O escudo de Tortue foi lançado em Ladybug, que caiu para o lado com a batida, abrindo espaço para Chat Noir ficar de pé. A azulada conseguiu se esquivar do golpe do gato, enquanto levantava também. Ela pisou no escudo verde escuro e fez com que ele girasse e caísse em suas mãos bem na hora que o felino havia desferido um golpe com o bastão.

Assim que que bloqueou o ataque, girou seu corpo na direção de Chat, que bateu o bastão ao lado dela. O objeto serviu como uma ponte para que Ladybug subisse e pulasse por cima do herói. Após feito isso, ela girou o corpo novamente e lançou o escudo na direção de Tortue, com tamanha força que o fez cair quando o objeto foi de encontro ao seu corpo.

— Acho que isso é seu! - gritou antes de se jogar para o lado, evitando outro ataque de Chat Noir.

Enquanto se esquivava, notou que Volpina encurralava Queen Bee. Então Marinette jogou seu ioiô na direção da raposa, prendendo a perna dela e puxando em seguida. Assim que Volpina estava no chão, a joaninha voltou a atenção para Chat que aproveitou o momento para tentar arranhá-la. Num piscar de olhos a bochecha da azulada estava sangrando e com a marca das garras dos felino.

Ladybug passou a mão por cima do ferimento e encarou Chat Noir extremamente irritada. Aquilo tinha sido a gota d'água. O garoto estava preparado para o ataque dela, porém nada aconteceu. Ela simplesmente respirou fundo e quando o gato tombou a cabeça para o lado devagar, estranhando o comportamento pacífico dela, o ataque finalmente veio e para seu azar, ele estava despreparado. A heroína segurou o guizo da roupa do loiro e o puxou contra si, em seguida preparando o punho e dando o soco mais forte que podia no olho do garoto.

Se ele tinha ousado marcar seu rosto, nada mais justo que ela fazer o mesmo com o dele.

Por um segundo Chat Noir achou que fosse desmaiar com a intensidade do murro que levou. O felino se desequilibrou e caiu sentado no meio da rua.

— Garanto que rendeu uma bela foto, não concorda? - Ladybug falou, saiu da frente dele e correu até Peacock, a ajudando com Tortue. Marinette chutou o escudo dele para cima e Alya aproveitou e chutou a barriga do garoto, que caiu no chão também.

Chloé conseguiu jogar Volpina contra um poste de luz e foi para o lado das amigas.

— Vamos sair daqui. - disse ao ouvir as sirenes da polícia se aproximando.

— Você não... - Chat Noir tentou ficar de pé, mas sentiu uma dor forte na cabeça e suas pernas fraquejaram, então ele caiu sentado novamente.

— Ladybug, sua bochecha! - Alya falou apavorada.

— Vamos logo. - Queen Bee e Peacock perceberam que o tom da sua voz era sério, portanto apenas concordaram com ela e saíram se locomovendo entre os prédios.

Elas se despediram e cada uma seguiu seu caminho para suas respectivas casas.

— Marinette...

— Não diga nada, Tikki. Por favor. - sentiu as lágrimas escorrerem pelo rosto enquanto entrava no banheiro decidida a tomar um banho.

Enquanto se despia, observava os ferimentos que havia adquirido nos últimos dias. Suas costas estavam cheias de cortes, seu rosto e sua costela estavam marcados pelas garras de Chat Noir, no braço tinha a ferida do tiro de raspão e no resto do seu corpo estavam espalhados roxos, lesões provenientes da briga com os demais heróis.

A garota mal tinha tempo de se curar e já se machucava novamente. As lágrimas faziam com que o ferimento na bochecha ardesse mais e nem quando entrou em baixo do chuveiro a dor amenizou. Doía cada vez mais.

O pior de tudo não eram as lesões espalhadas pelo seu corpo, e sim os ferimentos profundos dentro do seu coração. Nunca desejou ter brigado com Chat Noir, afinal, eles eram parceiros, confiava sua vida a ele, e agora eram como inimigos mortais.

Seu peito ardia em pensar que talvez as coisas nunca voltem como eram antes. Marinette estava cansada de fazer curativos. Tanto no corpo, quanto no coração.
*

Nino bufou irritado e se jogou na cama. Não aguentava mais aquela situação. Ele queria ser herói, salvar as pessoas e não tentar prender Ladybug, Peacock e Queen Bee.

Hoje a briga havia sido feia, e ele sabia que só tendia a piorar. Só que por mais que ele estivesse ao lado de Chat Noir e concordasse com os ideais dele, o cenário a qual estava submetido era completamente revoltante.

O garoto olhou para os braços e notou os ferimentos que havia conseguido na batalha de hoje. Ele não ligava pelo fato de lutar pelo que acreditava, só lamentava que para isso teria que ir contra suas amigas.
*

Alya passou os olhos novamente pela página de um site da internet, onde fotos e vídeos da briga de hoje haviam sido postados.

Tinham comentários contra e favor elas. As opiniões das pessoas estavam completamente divididas.

Suspirou derrotada e jogou o celular na cama. Estava preocupada com Marinette, pois tinha visto o enorme ferimento que Chat Noir havia feito na bochecha dela. Ao contrário da amiga, ela não tinha se machucado muito, no entanto o que mais pesava era sua consciência. Talvez confrontar Hawk Moth na sua própria casa, tenha sido um pouco exagerando e inconsequente da parte das heroínas.

