Em rota de colisão escrita por Lily


Capítulo 30
XXX


Notas iniciais do capítulo

Eu não sei como começar isso, embora seja muito boa comas palavras, as vezes me embaralho com elas... estamos entrando em reta final, faltam apenas quatro capítulos, contando com esse, para acabar a fic, ou seja, meus adoráveis leitores fantasminhas este é o momento perfeito para vocês aparecerem e me darem um oi.

Músicas do cap: Mariah Carey - All I Want For Christmas Is You
I Want You Back - Jackson 5



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Emma, sete anos.

Seus dedos batucavam o couro do estofado do carro de Caitlin, Tolu se contorceu em seu colo buscando capitar todos os movimentos ao seu redor. O carro de trás buzinou, Cisco levantou a mão pela janela mostrando o dedo do meio, o transito estava terrível e provavelmente chegariam na feira de ciências só na hora da premiação. Seu celular vibrou, Emma sabia exatamente de quem era a mensagem.

Cami: Que horas vocês vão chegar?!

Emma: Não sei, o transito está uma droga, tem um casal brigando no meio da rua e a polícia ainda não chegou.

Cami: Me diz que você está brincando, por favor. Até Thea está aqui e o meu pai não chega, não acredito que ele vai perder isso.

Emma: Cami primeiro respira, ok? Agora presta atenção, essa não é a primeira, nem a última vez que tio Cisco vai perder alguma apresentação sua, você sabe muito bem disso. Acho que conseguimos chegar antes da premiação, então tenta não surtar.

Cami: Vaca!

Emma: :-P

Cami: Lydia está surtando aqui, porque Ray e Sara estão aqui.

Emma: Como assim?

Cami: Lyds pediu para eles virem, mas ela não sabia se eles aceitar mesmo. Ray está rodando por aí avaliando tudo como crítico de artes barato, Sara está mais contida, conversando com Íris e Holly. Por falar em Holly, você acredita que Lydia não quer chegar nem perto dela?

Mordendo o lábio inferior, ela digitou rapidamente.

Emma: Por quer?

Cami:  Ela terminou com Cory e Holly está morta de raiva dela, Lydia disse que Holly é meio psicopata e eu estou concordando, ela não para de lançar olhares furiosos para Felicity.

Emma: Me faz um favor, mantenham tia Feli longe de Holly.

Cami: Por que?

Emma: Te explico quando chegar.

Cami: Tenho que ir, tem gente chegando na minha mesa. Bjs e chega logo.

Emma: Bjs. Vamos tentar.

Ela olhou para frente, seus pais conversavam entre si e Cisco resmungava como um velho gaga. Tolu pulou para frente e se deitou no colo de Caitlin, Emma se inclinou entre os bancos da frente, esticou a mão e ligou o rádio. Logo o carro foi tomado por pelos barulhos de sinos natalinos.

—I don't want a lot for Christmas There is just one thing I need. —  a  voz de Mariah Carey soou aveludada como sempre.

—I don't care about the presentes Underneath the Christmas tree. — Cisco ao seu lado cantarolou um pouco mais calmo.

—I just want you for my own More than you could ever know. – ela completou.

Eles se entreolharam e cantaram juntos.

—Make my wish come true All I want for Christmas is you.

Emma começou a quicar no mesmo lugar, ela e Cisco cantavam alegremente, e alto o suficiente para o desespero de Caitlin e Barry.

— I don't need to hang my stocking There upon the fireplace.

Ela fazia uma dancinha improvisada enquanto Cisco cantava em plenos pulmões, Tolu latia no ritmo da música, ou pelo menos era isso que parecia. Algumas pessoas dos carros ao a encaravam como se ela fosse louca, Emma pouco se importava, se tinha uma coisa que ela mais gostava era cantar e não iria parar apenas por cara feia.

—All I want for Christmas is you, you, ooh ooh baby, oh oh!

Em poucos segundos Barry entrou na brincadeira, seguido por Caitlin. Tolu pulou em seu colo, um pouco assustado com a cantoria repentina, Emma não conseguia evitar, músicas de natal a contagiavam, principalmente aquela.

