Midnight escrita por Sherl


Capítulo 4
Midnight Three


Notas iniciais do capítulo

Olá, gente! Poxa, o capítulo passado foi tão ruim assim que ninguém comentou? :( fiquei meio triste, mas aqui está o outro como prometido.



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m i d n i g h t     t h r e e 

"SURPRESA!" Castiel gritou juntamente  aos outros quando Samandriel passou pela porta e agora os olhava assustado, causando risos nos demais.  

"Que?" Perguntou piscando freneticamente. "Não acredito que vocês fizeram isso." Samandriel escondeu o rosto com as mãos e todos gritaram 'AW' e o abraçaram de uma só vez.  

Anna teve a ideia de darem uma festa surpresa para Samandriel e pediram para que a mãe dele o levasse para algum lugar enquanto eles arrumavam a casa sem que ele soubesse. Era uma festinha normal como todo amigo um dia já fez. Samandriel, pego de surpresa, agora chorava sem parar enquanto seus quatro amigos riam e ao mesmo tempo tentavam lhe fazer parar para comer um dos salgados.  

"Por que a senhora não me contou? Deveria estar do meu lado!" Disse Samandriel para sua mãe.  

"Mas então a festa perderia todo o sentido de surpresa, querido." Ela sorriu e lhe deu um beijo na bochecha.  

Depois de três horas comendo os salgados e os bolos (e bebendo cerveja porque a mãe do Samandriel deu permissão por causa que era seu aniversário, o que fez todos amarem ela), os cinco sentaram na sala. Michael e Meg jogavam um jogo de corrida no video game (e Michael perdia feio), Anna conversava no telefone com seu pai e Castiel jogava um jogo de tabuleiro com Samandriel, como faziam quando crianças.  

"Que tal jogarmos verdade ou consequência?" Perguntou Anna após desligar o celular e jogá-lo no sofá.  

Meg revirou os olhos. "Você tem algo mais clichê que isso?"  

"Sete minutos no paraíso!" Gritou Samandriel. 

"Vocês são horríveis, não sei porque fico perto." Disse Meg.  

"Porque ninguém, além de nós, gosta de você." Anna pegou uma garrafa vazia de cerveja do chão e sentou, chamando os outros com as mãos para uma rodinha no chão.  

Castiel, alegando que não queria jogar, saiu da sala e foi até a varanda da casa, levando um pedaço de bolo e a sua garrafa de cerveja que ele ainda não tinha esvaziado, apesar de estar bebendo faz um tempo, mas o motivo era que ele não apreciava muito o gosto da bebida.  

Sentou no chão da varanda e pegou o garfo delicadamente, comendo o bolo e lembrando da noite anterior. Dean devorando de uma só vez as amostras como se fossem pequenas uvas e gemendo como se fosse a melhor coisa que tinha provado. Castiel não sabia se gostava de estar prestando tanta atenção nele, ou do fato do crush nele ter crescido ainda mais quando na verdade ele só queria que ela sumisse. Em um dia Dean era o garoto que Castiel queria ignorar para toda a vida, e em outro Dean era o garoto com quem Castiel queria sair todas as noites.  

E uma das coisas mais preocupantes era que, mesmo tendo visto Dean bater em várias pessoas na rua e ser preso, sua ansiedade para vê-lo à meia noite não havia diminuído.  

O relógio agora marcava dez e cinquenta e nove.  

Castiel olhou para seus pés, suas mãos seguravam a garrafa de cerveja entre suas coxas e ele batia os dedos levemente no vidro, fazendo um tilintar com suas unhas. Uma borboleta azul passou em frente ao seu rosto e Castiel ergueu os olhos para olhá-la se distanciar a medida que ia voando por cima das plantas do jardim da casa. 

"Hey." Uma voz baixa e calma fez ele virar a cabeça para trás, onde viu Samandriel se aproximar e sentar ao seu lado. "Você está bem?"  

Castiel sorriu e colocou a garrafa no chão ao lado do pratinho com as migalhas do bolo. "Sim, obrigado." 

"Eu que deveria agradecer." 

"Foi ideia da Anna, você ouviu sua mãe dizer."  

Samandriel riu e cruzou as pernas. "Quis dizer sobre ter ajudado e tal." Castiel assentiu e os dois ficaram em silêncio por alguns segundos. Uma música alta que vinha da sala começou a tocar e eles olharam para a porta, como se esperassem ver o que estava acontecendo. "Parece que acaba de ficar mais animado." 

"Por que não está lá dentro com os demais?"  

