Midnight escrita por Sherl


Capítulo 3
Midnight Two


Notas iniciais do capítulo

Finalmente temos um banner!!! (E eu não esqueci de postar hoje hehehe)

A frase no banner é da música Our Love Comes Back do James Blake que é a músiquinha tema da fic ♥

Espero que gostem.



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m i d n i g h t     t w o 

"Cas? Por que você está avoado hoje?" Perguntou Samandriel e Castiel percebeu que havia pego sua comida e brincava com ela por um bom período de tempo, já que o restante já tinha terminado de comer. "Você está bem?" 

"Quem é ela, Cas?" Perguntou Anna com um sorriso malicioso.  

Samandriel olhou curioso para Castiel, que apenas ficou vermelho e evitou seu olhar. "Não é nada do tipo, estava apenas pensando." Castiel não queria contar que estava tentando imaginar o que Dean estava pensando em fazer naquela noite, não queria contar que combinou de sair por seis noites com o garoto de impulsos destrutivos a quem todos assustava. 

De repente, muitas pessoas começaram a gritar do lado de fora da lanchonete e outras saíram para olhar o que estava acontecendo. Meg ergueu uma sobrancelha e olhou para Michael, que subiu os ombros sem entender o que poderia ser. Anna foi quem se levantou primeiro, seguida de Samandriel e Castiel. Os cinco foram até a porta de vidro do local e viram algumas pessoas rodeando dois adolescentes que estavam a socos.  

Um deles era Dean.  

Castiel ficou na ponta dos pés para ver melhor por entre as cabeças que cercavam a briga. Dean estava com um corte feio que ia de cima do nariz até o começo da bochecha e um lábio roxo e inchado, ele se encontrava sentado em cima do seu adversário, que estava com uma aparência muito pior, seu rosto era uma bagunça de sangue e inchaço e Dean parecia não se importar com isso, já que jogava soco atrás de soco sem fazer nenhum intervalo.  

Castiel percebeu que alguém ligara para a polícia, que agora corria em direção a Dean e o algemava, o levando contra sua vontade para a viatura. Em um milésimo de segundo, Dean encontrou os olhos do Castiel e sua expressão descansou. Era como se ele se mostrasse violento apenas para os demais. Aqueles olhos contavam muito mais do que uma rápida olhada. Foi como se Castiel fosse sugado para o passado no momento em que o pequeno Dean deixara um garotinho chorando no chão e ao olhar para o pequeno Castiel, seus olhos irritados transformavam-se em olhos calmos.  

Castiel quer perguntar sobre aquilo, quer entender.  

Ele quer sair com Dean mais vezes, quer conhecê-lo através de pequenas coisas, de pouco em pouco em períodos curtos de tempo, os dois mergulhados em conversas não muito profundas, mas interessantes ao mesmo tempo.  

Olhou para o relógio de uma garota ao seu lado. Cinco horas e vinte e sete minutos. Dean provavelmente ficaria preso pelo resto do dia e provavelmente do próximo, o que significava que eles não sairiam naquela noite.  

Castiel balançou a cabeça discretamente. Dean acaba de quase matar alguém a base de socos, ser preso e lá estava Castiel se preocupando que não teriam sua segunda noite juntos. Todos já foram embora e ele continuava parado, olhando o sangue que deixaram para trás no chão. Deveria estar assustado com Dean, como todos estavam, porque ele era realmente perigoso, e era possível que tivesse acontecido um homicídio ali mesmo se a polícia não tivesse chegado.  

Castiel quer estar com medo, mas o par de olhos verdes olhando para ele com calmaria e o sorriso divertido da noite anterior lhe impediam disso.  

"Eu me preocupo as vezes, quando lembro que você mora ao lado dele." Disse Samandriel ao seu lado. "Tenho medo de acordar e descobrir que você morreu." 

Castiel não respondeu, porque se ele o fizesse, ele iria descordar, e se discordasse, seria como defender Dean, que é o que ele não queria, não em voz alta, não para seu melhor amigo de infância que se assustava com Dean tanto quanto um coelho se assustava com um cão de caça.   

Quando chegou em casa, Castiel viu uma viatura parada em frente a casa do Dean, onde um policial falava com John Winchester, a quem Castiel só vira umas três vezes na vida. Não conseguindo escutar o que diziam, Castiel entrou em casa e encontrou Chuck escrevendo no computador, seu rosto como o de alguém que odiava todo mundo e tudo que existia.  

Não sendo notado pelo pai, foi para seu quarto finalizar a atividade de física que havia começado na aula. Seus olhos pesavam e ele lutava contra as pálpebras que teimavam em fechar. Por fim, o quarto se tornou um vulto embaçado e Castiel adormeceu em cima da mesa, sonhando com nada mais, nada menos que uma grande quantidade de nada e escuridão.   

✧ 

Onze e cinco. 