—I won't make a list and send it To the North Pole for Saint Nick.

Ela se inclinou de um lado para outro, estralando os dedos no ritmo da música.

—'Cause I just want you here tonight Holding on to me so tight.

All the lights are shining So brightly everywhere And the sound of childrens' Laughter fills the air.

Caitlin gargalhou alto, ela realmente não parecia crer no que estava acontecendo. Emma fazia caras e bocas ao interpretar a música, Cisco não ficava para trás e Barry cantava com toda animação possível.

—Make my wish come true Oh, Baby all I want for Christmas is you, you ooh, baby

—Oh, Jesus, vocês são horríveis. – Caitlin balançou a cabeça.

—Ei, eu sou bem afinada. – resmungou, sua mãe riu.

—Eu sei, snowflake. Eu quis dizer que vocês são horríveis quando querem chamar atenção.

Barry estacionou em frente ao prédio da Andrews Jacobs High School.

—Vamos logo antes que Camille surte. – Emma saiu do carro puxando o casaco sobre os ombros. Tolu saltitou a sua frente durante o caminho todo até o ginásio, Cisco ficou na ponta dos pés para encontrar o estande de Camille.

Ela avistou Joe e Wally a poucos metros dali, cutucou seus pais e assim os quatros seguiram até lá. Emma sorriu para o seu avô e seu tio, segurou Tolu no colo, de tão pequeno que ele era, ela tinha medo de que alguém pisasse nele.

—Ei, baby girl. – Joe a abraçou.

—Oi, Vô. Como anda o projeto da Cami?

—Bem, ela já bateu em Shanw umas trinta vezes, mas anda bem. – Wally comentou, apontando com a cabeça para o estande ao lado.

Camille realmente parecia preste a explodir de raiva. Emma sabia que o projeto dela era uma pequena maquete de uma usina de reciclagem de resíduos orgânicos, o diferencial era aonde esses resíduos orgânicos seriam achados.

—Cadáveres dos detentos que morreram de causas naturais. – Camille explicou para uma das juradas.

—Camille, não acho que isso seja viável ou sensato. – a jurada falou de maneira moderada.

—Com isso economizaríamos bastante dinheiro e espaço. Quem vai querer ex detentos mortos? – a Ramon questionou, Emma revirou os olhos.

—As famílias deles? -  Cisco perguntou ironicamente. – Isso é insano.

Camille bufou irritada.

—Está bem! – ela cruzou os braços sobre o peito. – Vocês têm sorte de eu não ter conseguido fazer meus caminhantes*.

Emma se afastou já prevendo o que aconteceria. Tolu se remexeu em seu colo, avistou Tommy conversando com Thea, pretendia ir até eles e dizer um oi, mas foi impedida por aquela forma que usava rosa com vermelho e sorria calmamente. Emma teve que conter sua raiva e todo o receio quando Holly a cumprimentou.

—Você já viu o projeto do Cory?

—Ainda não, cheguei agora, estava procurando por Tommy. – explicou. – Mas agora eu tenho que ir atrás de Lydia.

—Olha você ganhou um cachorrinho.

—É eu ganhei, Holly com licença mais eu tenho que ir. – deu um passo à frente, mas a ruiva puxou pelo braço.

—O que foi que Lydia te contou?

—Nada. – murmurou. – Ela não precisou, sei de coisas Holly, coisas ruins.

—E eu posso fazer coisas ruins. Até que gostava de você Emma, meu irmão gosta de você. – disse Holly em um tom baixo. – Seja lá o que você souber ou ouviu, pode acreditar que eu sei de coisas piores do que isso.

—Você está me ameaçando por acaso?

—Não, é apenas um aviso, fique longe de mim e não diga nada a ninguém ou... – ela hesitou dramaticamente.

—Ou, o que?

—Barry ama aquele emprego, não é? Tanto quanto Caitlin ama o apartamento e Joe a casa, acho que Cisco ficaria triste se algo acontecessem com o laboratório e não sei o que Íris faria se não pudesse mais escrever. – Emma sentiu o corpo inteiro reter, Holly sorriu vitoriosa. – Não ouse se meter comigo ou quem vai o preço são eles. E diga isso para a sua amiguinha, acho que o estresse com a feira a fez ouvir coisas estranhas, não é?

