiarizadas com a Pat também, pessoinhas do meu ♥ Visitem o perfil dela e deem uma olhadinha nas fics dela!
Beijos, amores! Aproveitem o cap!
CAPÍTULO BETADO 03/12/2017, @PatBlack, [u/26945/]



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Dahlia estava exultante: seus cabelos pareciam brilhar, seu sorriso era contagiante e os olhos transbordavam de alegria. Finalmente era primeiro de setembro; o primeiro dia de aulas do segundo ano de magia da garota.

Por mais que amasse cada segundo que passou no castelo, ela admitia para si mesma que se sentia saturada do lugar. Aquelas paredes eram tudo que ela via em meses, mesmo que houvesse saído esporadicamente. Mas nem mesmo pode sair para comprar o próprio material; o Prof. Snape havia enviado cartas a todas as lojas necessárias do Beco Diagonal, e Dahlia havia recebido todo o material em Hogwarts, e suas vestes não haviam mudado muito de um ano a outro.

Ela mal podia esperar para rever todos os amigos e o primo, estava tão ansiosa para o início da noite e o começo da seleção que não podia parar sentada no escritório de Severus. Ela se levantou para arrumar seus materiais pela décima vez quando o professor bufou irritado em sua escrivaninha.

— O dia não passará mais rápido apenas por você quicar no lugar a cada segundo, garota. Tente responder algumas cartas ou ler mais alguns dos livros do seu novo ano.

— Professor Snape, acha que já não tentei isso? — retrucou Dahlia, exasperada. Agora a garota fuçava alguns frascos de poção dourada na estante. — Assim que meu aniversário passou e eu terminei absolutamente todas as atividades possíveis do primeiro ano, passei para os livros do segundo ano...

O olhar do professor parecia um pouco admirado, mas mesmo assim ele argumentou: — Não pode ter terminado todos os livros do segundo ano...

— É claro que não! — bufou Dahlia, arrumando mais uma vez o cabelo já perfeito. — Eu li pelo menos a maioria dos livros, mas me dediquei muito mais à Herbologia. É inadmissível ser tão ruim em uma matéria. Você podia me ensinar algo sobre esse assunto, se quer ajudar.

— Posso fazer melhor, quem sabe...

Parecendo esconder um sorriso com as mãos e disfarçando com uma coçada no nariz, Snape largou a pena que usava e se levantou de sua escrivaninha. Contornando a garota e sumindo em seus aposentos privados, ele a deixou curiosa para trás. Mas, por mais curiosa que estivesse, ela não invadiria sua privacidade o seguindo.

Severus voltou alguns instantes depois carregando algo, no mínimo, a se dizer, curioso. Era uma bacia de pedra rasa, com entalhes estranhos na borda, runas e símbolos. O conteúdo da bacia era mais esquisito ainda, emanando uma luz prateada que não parecia líquido ou gás.

— Professor — começou Dahlia, olhando para a superfície brilhante, branco-prateada se movendo sem cessar. — O que é isso?

— É algo chamado Penseira — explicou Snape, depositando a penseira em cima de sua escrivaninha. — Um recipiente que serve para guardar pensamentos, os quais ocupam muito espaço na cabeça de alguém.

— Guardar pensamentos? — indagou a garota, tentada a colocar a mão dentro da bacia. Prevendo suas ações, o professor olhou diretamente para a garota e negou o movimento com o indicador. — Como se faz isso?

— Sim, Dahlia, guardar pensamentos. — Ele sentou em sua própria cadeira e acenou para que a garota pegasse a própria, o que ela fez sem demora. — É algo desconfortável de se fazer, mas não doloroso. A maioria decide não usá-la por muitos motivos, mas o mais famoso deles é a privacidade...

— Qualquer um pode ver suas memórias se você usa uma penseira?

— Caso a pessoa tenha acesso a um frasco com minhas memórias e uma penseira para vê-las, então a resposta é sim.

— Um frasco de memórias?

— Você teria menos perguntas se me deixasse terminar de mostrá-la — rebateu Snape, irritado com as várias interrupções da menina. Com as bochechas um pouco coradas de vergonha, Dahlia calou a boca.

— Os usuários da penseira são aqueles que têm memórias demais ou desagradáveis, que escolhem não tê-las mais em seus pensamentos — disse Snape, em tom professoral. — O bruxo ainda pode ter acesso à memória mesmo que a tenha retirado, mas ela para de simplesmente surgir à mente sem permissão.

