Ele abriu os olhos e logo sentiu a claridade invadir e fechou os olhos rapidamente. Sentia o vento bater em seu rosto, movimentando de leve seus cabelos. Mais uma vez ele abriu seus olhos, só que mais lentamente, e dessa vez, colocou uma de suas mãos para ajudar a tampar a luz do sol que interferia a sua visão.

Enquanto Zeref olhava para cima, ele via um galho de uma árvore cheio de folhas se mexendo constantemente, assim, às vezes, fazendo a sombra se movimentar em seu rosto, ora a claridade do sol, ora a sombra. Não tinha só aquele galho se movimentando e sim outros, muitas árvores ao redor, de várias folhas diferentes, umas mais verdes e outras mais alaranjadas. Ele estava em uma floresta?

Ele conseguia ver o vasto céu, azul e com algumas nuvens, sem nenhuma novidade. Ele estava gostando da sensação. Do vento batendo em seu rosto, fazendo seu cabelo balançar, das nuvens de várias formas espalhadas pelo céu, aquele mesmo galho da árvore balançando por conta do vento.

O mago colocou uma de suas mãos no chão e percebeu que ele estava deitado na grama. Uma grama estranhamente macia. Ele olhou para ela e era tão verde que nunca tinha visto algo assim, não que ele recordasse.

Ele levantou seu corpo depois de algum tempo para tentar descobrir aonde estava, o que tinha acontecido e porque ele tinha acordado em um lugar assim.

Ainda sentado na grama, Zeref olhou para os lados e então seus olhos avistaram ela.

Mavis, ao seu lado direito, deitada sobre a grama. Ela estava com as pernas encolhidas e seus braços estavam juntos e também um pouco encolhidos.

O vento batia em seu rosto, seu vestido rosa se movimentava de acordo com o vento, assim também como seu cabelo loiro, e assim, alguns fios loiros do cabelo da maga caíram sobre seu rosto.

Ela estava dormindo, parecia que estava sonhando, ela mantinha um sorriso em seus lábios. Só estando um pouco afastado de Mavis, ele conseguia sentir a respiração pesada da garota. Ela tinha um sono tão tranquilo, parecia que ela dormia despreocupadamente, não importando onde estava e nem com o perigo ao seu redor.

Para ele, essa visão de Mavis dormindo, era tão bonita que ele não se conteve em soltar um sorriso. O sorriso tão sincero e tão livre, um sorriso que ele só guardava para quando ele vivia esses momentos ao lado de Mavis.

Era uma visão que ele nunca imaginaria que teria depois de anos. Uma cena em que depois de tanto caos que ocorreu em sua longa vida era como se fosse um desejo se realizando, talvez ele nem merecia isso. Um momento que ele desejava que não acabasse.

Ele tinha medo de se mover e que todo esse momento seria apenas um sonho que terminaria, ou que Mavis acordasse e fugisse de medo dele ou qualquer outro motivo que faria terminar com tudo isso. Então em qualquer circunstância ele não iria se mover para acabar com esse momento tão importante para ele.

Mas claro, a curiosidade é maior, a vontade é maior. Zeref se aproximou da maga e se ajoelhou ao seu lado. Ele foi levando sua mão em direção ao rosto da maga, mas logo se segurou. Ele respirou fundo e tomou coragem outra vez, e assim fez, ele levou sua mão com delicadeza e acariciou o rosto da maga.

Mavis parecia ter se assustado um pouco como o toque dele mesmo dormindo, mas logo depois, o sorriso de seus lábios aumentou, o que fez Zeref soltar outro sorriso em seu rosto.

Ele levou os fios loiros do cabelo da Mavis que tinham caído em seu rosto atrás de sua orelha. Ele, logo depois, ficou acariciando mais uma vez o rosto de Mavis. E mais uma vez ele desejou que aquele momento poderia durar uma eternidade.

Ele conseguia sentir mais forte a respiração da garota. Ele sentia os arrepios dela quando ele fazia carinho em seu rosto, mas o que ele não tirava os olhos dela era o seu sorriso. Um sorriso que não se desmanchava por nada.

Mas como nem tudo era para sempre, Mavis abriu os olhos bem devagar. Zeref logo afastou sua mão do rosto dela e se preparava para levantar e sair de lá, mas não conseguia, era como se ele não conseguia se movimentar mais.

Mavis se espreguiçou e abriu seus olhos de uma vez e se sentou, ela encarou ele que estava em sua frente, com uma cara assustada. Ela soltou um sorriso.

— Zeref! — Mavis disse animada — Finalmente você acordou! — Sem pensar duas vezes, Mavis segurou as mãos do mago.

