Em rota de colisão escrita por Lily


Capítulo 27
XXVII




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Camille

Quando ela era pequena e chovia muito forte, Camille corria para o quarto do seu pai e se escondia debaixo das cobertas. Ele contava histórias para ela até a chuva passar, ele também tinha uma frase que sempre gostava de repetir: Depois da chuva, sempre vem o arco-íris.

Um dia, quando ela tinha uns seis anos e estava chovendo muito, Cami correu para o seu pai, só que naquele dia, ele não estava lá. Ela estava dormindo quando ele saiu, talvez pensasse que voltaria antes dela acordar, mas provavelmente não contava com a tormenta que havia se formado. Camille correu para a sala do pequeno apartamento aos berros, nunca gostou de ficar sozinha ou de tempestades, a chuva não lhe agradava, os trovões e os relâmpagos a assustavam. Se encolheu no sofá abraçando a boneca de pano que havia apelidado de Isa, foi quando a porta se abriu, alguém -Cami não saberia responder quem- caminhou até ela e a abraçou, o som dos trovões diminuíram.

Desde de aquele dia Camille sempre formulou hipóteses para descobrir quem era, quando contou isso ao seu pai, ele obviamente não acreditou. Primeiro porque o sistema de segurança que ele mesmo havia projetado não disparou, e segundo, quem acreditaria em uma garotinha de seis anos?

Com o passar dos anos as coisas começaram a ficar mais estranhas. Camille se lembrava de um dia quando estava no parque com seu pai e a sua nova mãe, a esposa de seu pai. Estava brincando de pega-pega com um amiguinho que havia feito no parquinho, ela correu e então se perdeu, havia ido parar em uma parte distante do parque, estava com medo e preste a chorar, quando ela apareceu.

A mulher tinha cabelos castanhos claros e olhos claros, um sorriso doce e um olhar meio perdido. Ela entregou lhe entregou um balão vermelho e disse que a levaria de volta para o seu pai, e ela realmente a levou, porém quando estavam perto o suficiente para vê-lo, mas não serem vistas, a mulher se ajoelhou e disse:

—Não faça isso de novo, Camille. Eu nem sempre estarei aqui para ti levar de volta para ele. – sua voz estava carregado de uma emoção, que hoje ela sabe que era arrependimento. – Você é a única coisa que me sobrou e eu não posso vê-la se perder. Me prometa que nunca fará nada assim novamente. – ela tocou seu rosto. – Meu anjo, por favor não me esqueça.

E ela não esqueceu, nunca contou ao pai sobre aquele encontro, nunca disse como havia conseguido o balão ou sobre como havia voltado. A mulher não voltou a aparecer mais durante muitos anos, embora Camille tivesse certeza que a virá em muitas ocasiões, como em suas apresentações de escola ou em seus recitais de balé, a mulher também apareceu, pelo menos de longe, quando ela foi quase atropelada aos 11 anos. Ela só ficará frente a frente com ela no dia de sua partida para o passado, na noite em que foi a festa. Camille sabia que se corresse algum risco a mulher provavelmente apareceria, por isso sair da cidade, ir para uma festa nas docas de Star City lhe pareceu uma ideia fascinante.

E foi, a mulher apareceu quando a confusão já estava formada, a tirou de lá e levou para longe, mesmo estando preocupada com Emma e Tommy, Camille se deixou ser levada. Quando estavam longe o suficiente, ela finalmente havia tomado coragem e perguntado quem ela era, mas a resposta que recebeu foi pior do que esperava.

—Depois da chuva vem o arco-íris. – sussurrou baixinho. Pegou o vestido que Meli estendia, olhou ao redor atrás de Emma, sua amiga era ótima nessas coisas de procurar roupas bonitas e baratas.

Meli podia ser bem legal quando queria, mas na maior parte do tempo ela era chata e mimada, ela odiava Emma e Camille sabia que o sentimento era reciproco. Pegou um vestido verde com dourado e caminhou para o provador. Os pensamentos bailavam em sua mente, provavelmente dançando tango ou sapateado. A última conversa com seu pai e a revelação sobre a verdade que ele sempre havia guardado para si mesmo.

