Em rota de colisão escrita por Lily


Capítulo 29
XXIX




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Barry

Uma das melhores sensações que Barry havia experimentado em toda a sua vida era acordar com Caitlin ao seu lado. Agradecia todos os dias por tê-la ali, enroscada nos lençóis, o cabelo todo bagunçado e os lábios entreabertos, tocou de leve a bochecha dela tirando alguns fios de cabelo do seu rosto. Caitlin se remexeu o puxando para mais perto, Barry se riu baixinho.

—Ei, pretty, hora de levantar.

Caitlin resmungou algo incoerente e rolou para o outro lado. Ele revirou os olhos, essa era uma das coisas que ele havia descoberto sobre Caitlin, ela era meia preguiçosa e se fosse acordada de maneira bruta ficaria de mal humor pelo resto do dia, por isso ela havia aperfeiçoado uma técnica para isso. Se inclinou sobre ela beijando o canto de sua boca, Caitlin gemeu, colocou o braço envolta do pescoço dele e o puxou para um beijo lento e demorado.

—Bom dia. – ela cantarolou sorrindo. Ele riu contra seus lábios antes de voltar a beija-la, desceu os lábios para seu pescoço, Caitlin gemeu enfiando as unhas em suas costas.

Ele adoraria ter continuado com aquilo, porque sabia exatamente como acabaria, mas os socos na parede não deixaram.

—Sabe, as paredes desta casa não são tão grossas quanto deviam ser. – Emma reclamou. – Será que dá pra parar com isso, não quero ficar traumatizada antes do dezesseis.

Barry olhou para Caitlin sorrindo.

—É, ela é realmente dramática. – murmurou beijando-a novamente. – Bom dia pretty.

—Bom dia meu amor.

—Eu gosto quando você me chama de meu amor. – comentou com um sorriso bobo.

—E eu gosto quando você me chama de pretty.

—E eu gosto quando vocês me deixam dormir. – Emma voltou a se meter na conversa.

—Ei, snowflake é melhor você levantar, tenho que te levar a psicóloga.

—Pai, não dá pra fingir que eu já fui e me deixar dormir? Não irei fazer merda nenhuma lá mesmo. – ela resmungou.

—Olha a boca Emma. – Caitlin a repreendeu.

—Desculpa, mãe.

Barry se levantou e foi para cozinha começar a preparar o café da manhã, já havia virado rotina, ele fazia o café enquanto Caitlin tomava um banho e arrumava a cama. Eles tomavam café juntos antes dele se tocar que já estava atrasado e sair correndo.

—Bom dia. – disse Emma esfregando os olhos para afastar o sono.

—Bom dia, Em. O que você quer comer?

—Panqueca de banana.

—Boa pedida.

Virou-se costas procurando os ingredientes para as panquecas, Emma se sentou apoiando a cabeça sobre os braços estendidos.

—Eu realmente tenho que ir a essa consulta? – ela perguntou manhosa. – Não a mais necessidade de enganar ninguém, Ray e Sara estão aqui, eles podem me levar para o futuro não precisamos mais da máquina do tempo. Então essas minhas consultas são em vão.

—Não exatamente, até você ir embora temos que manter o disfarce de garotinha perdida, o capitão está cobrando para a gente encerrar o seu caso. Se você conseguir enganar a sua psicóloga eu tento enganar o capitão.

—Isso é uma promessa? – Emma indagou arqueando a sobrancelha, Barry encarou a filha.

—Claro.

A garota sorriu.

—Ótimo, porque eu já tenho um plano.

—E quando é que você não tem um plano, Emma? – brincou passando a mão pelo cabelo dela.

Emma jogou a cabeça para o lado tentando desviar, ele riu.

—Posso sair com Cami e Lydia depois da consulta?

—Claro.

—Elas vão comprar os vestidos para o baile de amanhã e eu vou junto para comer algo.

—Você não vai ao baile?

Barry virou uma panqueca e a depositou sobre o prato de Emma.

