Chat Noir sentiu as pernas fraquejarem e um arrepio passar pelo seu corpo. Porém ele continuou na mesma posição, enquanto Tortue e Volpina trocaram olhares desconfiados.

Marinette se sentia extremamente mal passando por cima do conselho de Mestre Fu e ainda entregando o pai de Adrien. No entanto, ela precisava fazer isso.

— Gabriel Agreste é o Hawk Moth. - ela disse com a voz baixa e o felino permaneceu paralisado. O silêncio predominava naquele momento. Logo ele soltou uma risada, e todos o encararam confusos.

— Certo, que piada engraçada. - fingiu limpar lágrimas.

— Não é uma piada. - a joaninha pontuou séria.

— Ah, não? Qual é Bugaboo, você pode fazer melhor do que isso. - debochou - Gabriel Agreste é Hawk Moth? Por favor! Quais são as chances?

— Chat, eu acho que você não está entendendo a gravidade da situação.

— O que eu não estou entendendo é o porquê de inventar uma coisa dessas? Quer me distrair para depois me atirar desse prédio? - se aproximou, fazendo a joaninha o encarar incrédula.

— Da última vez que me lembro, quem atirou alguém do prédio foi você. - rebateu brava.

— São águas passadas. - revirou os olhos - O que fez você pensar que eu acreditaria nessa história toda?

— O fato de ela ser verdade, talvez? - ironizou - Quer saber? Eu não estou nem aí se você acredita ou não. Na verdade nem sei porque e contei. Daqui a pouco você ia me fazer te bater mesmo para render uma bela foto, não é mesmo?

— Mas do que é que você está falando, sua doida? - Marinette virou a cabeça lentamente para Peacock e depois para Queen Bee, com uma expressão de indignação estampada no rosto.

— Por acaso me chamou de doida?

— Agora está surda também?

— Já chega! - Ladybug saltou sobre Chat Noir e o prensou na parede, acertando um soco na barriga dele. - Porque você tem que ser tão insolente e impulsivo?

— Porque você tem que ser tão mandona e irritante? - conseguiu acertar um golpe no rosto dela.

— Eu, irritante? - tentou acertá-lo mas ele desviou. Atrás dos dois os demais heróis começaram a brigar também no momento que Tortue e Volpina tentaram segurar Marinette e as outras duas impediram.

— Já considerou comprar um aparelho auditivo? - zombou.

— Melhor você comprar, porque em breve vai precisar de um. - acertou um forte murro na barriga dele e depois do lado da cabeça.

— Droga! - ficou irritado. Avançou contra Ladybug e conseguiu arranhar o antebraço direito dela, que cambaleou para trás.

— Odeio quando faz isso! - Ladybug girou bruscamente o corpo e acertou um chute no rosto de Chat Noir.

— O que você acabou de fazer também não é a melhor coisa do mundo. - os dois começaram a brigar sem prestar atenção nos amigos. Era quase como se fosse uma questão de honra.

A mestiça conseguiu acertar vários socos no peitoral do gato, deixando sua raiva transparecer. Os dois se chocaram contra a parede novamente e o loiro socou a costela machucada dela e conseguiu derrubar Marinette com um chute nas pernas da mesma, em seguida ficando por cima.

— Você por acaso pensa direito no que está fazendo? - ele pareceu parar por alguns segundos e ela aproveitou para tentar se soltar.

— Tentando me distrair de novo? Que feio! - Ladybug conseguiu soltar um dos pulsos e acertar um soco forte no rosto de Chat Noir. Todavia o mesmo apenas virou o rosto por causa do impacto e permaneceu no mesmo lugar - Vou ignorar isso porque agora eu finalmente saberei sua identidade. - a azulada olhou para as amigas em busca de ajuda, entretanto elas estavam quase na mesma situação que ela.

— Não pode simplesmente tirar a minha máscara. - falou brava - Ela não sai.

