Em rota de colisão escrita por Lily


Capítulo 8
VIII




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/702136/chapter/8

Existem coisas que marcam nossa vida para sempre, uma música, uma comida, um filme, um roupa, ou pessoa. Mas para Emma aquela cena iria sempre prevalecer viva em sua mente. Não aquela cena do beijo dos seus pais na sala escura do planetário, mas aquela cena que se desenrolava a sua frente.

Caitlin sentada no banco olhando para a janela e Barry do outro lado do corredor fazendo a mesma coisa, a tensão que antes existia havia dado lugar a melancolia e insegurança.

O trem seguia serpenteando pelo trilhos a caminho de Star city, ainda faltava muito para eles chegarem e até lá  muita coisa podia acontecer, e como seu tio sempre dizia.

Pior do que isso não pode ficar.

—O que está havendo?- Joe perguntou, Emma estava sentada no braço entre as duas poltronas que ocupava sozinha, com Cisco a sua frente e Joe sentado ao lado dele. Ela tinha a vista privilegiada de Caitlin e Barry, ele atrás dela com o fone de ouvido e a doutora do outro lado do corredor com o livro na mão.

—Pensei que o plano de ontem era fazer com que eles voltassem a se falar, antes pelo menos eles olhavam um pro outro.

Emma olhou para Cisco, ela devia contar a verdade.

—Eu não tenho a menor ideia do que está acontecendo.- mentiu.- Talvez eles estejam cansados.

Joe murmurou algo e virou a pagina do jornal, ele não parecia convencido sobre isso.

Suspirou, se afundou na poltrona do lado da janela, eles precisavam de tempo, de muito tempo. Tentou voltar a atenção a um livro que Cisco lhe havia emprestado, a historia parecia boa, mundo pos-apocalipitico, poucos sobreviventes, zumbis, luta pela sobrevivência, tipico de Cisco.

Já havia relido a mesma frase três vezes quando ouviu um sussurrou vindo da poltrona de trás.

Summer dreams ripped at the seams, but, oh, those summer nights.

Emma reconhecia aquela música, sua mãe vivia cantando-a, principalmente quando seu pai viajava. Ela amava aquela música, tinha um significado profundo. Emma sempre relacionava a música aos seus pais.

Deixou o livro de lado, não tinha cabeça nem paciência para aquilo, se levantou da poltrona, nem Joe nem Cisco, que mexia freneticamente no celular, notaram quando ela saiu dali e se sentou ao lado de Barry nas poltronas de trás.

Ele parecia completamente perdido, olhava para a paisagem através da janela e apertava o celular com força. Então olhou para Caitlin do outro lado do corredor que estava na mesma situação, so que com um livro na mão.

Voltou seu olhar para Barry que parecia tão aluado a ponto de não notar sua presença, ela retirar o fone de sua orelha chamando a sua atenção.

—O que você está fazendo?- perguntou.

—Estou ouvindo musica.- ele respondeu.

—Isso não, eu estou falando daquilo.- Emma discretamente aponta com a cabeça para Caitlin.-O que você está fazendo?

—Desculpa, mas acho que não entendi a pergunta.

—Por que você a ignora?

—Porque ela me ignora.

—Vocês tem que resolver isso logo, ou eu digo para o Joe.- ameaça, Barry revira os olhos.

—Pode falar, eu não me importo.

—Ok. Oh Joe.- Emma elevou a voz para chamar a atenção do detetive, Barry tampou a boca da garota a impedindo de chamar Joe mais uma vez.

—O que você quer de mim?- ele perguntou em um sussurro. Ela resmungou algo contra a mão de Barry.- Eu não posso força Caitlin a voltar a falar comigo, é uma escolha dela.

—Mas não parece ser a sua.- Emma falou quando tirou a mão de sua boca.

—Eu não posso fazer nada.- disse, a contragosto.

Em revirou os olhos, seus pais eram tão parecidos mas ao mesmo tempo tão diferentes.

—Por que vocês insistem em complicar as coisas?- se ajeitou na poltrona agora de frente para Bar.

—Vocês quem, Emma?

—Você, Caitlin, Felicity, Oliver.- nomeou, Barry arqueou a sobrancelha.- Sim, Cait me falou sobre o caso Olicity.- ele riu com a menção do nome de shipper deles dois.- Podia ser mais simples, se vocês fizessem isso ser mais simples. Por que complicar?

—Como se você também não complicasse as coisas.- retrucou.

—Eu não complico, tenho total controle sobre as minhas emoções, e não há nada e ninguém que pode mudar isso.- proclamou.