— O senhor tem muitos pensamentos, então? — perguntou ela inocentemente.

— Ganhei essa penseira de Dumbledore alguns anos atrás, mas não posso dizer que foi um presente muito usado — respondeu Severus, suspirando. — Tenho somente uma ou duas memórias que não gosto nem um pouco de revisitar, e estão muito bem guardadas.

— Alguém pode roubar as memórias de outra pessoa sem ela saber?

— Como eu bem disse, o ato de extrair a memória não é doloroso, mas pode se tornar, caso feito sem o consentimento do bruxo ou bruxa que está perdendo a memória. O bruxo notaria, com certeza.

— Não vai me mostrar nenhuma memória, professor? — perguntou Dahlia, mortificando-se logo depois que as palavras saíram de sua boca. Era uma invasão terrível de privacidade, como ele bem havia dito. — Desculpe! Pedi sem pensar...

— Tudo bem, garota. — Ele não olhava para a menina, e sim para a nuvem espessa e brilhante da bacia. Quando ele voltou os olhos novamente para Dahlia, ela não pode desviar os seus como normalmente faria. — Talvez saber como extrair uma memória seja muito útil.

Surpreendendo Dahlia mais ainda naquele dia, ele apontou a varinha para a própria têmpora. Durou apenas alguns segundos, mas o vinco na testa do professor e a ansiedade da garota fizeram o momento durar minutos. Quando a sonserina já torcia as mãos no colo, Snape afastou a varinha da testa, puxando, junto com ela, um pequeno fiozinho prateado e brilhante. Encantada, ela viu o professor jogar a memória dentro da penseira.

— Você deve guiar a varinha para capturar a memória que você está canalizando...

— Incrível!

— Aproxime-se. — A ordem quase não fora necessária; Dahlia já estava debruçada na mesa tentando olhar o objeto mais de perto. Colocando-se de pé, ela olhou da penseira para o professor à espera da próxima ordem. — Coloque suas mãos na borda da bacia e incline a cabeça até que fique submergida na penseira.

Dahlia hesitou um segundo antes de obedecer às ordens do mestre, mas logo descartou a possibilidade de se machucar no processo; Severus nunca a machucaria. Colocando as mãos na bacia como ele ordenara, ela enfiou a cabeça na penseira.

O escritório de Severus deu um tremendo solavanco e Dahlia foi projetada para frente, mergulhando de cabeça na substância da penseira.Mas a cabeça da garotanão bateu no fundo de pedra. Ela foi caindopor alguma coisa gelada e escura, era como se estivesse sendo sugado porum redemoinho negro...

Inesperadamente, ela se viu sentada na mesa dos professores, bem em frente de todo o Salão Principal de Hogwarts. Estava sentada ao lado do prof. Snape e do prof. Flitwick, mas nenhum deles lhe dirigiu o olhar nem mesmo uma única vez.

Olhando para frente, Dahlia encarou, muito surpresa, o Salão Principal em todo seu esplendor: milhares de velas flutuando sob o teto encantado, as centenas de estudantes preenchendo as mesas das quatro casas e o burburinho alegre de gente excitada.

A porta abriu-se num estrondo, passando por ela a prof. McGonagall seguida de alguns alunos pequenos com a cara mais azeda e assustada possível. Tropeçando, todos seguiam a mulher mais velha sem olhar muito para os lados.

Dahlia olhou para o Snape da lembrança ao seu lado, perguntando-se por que o professor havia lhe trazido para uma seleção das casas qualquer, até ver a si mesma na fila de alunos do primeiro ano. Ela estava parcialmente coberta pelo cabelo cacheado de Gwen, mas seus fios dourados ainda eram visíveis, destacando um pouco as bochechas vermelhas.

Quando todos os alunos já estavam à espera de sua própria seleção, Dahlia olhou novamente na direção do prof. Snape, mas piscou os olhos muitas vezes para certificar-se do que via era correto; ao menos prestava atenção nos primeiranistas, rodando seu cálice de vinho em seu próprio eixo muitas vezes.

