Em rota de colisão escrita por Lily


Capítulo 33
XXXIII




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Toda história tem um começo, meio e fim, se não tiver pelo menos um dessas três características não poderá ser uma história.

A vitrine da loja estava destruída, a colisão havia sido frontal, ou seja, todo a força do impacto havia recaído sobre o motorista e o passageiro da frente, mas graças aos céus os airberg haviam se ativado e tanto Íris como Camille estavam com o cinto de segurança, a jornalista foi a primeira a sair, seguida pela garota e Lydia, está por último lutava para encontrar o notebook dentro do carro coberto por cacos de vidro. As sirenes foram ouvidas de longe e pareciam se aproximar cada vez mais, Íris puxou as duas garotas para fora da loja, nenhuma delas falou nada, por estarem apavoradas e em estado choque.

Cami puxou o casaco de lã que usava ao notar a mancha vermelha, virou o braço observando o corte profundo feito pelo vidro do carro. Estava tão elétrica que mal sentiu a dor, tentava se preparar mentalmente para o sermão de seu pai e da madrinha.

—Você está bem? – Íris indagou se aproximando dela, a West tinha um corte superficial sobre o supercilio e uma marca vermelha no ombro feita pelo cinto de segurança. – Se machucou?

—Não é nada, apenas um corte. Nada que tia Caitlin não possa ajudar.

—Temos que sair daqui. – Lydia falou.

—Temos que esperar a polícia. – Íris retrucou.

—Não dá tempo, quem quer que esteja por trás disso. – a garota fez um gesto englobando tudo ao seu redor. – Saberá que ainda estamos bem e provavelmente tentará algo parecido com isso de novo.

Camille deu um passo pro lado e observou o fim da rua, as sirenes da polícia ficavam cada vez mais altas e ela já podia ver as luzes vermelhas e azuis preste a dobrar na curva. Ela se virou para Íris esperando que sua tia tomasse alguma ação, confiava sua vida a ela, pois sabia que nunca a decepcionaria.

—Então?

—Vamos logo pro laboratório, depois eu me resolvo com o meu pai. – Íris disse por fim, então se virou descendo a rua, estava mais frio do que quando saíram de casa a alguns minutos atrás, a temperatura parecia ter abaixado drasticamente, olhou ao redor, não havia sinal de vida em nenhum lugar, mas ela ainda tinha a sensação de estar sendo observada, puxou Camille e Lydia para perto, segurando a mão de cada uma, talvez fosse um gesto bobo, porém ela não queria correr o risco de se separar delas nem por um segundo.

—Você acha que eles vão voltar? – Cami perguntou.

—Não sei. – ela falou dando rapidamente de ombros. – Apenas fiquem perto de mim até acharmos um táxi ou Uber. Lydia?

—Sim?

—Você me disse, um pouco antes de saímos de casa, você me alertou sobre o carro preto, mas eu não ouvi. Sinto muito.

—Não é sua culpa, o carro preto estava lá a muito tempo, mas eu só percebi isso hoje. – Lydia ajeitou o notebook no colo. – Ele nos seguia até a escola, depois para o laboratório, então eu já devia ter falado antes.

—Como assim ele seguia você?

—Pensei que ele estivesse apenas perdido, porém... Acho que sei o que está acontecendo.

—Sabe?

—Não exatamente, mas...se eu pudesse me conectar com os meus pais. – Lydia se lamentou.

Íris suspirou, levantou a mão e acenou para um táxi estacionado do outro lado da rua, porém abaixo-a no momento em que viu o carro preto se aproximar no final da rua.

—Meninas, vamos ter que correr um pouco está bem.

—Como se isso fosse alguma novidade. – Camille resmungou enquanto corria atrás de Lydia.

~***~

O laboratório S.T.A.R nunca esteve tão lotado quanto naquela noite, Felicity havia chegado a poucos segundos e já havia conseguido acabar com qualquer calma que restava em Caitlin, Sara e Ray tentavam contatar as Lendas, Thea, Jesse e Wally haviam ido resgatar Íris, Camille e Lydia que haviam caído em uma emboscada. Barry já não estava sabendo lidar com a situação, tudo estava fora do seu controle, sua filha havia sido sequestrada, seus amigos estavam em perigos e ele não podia fazer nada, a não ser esperar. Ele era péssimo em esperar.