— Mavis, onde estamos? — O garoto perguntava assustado, se afastando um pouco mais de Mavis e quebrando o contato com os dois.

— Você não sabe? — A maga riu e se deitou na grama mais uma vez. — Estamos em Tenroujima, como você não percebeu? — Ela respondeu ainda encarando o mago.

— Tenroujima? Impossível! — Zeref se levantou. — E a guerra? O que aconteceu? Como viemos parar aqui?

— A guerra já acabou e você ainda está pensando nela. — Mavis se sentou na grama, cruzou os braços e fez uma cara de tédio por conta do assunto.

— Acabou? — O mago estava confuso.

— Sim. Você perdeu, eu ganhei, a Fairy Tail ganhou. — Mavis disse aquilo como se não importasse para ela, que o resultado já era obvio demais.  

— Então o que eu estou fazendo aqui com você?

— Depois que você perdeu sua luta contra o Natsu você acabou desmaiando. Como ninguém pode te matar eu decidi te trazer para cá.

— E meu exército? E Acnologia?

— Foram todos derrotados. — Mavis sorriu vitoriosa.

Zeref não conseguia acreditar, ele tinha perdido, ele tinha perdido a batalha contra a Fairy Tail, contra Mavis. Mas por um lado bom Acnologia tinha sido derrotado, mesmo não entendendo como eles tinham conseguido. Ele observava a garota e via como ela estava feliz pelo resultado. O quanto ela se esforçou para parar o exército do mago para ele não conseguir invadir Magnolia e a guilda dela, o quanto ela se esforçou para ele não colocar as mãos em Fairy Heart. Essa é a Mavis que ele conhecia e tanto admirava.

—Mavis, mesmo eu tendo perdido a guerra eu ainda sou uma ameaça, eu posso sair daqui dessa ilha a qualquer momento... — Zeref disse confiante. Mas antes mesmo de Zeref continuar sua fala, Mavis se levantou e levou suas duas mãos para rosto de Zeref e apertou suas bochechas.

— Você não vai sair dessa ilha! — Mavis disse séria. — Nem que eu tenha que amarrar você! Você não vai embora! — Mavis soltou as bochechas de Zeref, aparecendo duas marcas vermelhas onde Mavis tinha apertado ele.

Zeref não teve nenhuma reação, apenas ficou encarando a maga por algum tempo. Até que ele se lembrou de outra coisa.

— E a maldição? — Zeref perguntou preocupado. Agora que ela estava em seu corpo original mais uma vez, ele tinha medo de que tudo aquilo no passado acontecesse mais uma vez. Só de lembrar ele sentia um aperto em seu coração.

Mavis não disse nada, apenas ficou fitando os olhos do mago. Zeref ainda esperava uma resposta, mas o que ganhou foi algo diferente. Mavis se aproximou do mago, quebrando o espaço entre os dois. Ela acabou selando seus lábios com os dele.

A mente de Zeref estava confusa, primeiro ele sentia medo, sentia que quando esse beijo acabasse, ela iria cair em seus braços sem vida mais uma vez. Ele também sentia felicidade, a felicidade era maior que seu medo, por isso ele não fez nada, apenas correspondeu. Mavis, na ponta do pé, envolveu seus braços no pescoço do mago, assim deixando o beijo mais profundo.  Aquele momento era algo que ambos queriam.

Os dois se separaram logo depois. Mavis, ainda com seus braços em torno do pescoço de Zeref, soltou um sorriso.

— Viu? Nada aconteceu.

— Como? — Zeref perguntou surpreso.

— Quem sabe eu te conte... — Mavis se afastou do mago e fez uma feição de dúvida, colocando seu dedo indicador sobre o seu queixo.

Só que em vez de Zeref dizer alguma coisa, ou implorar para a maga dizer o do porquê nada aconteceu, se ela sabia de alguma coisa, ele apenas sorriu e logo depois lágrimas começaram a cair de seus olhos.

Zeref desabou no chão, ajoelhado sobre a grama e com a cabeça abaixada. Mavis logo percebeu as lágrimas escapando dos olhos de Zeref. Ela se ajoelhou em sua frente e o abraçou tentando o acalmar.

Aquelas lágrimas de Zeref não eram de tristeza, longe disso, ele estava aliviado, ele estava feliz depois de tanto tempo. Zeref respirou fundo tentando se acalmar. Ele envolveu a maga em um abraço e ele só pode sorrir. Mavis também sorria, ela não podia se conter.

— Zeref, agora nós podemos fazer esse momento se tornar uma eternidade. Só eu e você, durante nossa vida eterna.