—Não tenho par e eu odeio esse tipo de futilidade, é perda de tempo. Podemos gastar nosso precioso tempo em coisas muito melhores.

—Como?

—Netflix!

—Você prefere passar seu sábado à noite assistindo a Netflix invés de sair com seus amigos?

Emma colocou um pedaço da panqueca na boca antes de sorrir e responder:

—A resposta não é óbvia.

—Você vai ao baile Emma e vai se divertir. – avisou, ela fez uma careta engraçada.

—Você é um péssimo pai.

—Eu sei. Tento sempre melhorar.

~***~

—O que temos aqui? – Joe perguntou assim que entrou no laboratório. Barry observou o cadáver a sua frente, a pele pálida em um tom de azul gélido, as mãos fechadas em punho, leves arranhões pelos braços.

—Congelamento. Ele foi encontrado no parque por volta da seis da manhã, a ferimentos pelo corpo todo, parece que entrou em uma luta antes de ser morto. – ele afastou a câmera para tirar as fotos de outro ângulo.

—Sei que Central City é fria nesta época do ano, mas não acho que seja tão fria assim.

—Não foi o clima, ontem não estava nem tão frio assim. É como se ele tivesse sido colocado dentro de um frigorifico, mas também não a marcas de arraste ou de pegadas.

—Você já viu algo parecido com isso?

—Já. – revelou.

—Onde?

—Terra dois, Nevasca pode fazer isso.

—A doppelgänger da Caitlin? – Joe arqueou a sobrancelha confuso.

—Sim. Ela podia fazer isso, congelar a pessoa apenas com um beijo, mas se eu me lembro bem Nevasca enfrentou Zoom e morreu, eu acho.

—Então deve haver um meta humano que tenha poderes de gelo. – Joe passou a mão pela barba por fazer. – Agora temos que saber quem e o porquê. – Barry assentiu. – Mas antes temos que ir a um lugar.

Ela levantou a cabeça.

—Pra onde?

—Uma fazenda perto daqui. Faz parte de um caso.

—Que caso?

—O de Emma.

—Como?

—A psicóloga disse que ela se lembrou de algumas coisas e o capitão mandou eu ir lá, com você. – Joe explicou, Barry jogou a cabeça para o lado.

—Emma está mentindo descaradamente, fizemos um trato hoje de manhã, se ela conseguisse enrolar a psicóloga eu tentaria enrolar o capitão para encerrar o caso dela logo.

—Caitlin sabe desse trato.

—Não.

Joe riu.

—Porque não podemos fingir que já fomos lá, então não acharemos nada, porque não tem nada para achar.

—Eu adoraria partilhar desse seu plano brilhando, Bar, mas o capitão mandou Holly ir com a gente. Ou seja, nada de poderes e nada de enrolação.

Barry suspirou e olhou para o cadáver congelado.

—Ok, nada de procrastinar.

~***~

Barry não soube exatamente para onde estava indo até o momento em que Joe entrou em uma estradinha de terra e a enorme casa surgiu a sua frente. Ela parecia antiga, era branca ou pelo menos devia ser, tinha um celeiro e um curral para os cavalos, haviam plantações de trigo e macieiras dos dois lados da estrada, um jardim com flores logo a frente, Joe estacionou na sombra da enorme árvore.

—Então Emma lembrou disso? – Holly perguntou em um tom de desdém.

—Eu acho que sim, ela se lembrou de uma grande casa e um celeiro com as letras H.F.D, depois de muitas pesquisas encontrei esse lugar. Happy Finally Day. – Joe explicou caminhando em direção a casa. – Não tem registro de dono, nem de compra ou venda.

—Ela parece meio abandonada mesmo. – Barry observou as teias de aranha que se formavam na soleira da porta. Todo o lugar parecia meio abandonado, embora as plantações ainda estivessem vivas e dando de frutos, algo parecia errado, a casa parecia abandonada assim como o celeiro e o trator ao lado.