—É melhor você se acalmar, porque já está todo mundo nervoso principalmente Caitlin e Felicity, e você sabe muito bem que Felicity não pode se estressar. – Oliver falou, Barry se segurou para não revirar os olhos, seu amigo sempre tinha os melhores discursos motivacionais.

—Emma está em perigo e eu não posso fazer nada.

—Eu sei e sinto muito.

—Como posso me jugar o homem mais rápido do mundo se não consigo proteger aqueles que eu amo.

—E lá vai você de novo. – Oliver bufou, Barry arqueou a sobrancelha. – Tomando o peso do mundo para si mesmo. Pare de se culpar por tudo.

—Emma falou que não queria ir, mas eu a forcei mesmo assim. Se eu tivesse ouvido ela, nada disso teria acontecido.

—Talvez sim, talvez não. Caitlin falou que Emma já estava sendo perseguida a um bom tempo tinha muito dinheiro envolvido, quem te garante que eles não conseguiriam pega-la depois, que te garante que você conseguiria protege-la para sempre.

—Mas se eu...

—Barry as vezes não podemos fazer nada, mudanças acontecem, tragédias acontecem, pessoas têm escolhas e essas escolhas afetam todos os outros. Emma está em algum lugar precisando de você e não adiantara ficar se lamentando, isso não fará ela ser encontrada mais rápido.

Barry encarou Oliver com o rosto impassível, uma parte dele sabia que o arqueiro estava certo, mas a outra parte gritava para soca-lo com força.

—Eu te odeio. – ele disse por fim.

—Por eu estar certo? Você está andando muito com Felicity, sabia?

Barry revirou os olhos irritado, mas sorriu.

—Temos que achar Emma, mas a única pista que temos é Aiden que desapareceu do mapa.

Oliver assentiu e junto com Barry começou a fazer o caminho de volta para o córtex.

—Julian tentou pegar Felicity, então podemos considerar que ele também esteja envolvido.

—Verdade, mas agora temos que saber porque Julian tentou pegar Feli.

—Caras. – Cisco se aproximou deles na entrada do córtex, ele estava nervoso e apreensivo.

—O que foi?

—Achei Aiden, Jesse e Wally foram atrás dele, Íris e as meninas estão aqui e Lydia tem uma coisa muito importante pra falar.

—Como assim? – Oliver indagou, mas Cisco apenas deu de ombros como se não soubesse o que dizer, os três então entraram na sala já lotada.

Lydia estava de pé no meio da sala e para a surpresa de Oliver, ela não parecia nervosa. A garota limpou a garganta e então começou a falar.

—Acho que sei o que aconteceu com a Emma.

—Você acha?

—Não tenho muita certeza tia Feli, mas acho que sei. – ela respirou fundo tentando organizar seus pensamentos, ela era ótima em apresentações, sabia muito bem como usar as palavras e talvez pudesse acalmar as pessoas naquela sala ou começar um pânico total, a primeira opção era sempre a melhor. – Meus pais são historiadores, eles lidam com a história o tempo todo, eles pesquisam, analisam e chegam ao resultado. Quando Emma contatou a tia Caitlin do futuro ontem de manhã, ela falou algumas coisas que me fizeram pensar, muito.

Todos estavam em silêncio e pareciam ouvir atentamente, Lydia silenciosamente agradeceu por isso.

—Quando Em tinha dois anos ela foi sequestrada por um louco psicótico que auto intitulava Maguns, ele a sequestrou para ela fazer parte de um projeto que criava meta-humanos díades, ou seja, com dois poderes, porém Emma não era uma cobaia, ela era o exemplo.

Thea levantou a mão, Lydia a encarou confusa por conta do súbito gesto, mas assentiu para que ela prosseguisse.

—Como assim díade?