A sonserina se sentiu inexplicavelmente irritada ao notar que seu professor favorito não prestara atenção em sua seleção. Ao ouvir seu nome ser chamado pela Minerva McGonagall do passado, Dahlia novamente olhou para Severus. Este não mais se distraía, e sim encarava seu eu do passado com os olhos arregalados de surpresa.

Satisfeita, Dahlia relanceou os olhos para sua seleção.

Seu nome era chamado pela segunda vez quando encontrou o olhar esverdeado dela mesma. Compadecida, ela viu a si mesma andando muito rápido e muito corada até o banco onde se encontrava o chapéu e se escondendo debaixo dele.

O prof. Snape ainda parecia muito surpreso ao seu lado, olhando com curiosidade para o banquinho que abrigava a Dursley passada. Ele batia os dedos impaciente na mesa e somente parou quando ouviu o brado do Chapéu Seletor:

— SONSERINA!

Havia um vinco na testa do professor, mas ele não parecia exatamente surpreso, mas sim curioso. Ele olhava a garota loira sentada no banquinho de três pernas que parecia estagnada, dando um pequeno sorriso de canto quando a Dahlia do passado fora quase expulsa do banquinho por McGonagall.

Ela estava notavelmente boquiaberta, e um observador atento poderia ver que a garota estava trêmula. Dahlia olhou para Severus, tentando capturar suas novas reações, mas tudo que pode ver foram as mãos do professor, que havia voltado a bater impacientes os dedos na mesa, o rosto coberto por uma máscara inexpressiva.

— Dahlia, está na hora de voltar. — A garota pulou em seu lugar ao ouvir seu nome nas memórias de Severus. Olhando para sua esquerda, a garota viu o prof. Snape, mas isso a tornou ainda mais confusa; o professor de poções estava à sua direita, não a esquerda. Olhando para o lado, a Dursley realmente viu o homem do seu lado direito.

— Venha! — O segundo Severus Snape lhe agarrou o braço. A menina sentiu que a erguiam e o Salão Principal desapareceu no ar; por um momento, tudo ficou escuro, então teve a impressão de que estava dando uma cambalhota em câmara lenta e, repentinamente, caiu de pé, no queconcluiu ser a tênue escuridão do escritório do diretor da Sonserina. A bacia de pedra tremeluzia no armário à sua frente e Severus estava parado ao seu lado.

— Isso é muito interessante, prof. Snape! — exclamou Dahlia, olhando a bacia à sua frente com cada vez mais curiosidade. — Mas por que decidiu me mostrar?

— Eu não sou professor de Herbologia, Dahlia.

A sonserina ainda ria quando a capa de Severus tremulou atrás do professor, anunciando sua saída para seus aposentos, a fim de guardar a interessante penseira.

[...]

— Flor, me larga! — exclamou Harry exasperado.

Dahlia estava a, pelo menos, cinco minutos esquadrinhando cada centímetro que pudesse ver ou pegar do primo, desde que ele chegou. A notícia de que Harry Potter havia sido atacado por um dementador no trem da escola havia se espalhado como fogo em palha, e a sonserina sabia do ocorrido antes mesmo de encontrar o garoto.

— Um dementador! — rugiu Dahlia furiosa, soltando Harry e colocando as mãos na cintura. — Francamente... Quando Dumbledore nos contou que essas criaturas iriam ser postas como guardas na escola eu não imaginei que eles atacariam alunos!

As bochechas de Harry estavam vermelhas e ele olhava para os lados com certo receio, mas a fúria da prima podia ser ouvida de muitos metros. O temor do Potter logo pareceu se concretizar; enquanto Dahlia ainda resmungava sobre dementadores e irresponsabilidade, Draco Malfoy surgiu no lugar, bem perto deles.

— Soube que desmaiou no trem, Potter! — Ele gargalhou junto com seus colegas, colocando as mãos nos joelhos e imitando um desmaio logo em seguida.

— Você... — começou Harry, olhando para Malfoy com o maior desgosto.

— É melhor sumir daqui bem rápido, Malfoy! — interrompeu Dahlia, ainda mais furiosa. — Harry não vai ser o único a desmaiar se você não sair das minhas vistas bem depressa.

O sonserino olhou para a garota, debochado, mas saiu de perto do grupo que envolvia Harry com curiosidade e preocupação. As amigas de Dahlia estavam todas reunidas bem perto dali, e somente Ginny esperava a loira perto do trio de ouro. A ruiva tremeluziu um olhar de preocupação para Harry, mas nada disse.

