[13/09/1971] Hogwarts – Segunda semana de aula 11:45 AM – James Potter 

— Potter. 

— Evans – O sobrenome dela dançou por meus lábios, não iria negar nunca que adorava provocá-la. 

Mais uma vez discutíamos, durante os treze dias que estávamos em Hogwarts eu e a ruiva provamos que existe sim um modo de duas pessoas terem um imã pra brigas. A maioria de nossas discussões começava graças ao Snivellus, aparentemente ela era a defensora dos fracos e oprimidos, pois toda vez que eu tentava fazer alguma brincadeira com ele a ruiva aparecia e estragava tudo. Droga! 

Minha amizade com Sirius Black e Peter Pettigrew estava fluindo muito bem, estávamos juntos o tempo todo e ambos sempre me ajudavam com minhas piadas e pegadinhas, principalmente Sirius, ele era ótimo com transfigurações assim como, o que era demais. Vez ou outra nós transformamos os cálices das pessoas em ratazanas ou em gambás, transfigurávamos as meias em sapos e livros em passarinhos. Mas nosso alvo favorito de pegadinhas eram os sonserinos, principalmente o Snivellus. 

Ultimamente a Evans não estava me dando tanta bola, preferia andar com a McKinnon, Meadowes ou com o Snape. Então apenas para chamar sua atenção sempre que podia eu fazia piadas sobre sua ruivice ou com o seu amiguinho sonserino. E eu sempre conseguia cortes cirúrgicos e precisos que ao contrário do que todos imaginam apenas me faz ter mais vontade de irritar a ruiva e de continuar com minhas tentativas de aproximar-me da garota.

O caminho para o salão principal foi calmo, quer dizer que eu não preguei nenhuma peça ou irritei alguém. Eu sempre ficava relativamente pensativo depois das aulas da professora McGonagall, para assimilar os feitiços já que poderiam me ajudar nas pegadinhas. Para completar tive aula de feitiços o que era ótimo, por que eram duas das minhas três matérias favoritas. 

Ao adentrar no salão logo avistei Remus Lupin, um dos garotos da grifinória sentado entre Lily Evans e Dorcas Meadowes conversando calmamente. Por um momento eu senti inveja, pois até ele que era tão quieto e tímido conseguia se aproximar dela e eu não. 

Percebi meio tarde que Sirius foi andando até eles e se sentou ao lado de Marlene McKinnon, a melhor amiga da Evans e a garota pela qual ele tinha certa queda. Ao contrário da ruiva, a loira não precisava de muito para se irritar. Apenas a presença dele bastava para ela começar a gritar ofensas e tentar expulsá-lo do local. 

Sentei-me ao lado de Dorcas e logo Peter se sentou ao meu lado e começou a atacar a comida, como de costume. Peguei um copo de suco de abóbora, costelas e batatas e comecei a comer também. 

O restante do almoço tinha sido pacato ao extremo, resolvi não importunar a ruiva enquanto comíamos e ao terminar de comer fui direto para os jardins esperar a hora de ir para a aula de herbologia com a professora Sproutt. A aula foi chata como de costume e apenas cerca de cinco alunos realmente prestavam atenção em algo que a professora dizia. 

Após o término da aula de herbologia partimos para uma mais interessante, poções. O professor Slughorn era ótimo, e era um dos que mais puxava meu saco. Ele explicava a função de alguns ingredientes como losna e raiz de asfódelo. Após o término ele começou a falar sobre as poções que iria passar no ano letivo inteiro. 

O jantar estava sendo completamente o oposto do almoço, pois a mesa da grifinória não era mais silenciosa. Eu tinha decidido irritar Evans um pouco e estava dando certo. Fiz algumas piadas sobre o cabelo do Snivellus aqui e outras sobre a Meadowes viver no mundo da lua acolá e pronto, fórmula para James Potter deixar a ruiva enfurecida concluída. 