—Como todos viram na feira de ciências Emma tem poderes de gelo, mas ela também é uma velocista, esses dois poderes são incompatíveis, não poderiam existir dentro dela, mas existem e é isso eles querem saber. Eles querem o código genético de Emma para saber o que equilibra esses dois poderes para poder reproduzir em uma fórmula e aplicar em outras pessoas.

—Mas o que você quer dizer com eles? – Oliver questionou. – Pensei que só era esse tal de Maguns.

—Maguns ou seja lá quem ele for, é apenas uma peça nesse jogo. Como eu disse, meus pais são historiadores e com eles eu descobrir algumas coisas, como os doutores do medo.

—Doutores do medo? – Cisco arqueou a sobrancelha. – Que tipo de nome é esse?

—Desculpa Cisco, mas eu acho que você ainda nem era nascido quando esses foram criados. Eles são médicos renomados, advogados famosos, cientistas habilidosos, pessoas ricas que acham que podem tornar o mundo melhor, eles estão criando a “esperança” para construir um mundo melhor. Já faz séculos que eles atuam e meus pais sabem pouca coisa sobre eles, mas o que sabemos é que podem se passar anos, décadas, séculos, seus ideais continuam os mesmos.

—E como eles vão fazer isso? – perguntou Sara.

—Na segunda guerra mundial Hittler tentou purificar o mundo colocando apenas uma raça acima das outras, a raça ariana. Os doutores querem fazer o mesmo, mas com meta-humanos desta vez.

—Popularizar o mundo metas. – Íris falou, as palavras saíram azedas pela sua boca. – Isso é loucura, aconteceriam guerras mundiais com isso.

—Com certeza, mas eles não percebem isso.

—Ok, eu entendo porque pegar Emma, a fórmula e tal. Mas por que pegar Felicity? – Ray indagou. – Não vejo propósito nisto.

Lydia umedeceu os lábios nervosa.

—E era nesta parte que eu não queria chegar. Julian trabalha para eles e eu acho, não tenho certeza acreditem em mim, que o namoro dele com tia Feli não foi sem querer, tinha um propósito. – ela hesitou e por fim falou. – Todo experimento precisa de uma cobaia.

Todos a encaram confusos, mas foi Tommy o primeiro a entender o que Lydia havia falado, ele olhou para a Felicity, depois para Oliver e por fim voltou para a garota.

—Lydia?

—Eu sei, eu sei, estou torcendo para que eu esteja errada, não suportaria que algo ruim acontecesse de novo. – ela se virou Felicity, está colocou a mão sobre a barriga e fechou os olhos com força, Oliver a envolveu em um abraço apertado e começou a sussurrar palavras de conforto a ela.

—Cait, você acha que ele pode ter feito algo contra Feli? – Thea indagou a Caitlin, a doutora assentiu em confirmação, ela parecia extremamente nervosa, e até aquele momento ela havia permanecido calada, mas então falou surpreendendo a todos.

—Maguns é sobrenome da mãe de Julian.

Barry entreabriu a boca surpreso, Joe piscou um tanto cético.

—Pensei que fosse Edmonson.

—Não, esse é sobrenome da mãe de Jen, Cisco. Ela e Julian são apenas meios-irmãos.

—Isso explica porque tia Jen é tão legal. – Tommy falou dando de ombros, mas então levantou a cabeça encarando Caitlin assustado. – Mas espera aí, você está tentando dizer que Maguns é Julian. – ela assentiu em confirmação. – Isso também explica o fato dele ser um idiota.

—Isso também explica a obsessão dele por Emma. – Barry falou se escorando na mesa. – Ele é obcecado por Caitlin.

—Faz sentindo, porque se me lembro bem tia Caitlin falou na ligação que Julian ajudou nas buscas por Emma, talvez ele tivesse tentando se aproximar dela. – Lydia mordeu o lábio inferior.

—Tem mais alguma coisa Lydia? – Sara indagou. – Você parece nervosa.

—É que tem outra parte da história que eu não sei como contar.

Sara sorriu calmamente para ela.

—Continue, ok. Estamos aqui para qualquer coisa.

Lydia respirou fundo e então falou.