— Flor, Madame Pomfrey já me examinou e tudo que eu precisava fazer era comer chocolate. — Ele levantou os braços, fugindo do agarre da prima. — O prof. Lupin nos ajudou...

Olhando-o ainda meio duvidosa, Dahlia finalmente desviou seu olhar para os melhores amigos do primo. Percebendo que não havia cumprimentado nenhum deles, ela sorriu para os dois e abraçou Hermione.

— Prometo que não vou mais atacar seu amigo por preocupação... hoje. — Saindo em direção a Ginny, a sonserina ainda voltou seu olhar para Harry. — É melhor não me dar um susto desses nunca mais, Potter. Hoje é o primeiro dia de aulas e você já arrumou confusão...

— A confusão me segue, Flor!

Ela sorriu para o garoto, mas não lhe respondeu, chegando na amiga ruiva e a apertando em um abraço muito forte. Pegando a mão da grifinória, ela correu até as outras duas amigas que lhe esperavam, pulando em cima de ambas e quase fazendo todas caírem no chão.

— Eu senti tanta falta de vocês! — exclamou Dahlia, apertando cada uma em um abraço e as olhando demoradamente.

Gwen continuava com o cabelo crespo grande, mas parecia maior desde a última vez que se viram. Por outro lado, a garota tinha crescido bem uns dez centímetros, ficando mais alta que as outras três. Sua pele brilhava e ela parecia um pouco bronzeada.Luna estava ainda mais pálida que o usual, mas o olhar de constante surpresa ainda estava pregado em seu rosto. O cabelo, diferentemente de Gwen, fora cortado quase na altura dos ombros, mas parecia mais limpo que o normal. Seu pescoço estava adornado com um colar de rolhas e suas orelhas ostentavam brincos com pingentes de rabanete.Ginny havia deixado seus cabelos em um corte menor, assim como Luna. Ela também estava um pouco mais alta.

Dahlia, mesmo comparada com Luna, era a mais baixa das amigas agora.

— Já perdemos a seleção, mas vamos entrar logo no salão, meninas — disse Gwen, puxando uma distraída Luna consigo.

As quatro garotas entraram bem quando a Prof. McGonagall se dirigiu ao seu lugar, que estava vazio, à mesa dos professores e funcionários. Gwen, Ginny, Luna e Dahlia seguiram na direção oposta, o mais silenciosamente possível, para se sentarem à mesa da Grifinória. Alguns alunos das outras mesas as olharam com reprovação, principalmente a mesa da Sonserina, mas nenhuma delas se importou.

O Prof. Dumbledore contemplou os alunos, sorrindo radiante para todos à sua volta, antes de começar seu discurso.

— Sejam bem-vindos para mais um ano em Hogwarts! Tenho algumas coisas a dizer a todos, e uma delas é muito séria. Acho que é melhor tirá-la do caminho antes que vocês fiquem tontos com esse excelente banquete...

O diretor pigarreou e prosseguiu:

— Como vocês todos perceberam, depois da busca que houve no Expresso de Hogwarts, a nossa escola passou a hospedar alguns dementadores de Azkaban, que vieram cumprir ordens do Ministério da Magia. Eles estão postados em cada entrada da propriedade e, enquanto estiverem conosco, é preciso deixar muito claro que ninguém deve sair da escola sem permissão. Os dementadores não se deixam enganar por truques nem disfarces, nem mesmo por capas de invisibilidade. Não faz parte da natureza deles entender súplicas nem desculpas. Portanto, aviso a todos e a cada um em particular, para não darem a esses guardas razão para lhes fazer mal. Apelo aos monitores, e ao nosso monitor e monitora-chefes, para que se certifiquem de que nenhum aluno entre em conflito com os dementadores.

Dumbledore fez uma pausa; percorrendo o salão comum olhar muito sério, mas ninguém se mexeu nem emitiu som algum.

— Agora, falando de coisas mais agradáveis — continuou ele —, tenho o prazer de dar as boas-vindas a dois novos professores este ano. Primeiro, o Prof. Lupin, que teve a bondade de aceitar ocupar a vaga de professor de Defesa Contra as Artes das Trevas.