—Com licença.- a voz grave fez Emma virar e dar de cara um garoto um ruivo de olhos castanhos, ele carregava um violão e tinha a mochilas nas costas.- Você sabe se falta muito para chegarmos a Star city?

Ela abriu a boca para responder, mas a única coisa que sai da sua boca foi um riso nervoso.O garoto a encarou sem entender, ela tentou falar de novo, mas o riso piorou, então Barry tomou a situação.

—Menos de quinze minutos.- informou.

—Obrigado.- o garoto falou e saiu.

—Com certeza, total controle.- Barry ironizou, rindo. Emma cruzou os braços e fez bico, gesto que sempre fazia quando estava irritada.

—Calado.

—Vamos lá, não foi tão ruim assim.- ela o encarou, incrédula.- Tá legal sua risada parecia uma foco engasgando, mas tirando isso, até que foi ma primeira impressão aceitável.

—Não tá ajudando.

Barry riu, mas de repente parou, ele encarava algo agora sério. Emma virou dando de cara com Caitlin.

—Vai lá falar com ela.- a garota mandou, Barry tentou protestar, mas Emma foi mais rápida e simplesmente falou.- Agora.

Bufando o velocista se levantou e caminhou até Caitlin, se sentou a sua frente, completamente nervoso.

—Então, acho que temos que conversar.- Barry falou, a doutora tirou os olhos do livro.

—Acho que sim.

Mas ele não falou, nenhum dos dois falou. Emma se conteve para não xingar, as vezes seus pais eram mais lesados do Ally Queen quando se tratava de Marvin Palmer.

Voltou sua atenção para a janela quando ouviu algo batendo, se levantou e se aproximou, Emma percebeu que havia insetos estavam batendo na janela, o que era estranho em muitos níveis, pois nenhum inseto se tacada contra qualquer outra janela, somente a dela. Vespas, abelhas, besouros, formigas voadoras, todos pareciam atraídos por aquela janela.

Ela pode notar que uma pequena rachadura se formou na parte de baixo do vidro, ela não tinha sido a única a notar, Joe estava de pé entre as poltronas do lado, Cisco se curvava sobre a poltrona para ver melhor.

—Que diabos é…?- Emma não teve tempo de terminar a frase, a janela se espatifou em milhares de pedaços, por causa da pressão que os insetos exerciam sobre ela.

Emma podia ver nitidamente os pedaços indo em sua direção em câmera lenta, essa era uma das vantagens de ser velocista, ela também podia ver o exato momento em que Barry, usando sua super velocidade, correu até ela, a puxou para o outro lado. Emma se agachou ao lado Caitlin, a mulher a apertava com força, Barry as abraçavas tentando protege-las dos insetos que invadiam o vagão. Os gritos ecoavam, Em podia sentir alguns insetos baterem contra a pele exposta.

Emma tinha pavor de insetos de qualquer tipo, era um fobia tão grande que houve um tempo que ela nem conseguia sair para o quintal para brincar com o irmão, então naquele momento quando todos aqueles insetos voavam a sua volta Emma sentiu o ar faltar, ela não conseguia respirar, era como se alguém empurrasse a sua cabeça para baixo da água, respirou pela boca pequenas lufadas de ar, quanto mais ouvia o zumbidos mais o ar lhe faltava, mesmo de olhos fechados ela podia sentir o mundo girar, suas mãos tremiam, seu coração estava disparado, estava tendo um ataque de pânico.

Apertou o braço de Caitlin com força, com a intenção de mostrar a doutora que não estava bem, mas eram tantos gritos, tanto barulho, que Emma se sentia minuscula, cansada, fechou os olhos com força, e o tempo parou, ou andou mais rápido que ela, Em não sabia direito.

Quando o trem parou, se é que ele parou, na estação de Star city todas as pessoas da cabine correm para porta, Caitlin se afastou, Emma ainda respirava com dificuldade.

—Emma.- ela ouviu uma voz longe, como se estivesse a milhares de quilômetros, era apenas um sussurro.- Em.

Emma tentava focar na parede a sua frente, pensamentos positivos, lembranças felizes, momentos alegres, naquela hora parecia que nada disso funcionava, ela sabia que o ataque não era apenas pelos insetos, embora eles fossem o pivô disso, era também o medo, medo de não voltar para casa, medo de mudar a linha do tempo e acabar com a historia dos seus pais, medo de descobrirem, medo de nunca existir.