Samandriel apenas deu de ombros e aproximou-se, ele parecia tenso, Castiel notara. Preferindo não comentar,  olhou para a lua e então fechou os olhos e respirou demoradamente, como se estivesse recebendo um abraço da luz que ela produzia sobre a terra. Uma mão tocou seu rosto e Castiel abriu os olhos e antes que soubesse o que estava acontecendo, Samandriel juntou seus lábios em um beijo simples e parado. Castiel afastou o rosto e olhou para o chão, não querendo ver o olhar triste que provavelmente tomava o rosto de seu melhor amigo.  

"Acho que você deveria ir, Cas." Disse Samandriel com a voz falha.  

"Sim." Castiel concordou e se levantou, agora com a garrafa de cerveja em sua mão. "Desculpa, Saman-" 

"Tudo bem."  

Castiel suspirou silenciosamente e andou em direção ao fim da rua onde ficava sua casa. Sentia-se tonto e suspeitava que não era por causa da bebida que mal havia tomado. A noite parecia mais escura e o ar mais pesado, ele não gostava da sensação que tomava posse de seu corpo toda vez que passava pela porta de cada casa da rua.  

Surpreendentemente, Dean não se encontrava sentado na calçada, então Castiel deduziu que não devia ser meia noite ainda. Sentou sozinho e tentou não pensar sobre a luz do poste não ter iluminação o bastante. Seus olhos estavam pesados por causa da noite de pouco sono que tivera, dormindo por apenas três horas antes do despertador tocar para que ele fosse para a escola.  

Enquanto esperava o relógio estar ao seu favor, Castiel pensa em como deveria estar frustrado porque suas noites com Dean não passavam de curtos momentos com curtas conversas sobre tópicos aleatórios, mas pensa também que é exatamente por isso que gosta. Ele sente que poderiam conversar sobre qualquer coisa, até mesmo sobre uma sacola voando no meio da rua. Castiel apenas pedia que Dean sentisse o mesmo.  

"Não conseguiu esperar?" Dean perguntou com seu sorriso malicioso de costume. 

"Não havia mais nada para fazer senão sentar aqui e aguardar sua chegada."  

"E o que você costuma fazer antes da meia noite?"  

"Bem-" 

"Isso é cerveja?" Dean perguntou apontando para a garrafa nas mãos do Castiel, que assentiu e lhe entregou a bebida. "Cara, essa é horrível, como você bebe essa merda? Bebida de fresco."  

"Eu lhe explicaria o motivo da bebida ser essa não muito forte, mas não estou com muita vontade de fazê-lo." 

Dean franziu a testa enquanto bebia o resto da cerveja e deixava a garrafa vazia no chão. "Por que você sempre fala assim? Como se estivesse conhecendo um acadêmico ou, sei lá." 

"Eu não sei, é só como eu costumo falar." Castiel o olhou e desejou que a luz do poste fosse mais forte apenas para conseguir ver o verde em seus olhos. "Já tem alguma ideia do que iremos fazer isso?" 

"Por favor, eu sempre sei o que eu vou fazer." Dean respondeu, arrumando a jaqueta de couro e andando para onde quer que ele pense em ir.  

Os dois chegaram em um estacionamento de um restaurante onde só os mais ricos costumavam ir e Castiel parou no meio do caminho quando percebeu que Dean testava todas as portas do veículo, procurando por uma que não estivesse trancada. Picolés era uma coisa, um carro era totalmente diferente.  

"Dean, não acho que deveríamos fazer isso." Disse Castiel com receio.  

"Não seja covarde. Além do mais, você que estava me esperando para sair hoje." Dean continuou tentando abrir as portas, falando sem olhar para Castiel.  

"Sim, mas-" 

"HÁ." Dean sorriu e abriu a porta de um carro cinza. "Não é minha baby, mas serve." Após ligar o motor fazendo uma ligação direta, Dean sentou no banco e saiu com o carro do estacionamento, parando para esperar Castiel entrar e eles poderem continuar com o que irão fazer.  

Com hesitação, e praticamente gritando consigo mesmo mentalmente, Castiel entrou no carro. "Sua baby?"  

"Yeah, meu carro. Não pude trazê-la...motivos."  

"Por que precisamos de um carro, afinal?" 

"Porque a casa do idiota do Crowley é do outro lado da cidade e eu não quero desperdiçar nossa hora juntos." Dean explicou e pisou no acelerador, colocando mais velocidade do que Castiel acreditava ser legal.  

"Quem é Crowley?"  

"Um pomposo que se acha o rei do inferno."  