— James Potter, você não cansa de ser infantil e insuportável? 

— Preciso mesmo responder Lily Ginger Evans? 

— Não me chame de Ginger, para você é Evans – Ela deu uma pausa para respirar – Então sem gracinhas, não somos amigos Potter. 

E por algum motivo aquilo me magoou, e eu simplesmente me levantei e sai. 

[19/12/1971] Hogwarts – Terceiro mês de aula 08:56 PM – James Potter 

Todas as minhas tentativas de atrair a atenção da Evans iam para o bueiro, a ruiva parecia decidida a não me deixar ser amigo dela. Então eu fiz o que toda pessoa inteligente faz, nada.

O salão comunal estava cheio, todos faziam seus deveres, alguns de transfiguração outros de defesa contra as artes das trevas e até mesmo alguns de feitiços pendentes. No canto isolado da sala estava Remus Lupin, e ele estava sozinho novamente como de costume.

Fora Evans e suas duas amigas o garoto ficava quase o tempo todo sozinho, e eu particularmente achava que ninguém devia ficar sozinho. Andei até ele, seguido de perto por Sirius e Peter. 

— Oi – Tentei fazer uma expressão amigável. 

— Hum, Potter, olá. 

Estendi a mão em sua direção, o garoto me olhou meio desentendido. 

— Sem essa de Potter, me chame de James. 

Um sorriso brotou no rosto no garoto enquanto nos sentamos ao seu redor. Ficamos conversando por um tempo, e pode ter sido impressão, mas tenho certeza que vi um sorriso rápido no rosto da Evans. 

[25/03/1972] Hogwarts – Sexto mês de aula 10:30 AM – James Potter 

Remus e eu estávamos fazendo dupla na aula do professor Riddle. Ele estava falando de feitiços de proteção simples e alguns de ataque. 

— Ao conjurar o protego o bruxo deve concentrar sua magia e tentar expandir em forma de escudo, mas bruxos muito poderosos como o Diretor Dumbledore conseguem projetar uma cúpula ao seu redor.

Remus anotava tudo que o professor falava, enquanto eu apenas escutava tudo com atenção.  Sirius e Peter estavam conversando por seu método do caderno, ficar passando um caderno de um para o outro com mensagens, o professor acharia que tem anotações da matéria e não iria dar nenhum problema, simples, porém genial. O professor Riddle continuou falando sobre alguns feitiços e até citou o feitiço expelliarmus. 

— Não temos nada confirmado, mas boatos apontam que o próprio Merlin criou o feitiço expelliarmus, e o usou em sua última batalha contra Morgana, ao qual aparentemente nenhum dos dois saíram vivos. 

Eu achava a história de Merlin incrível, quer dizer. Todo mundo achava, ele era uma celebridade no mundo mágico, todas as crianças sabiam suas histórias. Todos os pais as contavam para seus filhos dormirem. 

— A carga mágica necessária para usar o feitiço expelliarmus não é muito grande, mesmo sendo um feitiço poderoso ele é relativamente simples, apenas tem que fazer um movimento circular com o punho e recitar as palavras – Ele esperou todos que estavam anotando terminar e continuou – O mais complicado é que o bruxo deve se concentrar em repelir, se o feitiço acertar a mão do bruxo que estiver segurando a varinha, está irá ser repelida, e se acertar o corpo o bruxo será jogado alguns metros à frente. 

A aula continuou incrível como sempre, todas as aulas do professor Riddle eram ótimas e ele realmente ensinava a matéria de forma incrivelmente fácil de ser entendida, não era nada forçado ou complicado demais. Junto da Minnie ele era o meu professor favorito de Hogwarts. 

A aula acabou e juntei meu material. O professor Riddle reteve Sirius e Peter na sala por algum motivo, talvez a troca de bilhetes, enfim. Segui meu caminho com Remus para ir ao almoço, pois ainda teria aula de vôo hoje. 