Puxou Emma pelo braço, a Allen foi sem hesitar.

—Não gostei do tom do verde.

—Também não. – resmungou jogando o vestido sobre uma das poltronas do provador.

—Por que vocês não estão na escola?

—O diretor liberou esses dois dias, porque sábado vai ser um dia cheio com a feira de ciência de manhã e o baile a noite, mas preciso te contar algo. – respirou fundo.

—O que foi? Você parece preocupada.

—Papai me contou quem é minha mãe. – revelou sentindo as mãos suarem.

—O que? – os olhos de Emma se arregalaram. – Como assim? Quando foi isso?

—Eu o pressionei, depois que vocês sumiram eu liguei para o papai, que ligou pro tio Barry, que foi me pegar. Depois que eu contei tudo pra eles, puxei o papai para um canto e disse que eu a encontrei.

—Pera o que? Como assim você a encontrou?

—É uma longa história depois eu te conto, o fato é que eu sabia que quando corria perigo ela ia me salvar, então quando começou a confusão ela apareceu. – pressionou as mãos contra perna.

—E qual é o nome dela?

—É-

—MENINAS!

Lydia correu em sua direção, ela estava vermelha e ofegante.

—Graças aos céus eu achei vocês.

—O que foi? – Emma a ajudou a ficar de pé, já que a loira parecia preste a desmaiar.

—Lobos.

—Lobos?

—Na verdade lobisomens. – ela murmurou. – Os gêmeos Mendler estão aqui.

—Mas gente do futuro. Que ótimo! – resmungou jogando as mãos pra cima. – Onde eles estão?

—No primeiro andar, fui ver uns sapatos maravilhosos quando os vi. – Lydia sussurrou baixinho, enquanto as três cainhavam pela loja. – Martin ainda está lindo, já Leroy...

Cami ignorou o comentário, tinham que sair dali antes de serem vistas. Os gêmeos Mendler tinham uma certa raiva dela e de Emma, para não entrar em muitos detalhes, ela as vezes gostava de dizer que nunca se deve tomar a vaga em um coral de pessoas que são descendentes de lobisomens.

Se agacharam perto do mostruário de joias. Cami podia notar as engrenagens do cérebro de Emma funcionarem, ela estava preparando um plano, que evidentemente envolvia uma fuga pela esquerda. Ela sabia que Em não gostava de combates frente a frente, então obviamente uma saída a francesa era a melhor opção.

—Ok, o plano é o seguinte. Vamos calmamente até a saída, depois corremos.

Ela olhou para Emma e então para Lydia.

Era um plano fraco, mas um plano de qualquer jeito. As três se levantaram, tentando não chamar atenção. Lyds pegou três pares de óculos escuros dentro da max bolsa.

—O que diabos é que você carrega ai? Só falta o papa sair.

—Sou precavida. – a loira deu de ombros. Cami revirou os olhos, ajeitando os óculos escuros, colocou o cabelo para frente e ficou olhando para baixo enquanto seguia Emma.

Avistou um dos gêmeos Mendler atrás de uma arara de sutiã, embora Lydia afirmasse -em sussurro- com toda a convicção que Martin estava mais bonito que o Leroy, Emma afirmava -também em sussurro- com toda a convicção que não via a menor diferença entre eles. Camille teve que cutucar as duas para elas calarem a boca, já estavam na escada rolante do departamento em direção ao primeiro andar quando ela ouviu.

—Hey! Olha o que eu achei!

Por um instante Camille achou que se virar era uma boa opção. Grande merda de erro. Leroy ou Martin, ela não tinha a menor ideia de quem era, estava aos pés da escada. Emma saiu empurrando as pessoas a sua frente, enquanto a puxava pelo braço, Lydia já estava preparada para brigar.

Mas elas mal chegaram ao andar de baixo quando algo grande as parou de repente. Um lobo enorme e cinzento havia pulado do segundo andar e parado bem na frente delas. Várias pessoas gritavam desesperada. Emma apertou sua mão com força.