✧ 

O tal do Crowley não possuía uma casa normal como a do Castiel ou a do Dean. Não, era mais como uma mansão, só que não realmente. E tudo era escuridão, até mesmo o buraco que o juízo do Dean deixou quando resolveu dar uma saída. Castiel não estava gostando de como aquela noite estava sendo, e principalmente não estava gostando da cara que um grande cachorro negro fazia para eles enquanto Dean tentava abrir a tranca da janela com uma pequena faca. Por sorte, o cachorro estava acorrentado e a corrente não os alcançava.  

Castiel se perguntou como que uma casa grande como aquela não possuía um sistema de segurança para quando dois adolescentes desocupados resolvem entrar pelas janelas do lugar.  

"Até mesmo as bebidas dele são pomposas." Disse Dean ao cheirar uma garrafa de vidro e fazer uma careta.  

"Você vai...você vai roubar alguma coisa?" 

"Ei, eu não sou desses. Não 'tô nem ai 'pra essa merda toda de bens materiais. O que eu quero mesmo está no final da casa." Dean o chamou com um sinal de cabeça e Castiel o seguiu. 

Uma piscina era o que estava no final da casa.  

Dean tirou sua jaqueta de couro e seus sapatos e estava fazendo aquilo tão naturalmente que era como se Castiel nem ao menos estivesse no mesmo lugar que ele e como se ele não tivesse simplesmente entrado na casa de alguém.  

"Você vai tomar banho de piscina?" 

Dean revirou os olhos. "Não, eu estou tirando a roupa porque apenas deu vontade." 

"Dean!" 

Castiel não estava entendendo porque Dean estava rindo. Aquela situação não era nem um pouco engraçada. "Vamos lá, você não gosta de piscinas? Crowley não está aqui, ele sempre tem reunião nas quartas." Castiel queria perguntar como que ele sabia daquilo, mas decidiu não se dar o esforço e apenas tirar seus sapatos para entrar na piscina depois do outro.  

Era uma sensação incrível. Castiel podia sentir a água mover contra seu corpo como um instrutor de dança que o ensinava movimentos naturais e calmos para uma música de melodia triste e ainda assim feliz e bonita. Ele movia sua mão por baixo da água como se ela pertencesse a aquele lugar, transformada em porcelana limpa e pura quando a luz tocava a superfície de onde ela estava.  

E então tinha Dean, mergulhando por alguns segundos e então emergindo para tomar ar, os fios de cabelo loiros, agora escuros e colados em sua testa, os pingos de água que percorria seu rosto como Castiel desejava fazer com seus dedos. Dean parecia tentador naquele momento, com o brilho da luz da lua contra a água sobre ele como estrelas manchadas em seu cabelo, a expressão suave tão rara que agora tomava posse dele durante a dança de seus movimentos ao nadar pela piscina.  

Castiel sentiu como se algo dentro dele brilhasse tão forte e ele colidisse contra si mesmo com seus pensamentos, se perguntando se era assim que galáxias eram criadas.  

✧ 

Após deixarem a casa e estacionarem o carro de volta no lugar, os dois retornavam para casa a pé com o vento batendo contra suas roupas molhadas. Dean segurava sua jaqueta e seus sapatos em uma mão, e olhava para cima, provavelmente para as estrelas.  

"Por que você está constantemente mencionando as estrelas?" Perguntou Castiel.  

"Não sei, eu apenas gosto delas. Elas estão sempre lá em cima, eu só queria tocar em uma."  

Era tão estranho alguém com a reputação do Dean falar sobre aquilo, as pessoas ficariam surpresas em saber sobre a delicadeza de suas palavras. Castiel se sente tão bem ao pensar que apenas ele sabe sobre isso. "Você sabia que somos todos feitos de poeira estelar?" E eu só queria tocar em você, Castiel completou mentalmente.  

"É um fato, todos sabem disso."  

Você também gosta de si mesmo? Você gosta de mim? "Eu sempre gostei de pensar sobre isso. Acha que aquilo sobre a morte é verdade? Em relação a ficarmos acordados por mais sete minutos antes de finalmente irmos embora desse mundo?"  

Dean levantou os ombros. "Não sei, mas eu penso sobre aqueles segundos antes da morte. Aquele momento em que sabemos que vamos morrer."  

Devido a aproximação dos dois, seus dedos roçaram levemente uns contra os outros e Castiel se perguntou se Dean também sentira aquilo.  


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Notas finais do capítulo

A cena da piscina ficou com um resultado tão legal quanto ao aesthetic, gente, é minha segunda cena favorita da fic uehauehaueh.