Infelizmente Alya não podia afirmar o que iria acontecer depois do acontecimento de hoje, porém ela sentia que não ia melhorar tão cedo. Afinal, Ladybug e Chat Noir - o Yin e o Yang - estão em total desequilíbrio.
*

Lila encarou seu reflexo no espelho e começou a questionar suas atitudes em relação à essa guerra de opiniões que pairava por Paris.

Os portadores dos Miraculous não deviam espalhar o bem para a cidade? O que as pessoas pensariam depois daquela briga horrível que aconteceu mais cedo? Ela simplesmente não mudaria de lado, no entanto a briga tinha sido desnecessária ao seu ver.

Ladybug, Peacock e Queen Bee, mesmo correndo o risco de serem presas, não deixaram em nenhum momento de ajudar Paris quando ela precisava. O que fazia as admirar mais ainda. Então elas que estariam com a razão no meio disso tudo? Chat Noir não estava pegando pesado demais com isso?

A garota baixou a cabeça e permitiu que algumas lágrimas rolassem pelo seu rosto. Ser a Volpina era a coisa mais maravilhosa que tinha acontecido com ela, não pretendia jogar isso fora de maneira alguma. Mas será que com essa confusão toda, seu sonho poderia acabar?
*

Chloé estava totalmente abalada. Nunca em sua vida pensou que seria uma super-heroína, que lutaria ao lado de Ladybug e que Ladybug fosse Marinette, a garota a qual aguentou quieta anos de implicância dela sem motivos.

A loira estava feliz por ter feito as pazes com a azulada, afinal, quando ganhou seu Miraculous, decidiu que teria que mudar de atitude se quisesse ser uma boa heroína. Mas do que adiantou se esforçar para mudar e agora tudo desmoronar em sua frente? Seu pai estava contra ela, mesmo que ele não soubesse disso, e a cidade estava um caos. Nada que ela fizesse adiantaria, e ela sabia disso.

O ocorrido de hoje só confirmou o que todos já sabiam, que Paris estava no meio de uma guerra civil.
*

Adrien não sabia se chorava ou se procurava maneiras de esconder o estrago que Ladybug havia feito no rosto dele. Ele provavelmente tinha exagerado ao arranhá-la, no entanto, se seu pai visse aquele roxo, a dor seria o de menos.

Por outro lado, o garoto estava extremamente triste e confuso. Brigar com sua lady nunca será uma coisa fácil. E sobre a tal armadilha que ela mencionou, ele não fazia ideia do que ela falava. Foto? Como assim?

Bufou irritado e socou a parede. Plagg resmungou alguma coisa, mas ele simplesmente ignorou e resolveu usar sua maquiagem das sessões de fotos para cobrir o olho roxo.

Depois de várias tentativas, o ferimento estava coberto e ele decidiu que agora falaria com seu pai. Estava na hora de acabar com aquilo tudo. Contaria à ele que era Chat Noir e assim poderia viver em paz.

O garoto bateu na porta do escritório de Gabriel, e o mesmo a abriu alguns segundos depois.

— Será que eu posso falar com você? - ele assentiu e cedeu a passagem para Adrien, fechando a porta em seguida. - Como o senhor se sente? Está melhor? - perguntou preocupado.

— Estou sim, Adrien. Obrigado por se preocupar. - deu um meio sorriso.

— Mas então, como aconteceu? - questionou para disfarçar que na verdade já sabia como tinha acontecido.

— Bem, eu estava em meu escritório fazendo alguns desenhos e aquelas senhoritas vieram me atacar sem motivo. Mas agora já estou me sentindo melhor. - sentou na cadeira - Enfim, o que gostaria de falar comigo?

— Então, eu... - absorveu as palavras do seu pai e sentiu um estalo na mente - O senhor disse que estava em seu escritório quando elas te atacaram?

— Sim.

— Tem certeza?

— Ora Adrien, se eu estou dizendo isso é porque eu tenho certeza. - o loiro piscou várias vezes tentando acreditar no que havia escutado. Para Chat Noir Gabriel tinha dito que estava no quarto e para Adrien que estava no escritório. Parecia uma coisa simples, mas porque ele mentiria? Talvez tenha se enganado? Não é possível, ele caiu das escadas vindo do andar de cima. A janela quebrada ficava no andar de baixo assim como a sala dele, então supõe-se que as três heroínas subiram as escadas e foram até ele. - Então, fale o que tem para me falar.

— Eu... - pensou mais um pouco - Só queria avisar que amanhã não vai ter aula, já que uma parte da escola foi destruída.

— Excelente, não precisarei cancelar sua sessão de fotos. - ficou de pé e pegou o celular - Agora se já disse tudo o que queria, pode se retirar, pois preciso trabalhar na minha nova coleção.

— O senhor não acha que seria melhor descansar um pouco?

— Porque acharia isso?

— Porque você foi atacado e caiu da escada. Talvez devesse...

— Por favor. Posso garantir que já passei por coisas piores. Agora, isso é tudo?

— Sim, senhor. Vou indo, então. - o garoto fechou a porta atrás de si e correu para o quarto enquanto pensava na conversa com seu pai.

Se Gabriel estivesse mesmo mentindo, teria algo a ver com que Ladybug tentou falar sobre ele mais cedo?