—Daqui a alguns anos Holly terá uma filha que nascera no mesmo dia que Emma, está garota se chamara Elisa, mas seu alter-ego é Karma.

Camille a encarou incrédula.

—Você está dizendo que Karma, aquela vadia que quase matou Emma três vezes, é filha de Holly, a vaca que deu dinheiro para matar tia Felicity.

—É. Isso mesmo.

Oliver se afastou de Felicity e encarou todos a sua volta, Tommy observou o pai com atenção, ele parecia um general pronto para o combate.

—O que vamos fazer agora? – Thea perguntou.

—Temos que encontrar Julian e Emma, só então acabaremos com isso.

—Mamãe acertou um dardo tranquilizante nele, mas eu acho que o efeito já passou.  – Tommy disse.

—Cisco você consegue acha-lo? – Oliver indagou, o engenheiro assentiu.

—E tem mais uma coisa.

—Sério que tem mais Lyds? – Barry questionou cansado.

—Sim, mas essa é bem rápida e útil, Emma disse que se lembrava de uma fazendo e tia Caitlin confirmou que quando ela foi sequestrada eles a mantiveram em uma fazenda.

Todos ficaram em silencio, Lydia suspirou desanimada.

Muita coisa acontecendo em muito pouco tempo, a verdade as vezes machuca mais do que uma bala. Quando ficamos perdidos tentamos ter fé e esperança de que todo irá acabar bem, mas o que fazer quando tudo, tudo mesmo, parece estar contra você? Ainda é possível ter fé em momentos como este? Tommy sempre se questionava sobre a sua religião, sua mãe era judia e seu pai possivelmente ateu, ele não sabia muito bem, nunca o questionou sobre isso, mas naquele momento, em que tudo parecia perdido, ele apenas fechou os olhos e orou pedindo um pouco de paz.

~***~

Emma sentia o frio correr pelas suas veias, era uma coisa nova, porém extremamente familiar. Esticou a mão e à estaca de gelo voou direto no peito do boneco de plástico, tentou novamente, mas desta vez à estaca voou direto na porta se despedaçando com impacto. Soprou a mexa do cabelo de frente ao rosto, olhou para a janela trancada, fazia sol ou pelo menos era isso que imaginava, já que depois da noite anterior, onde inexplicavelmente ela conseguiu ficar acordada para ver o sol nascer, ela notou que algo estava errado. Se seus cálculos estivessem certo, e muito provavelmente não estariam, ela já estava ali a mais de dois dias, porém as horas pareciam passar rápido demais e os minutos pareciam correr. A noite anterior parecia ter durado apenas algumas horas, ou seriam minutos? Ela não sabia muito bem o que pensar, já que sua cabeça latejava e o corpo doía pelos experimentos que estava sendo submetida.

Abaixou a mão e se jogou no chão forrado pelos colchonetes vermelhos, e sala de treinamento que Julian havia lhe colocado mais parecia um quarto branco de um hospício, embora aquele branco poderia ser até mais convidativo do que o vermelho sangue que ornamentava toda a sala. Não entendia muito bem o motivo dele coloca-la ali, mas sentia que qualquer que fosse o motivo, não seria bom.

Minutos depois a porta se abriu, dois guardas entraram, um deles pediu para que ela gentilmente os acompanhasse de volta ao quarto, e sim ele usou a palavra gentilmente, a contragosto, porque realmente odiava aquele lugar, ela os seguiu. O quarto estava como havia deixado, a cama desarrumada e as roupas espalhadas, se sentou no parapeito da janela de costas para a paisagem, o passarinho cantarolou e ela se arriscou a olhar para fora, por apenas um mísero segundo ela pensou ter visto algo se movendo, algo além dos guardas que transitavam pela fazenda, mas subjugou ser ridículo, já que nada acontecia naquele lugar além de uma imensidão de verde que se estendia até onde os olhos podiam ver. Com a ponta da unha cutucou a janela, aproximou o rosto e notou pássaros voando em revoada, eles desapareceram pelo horizonte, contou até dez e lá estavam eles de novo, então eles foram e voltaram dez segundos depois do mesmo jeito, na mesma formação.

