Em rota de colisão escrita por Lily


Capítulo 16
XVI




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Emma odiava clichês, era tão previsíveis e sem sentido. Por isso quando se viu presa em um, desejou do fundo do coração poder voltar para casa. Aquele dia havia começado tão bem, o sol estava lindo e não havia uma nuvem no céu límpido e azul. Tudo havia começado bem e acabado mal, e por mal, ela queria dizer que a cela do shopping de Central City não era limpa.

Algumas horas antes...

Era domingo de manhã e o sol da manhã iluminava a pequena sala do apartamento de Caitlin, a decoração neutra era cara da doutora, o sofá cor de creme, onde ela estava sentada, era um dos únicos móveis que ocupavam o espaço. Sua mãe caminhava pela cozinha preparando alguma coisa para elas comerem ou testando algo que poderia facilmente mata-la.

—Mãe, porque a gente não pede comida ou espera o papai chegar para ele cozinhar?- perguntou abaixando A câmara secreta e encarando a mãe.- Ele é um ótimo cozinheiro e você é péssima.

—Não exagera, Em.- Caitlin apontou lhe a colher suja de molho.- Eu sou um ótima cozinheira.

—Então por que o macarrão está queimando?

A doutora se virou para o fogão apagado todas as bocas, respirando fundo jogou a colher na pia e se virou para a filha.

—Ok, seu pai cuida disso.

—Papai sempre cuida disso.

—Barry é um bom pai?- perguntou Caitlin, se curvando sobre Emma e colocando o queixo sobre sua cabeça.

—Depende do referencial.- respondeu fazendo a rir.- Mas no geral ele tenta ao máximo.Vocês dois na verdade.- Caitlin beijou o topo da cabeça da filha e a soltou voltando para a cozinha.-Mãe?

—O que é?

—O que papai veio fazer aqui ontem a noite?- questionou sem tirar os olhos do livro.

—Falar sobre o seu caso.

Emma arqueou a sobrancelha.

—Sobre o meu caso?

—Sim, um pista. Mas não era nada importante.- Caitlin deu a volta na sofá entregando a Emma uma taça com sorvete de chocolate.

—Sorvete antes do almoço?

—Você iria tomar de qualquer jeito mesmo.

Emma colocou o livro de lado e levou uma colherada de sorvete para a boca. Embora chocolate fosse um sabor bom, ela preferia menta com gotas de caramelo.

—Então, onde a vovó está morando?- perguntou, Caitlin fez uma careta.

—Não sei e nem quero saber.

—Por que vocês brigam tanto?

—Pensamentos diferentes, ideias opostas, personalidades incompatíveis, pode chamar do que quiser.- Cait suspirou.- Só que depois da morte do meu pai, passamos mais tempo brigando do que conversando.

—Eu sei, papai sempre diz que se pudesse trancava às duas em um quarto e só deixava vocês saírem quando se dessem bem. Mas, eu sei que provavelmente alguém sairia morta de lá.- comentou.- Embora papai diga que sou um pouco exagerada, tenho certeza que pelo menos o cabelo da vovó você arrancaria.

Caitlin gargalhou e Emma deu de ombros, a campainha tocou, a doutora se levantou deixando a taça em cima da mesa de centro.

—Barry.- saudou. Emma se virou para a porta onde se encontrava o seu pai.

—Por favor me diga que trouxe algo comestível. Mamãe é uma péssima cozinheira.

—E sei, honey.- Barry sussurrou ao se inclinar e dar um beijo na bochecha da filha.

—Então você vai cozinhar?

—Se Caitlin deixar.- ele lançou um olhar para a doutora que deu de ombros e se jogou no sofá.- Ótimo.

Barry correu para a cozinha se livrando do casaco no caminho, Emma sorriu com a sua animação, seu pai era um ótimo cozinheiro. Ele fazia às melhores panquecas de banana do mundo, elas tinham um ingrediente secreto que nem mesmo sua mãe sabia qual era. E ver Barry tão a vontade naquela cozinha lhe trazia lembranças felizes, manhãs de domingo sem nenhum meta humano ou casos da polícia para atrapalhar.

