Em rota de colisão escrita por Lily


Capítulo 5
V




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/702136/chapter/5

O corolla azul-pretroleo parou no sinal vermelho, a mulher no volante checou o celular, amarrou o cabelo, retoco o batom, olhou para a garotinha ruiva sentada na cadeirinha no banco de trás, ela apertava o ursinho azul com força lhe lançou um sorriso doce e voltou o olhar para a estrada, quando o sinal abriu retomou seu caminho.

O carro preto em alta velocidade não parecia se importar com os motoristas ao seu redor, trocou as marchas e acelerou ainda mais, fugindo das sirenes que lhe perseguiam. Nem pensou duas vezes quando cruzou o sinal vermelho batendo direto na lateral do corolla, a motorista perdeu o controle, girou o volante violentamente.

O carro tombou para o lado, o corpo inconsciente da mulher voo pelo para-brisa, derrapando pelo asfalto, garotinha no carro gritava em busca de socorro.

A cena mudou, a casa já conhecida  estava envolta em uma tensão, principalmente a sala de estar, onde o casal mais velho tentava acalmar a pequenina.

—Eu quero minha mãe.- a garotinha de três anos bateu o pé, a mulher mais velha suspirou angustiada.

—Calma meu amor, logo você vai poder vê-la.

—Ela tá com o papai?

—Está.

—Então por que eu não posso vê-la? Se papai pode, por que eu não posso?

—Esse é um argumento valido.- o homem comentou.

—Não dá corda, Cisco.

—Ela só quer vê a mãe, qual é o problema?

A mulher chegou mais perto e respondeu quase em um sussurro.

—O problema é que ela não se lembra de Emma.

—Isso é realmente um problema.

—Tia íris, eu quero ver mamãe.

Ela se agachou em frente a criança, passou a mão pelo seu rosto e colocou uma mecha do seu cabelo avermelhado atrás da orelha, a abraçou.

A porta do quarto se abriu e outro homem apareceu, Emma se livrou do abraço de Íris e correu.

—Papai.- ela gritou e abraçou as pernas dele.

—Oh, meu pequeno snowflake.- ele a levantou e segurou em seu colo.

—Onde está a mamãe, papai?

—Ela está descansando.- explicou com calma.

—Ela está melhor, Bar?- Íris perguntou, preocupada.

—Um pouco.- respondeu, então olhou em volta.- Onde está Jenna?

—Levou Cami para casa, a pequenina estava cansada.- Cisco deu os ombros.- Todos estamos.

Depois aqueles últimos minutos passaram como um borram, Emma ainda se encontrava no colo de Barry quando Cisco e Íris se despediram e ela ficou lá até seu pai a leva-la para seu quarto e a deitar na cama.

—Você tem que dormir meu amor.- ele mandou quando percebeu a inquietude da garotinha.

—Mas eu quero a mamãe.

—Emma, por favor.- pediu com a voz embargada.

—Eu quero a mamãe.

—Em.

—MÃE!- gritou o mais alto que conseguia.- MÃE!MAMÃE!

Seu pai chorava e ela também, mas ainda gritava…

—MÃE!- puxou todo ar que conseguia para seus pulmões que queimavam. Chutou o edredom para fora da cama, o ar em sua volta parecia rarefeito, a porta se abriu com força.

—Emma.- Caitlin correu até a garota e a abraçou com força.- O que houve? Você teve um pesadelo?

Afirmou com a cabeça, mesmo sabendo que não era um pesadelo, mas sim uma lembrança.

—Foi muito ruim?

—Muito.- sussurrou.

—Você se lembra como era?

Negou com um gesto.

—Vozes por todos os lados, rostos ofuscados, estava com muito medo.

—Calma.- Caitlin sussurrou e beijou o topo de sua cabeça.- Foi só um pesadelo, não vai lhe fazer mal. Eu prometo.

Emma respirou fundo acalmando seus nervos, aquelas duas palavrinhas simples pareciam magicas para ela.

Eu prometo.

—Você também tem pesadelos?- perguntou um pouco mais calma.

—Com certeza.- a doutora afirmou séria.

—E o que você faz para acorda?

—Eu grito.

—Ninguém vem lhe ajudar?

—Eu moro sozinha, Em.

—Ninguém devia ficar sozinho.

Sentou-se na cama, Caitlin fez menção de se levantar, mas Emma tomou a sua mão e sussurrou, quase implorando.

—Você fica comigo, até eu dormir?

—Claro.

Emma se afastou um pouco dando espaço para Caitlin sentar ao seu lado.

—Me conta uma historia?

—Que tipo de historia?

—Me conta como você conheceu o Barry, vocês parecem tão ligados.

Cait torceu a boca, Em percebeu que ela estava em um conflito interno.

—Claro.- disse por fim.- A alguns anos atrás o laboratório S.T.A.R.S ligou um acelerador de partículas. Os aceleradores de partículas são equipamentos que fornecem energia a feixes de partículas subatômicas eletricamente carregadas. Todos os aceleradores de partículas possibilitam a concentração de grande energia em pequeno volume e em posições arbitradas e…

—Você não esta tentando me explicar física, está?- Emma a interrompeu, Cait riu.

—Não. Quando ligamos ele, digamos que as coisas não deram muito certo. Ele explodiu, mitas pessoas foram atingindas, meu noivo morreu naquele dia.

—Eu sinto muito.- Em disse ao perceber o olhar distante de Caitlin.- Mas onde Barry se encaixa?

—Ele foi atingido por um raio e entrou em coma, o levaram para o laboratório para que cuidássemos dele melhor. Quando Barry chegou eu estava perdida, tinha perdido meu noivo e minha reputação, mas assim que eu pus meus olhos nele algo mudou. Quando ele acordou, era uma das únicas pessoas que me fazia sorrir, seu jeito atrapalhado e despreocupado.Depois de um tempo eu me acostumei tanto com ele que contava coisa que nem eu mesma sabia.

—Foi quando você percebeu que estava apaixonada por ele?- Emma perguntou com a voz embragada de sono.

—O que?

—Seus olhos brilham quando você fala dele, eu vejo o jeito que você age quando está com ele.Eu sei que a gente se conhece a menos de dois, mas eu notei isso.

—Não fale besteiras, Emma.

—Você também não percebeu, não é?- perguntou de olhos fechados.

—Barry e eu somos só amigos.

—A maioria dos casais também eram.

—Mas não somos como a maioria.

Emma bufou.

—Por que os adultos adoram complicar as coisas?

—As vezes eu me faço a mesma pergunta.

Elas rolaram na cama, se encolhendo sobre o edredom, ficando frente a frente.

—Você senti algo por ele?

—Eu não sei.

—Mas se você senti-se iria lutar por isso?- Caitlin torceu a boca.

—Não acho que ganharia essa luta.

—Pois eu apostaria todas as minhas fichas em você.

—Apostaria?- Cait perguntou rindo.

—Com certeza.- soltou um suspiro e relaxou na cama.- O amor não é tão complicado, ele não exigi formulas ou equações. Mas vocês, adultos, insistem em dificultar as coisas, apenas deveriam deixar rolar e  ver o que acontece.

Então ela dormiu, deixando Caitlin com seus pensamentos confusos, seria uma noite longa para a doutora.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Em rota de colisão" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.