Tolu rosnou para Holly, dizem que os cachorros sabem quando algo está errado, Emma se desvencilhou do aperto dela e sem olhar para trás seguiu até Tommy. Na sua cabeça sua mente reavia toda a conversa que tivera com a mãe no dia anterior, a visita a psicóloga fora mais útil do que imaginava.

Dia anterior...

—Mãe, quem é Holly Thompson e por que ela me sequestrou?

Emma observou sua mãe ficar tensa, Caitlin mordeu o lábio inferior nervosa.

—Do que você está falando? – Lydia questionou. – Como assim a Holly te sequestrou?

—Fui a psicóloga hoje e tivemos terapia de imersão, ela me pediu para eu fechar os olhos de tentar lembrar de algo de quando era criança. Lembrei uma antiga fazenda, com celeiro e plantações de trigo, mas não era nenhuma das fazendas que tio Oliver alugava para passar o final de semana. Essa era diferente, quase familiar. – tomou folego. – A dias venho tendo essas memórias estranhas de pessoas desconhecidas e lugares estranhos, então acabei juntando algumas coisas e acho que sei o que aconteceu quando tinha dois anos. – se virou para Caitlin que já estava mais pálida que uma folha de papel. – Mas preciso que você confirme a história e algumas partes que ainda não entende.

—Emma você tem certeza que quer realmente saber sobre está história? – Caitlin perguntou. – Não é uma coisa muito agradável de se lembrar.

—Por favor mãe, as coisas estão confusas aqui. E se Holly for mesmo quem eu acho que ela é, sei que tia Feli corre perigo.

—Holly é uma louca psicopata, Emma. – Lydia afirmou, Em a encarou. – Ela deu dinheiro para matar tia Felicity, sei disso porque ouvi uma conversa entre ela e a mãe dela, Holly se juntou a Maguns para elimina-la, ela é louca e quer ficar com tio Oliver de qualquer jeito.

—Lydia tem razão, snowflake. Holly se envolveu com Oliver por um curto período, depois Ollie descobriu que Feli estava grávida. – ah, pelo menos essa parte da história ela não mudou. – Ele terminou com ela, mas Holly ainda insistiu em persegui-lo, teve até uma ordem de restrição contra ela por parte de Felicity.

—Mas qual o seu envolvimento com ela?

—Holly trabalhava com seu pai um pouco antes de ser diagnosticada com esquizofrenia e delírios. Ela era uma boa pessoa, sempre gentil com os outros, nunca pensei que ela faria o que fez. – Emma a olhou confusa e Caitlin começou a explicar. – Quando Tommy não tinha mais que três meses, Holly tentou matar Felicity, mas não conseguiu e foi internado no Asilo Arkham, o hospital psiquiátrico. Por um bom tempo não tive notícias dela até o dia em que eu tive que ir ao hospital para um caso com meta humano, você tinha poucos dias de vida, seu pai não estava na cidade e você era muito pequena para ser deixada com outra pessoa. Então eu te levei, me arrependo disso até hoje, não devia ter feito isso, devia ter deixado com Íris ou Cisco. – ela se lamentou, mas umedeceu os lábios e continuou. – Eu estava conversando com um dos psiquiatras quando Holly passou pelo corredor, ela havia acabado de dar à luz a uma bebê há poucos dias, se eu não me engano a bebê nasceu no mesmo dia que você. Mas devido ao estado de Holly os médicos não a deixaram ficar com a filha, mas no exato momento em que ela a viu, ah Emma, nunca vou esquecer aquele olhar, Holly estava sofrendo, era notório, ela precisava da filha ao lado, mas sei que estavam fazendo um bem para ela. Holly esperneou e gritou, isso assustou você, seu choro me machucou muito, decide sair de lá o mais rápido possível, mas ainda ouvir Holly gritar algo sobre eu estar roubando a filha dela.

—E depois? Por que eu me lembro de Holly na fazenda ou comigo em um quarto?