Eles almoçaram macarrão ao molho branco, a conversa fluía automaticamente, falaram sobre a escola, Emma explicou o quanto o ensino tinha mudado e falou sobre qual faculdade iria cursar.

—Medicina.- Caitlin abriu o maior sorriso que conseguia, Barry revirou os olhos.

Em algum momento do almoço o assunto  se voltou para os dois, Emma riu da cara deles quando contou que estavam casados a mais de dez anos.

—Não me culpem. Eu tinha três anos quando vocês se casaram.

—De que ano você é mesmo?

—2033.

—17 anos no futuro.- Barry observou, Emma rodou o garfo pegando mais uma porção de massa.- Isso quer dizer que você vai nascer daqui a dois anos.

Ela confirmou com a cabeça. Caitlin abriu a boca e encarou Barry ao seu lado.

—Ok.- Cait sussurrou servindo mais macarrão para Em.- Dois anos.

Emma adoraria comentar que tirando o tempo de gestação seria apenas um ano e oito meses, mas ficou de boca calada já que sua mãe parecia preste a ter um enfarto. Sorriu e voltou a comer o macarrão.

—Mãe você me leva ao cinema mais tarde?

—Claro.

—Você vai com quem?- Barry perguntou, Emma mordeu o lábio inferior.

—Cory.

—Quem é Cory?- o velocista pousou o garfo sobre o prato.

—O novo vizinho do Joe.- Caitlin explicou tentando ajudar Em.- Ele convidou Emma para ir ao cinema junto com alguns amigos. Então não  inventa de bancar o pai ciumento agora.

—Ok.- Barry murmurou nem um pouco satisfeito, então se virou para a doutora.- Eu levo ela, você tem que ir para o laboratório, Felicity vem hoje, se lembra?

—Claro.- a doutora engoliu antes de responder, Emma passou a mão pelo cabelo o puxando para frente.- Por causa do garoto não é?

—É. Thomas.

A garota ergueu os olhos para o pai, estava surpresa e um pouco apreensiva, não podia ser ele. Podia? Não, não era ele. Nenhum velocista havia conseguido viajar no tempo com companhia, então era impossível ser ele.

—Que horas você quer ir, Em?

—Lá pras duas.- respondeu para a mãe, sem prestar muita atenção. E assim que terminou de almoçar pediu licença e correu para o quarto, se jogou contra a cama e rolou para o outro lado, caindo no chão. Puxou a mochila com o símbolo do Flash do espaço entre a cama e o criado mudo, abriu e vasculhou até achar o celular escondido em um dos bolsos secretos da mochila.

O aparelho vibrou ao ser ligado, Emma o deixava desligado para poupar bateria, a foto de seus pais apareceu na tela, ela havia mudado a tela de bloqueio e a senha que antes era SnowAllen agora Carmim, um apelido que Tommy havia lhe dado por conta do seu tom de cabelo, porque, segundo ele, Ginger era muito estereotipado.

Vasculhou a galeria até achar a foto que procurava, prendeu a respiração enquanto sua mente associava a imagem, cabelo castanho claro, olhos azuis cristais, uma cicatriz sobre o supercílio, traços fortes e bochechas coradas, estava fazendo frio naquele dia da foto, lá estava. Thomas Noah Smoak Queen, seu primeiro amor, seu primeiro beijo e seu primeiro coração partido.

Mordeu a almofada do dedão, respirou fundo. O relógio no seu celular marca quinze para às duas, pegou um muda de roupa e saiu para o banheiro, em minutos ficou pronta. Estava amarrando o cadarço do all star vermelho na sala enquanto seus pais terminavam de arrumar a cozinha.

—Vamos?- Bary jogou o pano de prato sobre o balcão, Emma assentiu com a cabeça, então ele falou para Caitlin.- Eu deixo ela e depois volto para te pegar.

—Ok.- a doutora sussurrou antes de Barry se inclinar e lhe dar um beijo rápido. Então ele agarrou Emma pela cintura e saiu correndo do apartamento.

Eles pararam no corredor perto da área em construção dentro do shopping, Emma passou a mão pelo cabelo, abaixando os fios que levantaram com a corrida.