Se afastou da janela confusa, as vezes na natureza ocorriam pequenas coincidências como dois coelhos encontrarem a mesma toca ou duas árvores crescerem entrelaçadas, mas ela nunca havia ouvido falar de um bando de pássaros que voam repetidas vezes para o mesmo destino com um intervalo de apenas dez segundos. Henry sempre a chamou de paranoica, ela era um pouquinho obsessiva, sim, mas também era precavida e atenta aos detalhes, ele podia chama-la do que quisesse, ela nunca se importaria, porém sabia bem lá no fundo, que ele estava certo.

~***~

Sara caminhou pelo corredor estreito daquele hotel barato na saída de Central City, olhou sobre o ombro apenas para ter certeza que não havia ninguém, a porta já estava aberta quando ela se aproximou do quarto, a empurrou sem fazer barulho, Ray levantou a cabeça e a encarou.

—Trouxe gelo e umas toalhas. – ela avisou jogando-os em cima da cama. – Ele falou alguma coisa? – indagou apontando com a cabeça para Julian amarrado e amordaçado na cadeira, eles haviam encontrado ele no aeroporto com a passagem comprada para Londres.

—Não, ainda. – Ray o encarou. – Vamos lá cara, colabora. Só precisamos saber onde ela está.

Julian cantarolou alguma cantiga de ninar enquanto sorria para eles.

—Quando mais tempo eu passo com ele mais eu percebo o quanto ele é louco. – Sara resmungou. – Julian, você tem duas alternativas, ou ajuda a gente a encontrar Emma ou te colocamos na prisão, e acredite quando digo que os meta-humanos não lidam muito bem com pessoas que ferem crianças.

Ele continuou calado.

—Você acha que ele vai falar alguma coisa para a gente? – Ray indagou, Sara suspirou.

—Para a gente não, mas acho que já sei com quem ele vai falar.

~***~

Lydia prendeu o cabelo em rabo de cavalo enquanto caminhava em direção a uma das salas vazias do laboratório, que por algumas horas serviria como sala de interrogação, pelo menos essas foram as palavras de Cisco. Abriu a porta e entrou cautelosa, dos três, Barry havia escolhido ela para interrogar Aiden, por motivos óbvios, Camille queria mata-lo e Tommy também, Lydia ainda era a única que ainda não havia esboçado nenhuma vontade de socar ou esganar o garoto.

Se sentou de frente para Aiden, o garoto cruzou os braços sobre o peito e se recostou na cadeira.

—Aiden, eu posso enrolar, enrolar e enrolar ainda mais até você se cansar e me ajudar, mas eu não farei isso, porque sei que você não vai me ajudar por bem, então eu te perguntarei apenas uma vez. – se inclinou sobre a mesa sem tirar os olhos dele. – Você sabe quem ela é filha?

—Não e isso importa?

Lydia sorriu calmamente, se levantou da cadeira, caminhou até a porta e a entreabriu. O vento invadiu a sala com força, ela se manteve de pé, já Aiden havia sido prensado na parede e elevado alguns centímetros do chão.

—Onde está minha filha? – Flash perguntou com a voz levemente modificada.

—Eu...eu...eu não sei. – a garoto falou tremendo de medo, Lydia riu em desdém.

—Aiden, você a vendeu, a usou para ter dinheiro fácil, então deve saber muito bem onde ela está.

—Não, sério, eu juro. Ele não falou nada sobre o que iria fazer com ele, apenas mencionou algo sobre esperança.

—Tem certeza que ele disse só isso? Não falou sobre alguma fazenda? – Barry indagou e quando o garoto negou ele o prensou ainda mais contra a parede.

—O carro dele? Estava sujo?

—Não...não, estava limpo, como se estivesse acabado de sair da concessionária. Estava até com cheiro de carro novo.

Lydia franziu a testa intrigada, Barry a olhou por cima do ombro, como se perguntasse se aquilo já bastava, ela assentiu, ele soltou Aiden e saiu da sala. O garoto caiu no chão assustado, ela se aproximou sem nenhuma expressão no rosto, se inclinou e sussurrou.