—Depois do acidente em que eu perdi a memória, você foi sequestrada. – Caitlin fechou os olhos, aquilo parecia doer nela. Emma não podia nem imaginar o quanto os seus pais sofreram. – Por três semanas eu mal conseguia comer ou dormir, quando finalmente achávamos uma pista, ela levava para um beco sem saída. Não sei como consegui resistir.

—Mas como vocês acharam ela, tia? – Lydia que havia se mantido calada durante toda a revelação, questionou.

—Julian, um antigo amigo meu, ele disse que havia visto algo estranho ultimamente, crianças entre dois e cinco anos vinham sendo sequestradas e apareciam mortas. E como ele trabalhava no hospital geral como cirurgião, acabou descobrindo algumas coisas.

—O que Julian descobriu mamãe?

—Alguém estava pegando essas crianças e as usando como cobaias para algum tipo de experimento. Elas haviam sido modificadas, alguns morriam no processo e os que sobravam eram mantidos em cativeiros.

—Que tipo de experiências eles faziam?

—Tentavam transformas essas crianças em meta-humanos díade. Metas com dois tipos de poderes, foi assim que Cisco classificou. – Caitlin explicou, Emma se remexeu na cadeira. – A experiência não dava certo porque havia um gene que não se ajustava, não conseguia manter o DNA estável.

—Mas como vocês me acharam? – insistiu novamente.

—Conseguimos achar um grupo que sequestrava as crianças, Barry e Oliver os seguiram até uma fazenda, acredite eles não eram tão espertos quanto achavam, lá te encontraram junto com outras crianças. Quem quer que tivesse te pegado fugiu antes de ser pego, ficamos preocupados de início, mas depois de alguns anos nada aconteceu, então nos acalmamos mais.

—Mãe, Maguns significa alguma coisa para você?

—Maguns? Não exatamente, mas o nome me é familiar.

—Ok, deixa eu ver se eu entendi. – Lydia parecia levemente surpresa, mas não chocada ou confusa. – Holly é louca, um idiota te sequestrou para fazer experimentos, mas não sabemos o que ele fez com você ou se fez algo, mudamos a linha do tempo isso é obvio, mas não completamente, meus pais estão aqui e o casamento do seus pais é amanhã.

Emma deu de ombros. Sua vida fazia mais sentindo do que todos os episódios de Doctor Who juntos.

—Como assim casamento amanhã?! – sua mãe gritou, ela parecia levemente vermelha e ofegante. – Barry!

Apoiou o rosto sobre a mão, seu pai apareceu na tela e o que se seguiu foi um interrogatório à la Joe West. Emma sabia que seus pais estavam com raiva no exato momento em que a chamaram de Nora, embora ela amasse seu nome do meio, sempre que ele era proclamado era porque a coisa estava feia. Ela tentou não rir quando Lydia explicou o motivo do casamento, obviamente sua mãe surtou quando soube que ela havia ficado três meses em coma, embora fosse muito legal e completamente caloroso ver seus pais, Emma ainda estava confusa sobre tudo o que aconteceu quando ela era pequena.

Agora estava com medo de Holly, não, medo não, receio, estava receosa sobre o que ela podia fazer. Sorriu para seus pais, logo estaria em casa e tudo acabaria bem.

Atualmente...

—Sabe que Meli vai cantar, né? – Felicity sussurrou ao seu lado.

—Sabe que, sem querer ofender, eu não estou nem aí, né? – resmungou cruzando os braços.

—Vejo que alguém está com ciúmes. – Caitlin cantarolou acariciando os pelos de Tolu.

—Claro, ela é uma vaca que sabe cantar e está com Tommy. – afirmou.

—Pelo menos ela é sincera. – Íris disse, Caitlin e Felicity sorriram em confirmação.

—Vocês deviam para de enrolação e partirem para o ataque. – Sara comentou, Emma revirou os olhos. – Lydia explicou a história de vocês.

—É muito fofa.

—Tia Feli, de fofa nossa história não tem nada. – disse já sentindo o rosto ficar vermelho.

—Claro que tem, vocês formam o par perfeito.

—Por favor alguém me mata agora. – implorou em um sussurrou. – Pai, ajuda aqui.

—Não dá snowflake. – Barry deu de ombros.