Joe bateu, Barry ouviu barulho de passos e então a porta foi aberta, um leve aroma de biscoitos recém assados invadiu o seu nariz. A mulher de cabelos pretos com leves fios brancos sorriu para eles.

—Bom dia, em que posso ajudar?

—Bom dia, sou o detetive Joe West estou investigando um caso e queria lhe fazer algumas perguntas.

A mulher sorriu calmamente.

—Claro, entrem. – Barry seguiu Joe casa a dentro, a sala estava completamente arrumada e impecável, tão diferente do lado de fora. Eles se sentaram no sofá marrom, Barry foi prensado entre Joe e Holly. -  Acabei de fazer biscoitos, querem um café.

—Claro. – ele disse, a doce mulher caminhou para a cozinha. – Pensei que está casa estava abandonada.

—E era para estar. – Joe sussurrou intrigado. – Não a registro de comprador.

—Então essa casa deve ser dela mesma. – disse Holly e olhou ao redor. – Caralho, essa decoração é a cara da minha vó.

—Ela deve morar aqui a um bom tempo. – disse.

—Às vezes essas fazendas são passadas de pai para filho, acaba que no final o registro é tão antigo que simplesmente é apagado. – Joe concorda. – Mas por que Emma se lembraria logo desse lugar?

A senhora voltou carregando uma bandeja com alguns biscoitos e xicaras de café.

—Então, vocês disseram que estão em uma investigação.

—Sim. – Joe tomou um gole do café antes de explicar. – Uma garota, o nome dela é Emma, ela apareceu desmemoriada e perdida, ela está fazendo um tratamento e acabou se lembrando desta casa, vou mostrar a foto dela e queria saber se você a reconhece.

—Claro.

Joe estendeu uma foto de Emma, Barry viu o rosto da mulher empalidecer, suas mãos tremeram quando ela tocou a foto.

—Você reconhece ela? – Joe perguntou.

A mulher assentiu e depois negou, ela parecia confusa.

—Não sei exatamente, ela se parece muito com a minha finada neta, Nora. Ela morreu quando tinha dois anos. – a senhora suspirou. – Minha nora, a esposa do meu filho, entrou em depressão e morreu antes de Elisa, minha outra neta, ter seis anos. Foi um baque para todos nós, meu filho Richard ficou muito triste, não conseguia sair de casa até a alguns meses atrás.

—Você mora aqui a muito tempo? – perguntou deixando a xicara de café em cima da mesa.

—Desde de pequena, essa casa era dos meus avós, depois passou para os meus pais, depois da morte do meu marido, eu e o meu filho voltamos pra cá. – a senhora explicou calmamente. – Depois de alguns anos ele conheceu uma linda mulher, Holland, ela era linda, cabelos escuros e olhos azuis. – ela olhou para Holly. – Você é um pouco parecida com ela. Holland sempre foi alto astral, sempre otimista, mesmo quando Nora foi sequestrada do hospital.

—Espera, você está dizendo que sua neta foi sequestrada do hospital? – Barry indagou.

—Sim, depois meu filho a achou e a trouxe volta, mas aí aquele monstro veio aqui a matou.

—Você teria uma foto dela? – Joe perguntou, a senhora assentiu e se levantou, caminhou até um armário perto da escada e puxou um álbum de fotos antigo.

—Aqui. – apontou para um foto de duas garotinhas sentadas sobre a sombra de uma arvore frondosa, ambas ruivas e pareciam ter a mesma idade, o olhar de Barry foi atraído pela segunda garotinha, ela era familiar. – Elas estavam passando o dia aqui, Nora estava incomodada e ficava gritando pela mãe. Pobre garotinha, achava que a mulher que a sequestrou era sua mãe.

—E você sabe o nome desta mulher por acaso?

—Richard não costumava falar o nome da mulher nesta casa, ele dizia que trazia má sorte. – a senhora levou a xícara até a boca.