—Olá bonecas. – um dos gêmeos falou as suas costas, Lydia riu e sussurrou.

—É Martin.

O lobo cinza rosno, as três deram um passo para trás.

—O que a gente faz agora? – Emma sussurrou para ela.

—Luta.

Lydia foi a primeira a dar um passo para frente, em suas mãos dois bastões curtos. O lobo atacou e em um golpe Lydia conseguiu se livrar dele, as três correram para o outro lado da loja quando ouviram o segundo rosnar, Martin havia se transformado.

Parecia que a loja havia se esvaziado em questão de segundos. Não havia sinal de segurança, o que era um descaço com elas.

Camille deslizou nas próprias sapatilhas quando o lobo preto as alcançou, ele partiu para cima, ela estendeu a mão, as vibrações foram tão fortes que o fizeram bater em uns manequins. Ela amava ter herdado os poderes do pai.

—Vamos. – Lydia puxou Emma e ela pela mão. – Tem uma saída de incêndio por esse lado.

—Como você sabe disso? – pergunto olhando para trás, os lobos ainda as perseguiam.

—Certos princípios de design são universais.

Tinha realmente uma saída de incêndio, mas estava trancada. Os lobos se aproximaram, rosnando e mostrando suas presas afiadas. Cami jogou os óculos na direção deles, um gesto inútil que só serviu para irrita-los ainda mais.

—Puta merda. Temos que sair daqui.

—Sério? Pensei que a gente ia ficar e esperar até sermos devoradas. – Emma ironizou, ela revirou os olhos. – Cuidem deles que eu cuido da porta.

Camille puxou um guarda-chuva amarelo de um dos manequins. Olhou para Lydia.

—Pronta? – a loira jogou a bolsa para Emma e se colocou em posição de combate, um bastão em cada mão e um olhar sinistro.

—Nasce para isso.

O lobo preto avançou sobre ela, Cami desviou e bateu nele com o guarda-chuva, Lydia deu um salto para trás quando o lobo cinza estava preste a cravar os dentes em sua perna. Usou seu poder para empurrar algumas araras de roupa contra o lobo, não tinha muita pratica com combate corpo a corpo, preferia ficar na oficina construindo ou concertando coisas.

Pulou por cima de algumas caixas caídas, olhou para Emma que deu um chute na porta a abrindo.

—Lydia! – gritou apontando com a cabeça, a loira assentiu empurrando o lobo.

Cami se concentrou o máximo que conseguia, quando o lobo cinza chegou perto o suficiente, ela ergueu as mãos o atirando pela divisória de vidro, está se espatifou em milhões de pedaços. Lydia deu chute na cara do lobo preto, as duas correram para porta, ela não pode deixar de notar como a temperatura havia diminuído drasticamente.

—Usa a sua velocidade e nos tira daqui. – Lydia pediu para Emma, enquanto descia a escada, ainda faltavam três lances para a porta de saída.

—Ok. – Emma as puxou pela mão. – Se segurem...

Mas antes que elas pudessem dar qualquer passo, Cami foi jogada para frente, rolando escada abaixo. Podia sentir todos os órgãos do seu corpo chacoalharem, quando finalmente parou no último andar, seu tornozelo, joelho, cotovelo, pescoço e cabeça doíam, podia sentir os hematomas roxos se formarem, se isso fosse geneticamente possível. Maldito dia!

Gemendo se colocou de pé, ou pelo menos tentou, tudo girava. Sentiu um braço envolver sua cintura, olhou para cima. Barry sorriu pra ela.

—Emma. – ele chamou a filha. – Corra.

Camille fechou os olhos esperando seu tio acelerar, mas invés de leva-la ao laboratório, ela se viu em um beco próximo ao shopping.

—Você está bem? – Barry perguntou, ela abriu para responder, mas a única coisa que saiu de sua boca foi um soluço e então as lágrimas rolaram pelo seu rosto. Estava machucada, tanto fisicamente quando mentalmente. – Ok, fiquem aqui tenho que parar aqueles lobos. Volto logo.