—Por que não?

—Porque é adorável ver você passar vergonha. – Cisco explicou, Barry apenas concordou com a cabeça e voltou a conversar com Joe.

—Vocês são horríveis. – olhou para baixo, suas mãos estavam levemente envoltas em uma nevoa gelada, respirou fundo, havia se esquecido das algemas. Se afastou de sua mãe e suas tias e caminhou até Barry.

Seu pai a abraçou por trás e colocou o queixo sobre sua cabeça.

—Então Emma, quando você e o Tommy vão assumir? – Wally perguntou maliciosamente.

—No dia em que você é Jesse pararem com esse joguinho ridículo. – retrucou. – Sim, eu sei o que está rolando entre vocês.

O West ficou vermelho. Emma sorriu em vitória.

—O que está rolando entre você e a Jesse? – Cisco indagou com a sobrancelha arqueada. -  Harry sabe disso? Provavelmente não, né? Eu vou rir muito quando ele souber.

—Cisco não tem nada rolando entre a Jes e eu. – Wally afirmou vigorosamente, Emma revirou os olhos enquanto.

—Ok, você fala e eu finjo que acredito. – Joe disse fazendo todos rirem, menos o próprio filho.

—Sabe tio, você devia ir falar com ela e parar com esse rolo todo. – falou, Wally arqueou a sobrancelha, Emma apontou para a entrada, o pescoço do West deu uma volta de 360° graus. – Vovô, parece que sua futura nora veio lhe fazer uma visita.

—Emma? – o olhar de Barry transmitia a pergunta todos estavam querendo fazer, a garota sorriu, mas virou o rosto para o palco onde a apresentação já estava preste a começar.

—Certas coisas são mais óbvias do que você imagina. – sussurrou observando o coral do colégio subir ao palco.

 A música soou.

— When I had you to myself I didn't want you around Those pretty faces always made you.

— Stand out in a crowd But someone picked you from the bunch One glance was all it took Now it's much too late for me to take a second look.

 […]

— Oh baby give me one more chance (show you that I love you) Won't you please let me (back to your heart).

— Oh darlin' I was blind to let you go (let you go baby) But now since I see you in his arms (I want you back).

—Eu não gosto dessa música. – resmungou alto o suficiente para Barry ouvir e rir.

—Por que será?

— Tryin' to live without your love Is one long sleepless night Let me show you girl.

— That I know wrong from right Every street you walk on I leave tearstains on the ground.

—Deixa de ser cabeça dura, Emma. – Barry sussurrou ao pé do seu ouvido. Ela sabia que ele estava certo, mas empurrou essa certeza para o fundo de sua mente até que...

Sabe aqueles momentos de clareza em que você percebe que algo está muito errado e quer tentar concertar, mas não sabe como, aí de repente você sabe, só que não é hora nem lugar para isso? Emma teve esse sentimento contraditório no exato momento em que se viu fuzilando Meli com os olhos. Jesus, como ela odiava essa garota!

Olhou para Tommy, que assim como a maioria das pessoas acompanhava o show, batia palmas no ritmo da música. Sabe quando percebe que está preste a tomar a decisão mais importante de sua vida, mas provavelmente ela se sucedera de um momento constrangedor e muito estranho?

Emma correu até Tommy, o puxou pela mão e disse:

—Preciso falar com você.

Ele a encarou em choque, assim como Thea que estava ao seu lado, Emma provavelmente se arrependeria muito do que estava preste a fazer, mas as vezes temos que quebrar a cara para saber o que fazer.

Correu pelos corredores da Andrews até finalmente achar uma sala vazia. Parou de frente para Tommy que tinha um olhar confuso e um sorriso zombeteiro, ele cruzou os braços sobre o peito e balançou a cabeça, uma posse tão típica dele que fez Emma rir, então ela o puxou pela camisa e o beijou. O braço de Tommy rodeou sua cintura a puxando para mais perto, Emma sentia que seu peito iria explodir de tanto que seu coração batia, suas pernas estavam firmas, mas ela sentia que a qualquer momento iria desabar. Se afastou em busca de ar, Tommy pegou esse momento para perguntar:

—Então, carmim, o que você queria falar comigo? Ou viemos aqui apenas para nos pegar loucamente?