—Você se meteu com quem não devia e agora pagará por isso.

Saiu da sala a passos largos, fechou a porta atrás de si e encarou Barry que já havia tirado a máscara.

—Você acha que ele falou a verdade? – ele questionou.

—Acho que sim, mas o que mais me intriga tio Barry é o que ele falou sobre o carro. – Lydia começou a caminhar e ele a seguiu. – Quando Emma era pequena havia sido mantida em uma fazenda, se Julian quer completar seu experimento, ele provavelmente tentará recriar tudo como estava naquela época, talvez até mesmo a casa.

—Depois daquela última sessão de Emma com a psicóloga, eu e Joe achamos aquela fazenda que ela havia falado, encontramos uma mulher, provavelmente mãe de Julian, mas quando voltei até lá a alguns minutos o lugar estava vazio, como se ninguém vivesse lá a décadas.

—Então podemos descartar a fazenda. Isso significa que Emma ainda está aqui, ela está na cidade.

—Só precisamos saber aonde.

~***~

Oliver se encostou na mesa e encarou as duas mulheres que conversavam a sua frente, ambas estavam nervosas e tinha um olhar cansado. Ele engoliu seco antes de retomar a ligação em um tom baixo.

—Sara, você tem certeza?

—Não, mas temos que tentar tudo, não é? – ela disse incerta. – Provavelmente ela será a única pessoa que conseguirá arrancar algo dele. Acredite Ollie, eu e Ray já tentamos de tudo e nada funcionou, não sei se conseguiremos achar Emma sem ele.

—Você sabe que Barry nunca deixará ela fazer isso se achar perigoso demais.

—Eu sei, mas é a nossa única chance.

—Falarei com eles. – e assim ele desligou.

Caitlin se aproximou, para Oliver ela sempre fora uma mulher forte e independente, capaz de aguentar qualquer coisa, mas sabia que por baixo daquela armadura havia uma mulher havia sido destruída e quebra muitas vezes em pouco tempo.

—Então, o que Sara disse?

—Julian ainda não falo nada. – ele falou um tanto frustrado.

—Você acha que ele sabe de alguma coisa?

—Provável, mas Sara acha que ele só falara alguma coisa relevante para você.

—Então eu vou e converso com ele. – ela disse se virando pronta para pegar o casaco, Oliver tocou em seu braço, parando-a.

—Você sabe que Barry nunca deixará você fazer, Cait pode ser perigoso.

Ela suspirou.

—Oliver, ainda não temos nenhuma pista sobre Emma, temos que tentar qualquer coisa para acha-la.

—Julian não é de confiança.

—Eu sei, sei muito bem disso, mas se eu puder convence-lo a dizer pelo menos onde ela está.

—E se ele não souber?

—E se ele souber? Você não pode me deter aqui.

—Eu não, mas ele sim. – apontou com a cabeça para a entrada do córtex, os olhos de Caitlin e Barry se encontraram, Oliver a soltou e se afastou caminhou até Felicity e a puxando para fora.

—O que houve? – Barry indagou.

—Julian não contou nada e Sara acha que ele só falará comigo. – ela disse abaixando os olhos e encarando o chão.

—E você quer ir falar com ele.

Caitlin assentiu.

—É perigoso Cait.

—Eu sei. Mas Bar é por Emma. – ela insistiu levantando a cabeça e o encarando. – Ainda não achamos nada e pode ser nossa única alternativa.

Ele pegou as mãos dela, apertando com força.

—Caitlin eu também estou preocupado com Em, sei que não temos muitas alternativas, porém eu e Lydia conseguimos um coisa, ainda temos que investigar, mas temos fé que é algo bom. Não precisamos de Julian para isso.

—Mas e se ele souber de algo importante? E se ele souber como parar esses idiotas que querem pegar Emma? Temos que para-los Barry, eles não podem nunca mais chegar perto dela.

—Eu sei, mas não posso lhe colocar na frente dele e fingir que tudo está bem. Julian é perigoso Cait.

—Bar. – ela sussurrou. – Eu não posso perder mais ninguém que eu amo.