Castiel abriu os olhos e ergueu a cabeça, a folha do caderno despregava de seu rosto a medida que ele se levantava, e dançava lentamente pela mesa por causa do vento que entrava pela janela do quarto. Castiel foi para o banheiro e tomou um banho, demorando porque decidiu que ficar parado enquanto a água descia pelo seu corpo resultava em uma boa sensação.  

Abotoando seu jeans, Castiel foi até a sala e encontrou seu pai dormindo no sofá, a boca aberta e as pálpebras se mexendo como se seus olhos estivessem indo para um lado e para o outro, mostrando que ele estava sonhando. Fez o mínimo de barulho com seus pés e voltou para o quarto, apanhou a folha que havia caído no chão e sentou-se na cama, olhando para o seu despertador em cima da cômoda.  

Onze e quarenta e nove.  

Castiel não sabia porque ficava olhando, já que era provável que não iria sair daquele dia, não com Dean na prisão. Ele queria dormir, mas estava inquieto. Coisas lhe chamavam e as estrelas puxavam os fios de seu cabelo como se quisessem que ele saísse daquele quarto escuro e fosse olhá-las. Mas que prazer seria se fosse sozinho?  

Vestiu um suéter azul escuro com um padrão de borboletas e calçou os tênis. Só uma olhada para ter certeza que Dean não estava o esperando do lado de fora, só uma olhada para se desapontar o bastante para conseguir dormir.  

Saindo pela porta da frente, olhando sempre para Chuck e qualquer movimento que ele fizesse, Castiel pôs-se a caminhar pelo jardim, quando parou ao ver alguém sentado na calçada em frente a sua casa olhando para as próprias mãos, talvez limpando as unhas ou examinando-as por falta do que fazer.  

"Dean?"  

Dean virou a cabeça e Castiel correu os olhos pelo seu rosto, o corte em seu nariz era uma linha escura e sua boca não estava mais inchada, se bem que uma mancha começava a se formar pela área, a luz do poste não iluminava seus olhos o bastante para o verde ficar visível, mesmo assim, Castiel podia ver que estavam calmos.  

"Hey." Dean levantou e sorriu, ficando a sua frente. "O que você acha de casar comigo?"   

Castiel sentiu uma frieza engolir seu corpo com a pergunta, como se ele fosse desmaiar. "Que...O que?" Balançou a cabeça. "Eu achei que você estava na prisão."  

"Histórias passadas. E não deixe um cara esperando, apenas diga sim." Quando Castiel fez mais uma expressão confusa, Dean revirou os olhos, ainda sorrindo, e o pegou pelo braço. "Qual sua cor favorita?"   

"Eu...Amarelo."   

"Amarelo?" Dean fez uma careta. "Você tem um péssimo gosto." 

"Amarelo é uma ótima cor, para sua informação, é alegre e morna. Se você olhar bem a cor amarela, você verá que ela cheira como a manhã e como as folhas que voam pelo ar, ela lembra o sol e o ouro mais brilhante. Amarelo faz eu me sentir feliz."  

"Isso foi desnecessariamente poético." Dean deu de ombros. "Acho que gostei. Ok, digamos que o amarelo é uma cor legal-" 

"Obrigado." Castiel o cortou e Dean o empurrou de leve enquanto andavam.  

"Amarelo é uma cor legal, mas não é como cinza." 

"Sua cor favorita é cinza? Isso soa...triste. Cinza tem cor de nada."  

"Isso é preto, meu amigo. E cinza é muito legal, é como o céu fica antes de uma tempestade, é a cor que você sente quando está frio."  

"É também triste." Castiel disse tentando fazer graça. Tentando também não pensar no fato que Dean acabara de lhe chamar de amigo.  

"Ei, sinta simpatia por minha cor, ok? Eu senti pela sua."  

Os dois continuaram andando lado a lado, centímetros longe um do outro, em total silêncio. Mas não era um bom silêncio, a atmosfera entre os dois gritava a pedido de alguma conversa enquanto tudo o que era escutado era apenas o som de seus sapatos contra o chão da calçada.  

"Para onde vamos?" Perguntou Castiel, olhando para Dean, que apenas sorriu malicioso como resposta.   

Castiel pensou em como Dean, quando estavam juntos à meia noite, era diferente de como ele normalmente agia durante o dia. Castiel sentia como estivesse perdendo algo que estava bem a sua frente.  

"Ok, você faça o que eu digo e não fale nada que não seja...parte do personagem." Disse Dean segurando a mão do Castiel sem hesitar, e quando este tentou puxar sua mão de volta, Dean segurou com mais força e lhe lançou um olhar.  

"Para onde vamos?" Repetiu Castiel. E por que há uma necessidade de segurarmos as mãos?  

"Nós vamos entrar por aquela porta fingindo ser noivos e...vamos provar amostras de bolos."  