Barry olhou para Holly e então para Joe, nenhum dos três sabia exatamente o que dizer.

—Quantos anos a sua neta teria hoje? – Holly indagou.

—Quinze, assim como Elisa. Tem uma foto de Eli no final do álbum.

Ele folheou o grande livro até o final, havia sim uma foto de uma garota, muito bonita por sinal, olhos azuis, cabelos loiros e um sorriso convidativo. Ela usava roupas de inverno e tinha um colar com um pingente azul gelo.

—E onde Elisa está?

—Saiu com Bennet, o namorado dela.

—Bennet? – perguntou novamente, não podia ser.

—Bennet Angelo, ele é um amor de pessoa.

—Bennet Angelo, ele era o ex namorado da Em, o pai dele era um psicopata mafioso. Ele é mais velho que eu um ano e veio para o passado um pouco depois de nós. – Tommy suspirou. – Eu o enfrentei e acabei ganhando uma bala no abdômen, quando você pegar ele me faz um favor tio, mate-o.”

—Senhora, você poderia me dizer que dia é hoje?

Joe o encarou confuso, a mulher sorriu docemente antes de dizer.

—Claro, 25 de maio de 2033.

—O que!? – Holly arregalou os olhos. – Desculpa senhora, mas...

Barry a chutou na perna.

—Muito obrigada por nós ceder esse tempo. – ele se levantou. – Mas temos que ir, não é, Joe?

—É, é, é. Vamos Holly. Obrigado por tudo senhora...?

—Maguns, Violeta Maguns.

—Ah claro, porque isso não podia ficar mais estranho. – murmurou já saindo pela porta.

—Essa velha é louquinha. – disse Holly quando já estavam a caminho de Central City.

—É, com certeza.

Joe olhou para ele, o detetive sabia que algo estava errado. Eles esperaram Holly voltar para o seu posto na delegacia para conversarem melhor.

—Ok, agora fala a verdade. Quem era aquela mulher?

—Não sei, Joe.

—Ela disse que estamos em maio de 2033, Barry por favor me diga que ela não é mais uma viajante do tempo.

—Eu não sei Joe.

O detetive passou a mão pela barba, nervoso.

—E a garotinha Nora, você acha que ela é a...

—Emma? Com certeza. Reconheceria minha filha em qualquer lugar, Em foi sequestrada quando tinha dois anos e pela cara daquela garotinha na foto, tenho certeza que ela não estava lá por vontade própria.

—Minha neta foi sequestrada quando tinha dois anos. – Joe repetiu a informação antes de se virar para Barry e dizer: - Você não vai deixar isso acontecer, não é?

—Claro que não. – ele engoliu seco sobre o olhar de Joe.

—Bom, porque eu não deixaria nada com a minha princesinha.

Barry se segurou para não revirar os olhos, Joe havia se apegado a Emma desde de o momento que soube que ela era sua neta, obviamente ele não deixaria ninguém encostar o dedo nela. Bennet Angelo, Violeta Maguns, Richard Maguns, Holland e Elisa Maguns. Para Barry todas aquelas pessoas eram incógnitas, mas de uma coisa ele sabia, quem quer que fossem essas pessoas eles foram responsáveis pelos piores pesadelos de sua filha, ele não apenas descobriria quem eles eram, mas também descobriria uma forma de acabar com aquilo, nem que precisasse mudar o futuro pra isso.

~***~

Barry analisou uma última vez aquele papel pardo em sua mão, tudo parecia estranhamente confuso. Olhou para Caitlin ao seu lado, ela também parecia tão perdida quanto ele.

Pretty, por que estamos fazendo isso mesmo?

—Mamãe não vai largar do meu pé até eu fazer isso. – ela resmungou enquanto estendia a taça para o garçom. A degustação de vinhos era o último lugar que ele esperava se encontrar em uma sexta-feira à tarde, tudo era tão chique e elegante que ele se sentia meio intruso.