Ele sabia que ela estava se referindo ao bebê que ambos havia perdido a poucas semanas, Caitlin ainda não havia se recuperado embora tentasse mostrar o contrário. Emma era como um sopro de esperança em meio aquele caos que eram suas vidas, ela simbolizava tudo aquilo que eles sempre sonharam e um pouco mais.

A abraçou com força.

—Não deixarei nada acontecer com ela, eu prometo. – sussurrou. – Mas não posso deixar você se arriscar assim. – então se afastou. – Prometa para mim que não fará nada de errado. – ele pediu, Caitlin hesitou, Barry segurou seu rosto com as duas mãos. – Caitlin.

—Ok, se você não me ajudar eu não farei nada.

Ele sorriu.

—Eu estarei com Cisco na sala dele, você vai pra lá?

—Sim, mas eu tenho que ver como Cami está, ela estava meio nervosa.

—Jesse, Wally e Thea estão com ela.

—Ok.

Barry beijou o topo da cabeça dela antes de sair deixando apenas um sopro de ar, Caitlin respirou fundo, caminhou até o computador, ligando o comunicador diretamente com a sala ao lado.

—Jesse, você pode vir aqui um instante por favor.

~***~

Se sentia fraca e isso era desesperador, nunca se sentiu tão indefesa como naquele momento, o quarto estava escuro, as cortinas fechas e vários pratos de comida estavam amontoadas perto da porta. Sentia como se estivesse ali a anos, mas provavelmente eram apenas dias ou não.

Os testes a esgotavam e sugavam toda sua energia, embora dra. Legend cuidasse para ela ser bem tratada, havia certos momentos que nem ela mesmo conseguia suportar, por exemplo quando ela foi submetida a uma banheira de gelo abaixo de zero graus, não sentiu frio, mas quase morreu afogada, os testes pareciam cada vez mais pesados e estavam esgotando-a.

Virou a cabeça encarando a mulher ao seu lado, esta estava visivelmente nervosa, dra. Legend já andava apreensiva, mas alguma coisa havia piorado.

—Sei que Julian falou que devemos aplicar a vacina agora, mas ela está fraca. – a doutora disse para o homem de jaleco a sua frente, Emma supôs que ele era um dos médicos a testavam. – Não temos condições de fazer isso sem colocar a vida dela em risco.

—Temos ordens de fazer isso agora. – o homem contrapôs já dando um passo em sua direção, mas a dra. Legend foi mais rápida e se pôs entre eles. – Você está cometendo um erro Legend.

—Pode até ser, mas não deixarei que machuquem está garotinha de novo.

Eles se encararam por longos minutos travando uma guerra silenciosa, até o homem desistiu e saiu da sala. Emma pode ouvir o suspiro aliviado da doutora que se virou e a encarou seria.

—Eu vou morrer? – indagou com a voz fraca. Esperava ansiosamente que a doutora negasse e disse que havia falado aqui para despistar o homem, mas ela apenas sorri melancolicamente.

—Temo que se fizerem mais algum teste em você as coisas podem piorar. Seu metabolismo não está mais dando conta de tudo que estão fazendo, são muitos testes em pouco tempo, seu corpo não está aguentando.

—A quanto tempo eu estou aqui?

—Quanto tempo você acha que está?

—A janela do meu quarto mostra o dia e a noite, os pássaros voam, mas eu não sinto o tempo passar. No início pensei que fossem dias, mas agora...

—Julian quer que seu corpo pensei que já está descansado o suficiente e que já está pronto para outra, mas sua mente não, ela sabe a verdade e está dizendo isso para o seu corpo.

—A quanto tempo eu estou aqui? – questionou novamente, a dra. Legend abaixou os olhos.

—A menos de doze horas.

Emma sentiu seu coração parar.

—Por que?

—Ele quer que você perca as esperanças, perca a fé, ache que seus pais não lhe procuram mais e se renda, você não pode deixar ele fazer isso. – ela disse, então se aproximou e falou baixinho. – No início eu estava certa de que este era o melhor para todo mundo, mas agora, depois do que eles fizeram com você. Emma me escuta ok, eu vou te tirar daqui, nem que seja a última coisa que eu faça.