Após cerca de quinze minutos de almoço Sirius e Peter aparecem no salão principal com feições distintas, um despreocupado e outro beirando o desespero. E como sempre Peter descontou sua frustração na comida, e Sirius estava me explicando o que tinha acontecido. 

— Então ele meio que disse “Se vocês estão achando que sou bobo Sr. Black e Sr. Pettigrew estão muito enganados, detenção para ambos, irão ser meus auxiliares por toda a semana”. 

— Sirius isso é incrível, você vai poder ver muita coisa. 

— James você não deveria ficar tão empolgado com uma detenção. 

— Você sabe como ele é Rem, nem tente concertar seu amigo – Evans passou do nosso lado me provocando, vez ou outra ela também fazia alguma piadinha a meu respeito. Ao contrário do que todos pensam, ela também adorava me provocar. 

Marlene e Dorcas que estavam logo atrás estavam rindo muito, como se tivessem escutado a melhor piada do mundo. Eu não tinha nada contra as duas, principalmente a McKinnon, ela era legal para uma garota. E quando a Evans estava longe nos ficávamos conversando sobre quadribol e esse tipo de coisas. Ela queria ser batedora e eu artilheiro então tínhamos muito assunto. E a Meadowes era uma garota meio diferente, digamos assim, ela era calma e tinha o comportamento associado a essa nova onda que apareceu, os hippies. Adorava signos e ficava metade do dia explicando para Remus, Marlene ou para a Evans sobre como eram os signos deles. Explicava para Evans que os aquarianos eram sonhadores e fechados para sentimentos, para Remus que piscianos são calmos e tranquilos e para Marlene que os leoninos são líderes natos e necessitam de atenção. Singular era uma ótima palavra para descrevê-la. 

Procurei ignorar o comentário e continuei meu almoço. Assim que o horário da aula de vôo chegou me dirigi ao campo de treinamento para a aula da Madame Hooch. Todos os alunos do primeiro ano estavam alinhados em filas grifinória ao lado da lufa-lufa, logo em seguida corvinal e por último sonserina. 

— Agora vocês iram iniciar a aula de vôo, eu sou Xionara Hooch e serei a instrutora – Ela possuía cabelos negros na altura dos ombros e usava vestes próprias para o quadribol, além de uma nimbus 500 – Se posicionem do lado sua perna de apoio, quando estiverem em posição estendam a mão e falem em voz alta “Suba” e se for o suficiente a vassoura subirá. 

Eu e Sirius trocamos um olhar cheio de significados, ambos sabíamos muito bem como montar vassouras, digo muito bem para jovens de onze anos. Assim que me posicionei estendi a mão falei – Suba – E a vassoura me obedeceu rapidamente. Alguns outros alunos conseguiram logo em seguida, já outros como Meadowes e Evans pareciam precisar de muita ajuda, já que as vassouras nem se mexiam. 

—Srta. Evans e Srta. Meadowes estão pelo menos tentando? 

A turma começou a rir por causa da reação da ruiva, que agora estava vermelha como seus cabelos. 

— O que é o que é? Tem cabelos vermelhos, roupas vermelhas e pele vermelha? – Sirius falou enquanto todos riam. 

— EU SEI, É A EVANS. 

Nesse momento até a própria professora estava rindo, a turma e as amigas da garota também, e ela estava com uma expressão furiosa. 

— Eu odeio você Potter. 

E por algum motivo aquelas palavras doeram mais em mim do que um soco. 

[13/05/1972] Hogwarts – Final de Quadribol 09:27 AM – James Potter 

— Ano que vem cara, juro que estarei ali – Sirius falava irritado enquanto nossa casa perdia para a sonserina de 170x60. Um dos sonserinos mais velhos, amigos da família de Sirius tinha acabado de derrubar nosso apanhador e todos na torcida da grifinória, lufa-lufa e corvinal começaram a vaiá-lo.