—Acho que um vinho tinto Pinot Noir cairia perfeitamente bem com o filé ao molho madeira, porém o Syrah está na melhor safra, mas teríamos que trocar o filé pelo contrafilé. – Carla opinava.

Barry se curvou novamente em direção a Caitlin, sua noiva parecia preste a explodir.

—Do que ela está falando?

—Ela está tentando mudar o cardápio do nosso casamento apenas para o bem dela.

—Cait. – a chamou calmamente. – Pretty, não surtar.

Caitlin se virou, seus olhos faiscavam de raiva.

—O que você disse? Desde quando eu surto Barry?

Ele riu do tom mordaz que ela usou, era verdade, Caitlin não surtava normalmente, mas algo dizia a ele que isso estava preste a mudar.

Andrews Elementary School

23 de dezembro de 2025

Uma das melhores qualidades de Caitlin, era o fato dela pouco surtar, ela quase nunca se estressava com as futilidades da vida. Sempre mantendo a calma entorno de tudo, não era como se não houvesse dificuldades, sempre havia. Mas também havia Henry e Emma, seus filhos e seu adorável marido que a mantinham calma, o que não era exatamente o que devia acontecer.

Emma era uma garotinha adorável, calma e silenciosa, já Henry era agitado, mas obedecia quando ela mandava e ele sempre vivia sonolento ou morto de fome. Caitlin não sabia onde cabia tanta comida em um garotinho de três anos, ele podia ter herdados os seus poderes, mas com certeza havia herdado o metabolismo de Barry.

Era dia de apresentação na escolinha de Emma, o coral infantil iria cantar Let it Snow pelo terceiro ano consecutivo. Caitlin já estava preparando seus ouvidos para o desastre eminente. Henry se contorceu em seus braços, ele queria correr e brincar na neve que havia se formado lá fora e que aos poucos se formava aos seus pés. O pequenino ainda não tinha controle sobre seus poderes, por isso, várias vezes ela e Barry evitavam sair para não levantar suspeitas.

—Quando é que isso vai começar? – Cisco resmungou, ele estava sentado a duas cadeiras de distância, mas mesmo assim ela conseguia ouvi-lo.

—Mas alguns minutos, meu bem. – Jenny disse calmamente para o namorado. – Camille já, já aparece.

—Tá gravando tudo, Cisco? – Barry perguntou.

—Claro. Não perderei a chance de mostrar isso a Cami quando ela for maior, isso é o mico do século. – disse ele com um sorriso.

—Jesus, você é um péssimo pai. – Íris que estava atrás dela, proclamou.

Cisco virou a cabeça fazendo uma careta para ela, a West devolveu o gesto infantil. Caitlin revirou os olhos, isso que dava sair com todo mundo junto.

—Emma estava ansiosa para essa apresentação. – Barry comentou.

—É claro, ela vive cantando em qualquer lugar. – Wally falou. – Ela aprendeu quase todas as músicas que tocam nos comerciais da TV.

—Emma aprende rápido, Wally. Agora calem a boca que já vai começar.

As luzes diminuíram a intensidade, a cortina do palco se abriu, Caitlin vasculhou as criancinhas com o olhar até achar sua filha ao lado de Camille, as duas estavam entre cochichos, então o professor bateu a baqueta.

—E um, dois, três...

Em segundos o ginásio foi tomado pelo som de quase trinta vozes desafinada, algumas até se salvavam, mas outras...

—Oh the weather outside is frightful But the fire is so delightful. — eles cantavam como anjinhos sendo jogados no triturador.

—Não, parem, parem. – o professor mandou, então se virou para a plateia com um sorriso de desculpa. – Estamos um pouco desafinados. E de novo, um, dois, três.

—Oh the weather outside is frightful But the fire is so delightful.

—Não, não, não. Frederic, você está fora do ritmo, apenas finja a partir de agora. – o professor ordenou. – Vamos de novo.

Caitlin olhou para Barry, que assim como ela, também não estava gostando nada da situação.

—Oh the weather outside is frightful But the fire is so delightful.