Ouviram-se algumas palmas dispersas e pouco entusiásticas. Somente alguns grifinórios bateram palmas entusiasmadas. Dahlia apenas observou o professor com curiosidade. Lupin tinha um rosto muito cansado e parecia particularmente malvestido ao lado dos outros professores, que trajavam suas melhores vestes.

Relanceando os olhos para o professor Snape, Dahlia vincou a testa ao ver o olhar de desprezo que encontrou no rosto de seu mestre de poções. Curiosa com o fato, a garota fez uma nota mental para investigar um pouco sobre aquilo no futuro.

— Quanto ao nosso segundo contratado — continuou Dumbledore enquanto cessavam as palmas mornas para o Prof. Lupin. — Bem, lamento informar que o Prof. Kettleburn, que ensinava Trato das Criaturas Mágicas, aposentou-se no fim do ano passado para poder aproveitar melhor os membros que ainda lhe restam. Contudo, tenho o prazer de informar que o seu cargo será preenchido por ninguém menos que Rubeus Hagrid, que concordou em acrescentar essa responsabilidade docente às suas tarefas de guarda-caça.

Dahlia já sabia da notícia, Hagrid havia chorado durante horas quando Dumbledore lhe deu o cargo; seu choro de felicidade era ouvido até dentro do castelo. Ela se levantou animada para acompanhar os aplausos tumultuosos, principalmente na mesa da Grifinória. Hagrid tinha o rosto vermelho-rubi, os olhos postos nas mãos enormes e o sorriso largo escondido no emaranhado de sua barba escura.

O trio de ouro foi o último a parar de aplaudir, e quando o Prof. Dumbledore recomeçou a falar, todos viram que Hagrid estava enxugando os olhos na toalha da mesa.

— Bem, acho que, de importante, é só o que tenho a dizer. Vamos à festa!

As travessas e taças de ouro diante das pessoas se encheram inesperadamente de comida e bebida. Dahlia não tinha muita fome, mas se serviu de muitas das coisas que mais gostava.

Foi um banquete delicioso; o salão ecoava as conversas, os risos e o tilintar de talheres. Ginny, Luna, Gwen e Dahlia conversavam animadas sobre suas férias. Gwen havia viajado para o Brasil e conhecido Castelobruxo, a escola de magia brasileira, Luna havia visitado alguns tios distantes e conhecido uma espécie de lagarto que pulava cinco metros no ar e Ginny havia ficado em casa, na companhia da família. Dahlia não contou tudo sobre suas férias, deixando de lado as visitas ruins que havia feito com o prof. Snape, não querendo estragar o jantar das amigas.

Finalmente, quando os últimos pedaços deliciosos de torta de abóbora tinham desaparecido das travessas de ouro, Dumbledore anunciou que era hora de todos se recolherem e as meninas tiveram, obrigatoriamente, de se separar.

Dahlia se reuniu com a massa de alunos sonserinos que caminhavam por corredores e escadas até a parede que tampava a entrada para o Salão Comunal da Sonserina.

— Se afastem! — ordenou uma voz irritada no fim do aglomerado de alunos. Era Adam Thorne, o monitor setimanista. — A senha é Pureza, prestem muita atenção: pureza. Não quero nenhum idiota me seguindo à procura de senhas. Se virem para decorar.

Depois de atravessar o buraco revelado pela parede, as garotas e garotos tomaram destinos separados. Dahlia subiu as escadas olhando para o lustre de cobras acima de sua cabeça, pensando em como se sentia feliz por encontrar os amigos novamente.

[...]

Quando Dahlia entrou no Salão Principal para tomar café na manhã seguinte, ficou tão tentada a socar Draco Malfoy na cara que teve que ser segurada por Ginny. Harry, Ron e Hermione estavam sentados na mesa da Grifinória, ouvindo um grupo de sonserinos dar altas gargalhadas à custa de Harry. Draco fazia uma imitação indecorosa de desmaio para irritar o trio de ouro.

— Essa é uma pequena demonstração de como você fica quando Harry passa por você, Malfoy? — disse Dahlia, venenosa. Olhando para Draco irritada, ela continuou: — Não sabia que era tão apaixonado assim...

Ouvindo o deboche de alguns colegas sonserinos e de muitos grifinórios (principalmente Fred e George Weasley), Draco corou debaixo de todo aquele cabelo quase branco e bem arrumado, calando a boca e se virando para Blaise Zabini, obviamente xingando Dahlia o quando podia.