Ele arqueou a sobrancelha, ela riu antes de tomar um pequeno folego e questionar:

— Você gosta de mim?

—Claro que eu gosto. – ele disse como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

—E eu gosto de você. – falou mais para si mesma. - Sabe por que não estamos juntos?

—É uma pergunta retorica ou eu tenho que responder mesmo?

—Tommy, temos personalidades opostas, mas nós demos muito bem; brigamos, porém ao mesmo tempo não conseguimos ficar longe um do outro; sinto sua falta tanto quanto você sente a minha; morro de ciúmes quando você está com Meli e sei que você sentiu ciúmes quando eu estava com Bennet. – mudou o peso de pé. – Nós entendemos mais do que ninguém, sei seus defeitos e suas qualidades, suas manias, suas coisas favoritas, somos um casal quase perfeito. Mas sabe por que não estamos juntos?

—Não.

—Nem eu. – afirmou.

Tommy riu, aquela conversa já não fazia o menor sentindo para nenhum dos dois.

—Acho que eu sei o que você está tendo me dizer carmim. – claro que ele saberia o que ela queria dizer, Tommy sempre sabia.

—Sabe? – ele assentiu, isso fez a tomar coragem para continuar. – Eu ainda não estou pronta Tommy, ainda não estou pronta para o que pode acontecer entre nós dois, não quero me magoar ou te magoar, ou na pior das hipóteses, não acredito que estou dizendo isso, ter meu final feliz cedo demais. Eu preciso de um tempo, um longo tempo.

—Eu não me importo quanto tempo vai demorar, eu posso esperar. – ele disse sorrindo.

—Não posso pedir para você parar de viver a sua vida apenas para me esperar, não quero que perca tudo o que podem lhe oferecer, namore, viaje, curta a vida, eu ainda estarei aqui. – insistiu, seu coração doía a cada palavra dita. Tommy a apertou com mais força.

—Você vai abdicar uma certeza por algo incerto?

—Acho que sim. – afirmou com convicção. - Um dia estarei pronta e sei que você vai estar lá por mim, então apenas me prometa que seguira sua vida, mesmo que pareça incerto. As vezes apenas temos que nos jogar de cabeça e esperar o melhor.

Ela deitou a cabeça no ombro dele, enquanto sentia suas mãos passearam pelas suas costas. Eles ficaram em silencio, Emma podia ouvir apenas suas respirações e o barulho dos corações batendo descompassados.

—Emma?

—Sim? – levantou a cabeça.

—Obrigado por estar aqui. – Tommy sussurrou baixinho antes de beija-la novamente.

Emma não sabe exatamente quanto tempo ficou naquela sala aos beijos com Tommy, ela também não se importava muito. Tommy tinha gosto de hortelã e chocolate.

—Perfume novo? – murmurou.

—Claro, gostou?

— Não.

Ele riu.

—Sempre geniosa, não é carmim?

—Apenas sincera, Tommy.

Fechou os olhos pronta para beija-lo novamente quando ouviu o barulho de algo caindo, se afastou.

—Ouviu isso?

—O que?

—Esse barulho. – sussurrou.

—De que?

—Uma coisa quebrando.

Tommy bufou, mas se inclinou sobre ela para beija-la, Emma desviou.

—Tem alguma coisa errada.

—Carmim, esquece isso.

—Não dá. - negou a cabeça se afastando de Tommy.

—Ok, faça o que você quiser, tenho que voltar, acho que meus pais já estão preocupados. – então ele sussurro em seu ouvido. – Embora eu tenha certeza que eles já sabem onde eu estou.

—Caí fora. – o empurrou.

Tommy caminhou para fora da sala enquanto ela sorria bobamente. Balançou a cabeça, ela ainda iria morrer se ele continuar assim. Saiu da sala, o som parecia ter vindo do final do corredor, por este estar vazio, Emma conseguiu achar o som mais rápido.

Mas obviamente nada na vida dela iria ser fácil, a porta da sala estava entreaberta, uma friagem passou por ela.

—Oh merda.