—Não! O que está acontecendo? Trabalhamos nisso por meses. O que a de errado com vocês?

Ninguém dizia que havia algo de errado com sua Emma.

Ela sempre foi tolerante a certas coisas, mas nunca suportou aqueles tipos de idiotas que gritam com criancinhas, entregou Henry para Barry, se levantou e gritou:

—Brain! Quem diabos você pensa é? Isso deveria ser divertido e agora você está traumatizando nossas crianças. Sei que os feriados são estressantes e sua carreia acabou aqui. Isso é uma merda, mas é a vida. Não desconte nas crianças, seu grande idiota. Então cale a boca e deixe nossas crianças cantarem.

Brain a encarou confuso, Caitlin lançou seu olhar mais mortal e se surpreendeu com as palmas que se seguiram a sua explosão. Ela se sentou meio envergonhada, meio determinada. Barry apertou sua mão.

—Isso foi incrível.

—Obrigada. Agora cala a boca e deixa eu escutar minha filha cantar.

Central City

Outubro de 2016

—O que temos que fazer mais? – Barry perguntou, acariciando delicadamente as costas de Caitlin.

—Nada, ainda. – ela se espreguiçou. – Amanhã vou ao hotel com Íris, ainda não fui lá depois que mamãe alugou o lugar. – ela sorriu pra ele. – Não devia ter deixado mamãe cuidar de tudo.

—Estávamos ocupados, pretty. Mas é apenas por enquanto, depois podemos fazer do seu jeito. – ele prometeu, puxando a cadeira dela para perto. – Emma não disse que a gente é complicado? Então vamos complicar ainda mais.

Cait sorriu e se inclinou para beija-lo.

—Te amo.

—Também te amo. – sussurrou.

—Você acha que Cisco já matou Emma uma hora dessa?

—Provavelmente, Emma tem um dom enorme de irritar as pessoas mesmo sem querer. Fico pensando de quem ela herdou isso? -  perguntou com a sobrancelha arqueado em divertimento.

—Sabe, eu não tenho a menor ideia. – ela riu melodiosamente.

—Ei casal! – Cisco chamou entrando no córtex. – Sabe o que eu descobrir hoje?

—O que, Cisco? – Caitlin perguntou sem muita animação.

—Que eu vou ser o melhor padrinho do mundo! – ele jogou as mãos para cima.

Barry afastou a cabeça para o lado, tentando olhar para o amigo, mas logo seu olhar foi atraído por outra coisa.

—Você só pode estar brincando. – falou, olhando diretamente para Emma que segurava uma pequena bola de pelos nos braços.

—Olha pai, tio Cisco me deu um cachorro.

Caitlin se viro tão abruptamente que ele sentiu a cadeira bater contra seu joelho.

—Cisco! – ela o repreendeu. – Eu moro em um apartamento, não tenho espaço para um cachorro.

—É, mas Em me contou que quando ela nasceu vocês mudaram para uma casa maior. – Cisco se justificou.

—Olha mãe, ele é tão fofo, o apelidei de Tolu. – Emma correu até eles e estendeu o cachorro, ele era menor que uma caixa de sapatos, tinha a pelagem avermelhada e os olhos cinzas. – O nome dele de verdade é Tolueno. Mas Tolu é fofo. Ele não é lindo?

—Emma, não temos espaço para esse cachorro no apartamento. – Caitlin explicou com toda a calma possível.  – Você não pode ficar com ele.

—Mas, mãe...eu vou embora daqui a pouco, vocês vão ficar sozinhos naquele apartamento. Tolu é uma ótima opção, a raça dele não cresce muito e quando eu nascer já terei companhia, não serei a garotinha solitária que sempre fui. Terei amigos.

Barry arqueou a sobrancelha.

—Você está tentando usar chantagem emocional com a gente?

—Tá funcionando?

—Não.

Emma bufou.