—Parece que você e a mamãe estão realmente se dando bem.

—Do que você está falando?- perguntou, caminhando ao lado dela para fora dali.

—Do beijo a alguns segundos atrás.- falou ao entrarem na praça de alimentação, pode ouvir seu pai gemer.

—Eu beijei ela, não beijei?- ele perguntou frenético, como se não acreditasse. Emma passou a mão sobre o rosto.

—Você está brincando? Claro que você beijou ela.

—Eu não devia ter beijado ela.- se lastimou, fazendo a garota revirar os olhos.

—E foi daí que Henry puxou a indecisão.- murmurou.

—O que?

—Nada. Olha lá está o Cory.- apontou para um grupo de adolescentes, Emma semicerrou os olhos ao notar o violão nas costas do garoto que ela tinha quase certeza que se chamava Aiden.- Já estão me esperando. Tchau pai.

Ela saiu correndo, mas Barry agarrou seu braço fazendo-a voltar.

—Eu te levo até lá.

—Não precisa pai.

—Claro que precisa.- ele a puxou em direção ao grupo.- Vou adorar conhecer seus amigos.

—Porque toda a vez que você fala isso, eu acabo me ferrando.- gemeu a contragosto.

Pais são pais, não importa a época, a idade ou qualquer outro fator, eles sempre, completa e totalmente lhe farão passar alguma vergonha que muito provavelmente você nunca  mais vai esquecer. E obviamente Barry Allen não era uma exceção.

~***~

Comédias românticas servem apenas para encher a cabeças de certas mulheres com um amor clichê que elas nunca vão ter, mas insistem em caçar nas pessoas erradas. Embora Emma fosse uma fã assumida desse tipo de estereótipo, ela sempre ficava longe de coisas e pessoas que faziam aquela parte do seu cérebro que guardava toda às informais inúteis de filmes românticos, apitar.

—Tem certeza que quer assistir esse filme?- Emma serpenteava em meio a pequena multidão que lotava os corredores do cinema atrás de suas poltronas.

—Claro. Meli não vai nós deixar em paz enquanto não fizermos a vontade dela.- Cory segurava sua mão enquanto a guiava. Meli se jogou contra às costas do amigo, fazendo com que ele soltasse de Emma.

—Óbvio, é o meu filme favorito. Já assisti umas dez vezes.- a garota se vangloriou.

—Qual é mesmo o filme?- Aiden perguntou, equilibrando o pote master de pipoca e o copo de coca-cola.

—Simplesmente acontece!- Shawn exclamou em um falso entusiasmo.

Suas poltronas ficavam na parte baixa quase perto da tela, Emma odiava aquela localização, se sentou ao lado de Cory, pelo menos um ponto positivo.

Assim que o filme começou, ela logo de cara se apaixonou pelo mocinho, Sam Caflin era um ator perfeito em todos os sentidos. A história era tão emocionante que ela se viu preste a chorar diversas vezes, quando estava quase no meio do filme ela sentiu a mão de Cory envolver a sua, respirou fundo para manter a calma.

O garoto se inclinou e Emma sabia exatamente para onde aquilo tudo iria levar. E ela queria aquilo com todas as suas forças, mesmo estando completamente insegura. Cory se aproximou, estavam a centímetros um do outro quando alguém cutucou seu ombro.

—Que merda.- sussurrou quando se virou para ver quem a havia cutucado.

Então, às coisas ocorreram rápido demais para o seu gosto, porque em menos de um segundo o estranho ao seu lado a puxou e a beijou, alguma música do filme começou a tocar e Emma se viu presa por um instante em um clichê.

But I lost control and said the things I said

And I knew that I was wrong, but I had to carry on¹

O beijo era meio desesperado e estranhamente familiar, ficou receosa em retribuir, mas alguma coisa no jeito como aquele estranho segurava seu rosto, o jeito como sua bocas se encaixavam perfeitamente, fez com que ela se sentisse estranhamente entusiasmada e completamente calma.