Ela se virou satisfeita para a mesa da Grifinória, enganchando seu braço no de Gwen e passando por Marjorie O’Hare e Foxes Gail, a primeira olhando-lhe com a mais absoluta repreensão no olhar. Junto de Harry, Ron e Hermione estavam os gêmeos Weasley, que a olhavam na mais absoluta malícia.

— Olá, querida sonserina — disseram, em uníssono.

— Cortem o papo furado. — Ela se sentou ao lado de Luna, abraçando a outra loira de lado e observando a amiga devorar calmamente um pudim. Ela voltou o olhar para os gêmeos, perguntando-lhe internamente como podia os diferenciar tão bem.

— Bom... temos algumas pendências com um certo sonserino... — começou George, olhando profusamente para Edward Becker.

— Ele comprou algumas coisas em nossas mãos e o espertinho pensa que pode nos passar a perna — continuou Fred, balançando a cabeça de um lado para o outro e balançando um saquinho de pó branco a altura da orelha.

— Isso é pó de mico? — perguntou Luna, risonha. Dahlia olhou mais atentamente para o saquinho e de volta para Becker. Desde sua seleção no ano anterior, ela podia dizer que não se dava muito bem com o garoto.

— Acho que podem considerar feito, Weasleys. — A garota pegou o saquinho com a substância e colocou, muito bem lacrado e guardado, no bolso da roupa. Um sorriso de malícia se abriu no rosto da garota e ela se levantou para bater a mão em cada uma das dos gêmeos, em um high five animado.

— Minha própria prima... — brincou Harry, desarrumando os cabelos dourados da prima com os dedos. — Transformada em uma marota por ruivos inconsequentes.

Lembrando-se subitamente do presente que estivera trabalhando para Harry nas férias e que estava bem guardado em sua mochila escolar, Dahlia se virou para o Potter, sorrindo até mostrar uma covinha.

— Por que está me olhando assim? — perguntou ele, desconfiado.

— Estou me perguntando o que você fez para merecer uma prima tão boa quanto eu... — gracejou Dahlia, metendo a mão dentro de sua mochila e pegando o embrulho vermelho com um laço amarelo. — Quer saber o que é o melhor presente do mundo?

Animado e sorrindo de felicidade, Harry pegou a caixa com uma mão e abraçou a prima com a restante. Depois de soltar a garota, Harry se empenhou em rasgar o embrulho com a maior rapidez possível. Liberta do papel vermelho, a caixa revelou o boneco Harry e o mini-pomo dourado.

Harry olhou maravilhado para o presente, passando o dedo de leve na cicatriz feita na madeira. Ao ser tocado, o boneco se sentou nas fitas que repousava e levantou a vassoura, sentando-se na mesma logo em seguida. Mal fez isso, o pomo-de-ouro em miniatura saiu em disparada da caixa, rodando a cabeça de Potter em loops infinitos e sendo seguido de perto pelo boneco-Harry.

— Incrível! — a exclamação foi uníssona e logo alguns alunos de outras casas se viraram para ver a novidade. Harry abraçou Dahlia novamente, agradecendo profusamente à garota. Rindo e dando tapinhas nas costas de Harry, Dahlia se afastou a tempo de ver Malfoy se virar para a mesa da Grifinória.

— Olha só — começou Draco, olhando para a miniatura de Harry. — Não consegue capturar o pomo sozinho, decidiu recorrer à ajuda extra, Potter?

— Se me recordo bem, Malfoy, Harry foi o apanhador que capturou o pomo na última partida da Grifinória contra a Sonserina.

Annelise Keaton soltou uma exclamação de ultraje em seu lugar na mesa, e Dahlia notou que, para conviver bem com o quarteto de meninas que dividia o dormitório, ela não podia insinuar que preterisse a Sonserina em lugar de Grifinória; embora isso não fosse verdade.

Desviando o olhar de Annelise, Dahlia se virou novamente para Malfoy, furiosa. Este, vendo que poderia ter a imagem denegrida pela segunda vez naquela manhã pela garota, decidiu sabiamente se virar para Blaise novamente e continuar sua conversa com o garoto.

— Não sabia que tinha tanto controle sobre Malfoy, Dahlia — disse George, imitando beijos no ar e colocando as mãos no coração.