Barry saiu correndo, Emma e Lydia se aproximaram dela. Camille tentou se levantar.

—O que houve?

—Não é nada. – umedeceu os lábios. – Temos que sair daqui.

—Papai disse que é para ficarmos aqui.

Camille olhou para cima, o céu nublado em um cinza como o pelo do lobo, sentiu uma gota tocar sua bochecha. Alguma coisa dentro dela começou a se agitar e estranhamente, queria aquela mulher de cabelos claros e sorriso doce ao seu lado, sua mãe. Deus aquilo era tão estranho, a mulher que sempre a seguia, aquela mulher que seu pai nunca havia mencionado. A mulher que havia desaparecido de sua vida.

—Vamos sair daqui, está preste a chover. – disse Lydia a puxando, ela deu um passo à frente, mas cambaleou para o lado. – O que foi?

—Meu tornozelo está doendo. Acho que está quebrado. – resmungou.

—Deixa eu ver. – Emma se agachou, Camille se apoiou em Lydia. – Acho que é apenas uma luxação. Mamãe resolve.

—Tá doendo pra porra.

—Claro que tá, seu nervo deve ter rompido. Seu tombo foi incrível.

—Hahaha. Que bom que você se divertiu.

Emma revirou os olhos.

—Vem, eu vou te levar pro laboratório. – a Allen passou o braço pela cintura dela. Lydia pegou os bastões e girou nas mãos, em segundos os bastões se retraíram se transformando em pequenas hastes que ela colocou no cabelo. – Foi você que fez?

—Herdei algo do meu pai, além da beleza é claro.

—Vou levar a Cami, você espera meu pai e explica tudo.

Lydia assentiu.

—Vamos logo, estou toda dolorida e com fome.

—Meu Deus. – Emma soprou o cabelo de frente dos olhos. – Você reclama igual ao tio Cisco.

~***~

—Lobos? – Cisco perguntou com um brilho estranho no olhar, Camille o conhecia bem o suficiente para saber que ele estava se divertindo bastante com a história que Emma havia resumido.

—Na verdade, lobisomens.

Caitlin revirou os olhos quando o engenheiro soltou um gritinho de excitação.

—Tipo Remus Lupin?

—Tá mais pro Jacob de Crepúsculo. – disse por fim, Cisco abriu o maior sorriso que conseguia.

—Transformação completa?

—Com direito a presas e tudo mais.

—Como foi que vocês se meteram com lobisomens? – Caitlin perguntou terminado de ajeitar a atadura no tornozelo dela.

—Eles eram amigos de Tommy na escola. – Emma explicou. – São os gêmeos Mendler. São idiotas grossos que insistem em exibir os músculos mesmo quando não é necessário. Além de serem grandes trastes e humilharem pessoas menores e mais inteligentes que eles, por se sentirem inferiores e inúteis.

—Você realmente tem que aprender a resumir as coisas, snowflake.

—Mãe eles são idiotas.

Caitlin olhou para Camille, a doutora tinha aquele olhar que ela sempre dava quando Emma começa a dramatizar, o que aconteceia quase diariamente. Cami se ajeitou na cama olhando para Cisco que se divertia com a situação.

Lydia e Barry entraram no córtex, acompanhados de Felicity e Tommy, sendo que este último estava destruído, tinha o olho roxo e uma marca vermelha ao redor do pescoço, também estava mancando. Ela olhou para Emma antes de perguntar:

—O diabos aconteceu com você?

—Tive um encontrou com o ex da Emma. – ele resmungou se sentando.

Emma arqueou a sobrancelha.

—Bennet. – Felicity disse, Camille arregalou os olhos.

—Como...?

—Ela e o tio Oliver sabem. Porque ignorar isso, – Lydia apontou para Tommy. – não é tão fácil. Isso foi uma ideia idiota.

—Eu sei. – ele sussurrou olhando para Emma, a Allen baixou a cabeça olhando para qualquer outro lugar. Camille revirou os olhos e perguntou:

—Por que você foi se encontrar com ele?

—Tinha que resolver alguns assuntos.