Eles só se separaram por falta de ar nos pulmões, ainda de olhos fechados sentiu o toque macio dos dedos do estranho contra a sua bochecha.

—Olá carmim.— o estranho sussurrou e ela quis se matar. Porém, não teve tempo de esboçar qualquer reação já que Cory a empurrou contra a poltrona e, literalmente, voou sobre o estranho. Foi aí, que a confusão começou.

~***~

—Como você veio parar aqui?- perguntou.

—Você me trouxe.- ele murmurou com a mão apoiada no bochecha. Seu olho esquerdo estava com um leve contorno avermelhado, que logo estaria arroxeado.

—Impossível.

—Não tanto quanto você imagina.- ela se virou para ele, às costas eretas e olhos semicerrados.

—Thomas, a minha paciência está se esgotando.- avisou.

Tommy bufou, passou a mão pelo cabelo castanho claro e explicou.

—Eu te puxei quando aquele cara atirou, só que você saiu correndo e me levou junto.

—Você chegou junto comigo?

—Sim.

—Então por que não me procurou?

—Porque eu estava em coma Emma!- Tommy levantou as mãos para o alto e acabou atraindo a atenção dos residentes da cela da frente. Emma acenou sem jeito para Cory, que segurava às grades de sua cela com mais força que o necessário.

Os polícias do shopping acharam melhor separar eles, Emma estava em uma cela sozinha com Tommy, enquanto Cory, Shawn, Aiden e Meli estavam em outra. E ela agradecia por isso.

—E onde você estava?

—Star City. Barry e Oliver me acharam nas docas, eles me levaram para um hospital e eu fiquei lá até ontem a noite.

—Quando foi que eles te encontraram?

—Há umas duas semanas.- Tommy deu de ombros. Emma mordeu o lábio inferior, eles haviam ido a Star City a das semanas e seu pai estava estranho naquela noite.

—E por que você está aqui?

—Felicity veio visitar Caitlin e Oliver tinha uma reunião com o prefeito daqui, eles não podia me deixar sozinho, tiveram que me trazer.

—E como você veio parar aqui, no shopping?

—Cisco me trouxe.

—Cisco?

—Sim.

—E onde ele está?

—Provavelmente ligando para os nossos pais.- Tommy se encostou e fitou Cory do outro lado.-Quem é aquele idiota?

—O nome dele é Cory, ele é novo vizinho do vovô, quer dizer do Joe. Argh, e não o chame de idiota, porque você é mais idiota do que ele.

—Está defendendo o seu namoradinho?

—Ele não meu namorado, e sim, eu estou defendendo ele, porque você é um trasgo.- cruzou os braços.

—E lá vamos nós, de novo.- Tommy riu feliz e se colocou de pé.- Não me chame de trasgo, carmim, você sabe que assim eu me apaixono.

—Olha aqui, satã.- ficando de pé, pressionou os indicadores contra o peito dele.- Eu ainda estou com raiva de você, acredite, eu não esquece do que aconteceu na festa.

—E quando você vai esquecer?- ele perguntou se aproximando.

—Esse tipo de coisa a gente nunca esquece.

—Tão linda e tão cabeça dura.

—Se você se aproximar eu chuto suas bolas.- ameaçou, Tommy recuou alguns passos.

—Por que você é sempre tão…

—Tão o que?

—Tão problemática, tão indecisa, tão atrapalhada, tão ciumenta, tão mal-humorada, tão engraçada, tão cérebro, tão Emma.- ele soltou um suspiro, a fitando intensamente, eles mal piscavam enquanto as palavras eram ditas.

—Tão doce, mas não Tommy, eu ainda não te desculpo.

—Você conhece esse cara?- Cory perguntou, os trazendo para a realidade.

—Cory esse é o Tommy, um amigo meu.- os apresentou, o garoto do outro lado do corredor arqueou a sobrancelha.

—Você não havia perdido a memória?

Emma mordeu o lábio inferior. Ela tinha esquecido dessa pequena parte.

Tommy gargalhou alto.

—Cala a boca satã!

—Nossa estadia aqui vai ser memorável, não é carmim?

 


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Notas finais do capítulo

¹Get me back- Mimi