— Mas agora vai sair. Cataclysm! - a azulada arregalou os olhos. A mão envolta pelo brilho negro veio direto na direção do seu rosto e no último segundo a heroína conseguiu desviar, fazendo com que ele encostasse no chão. Logo a estrutura foi quebrada e os dois caíram para dentro do prédio que por sorte, era abandonado. Entretanto haviam várias tábuas que marcavam o que seriam andares, o resultado foi eles caindo sobre cada uma delas assim que as outras quebravam, até que finalmente chegaram no chão.

Marinette forçou as pernas para levantar, porém logo caiu de cara no chão novamente. Seu corpo todo doía, pois a queda tinha sido muito grande. E Adrien não estava diferente, no entanto estava caído de costas.

— Viu? Impulsivo! - a garota falou em meio a tossidas.

— Irritante! - revirou os olhos, logo tossindo também. - Do que você estava falando quando... quando disse que daria uma bela foto o soco que me deu?

— De você ter armado para mim. - os dois permaneciam deitados e tossindo - Aquele dia, alguém estava preparado para tirar uma foto minha te batendo e colocar nos jornais.

— Como tem tanta certeza disso? - os dois conversavam como se não tivessem acabado de brigar.

— O ângulo. Era uma boa visão do lugar que estávamos, não é como se qualquer pessoa pudesse ter tirado. E outra, quando eu levei um tiro, ninguém publicou sobre.

— Você levou um tiro? - ergueu a cabeça, encarando ela.

— De raspão. Mas não é como se fosse amenizar a dor.

— Quem atirou em você?

— A polícia. - riu sem humor - Que ironia! - ficaram em silêncio por alguns segundos.

— Aquilo... aquilo que você disse sobre Gabriel Agreste ser Hawk Moth... era verdade? - perguntou com a voz trêmula.

— O que você acha? - Adrien sentiu seus olhos se encherem de água. Porém ele não choraria, não na frente de Ladybug ou de ninguém. Ele transformou sua angústia em raiva e forçou o seu corpo a levantar. - O que vai fazer?

— Ir atrás dele.

— Não vai tentar me prender? - Marinette tentava ficar de pé também.

— Tinha me esquecido desse detalhe. Obrigado por lembrar. - ele juntou todas as suas forças e se jogou em cima de Ladybug. Tentou acertar um soco nela, mas ela desviou e segurou o pulso dele, desferindo uma joelhada na barriga do felino que tombou para o lado.

— Podia deixar de ser idiota por uma vez na vida, não acha?

— Se você soubesse pelo que eu estou passando no momento, entenderia os meus motivos. - os dois quase não tinham forças para se mover.

— Ah me desculpe, esqueci que foi você que morreu naquela catástrofe que levou aos registros miraculosos. - ironizou.

— O que quer dizer com isso?

— Quero dizer que já passou. Não adianta você deixar a culpa por isso interferir nas suas escolhas. Daqui há alguns anos, como vai se sentir sabendo que poderia ter impedido a guerra civil que está se formando em Paris, mas não o fez?

— Você não sabe do que está falando. - ouviram um bipe do anel do loiro.

— Não sei? Certo, pense dessa maneira. - levantou com dificuldade - Eu poderia muito bem te bater mais um pouco e esperar para ver quem é o garoto imbecil por trás dessa máscara, mas eu não vou fazer isso, sabe por quê? Por que eu conheço meus limites. Eu tenho ética, coisa que você já deve ter perdido.

— Acha que vai me fazer sentir mal com esse discurso? - ela riu irônica enquanto cambaleava para a saída.

— Não preciso. Sua consciência fará isso depois.

— Certo. Não esqueça que sabemos sobre a Bourgeois. - alertou.

— Vai espalhar a identidade dela pela cidade? Que eu me lembre ela não assinou nenhum acordo.

— E não assinou. Mas isso não me impede de espalhar a identidade dela. O que vai fazer em relação a isso, Bugaboo?

— Ah chaton, você com certeza não vai gostar de saber.

— Isso é uma ameaça? - sorriu de lado, ainda caído no chão enquanto Ladybug se aproximava da saída.

— Não, é apenas um aviso. E agora vai um conselho, se está em meio uma guerra, pelo menos lute com honra.