— Diga-me, Dahlia — começou Fred, como quem conta um segredo —, ele se comporta como um cachorrinho, quando vocês trocam uns beijos?

Segurando uma gargalhada, Dahlia olhou para Harry que encarava os gêmeos como se nunca os houvesse visto antes. Ele saiu de seu lugar, abraçando os ombros de Dahlia como se a protegesse.

— Florence não dá beijinhos em ninguém! — rosnou ele para os gêmeos, enquanto se sentava novamente, agora entre Dahlia e Luna.

— Não seja ridículo, Harry! — disse Dahlia, maliciosa. — Eu dou beijinhos em todos que encontro. — Ela se virou para o primo e lhe plantou um beijo na bochecha, virando-se para o outro lado e fazendo o mesmo com Gwen, que ria olhando para a cara dos Weasley. Observando-os com muita maldade no olhar, a lufana disse:

— Por que não comentam sobre os beijos que Ginny dá em Harry, quando Dahlia está com Malfoy?

Pareceu a Dahlia que Gwen havia ateado fogo ao mesmo tempo em todos os Weasley. Os gêmeos se viraram, na hora, para Potter, arregaçando as mangas das blusas enquanto seus rostos pegavam fogo. O rosto de Ginny e Ron não ficou diferente. Ron parou na hora de comer e começou a olhar Harry como se não o reconhecesse; Ginny soltou um som engraçado e tentou socar Gwen, que estava sentada ao seu lado, no braço.

— O que ela disse, Potter? — sussurrou Fred, olhando compenetrado para Harry.

— É melhor ficar o mais longe possível de minha irmãzinha... — ameaçou George, arreganhando os dentes.

— Eu não sou uma donzela em perigo, seus idiotas! — exclamou Ginny, olhando furiosa para os irmãos.

— Dahlia!

Era Tuppence D’Mira, uma das sonserinas que dividia o dormitório do segundo ano, que os interrompeu, enquanto Dahlia, Hermione, Gwen e Luna gargalhavam da interação de Harry com os outros Weasley. Virando-se para a colega de casa, Dahlia viu que ela lhe estendia um papel com os horários de aula. Depois de agradecer a Tuppence, a loira se virou para comparar seus horários com os das amigas.

— Temos Poções, Defesa Contra as Artes das Trevas e Transfigurações juntas, Ginny! — exclamou a sonserina, olhando o papel que a ruiva detinha em suas mãos. — Com a Corvinal eu tenho Astronomia e História da Magia e com a Lufa-lufa eu tenho Feitiços e Herbologia...

— Você tem que me ajudar em Poções, Dahlia! — exclamou Gwen, olhando chorosa para a sonserina. — Se tivéssemos tido exames no ano passado, eu não sei se teria passado: sou péssima! Minha esperança era cair com você esse ano.

— Mas Luna pode te ajudar! — ela respondeu, olhando para a outra loira, que examinava seu horário.

— Eu não sou muito boa em Poções, Dahlia... — Luna dobrou seu horário e o guardou na mochila, virando-se para Gwen logo em seguida. — Me avise quando for estudar para a matéria. Iremos juntas.

— Mas... — Dahlia se virou, corando, para Neville, que estava a algumas cadeiras de distância, comendo um bolinho de frutas. — A primeira coisa que Neville fez, ao me ver, foi me pedir ajuda com Poções.

Era mentira. Dahlia não havia conversado com o Longbotton desde o ano letivo anterior. Mas ela tinha esperanças de fazer o garoto deixar de ser um completo desastre naquela matéria.

— Você pode ensinar a todos ao mesmo tempo — sugeriu Luna, fitando Dahlia com seus olhos saltados.

— Mas e as aulas e atividades extras? — Vendo todas as meninas com aqueles olhares chorosos, ela não pode deixar de concordar, parcialmente. — Quando os treinamentos de Quadribol começarem nós nos encontramos na biblioteca para estudarmos, tudo bem?

Dahlia viu suas amigas acenarem com a cabeça, incluindo Ginny, que não era ruim em Poções. Ela suspirou, olhando para Neville e pensando no que tinha se enfiado ao aceitar aquela sugestão.


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Notas finais do capítulo

Não esqueçam de comentar sobre suas dúvidas, complementos do cap, elogios, críticas... e claramente estou super sem criatividade para notas hoje kkkkk
Bjsss,
Meg.