Sara Sidle respirou fundo no momento em que desceu do carro. Iluminada pelo sol agradável da manhã, fechou seus olhos e tentou imaginar um futuro àquele lugar; acabara de se mudar para o interior da Califórnia. O sítio da família agora era seu, um presente do qual não esperava receber, mas que prometeu cuidar bem. A morena deixou a brisa amena tocar em seu rosto como se estivesse recebendo um abraço de boas-vindas. Curvou seus lábios num sorriso e logo depois respirou fundo novamente. Às vezes mal podia acreditar que largou tudo em São Francisco para mudar de vida e ficar no seu mais novo lar no interior.
Ao seguir para a casa, Sara foi recebida no meio do caminho pelo velho capataz do sítio, também amigo da família há tempos. O senhor Bell a (re)apresentou ao lugar, fazendo-lhe um tour por todo canto, contando-lhe cada detalhe sobre o que aconteceu em todos esses anos. Sara ainda reservou um tempo para conhecer seus dois cavalos, um galinheiro modesto e uma pequena família de cabras e logo se apaixonou por eles.
A próxima parada era a casa. Não era tão grande para se chamar de mansão, porém sua vistosa fachada dava a impressão de caber ao menos duas famílias lá dentro. Modesta e bem antiga, foi pouco visitada durante anos e inabitada por ao menos uma década; apenas o senhor Bell se limitava a entrar para verificar se estava tudo nos conformes. Quando Sara adentrou na casa quase teve um ataque alérgico. Anos de poeira acumuladas e um forte cheiro de mofo e de umidade invadiram seu nariz com facilidade. Seria necessário um dia inteiro no mínimo para dar um jeito nela.
“Bem, acho que... vou ter um trabalhinho por aqui”, disse ela, fazendo o senhor de idade rir.
Era o momento de arregaçar as mangas para começar o trabalho, porém, o capataz teve de ir embora por conta de um problema na família. Então Sara precisou iniciar o trabalho por si só, sem bem que mal sabia por onde iria começar. A primeira hora foi cansativa, marcada pela dúvida e frustração tardia. Saindo para tomar um ar, Sara teve a impressão de que nunca iria terminar de fazer tudo aquilo antes de completar 60 anos e nem chegara aos 40 ainda.
“Olá, boa tarde, senhorita... Sidle, não é?”
A voz detrás dela causou-lhe um susto. A mulher, tensa pela desconhecida voz surgir de repente, virou-se num pulo e encontrou um homem a certa distância dela. Não muito alto, era robusto, de cabelos grisalhos, barba por fazer e olhos azuis.
“Quem é você?” perguntou um pouco nervosa e não por estar desarrumada, mas sim pela presença do estranho. O pior de tudo era estar só e mal ter notado sua chegada.
“Oi... meu nome é... Gilbert Grissom. Sou seu vizinho aqui da frente e amigo do senhor Bell.” Ao contrário de sua feição o tal Grissom parecia tão nervoso quanto ela. “Ele me chamou para te dar uma ajuda, mas me atrasei um pouco então vim pedir desculpas.”