"E você simplesmente acha que isso vai funcionar?" Perguntou Castiel o olhando como se ele fosse louco. "E por que você pensa que existe um lugar desses que esteja aberto à meia noite?"  

"Eu sei que tem um lugar desses aberto à meia noite." Respondeu Dean o levando para um prédio. "É na verdade bem famoso porque eles também casam as pessoas. É tipo: Oh, e se alguém casar por impulso, é..."  

"Mas eles não precisam de documento ou algo do tipo para-" 

"Apenas...não fale nada que estrague." Dean o cortou e entrou no lugar com um sorriso falso no rosto. "Olá, meu nome é Sean e esse é meu noivo, Jimmy." Disse ele para uma mulher que parecia simpática. "Gostaríamos de ver as amostras de bolo." 

"Por favor." Completou Castiel calmamente, ganhando um olhar surpreso do Dean por alguns segundos.  

"Claro, por aqui." Disse a mulher com um sorriso, apontando o braço para a esquerda.   

✧ 

Castiel olhou para a mesa totalmente maravilhado com a organização e com a aparência dos bolos. Dean rapidamente soltou sua mão e sentou na mesa, comendo um dos pedaços de bolo sem se importar com o quão veloz ele estava fazendo aquilo. Castiel o ignorou e sentou ao seu lado, provando um bolo branco com vermelho, ótimo. Em seguida um bolo branco com preto, ótimo também. Um bolo branco com dourado, não gostou muito desse.   

"Humm." Gemeu Dean e, com a boca cheia de bolo, continuou: "São deliciosos, não são, querido?" Perguntou com um sorriso.  

Castiel apenas ergueu uma sobrancelha e pegou outro prato de outro bolo para provar.  

"Ei..." Chamou uma voz masculina que vinha do fim da sala, fazendo os dois olharem para o local. "Eu conheço vocês...são os desgraçados que roubaram meus picolés." O homem se levantou da mesa onde estava e começou a se aproximar deles. 

"Ok, essa é a parte em que saímos correndo." Disse Dean puxando Castiel, que ainda segurava o garfo quando saiu dali.  

✧ 

"Estou surpreso que ainda conseguimos provar os bolos sem ninguém notar algo de errado em dois adolescentes noivos." Comentou Castiel quando eles pararam de correr, ficando no meio da rua onde não passava nenhum carro no momento.  

"Eu entrei para comer bolo e o que eu quero eu consigo."  

"É inacreditável o quanto você é rebelde."  

Dean riu, o empurrando de leve como tinha feito antes. "Por que eu tenho a sensação de que você irá comentar sobre isso toda noite? Você vai, não vai?"  

"Talvez." Os dois se encararam por alguns momentos e Castiel analisou seu rosto. Dean era uma bagunça de um lindo caos que podia ser visível em seus olhos. Castiel queria passar os dedos sobre sua nova cicatriz, mas ele sabia que seria ir longe de mais e não queria estragar as coisas entre os dois.  

Dean olhou para o relógio em seu pulso e Castiel pode ver que os ponteiros marcavam meia noite e quarenta e seis. Sem dizerem mais nada, os dois começaram a andar em direção a rua de suas casas. Castiel segurou seu próprio braço esquerdo com seu direito e continuou andando olhando para o chão, não sabendo o que falar.  

"Você sabia que a lua é lésbica?" Perguntou Dean.  

Castiel olhou para ele, testa franzida e brilho confuso sobre seus olhos. "Está dizendo que o Sol é uma mulher?" 

"O que? Você acha que a lua namora o Sol?" 

"É só que...as vezes eu penso sobre o Sol e a Lua serem amantes que raramente se encontram, mas que estão sempre correndo para isso e quase sempre perdem um ao outro." Disse Castiel olhando para o céu, ele podia sentir o olhar do Dean sobre ele. "Mas de vez em quando...uma vez perdida, eles se beijam e o mundo encara em admiração o eclipse que se forma." 

"Talvez o Sol não tenha gênero. Ainda podemos chamar a lua de lésbica?"  

"Não sei, eu nunca parei para pensar em gêneros de corpos no espaço."  

"Você nunca parou para pensar em seus gêneros, mas pensa sobre eles se beijando, ok." 

Castiel riu. "É um modo engraçado de colocar isso."  

"O que eu posso fazer? Eu sou engraçado."  Dean parou em frente a casa do Castiel e o esperou entrar no jardim, como se quisesse ter certeza de que ele estava seguro para entrar. "Te vejo amanhã, então?"  

Um pequeno sorriso se formou nos lábios do Castiel, que fez um pequeno sinal com a cabeça. "Sim, Dean. À meia noite."  

"À meia noite." 


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Notas finais do capítulo

Eu sei que o negócio do bolo ficou muito ficção, mas eu achei tão bonitinho quando encontrei esse headcanon do tumblr imagine your otp etc...

Obrigada por todos os comentários, vocês são uns amores ♥



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