—Você disse que o encontrou sem querer. – Felicity arqueou a sobrancelha em direção a Tommy, ele torceu a boca.

—É...né? Mas eu roubei isso dele. – Tommy puxou um pequeno aparelho, menor que um relógio de pulso, do bolso.

—Deixa eu ver. – ele esticou a mão e ela pegou, o aparelho pesava tanto quando um dos carrinhos de Léo, seu irmão, parecia um monte engrenagens juntas e tinha uma pequena tela que mostrava números. - 13122033.

—O que significa isso? – Emma perguntou.

Deu de ombros.

—Não sei. Lydia? – olhou para a amiga, Lydia olhava para as próprias mãos contando algo em seus dedos, em segundos ela abriu um sorriso, levantou a cabeça, seus olhos brilhavam de excitação.

—Me dá isso. – ela tomou o aparelho de sua mão, pegou a bolsa e saiu correndo pelo corredor gritando. – Eureka!

—Acho que alguém devia ir atrás dela. – disse Emma já seguindo o mesmo caminho que a loira psicopata havia traçado. – Tommy!

—Já vou. – então saiu mancando.

—Pelo menos vocês estão quites. – gritou, recebendo um gesto indelicado de volta.

—Melhor eu ir atrás de Oliver, eu e bebê estamos com fome. – Felicity colocou a mão sobre a barriga e saiu do córtex.

—Vou ligar para Joe, - Barry pegou o celular e o balançou de um lado para outro. - deixei dois lobos na delegacia e nem dei uma explicação. Embora ainda não tenha uma explicação plausível.

—Diga que a culpa é da Emma. – sugeriu. – Ele sempre releva quando é ela.

Barry se afastou sorrindo.

—Descansa Cami, daqui a pouco voltou para ver seu tornozelo. – Caitlin bateu em sua perna e saiu da enfermaria, Cisco começo a segui-la quando Cami o puxou pelo braço.

—Podemos conversar um instante? – perguntou tentando não soar desesperada. – É rapidinho.

—Claro. – Cisco sorriu, puxou uma cadeira e se sentou ao seu lado. – O que houve?

—Se existisse uma mulher, uma linda mulher e você a amasse mais que tudo nessa vida, mas se ela fudesse com a sua vida, te deixando na pior, então você se reerguer, acha outra pessoa, constrói uma vida com ela. Porém depois de anos essa primeira mulher volta, não querendo se intrometer na sua vida, mas querendo fazer parte de outra coisa. Você conseguiria perdoa-la? Hipoteticamente falando é claro.

—Hipoteticamente falando, eu não sei. Não consigo confiar em uma pessoa quando ela me magoa de verdade.

—Entende.

Ela se afundou no travesseiro, tentando deixar a mente limpa.

—Ei, quer saber de uma coisa que eu sou horrível? – perguntou simplesmente por perguntar.

—Claro, o que?

—Dar notícias.

—Eu também. – Cisco concordou sorrindo. – Simplesmente não vai.

—É muita emoção envolvida. Você tem que ser direto, mas ao mesmo tempo tem que ter calma.

—Você não pode jogar na cara porque pode ferir a pessoa, mas não pode enrolar muito porque vai deixa-la nervosa.

—Aí você tentar dá a notícia de um jeito calmo, mas a pessoa grita com você, bate em você. – Cami se sentou olhando diretamente para Cisco.

—Ou simplesmente desmaia.

Ela riu.

—Se eu fosse dar uma notícia impactante, seria mais ou menos assim. – tentou se controlar, já vinha tentando arranjar um jeito de contar isso para Cisco a um bom tempo, mas nunca tivera a oportunidade como agora. Nunca havia conseguido ficar sozinha com ele naquele tempo. Agora era a hora. – Sabe quando você disse que eu parecia muito com a sua mãe?

—Claro.

—Então, ela é minha vó. – revelou.

—É uma maneira bem legal de revelar...Opa, o que?! – ele se levantou de uma vez, isso chamou atenção de Caitlin e Barry.

—O que houve?