—Hey Emma, quer se juntar a nossa festinha? – Karma perguntou tão docemente que ela teve que lembrar de negar com a cabeça. Lydia resmungou algo sobre estar apertado e frio demais, a mão de Karma se aproximou ainda mais do coração da loira.

—Solta ela. – ordenou com força, sentia o corpo todo vibrar e a geada envolver suas mãos. Uma combinação de poderes que seriam impossíveis. Ela amava o impossível. – Não me obrigue a te machucar.

—Não me obrigue a TE machucar querida. – Karma se afastou de Lydia, a Palmer escorregou de costas até o chão. – Não me faça fazer com você o que fiz com Bennet.

Fechou as mãos em punho.

—Você matou ele, não matou?

—Aquele idiota estava falando mais do que devia. Não gosto de tagarelas. Além do mais. – Karma se aproximou. – Um beijo não custa nada, não é?

Então tudo explodiu de uma vez, sentiu o cabelo loiro de Karma em seus dedos e seu joelho indo em direção a barriga dela, segundos depois as duas rolavam no chão em uma briga tão típica de adolescente. Sentia os arranhões quando Karma passava suas enormes unhas pela sua pele nua, mas ela também sentia prazer arrancar cada fio do cabelo daquela loira oxigenada.

—Vai lá, Emma. Acaba com esse cosplay fracassado da Elsa! – Lydia gritava. – Arranca essa peruca fajuta da cabeça oca dela.

Emma adoraria rir, mas estava ocupada tentando não ser congelada. Karma a rolou para lado com um golpe na cabeça, tentou se levantar, mas sentiu algo em sua perna, olhou para baixo, havia um espeto de gelo cruzando sua panturrilha.

—Oh merda!

Karma se levantou soprando algumas mechas do cabelo do rosto. Lydia correu em sua direção, a puxou pelo braço e a levantou. Karma estava a alguns metros delas duas, suas mãos estavam fechadas em punho e ela parecia se concentrar. Emma arqueou as sobrancelhas confusa, de repente ela ouviu os zumbidos, como o bater de milhares de asas, olhou para a janela.

—OH merda!

Meio mancando, meio correndo ela e Lydia saíram da sala gritando como loucas. É definitivamente ela odiava insetos. Sentia a perna latejar e o sangue escorrer até seu sapato, Lydia a puxava o mais rápido que conseguia, mas não parecia o suficiente, ela ainda ouvia o barulho dos insetos alto e claro.

—Lydia, do que os insetos não gostam? – perguntou, se sentia fraca demais para correr.

—Fogo. – ela respondeu incerta.

—Não temos fogo aqui, pense em outra coisa.

—Ãn...não sei, acho que frio, insetos não gostam de frio.

Emma parou, claro, era obvio. Lydia a encarou desesperada. Se virou, ficando de frente para a muralha de insetos que vinham em sua direção, quando estavam perto o suficiente ela sussurrou para Lydia:

—Se abaixa.

—O que?!

—Se abaixa, porque agora as coisas vão ficar um pouco confusas.

Ela fechou os olhos confiando apenas nos próprios instintos, eles se aproximavam cada vez mais, então quando eles estavam apenas alguns míseros metros, abriu os olhos e soprou. O corredor foi tomado por aquela nevoa gelada, de pouco em pouco os insetos foram caindo bem a sua frente, ouviu Lydia gritar e sons de passos apresados.

Quando sua respiração acabou, viu que a maior parte dos insetos estava caída, ela se jogou de costas no chão, sua bunda doía, sua perna doía e seus pulmões imploravam por ar, mas mesmo assim não pode deixar de sorrir como uma criança, o corredor estava coberto de uma geada semelhante a neve, encaro o teto e fechou os olhos.

 

 

*Quando Camille tinha nove anos ela tentou trazer seu rato de estimação, Sr. Bigodes, de volta a vida, mas a única coisa que conseguiu foi explodir a cozinha de sua mãe e melar Leo (de apenas dois anos diga-se de passagem) de restos mortais de rato. Até hoje ela não consegue acreditar como seu irmão não ficou traumatizado com aquela cena digna de filme de terror.

 


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