A porta se abriu e o homem voltou, desta vez acompanhado de Julian. Emma fechou os olhos, dra. Legend se virou e começou a tentar convencer Julian a deixa-la descansar mais, Em sentiu um mão envolver a sua, apertou com força. Ainda lhe sobrava um pouco de fé e talvez, até um pouco de esperança.

~***~

A porta do quarto foi aberta por Sara, Caitlin entrou acompanhada de Jesse, Ray estava sentado em uma das camas de solteiro, mas assim que as viu se levantou e caminhou em sua direção.

—Pensei que Barry não iria deixa-la vir. Como conseguiu convence-lo? – ele perguntou.

Caitlin deu de ombros antes de falar:

—Ele sabe que eu faria qualquer coisa por Emma. Onde ele está?

—No banheiro. – Ray apontou para a porta entreaberta do outro lado do quarto. – Sara não quis mais olhar para a cara dele, então nós o colocamos no banheiro.

—O que foi uma ótima ideia, principalmente pelo fato dele ser um chato, idiota e hipócrita.

Jesse arqueou a sobrancelha confusa perante o que Sara disse, Caitlin a ignorou e caminhou em direção ao banheiro.

—Barry não sabe que ela está aqui, não é? – Sara questionou baixinho.

—Não.

—E como ela conseguiu te arrastar pra cá?

—Às vezes Caitlin consegui ser bem intimidadora. – Jesse disse enquanto observava a porta do banheiro se fechar.

Caitlin encarou Julian, fervia de raiva por dentro, nunca se sentira tão irritada e exposta como naquele momento. Havia confiado nele, assim como confiará em Jay e o falso Wells, e todos haviam se mostrado vilões sem caráter ou moral.

—Onde ela está?

—É bom te ver também, como está?

—Julian onde está ela? O que você fez com ela? – indagou irritada.

Ele sorriu sem se importar com o fato de estar amarrado em um banheiro de um hotel de quinta no fim de Central City.

—Se lembra de quando fomos a praia e Jenny teve aquela reação alérgica ao camarão? Tivemos que passar a noite com ela no hospital, você dormiu no sofá e eu em uma cadeira. Formamos uma bela dupla.

—O que você quer Julian? Por que está fazendo isso?

—Por você, ainda não percebeu Caity. Tudo o que eu faço, tudo o que eu fiz, foi por você. Eu te amo.

—Não, não me ama. Isso não é amor, é obsessão.

—Sempre te acompanhei, sempre te observei, sei de tudo o que aconteceu com você, sei o que vai acontecer. – ele falou, Caitlin revirou os olhos. – Ele não te merece, ele nunca te mereceu. Ele um zé ruela que não tem onde cair morto, posso te dar coisa melhor, uma vida melhor longe daquele laboratório de quinta, posso lhe dar o que você quiser.

—Eu não me importo do com dinheiro, nunca me importei. Estou com Barry porque eu o amo, um tipo de amor que você nunca conheceu e nunca chegara a conhecer.

Julian bufou em desdém.

—Amor, se aquele cara te ama mesmo ele nunca a deixaria vir aqui, até eu que sou o vilão sei que é perigoso.

—E ele não deixou Julian, Barry não deixou eu vir, mas ele sabe que eu sou cabeça dura demais para deixar isso de lado. Ele sabe que eu faria qualquer coisa para encontrar Emma.

—Ah Emma, a pequena e doce Emma. Agora eu entendo o porquê de todo aquele auê por ela, tenho que me parabenizar, foi muito esperto sequestrar aquela coisinha. – ele sorriu.

—Onde ela está? – indagou irritada. – Onde você a colocou?

—Perguntas ridículas para respostas indefinidas.  Diga-me Caitlin, o que você faria ou daria para encontrar sua pequena filha novamente? – ele perguntou, ela sentiu as mãos suarem.

—O que você quer?

—Eu te ajudo a encontra-la, se você me tirar daqui e ficar comigo.

O tempo pareceu parar, Caitlin fechou os olhos com força e torceu para que algo impossível acontecesse.

 


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