—Como assim ela é sua vó? – o engenheiro perguntou ignorando a doutora. -Você é filha do Dante?

—Olha, o tio Dante não seria um bom pai como você.

A boca de Cisco se abriu, mas nenhuma palavra saiu. Ele parecia em estado de choque. Talvez contar dessa maneira não foi exatamente uma boa ideia.

—Cisco você vai desmaiar? – Barry perguntou com um sorriso no rosto. – Porque se for eu preciso de uma câmera, estou com vontade de rir mais tarde.

—Barry. – Caitlin o repreendeu, antes de colocar a mão sobre o ombro do amigo. – Cisco não surta. Ok?

—Eu não estou surtando e eu não vou desmaiar.

—Não é o que sua cara diz. – sussurrou baixinho. – Acho melhor você se sentar. Sei que é um pouco confuso, mas pelo você não desmaiou, já é grande avanço, devido aos mais recentes “Eu sou seu filho do futuro”.

—É verdade. – Barry concordou apenas para irrita-lo. – Cait e Feli desmaiaram.

—Felicity não desmaiou. – Cisco olhou para o velocista.

—Na primeira vez sim.

Caitlin concordou com a cabeça.

—É, Emma horrível em dar notícias.

Ela e Cisco riram, ele parecia mais calmo, mesmo sobre tudo o que estava acontecendo.

—Achamos alguém pior do que você. – ele disse a cutucando no ombro. – Por que você está me contando isso agora?

—Porque eu ainda não havia feito nenhuma merda no passado e queria compensar isso. – falou sorrindo. – Além do mais, se Tommy e Emma já contaram, por que eu não posso contar também?

E também eu acabei de descobrir sobre a minha mãe e necessito desabafar com alguém, e já que não posso te contar sobre o futuro, necessito que me abrace de diga que tudo vai ficar bem, mesmo eu sabendo que não vai. Acrescentou mentalmente. Preciso que aja com um pai, não como um adolescente emburrado. Também quero saber mais sobre a minha mãe, mas você não me conta, por que você faz isso? Não tenho direito sobre isso? Ela é uma vadia, eu sei, mas eu preciso saber porque ela me abandonou.

Camille colocou a mão sobre a de Cisco.

—Você não está surtando ou está?

—Não, estou apenas colocando algumas coisas no lugar.

Ela jogou a cabeça para o lado.

—Não se preocupe tudo vai dar certo. – afirmou.

—Tem certeza que ele é seu pai? – Caitlin questionou.

—Claro, por que?

—Você é mais adulta que Cisco será em toda a sua vida. – disse Barry, fazendo Cisco revirar os olhos. – Vamos lá Cisco, você tem uma coleção de escovas de dente do Star Wars.

—São colecionáveis e valiosas. – ele se defendeu.

Cami sorriu. Seu pai realmente ainda tinha aquela coleção.

Central City

25 de abril de 2019

Ela não tinha mais do que sete meses e já fazia mais confusão do que ele estava acostumado, tudo naquele apartamento havia sido projetado calculadamente para a sua chegada. A decoração havia ganhado novas cores, os brinquedos estavam espalhados e o berço estava perto da janela, ela gostava do sol e do céu, disso ele sabia.

Na verdade, ele não sabia de muita coisa, sabia que ela não gostava de brócolis cozido, nem do leite desnatado, sorvete (Deus o livre se Caitlin souber que ele havia dado sorvete para ela) lhe dava gases. Provavelmente ela teria intolerância a lactose, o que era uma pena. Camille era a sua filha, a coisa mais preciosa de sua vida.

Ela estava no meio do cercadinho improvisado cercada de seus brinquedos favoritos, o leão que havia ganhado de seu padrinho, Barry, um polvo roxo que Felicity deu assim que ela nasceu e uma boneca de pano com um vestidinho florido que ele havia comprado quando a mãe da pequena estava grávida. Se agachou na altura de Camille, ela sorriu com se sorriso banguela.

—Ei, meu amor. Estou terminando de fazer sua comida, depois iremos para o laboratório, você quer ver a Emma? – perguntou imitando a voz de bebê, Cami soltou um grito fino de alegria.

