A governanta escrita por Sirukyps


Capítulo 3
Capítulo 03




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Um novo concorrente apareceu no mercado cobrindo todas as nossas ofertas, embora claramente obtivesse prejuízo, estava evidentemente à determinação em derrocar a minha empresa e a da minha esposa.

Fiquei indignado, pois esta pessoa havia deixado manifesto o interesse, inclusive espalhava anúncios pelos jornais e não se preocupava em manter a cautela ou discrição. Era um ataque muito direto como um faminto animal desesperado para engolir o pobre ratinho.

Para completar, parecia que existiam grampos e câmeras em todas as sessões da empresa.

Eu desconfiava, tendo certeza naquela noite quando fiquei até mais tarde tentando fechar negócio com um casal de clientes antigos e, no instante que eles pegaram a caneta para assinar o contrato, receberam uma ligação cobrindo a nossa oferta. Agiam como atendentes de telemarketing que ofereciam pedidos a domicílio, embora o relógio indicasse duas da manhã.

Enfim, novamente perdi meus clientes.

Não consegui convencê-los de maneira que não ganhar outro prejuízo. Finalizando, sorri e apertei suas mãos. Perdi novamente.

Hoje, para um desconhecido, o qual eu suponho debelar um sorriso sagaz mesclado ao sádico comportamento almejando me atormentar. “O que ele pretendia com isto?” “O que ganhava com tal perseguição sem lógica?” Indagava-me. Todavia jamais obteria esta resposta, isto eu sabia.

Exausto, retornei para minha casa.  Tentei dormir, mas a insônia atormentava. Gostaria de discutir sobre isto com meu amigo, como fazíamos durante a escola. Ele certamente escolheria as melhores palavras para meu conforto, apesar de não realistas. Sim... Eu sentia saudades... Se ao menos tivesse o número telefônico. Mas...

Levantando-me, fui ao armário, ingerindo uma daquelas pequenas cápsulas soníferas. Mesmo destruindo meu metabolismo, concedia-me estranha calma naquele indescritível blecaute. Uma, duas, três... O pote indicava metade e meus olhos começavam a ficar pesados demais para continuar sendo atormentado pelos repetidos pensamentos. Ainda assim...

A campainha foi minha quarta cápsulas, assustando de tal modo que permiti o frasco de vidro se fragmentar pelo chão. Quem atormentaria a minha suposta paz em plena às duas da manhã?

Vagando sonolento, espionei pela janela, apressando em receber o suposto delírio. Eu realmente deveria ter desmaiado pensando naquela pessoa que agora estava ali, novamente, aguardando-me na porta.

Visão turva. Terminando de empurrar a pesada madeira, arremessei-me em seus braços num caloroso abraço, buscando consolo, apoio para meu quase desacordado corpo, e explicações. A mente negra. Eu o sentia segurar meu rosto, assim sorri como um bobo, proferindo aquele nome entre sílabas entrecortadas:

— E-du-ar...

— JORGE! JORGE!

Os gritos continuaram, perguntando-me preocupado, o que havia acontecido. Logo, minha audição cessou e adormeci tranquilo, torcendo para que quando acordasse tudo aquilo consistisse um mero sonho. Aquele cheiro. Minha cabeça se encaixava tão bem no contorno daquele peitoral.

Suspirando, planejava fazer café da manhã para a minha esposa, talvez assim, ela relaxasse deste estresse constante que todos passavam, principalmente agora que, talvez meu amigo estivesse aqui.

No entanto, estranhamente, acordei com o cheiro de fumaça vinda da sala. Visão pesada, zumbido nos ouvidos e aquela sensação de ter dormido por dias. Levantando-me, aquele calor... Era fogo. Muito fogo. Meu rosto estava quente e as chamas alaranjadas avançavam em alta velocidade, reduzindo tudo que encontrava a cinza.

Assustado, levantei e subi correndo as escadas até o quarto onde minha esposa provavelmente descansava. Estava vazio e as cortinas brancas de seda esvoaçavam devido à forte ventania da madrugada.

Percebi que sobre o criado mudo, próximo ao meu despertador, estava um bilhete produzido com oficio impresso. Peguei, abri e li aquelas letras em fonte Arial:

Desculpe, mas nunca conseguiria viver sem Oríntia.

Desapareci, no dia do casamento, sim, pois não queria te magoar e neste movimento eu que ficava cada vez mais magoado. Senti-la em seus braços era atormentador, mesmo que isto significasse a felicidade para ela.

Não. Eu não a amo, mesmo assim, quero lhe conceder todo o sofrimento existente na superfície terrestre devido suas más escolhas do passado.

Irei matá-la lentamente e te matarei agora para que não se oponha aos meus desejos.

Com Carinho,

seu amigo

            Eduardo Honorato Ivanhoé.

 


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