— Isso claramente foi falta, essas serpentes estão achando o que? – O narrador, que era da corvinal voltou a se pronunciar.

— Sabe Sirius, o grande problema desse time é que eles não sabem responder bem a violência dos sonserinos de forma devida, eles deveriam tentar entrar de forma mais dura no jogo também.

Apenas concordando com a cabeça ele voltou sua atenção ao jogo, e eu voltei minha atenção para Evans que fitava Newton Fossaway, um terceiranista da grifinória com um olhar diferente, quase de admiração. Ele era artilheiro e tinha acabado de marcar mais um gol para a grifinória, mudando o placar para 170x70.

O segredo do quadribol era um dos times tentar abrir vantagem e logo em seguida capturar o pomo, e se você estiver no time perdedor, não deixar o jogo ter mais do que 150 pontos de vantagem. A captura do pomo de ouro renderia 150 pontos ao time, fato que pode ajudar a virar muitos jogos ou terminar o vexame de vez.

Sonserina marcou mais um gol, fato que fez a torcida verde e prata vibrar. De longe pude ver Snivellus comemorando ao lado de seus amigos sonserinos nojentos e de uma garota loira que andava periodicamente com a prima de Sirius, seus nomes não me vinham a cabeça no momento.

Fossaway escapou de um balaço que foi arremessado em sua direção e pude ver terror e logo em seguida alivio na expressão da Evans. Logo o pensamento de que ela pudesse gostar dele invadiu minha mente, e eu senti muita raiva, tanta que poderia bater naquele nariz empinado que ele possuía. Tentei não olhar para Evans pelo resto do jogo, o que se provou uma missão impossível. Eu odiava não saber o que era isso que eu sentia por ela, eu adorava contrariá-la e zombar da cara dela, mas também adoraria me aproximar e ser seu amigo. É como dizem, mulheres são complicadas.

Após cerca de quarenta e cinco minutos de jogo o apanhador sonserino pegou o pomo finalizando a temporada de quadribol com uma vitória sobre a grifinória de 360x180. O time da casa dos leões estava arrasado, até mesmo a Evans que dizia odiar quadribol estava triste.

[11/06/1972] Hogwarts – Londres 07:42 PM – James Potter 

Estava na estação esperando meus pais, meus três amigos já haviam ido embora então me restou esperar que viessem me buscar. O ano letivo havia acabado, e eu com toda certeza estava voltando para casa diferente de antes, talvez não uma boa mudança, só que tudo o que passei nesse ano me marcou. Eu conheci Sirius, Remus e Peter e nos tornamos grandes amigos, também conheci a McKinnon, Meadowes, Longbottom e o Snivellus. E claro, não podia deixar de falar que conheci a Evans, o que com toda certeza foi o que mais me marcou esse ano. Eu ainda não sabia praticamente nada sobre ela, sabia que ela era inteligente e nascida trouxa, fora isso nada de realmente importante, e uma das coisas que mais marcou o final do meu primeiro ano foi que eu havia decidido que me aproximaria dela, de um jeito ou de outro. Eu estava cansado de me perguntar, quem era Lily Evans.

Eu já tinha planos, começaria a bolar coisas desde já, pediria ajuda a Sirius e Remus e colocaríamos Hogwarts a baixo se fosse necessário, tudo pela minha nova missão, mostrar a Evans que sou melhor que o Snivellus e que ela deveria ser minha amiga ao invés de amiga dele, não deveria ser muito difícil, eu tenho uma vasta lista de qualidades ao quais posso mostrá-la.

Após mais alguns minutos esperando meus pais aparecem para me buscar, dou um abraço em cada e dou as costas ao local onde em alguns meses pegaria o expresso novamente. Por saber que em alguns meses voltaria, nem olhei para trás, afinal em minha mente eu já havia guardado cada detalhe daquele lugar. A plataforma do expresso para o melhor lugar do mundo, Hogwarts, meu lar.