Fechou os olhos com força, podia lidar com isso, com certeza podia. Sentiu alguém envolver sua mão o toque suave, ela tentou se focar nisso, ela apertou a mão dessa pessoa com força.

—Emma.- a voz a chamou de novo, dessa fez mais clara. Era Caitlin.- Vai ficar tudo bem, está escultando minha voz?- ela acenou com a cabeça confirmando.- Ok, você está tendo um ataque de pânico, mas tudo vai acabar bem, apenas esculte minha voz. Você tem que respirar fundo, o máximo que conseguir.- Emma fez o que ela pediu, repetiu o gesto mais três vezes.- Isso, agora abra os olhos.

E ela os abriu, e a primeira coisa que viu foi os olhos castanhos de sua mãe. Emma a abraçou desejando que aquilo tudo fosse um sonho e que assim que abrisse os olhos estaria em casa, mas assim que fez sentiu seus olhos marejarem.

—Obrigado.- sussurrou para Caitlin.

—Você estava tendo um ataque de pânico, sabe por que?

—Insetos, odeio insetos.

—Deu pra vê.- Barry falou, Emma virou para caça-lo, então notou que não estava mais no trem, estava em um apartamento muito bem mobiliado, diga-se de passagem, a primeira coisa que veio a cabeça dela foi Queen. Aquele era o apartamento de Oliver e Felicity e como ela sabia disso?

Felicity Smoak lhe estendeu um copo de água, Emma aceitou sorrindo fraco para ela, fazia alguns dias que ela vira Felicity pela primeira vez no passado e a vontade de dedurar Tommy crescia ainda mais.

—Se lembra de Felicity, Emma?- Caitlin perguntou se sentando no sofá ao lado dela.

—Sim.

—Felicity ofereceu gentilmente o apartamento quando você estava tendo o ataque.- Barry falou, tinha toda uma mensagem sublimiar naquela frase, que Emma descobriu ser mais ou menos assim:

Nos invadimos o apartamento de Feli depois que saímos do trem que estava sendo atacado por insetos, eu usei a minha super velocidade e te trouxe até aqui.

Ela deixou isso de lado, sorriu para Felicity e sussurrou.

—Obrigado.

—Nunca tinha visto um ataque de pânico como esse antes. Mesmo tendo estudado sobre isso na faculdade, é diferente na vida real.- Caitlin comentou.

Emma olhou para ela, e se lamentou por tudo o que iria acontecer. Ela já estava acostumada com aquilo, mas a sua mãe não, seu primeiro surto foi quando ela tinha seis anos, uma joaninha pousou no se braço Emma gritou até perder o folego, sabia que era uma reação infantil, mas não conseguia controlar. Depois disso os ataques só pioraram.

Com esses ataques Emma nunca conseguiu ter um vida normal, não conseguia brincar no quintal ou no parque, preferia ficar em casa lendo, colorindo, brincando com suas bonecas ou simplesmente ouvindo as conversar dos adultos, essa última parte era a preferida dela.

—Eu ainda não entendi a coisa dos insetos.- Felicity comentou colocando um prato com biscoito na mesinha de centro, Emma pegou um, era de chocolate seu preferido.

—Ninguém entendeu, eles simplesmente vieram do nada e se chocaram contra a janela.- Em mordeu seu biscoito e encarou Barry, se nem seu pai sabia o que era aquilo ai ficava difícil.

—Eles voaram direto para minha janela.- Emma acrescentou.- Era como se estivessem atraídos por alguma coisa.

—Cisco deve estar amando isso.

—Com certeza.- Caitlin concordou com Felicity e ambas sorriram.

—E as outras pessoas no trem?- Em perguntou, entre uma mordida e outra.

—Cisco disse que todas saíram bem, alguns picadas mas nada de mais.- Barry a acalmou.- Cisco está com Joe na estação conversando com os passageiros e o maquinista para saber ao certo o que aconteceu.

—Os insetos não deviam se comportar dessa maneira.- Emma murmurou se encolhendo no sofá.

Ainda sentia um incomodo devido ao ataque, tentava se lembrar de algo útil antes do insetos, algum vulto, algo fora do normal, mas nada lhe vinha a cabeça.

—Você quer dormir um pouco Emma?- Felicity perguntou docemente, Em confirmou com a cabeça.- Venha eu te levo, tem um quarto lá em cima.

Emma seguiu Felicity para o andar de cima, mas lançou um olhar por cima do ombro exatamente no momento que Barry e Caitlin trocavam olhares significativos.

Ela sorriu e torce para que esse pequeno adiantamento na historia não afetasse se futuro.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Em rota de colisão" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.