—Ok, mas não tem como devolver ele sem ficar parecendo que eu sou uma insensível. E eu não sou insensível. Pai, olha pra ele. – ela esticou os braços deixando Tolu com o nariz colado no dele. – Me diz como dizer não para essa carinha fofa.

Os olhinhos de Tolu começaram a piscar, ele bocejou e lambeu a ponta do nariz de Barry. O velocista riu.

—É, ele é fofo.

—Viu mãe, papai aceitou agora só falta você.

—Eu não aceitei, apenas disse que ele é fofo. – se defendeu diante do olhar acusador de Caitlin.

—Mamãe, por favorzinho, deixa eu ficar com ele. – Emma pediu em um tom manhoso, fez beicinho e piscou os olhos. – Prometo que enquanto estiver aqui vou cuidar dele. Por favor.

Caitlin fechou os olhos e respirou fundo.

—Ok. – Emma pulou e se jogou contra os braços da doutora. – Mas você vai cuidar de tudo, vai ter que alimenta-lo e limpar o que ele sujar. Promete?

—Prometo, obrigado mamãe, eu te amo.

Barry viu Caitlin sorrir ao ouvir aquela frase, Em estava ocupada demais paparicando o novo mascote para notar aquilo. Então ele notou um pequeno detalhe.

—Você colocou o nome do seu cachorro de um elemento químico?

—Claro, você queria que eu o chamasse de que? Fred? É muito comum. – Emma olhando para Cisco como se dissesse: Dá pra acreditar nele?

Caitlin revirou os olhos e então sussurrou pra ele:

—Ela é sua filha, sua.

~***~

Ele entrou no bar e logo se sentiu sufocado, a fumaça de charutos se misturava à música barata e as conversar em sussurros. Avistou Oliver sentado no balcão, se enroscou em meio à multidão até chegar perto o suficiente.

 -Ei.

—Oi. – Oliver acenou com a cabeça. – Obrigado por vir.

—Não é nada. Então qual problema? Algum vilão a solta?

—Vários, mas não é isso. Como você conseguiu se dar bem com a Emma?

Barry virou a cabeça para o lado, agora estava entendo o motivo dessa pequena reunião urgente.

—O que houve entre você e Tommy?

Oliver suspirou.

—Antes, quando eu não sabia quem ele era, nos dávamos muito bem, mas alguma coisa aconteceu.

Ele levantou a mão pedindo uma cerveja, o bartender assentiu.

—O que aconteceu?

—Alguma coisa aconteceu, Felicity disse que era para eu me aproximar mais dele, mas Tommy faz de tudo para me evitar. – o arqueiro negou com a cabeça e tomou um gole da própria cerveja.

—Emma me contou que Tommy e você se dão muito bem. Ou pelo menos vão se dar. Não se preocupe, você ainda tem 16 anos pela frente.

—Por favor não me lembre disso, ainda não me acostumei com o fato de ser pai. Sabe Barry, minha vida era normal antes de te conhecer. - Barry riu, mas Oliver continuou sério. – Sério, a única coisa que eu tinha que fazer era lutar contra mercenários, agora tenho que tomar conta do meu filho do futuro.

—Se Tommy tiver herdado pelo menos um terço de sua personalidade, você não poderá me culpar.

—Felicity diz que ele se parece comigo. Embora eu tenha certeza que ele herdou o senso de humor dela.

—Tenho certeza que você e Tommy tem algo em comum. Cara, nossas vidas não são exatamente normais.

—Filhos do futuro, metas humanos, mercenários, perigo constante. Quando estava com Holly, estava tentado recuperar algo de normal. Pensando nisso agora, não tenho tanta certeza.

—Sei o que quer dizer. – Barry suspirou. – Nossas vidas nunca vão ser normais, Oliver. Mas se fossem...

—Teriam sido felizes.

—Mas não teriam sido completas.

—Não, nem um pouco.

Barry levantou a garrafa, Oliver repetiu o gesto.

—Que as coisas não sejam normais.

—Que a vida seja completa.


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