—Mimi!

—Isso, Emma. – ele sorriu e esticou a mão para tocar a bochecha da filha. – Eu agradeço por você não se parecer com ela, não suportaria isso. Você é meu tesouro, Camille, não deixarei ninguém te machucar. Prometo que te manterei segura, isso eu posso fazer.

Se levantou voltando para a cozinha, já estava perto do fogão quando a ouviu chamar.

—Isa.

Virou-se.

—O que meu amor?

Camille levantou a boneca de pano, era como se ela soubesse a quem aquilo havia pertencido.

—Isa! Isa!

—É meu amor, isso era da sua mãe.

—Isa! Isa!

—É Camille, era da Lisa.

Central City

Outubro de 2016

Camille sorriu ao observar a discursão entre seu pai e Barry, Caitlin revirou os olhos estava preste a intervir quando Emma, Tommy e Lydia entraram na sala fazendo a maior algazarra.

—O que foi? – perguntou se endireitando na cama.

—Ela conseguiu. – Emma quase esmagou Lydia em um abraço. – Ela é um gênio!

—Não exagera. – Lydia se encolheu ao ouvir tal elogio. – Só usei o que aprende com papai.

—Ela é demais, Camille. – Tommy tinha um sorriso que mal cabia no rosto.

—O que você fez?

—Lydia conseguiu se comunicar com os nossos pais no futuro. – Emma revelou, seus olhos brilhavam como se estivesse chorando.

—Como você fez isso? – Cisco perguntou.

—O aparelho que Tommy roubou de Bennet é um pequeno transmissor, consegui acessar o computador central da Waverider e pedi para Gideon me direcionar para algum dos computadores do laboratório. – Lydia explicou como se fosse a coisa mais normal do mundo. – Foi só isso.

—Claro, só isso. – ironizou sorrindo. – Isso foi incrível Lydia.

A loira deu de ombros ficando vermelha. Camille riu, mas parou quando um grupo entrou no córtex, Oliver vinha empurrando um carrinho cheio de sacolas do Big Belly Burguer, ele conversava com Felicity animadamente, e logo atrás deles, também conversando, apenas mais contidos, estavam Sara Lance e Ray Palmer.

—Puta... – começou.

—Merda! – Emma completou.

—Como vai o pé, Cami? – Felicity perguntou comendo algumas batatinhas.

—Melhor. O que eles estão fazendo aqui? – questionou, encarando descaradamente as duas lendas.

—Já nos conhecemos? – Ray pergunta calmamente.

—Não...quer dizer, não ainda. Nós somos do futuro.

—É, Oliver falou isso. – Sara sorriu. – E nós estamos aqui por isso.

 -Como?

—Houve uma aberração no tempo e achamos que é por causa de vocês.

—Claro que é. – murmurou se contendo para não revirar os olhos. – Prazer, Camille Ramon.

—Ramon? – Felicity olhou para Cisco.

—Descobre a alguns segundos atrás. – ele explicou.

Ray e Sara sorriram pra ela. Emma deu um passo à frente.

—Sou Emma Allen.

—Filha do Barry. – Sara observou.

—E da Caitlin. – Oliver acrescentou.

—E você? – Ray se virou para Lydia que parecia em choque, a garota estava bugada, a boca aberta e os olhos arregalados. Tommy a cutucou, Lydia balançou a cabeça voltando ao normal e então falou.

—Prazer, Lydia Palmer.


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Notas finais do capítulo

Revelações atras de revelações. O que acharam? Camille é uma Ramon, uma Snart Ramon na verdade. Queria algo impactante para minha Cami, ela diferente de Cisco, suas personalidades são meio opostas, mas os gostos são os mesmo. Cisco é papai de duas lindas crianças. Kkkkk.
Agora eu tenho um desafio, quem conseguir descobrir quem é a mãe de Lydia eu faço questão de enviar um trecho do próximo capitulo (Bem revelador para falar a verdade). Ok?
Que os jogos comecem.
XOXO
Lils