Em rota de colisão escrita por Lily


Capítulo 11
XI




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Dizem que a verdade liberta e traz paz, Emma precisava de pelo menos um pouco das duas coisa ultimamente. Ela também precisava de um pouco de sorte para conseguir seus poderes de volta, fazia mais de duas semanas que havia voltado acidentalmente para o passado, fazia mais de duas semanas que Emma andava na corda bamba.

Contar ou não contar a verdade, eis a questão.

Emma desceu do carro. Era mais ou menos sete da noite, a residencia dos West’s estava iluminada, Caitlin havia estacionado do outro lado da rua. Ela se lembrava da primeira vez que estivera ali naquele ano, já estava na entrada da casa quando se deu conta.

—Por que estamos aqui mesmo?

—Porque meio que virou uma tradição todo último final de semana do mês a gente se junta come uma pizza e assiste um filme.- Caitlin explicou, tocando a campainha.

—Demoro em, preciso te contar uma coisa.- exclamou Íris assim que abriu a porta, puxou Cait pelo braço deixando Emma sozinha no hall de entrada.

Revirando os olhos fechou a porta atrás de si, tirou a jaqueta a colocando sobre um dos cabides grudados na parede. Emma podia notar que a casa não havia mudado muito ao longo dos anos, caminhou até a sala é o que mais parecia ter mudado, o sofá, as cortinas, a pintura, os porta-retratos haviam aumentado em números estratosféricos.

Se jogou no sofá, puxou a almofada e apertou com força.

—Emma?- levantou a cabeça quando ouviu seu nome, Wally West sorria para ela.- Você é a Emma, não é?

—E você é o Wally, o filho de Joe.

—Sou.- ele se sentou na poltrona perto da janela.- Minha irmã me expulsou da cozinha para conversar com Cait.

—Elas me abandonaram.- Emma comentou.

—Já estou acostumado.- Wally falou em um tom brincalhão.

—Eu só vim para comer.

—Idem.

Eles sorriram.

Wally era seu tio favorito -que Cisco nunca ouvisse isso- ele sempre a apoiava em sua aventuras, foi ele que a incentivou a entrar para o time de futebol. Ele entendia muito bem o desejo de Emma sobre ser “normal”.

—Cadê essa pizza?- perguntou se jogando contra o sofá.

—Íris disse que Barry ai trazer.- Wally respondeu, ele mexia no celular e ria de algo. Em percebeu que ele não prestaria mais atenção nela a partir de agora, se levantou, a porta da frente se abriu.

—Pizza!- Cisco gritou, elevando quatro caixas quadradas acima da cabeça.- Emma!

—Cisco!- gritou no mesmo tom.

—Onde está Caitlin?- ele perguntou, Emma o ajudou com as caixas.

—Na cozinha com tia Íris.- falou baixinho, então se encaminhou para a sala de jantar.- Elas estão lá desde que chegamos.

—Então é hora de interromper a conversa.- Cisco comentou rindo, colocou as caixas na mesa e saiu para a cozinha, mas antes que ele pudesse entrar Emma perguntou.

—Onde meu pai?

—Acho melhor você olhar lá fora.- falou um pouco mais serio agora, mas pelo seu tom de voz ela pode perceber que algo estava muito errado. Deixo a sala e saiu correndo para a porta, acabou esbarrando em alguém o que gerou uma queda, um tanto a lá Emma.

—Putain de merde!- gritou.- Oh la vache! Olha por onde anda seu idiota!

Massageou a bunda dolorida, sem nem olhar para a pessoa a sua frente.

—Você que estava correndo que nem uma louca, a culpa não é minha.- a pessoa se defendeu, Emma rosnou de raiva reconhecendo a voz.

Barry se ajoelhou ao seu.

—Você está bem?

—Sim.- ela se levantou, apenas para encarar Julian e sua posse de certinho.-Obrigado.-sussurrou ao seu pai.

—O que houve?

—Não foi nada Cait.- murmurou para a doutora, que já chegava perto para examina-la.- Eu esbarrei em Julian.

—Julian?- Caitlin perguntou confusa, Emma apontou para o homem a sua frente. A doutora não conseguiu esconder sua surpresa ao vê-lo ali.- Julian. O que você faz aqui?

—Eu o convidei.- Barry explicou.

Ela olhou para ele, isso que era vontade de ser trouxa.

—Com licença.- pediu, e com um sorriso educado nos lábios subiu a escada de dois em dois degraus, entrou na primeira porta que viu e se trancou.

Emma não gostava de Julian e queria deixar isso bem claro.

Aquele cara era um verme tanto no passado quanto no futuro. Julian era um idiota a longo prazo, manipulador egoísta.

Se apoiou na pia encarando seu reflexo no espelho. Sua mãe sempre dizia que ela era madura de mais para a sua idade, Emma conseguia entender coisas que a maioria dos estudantes de faculdade não entendiam, sempre esperta, seu QI era acima da média, ela sabia que devia isso aos seus pais, porque convivia vinte e quatro horas por dia, sete dias da semana, trezentos e sessenta e cinco dias do ano com três gênios da física, química e biologia.

Mas só havia uma coisa que ela não entendia, como as pessoas conseguia ficar tão bocós quando se apaixonavam. Ela entendia que o amor era um resultado de uma complexa cadeia de reações químicas entre substancias que ocorriam no cérebro, entre elas: adrenalina, noradrenalina, feniletilamina, dopamina, oxitocina, a serotonina e as endorfinas.

Suspirou, abriu a torneira e com as mãos em forma de concha apanhou a água, jogou no rosto se refrescando. Barry estava agindo como um idiota, parecia que a noite no karaokê não havia significado nada. Por que trazer Julian quando as coisas estavam indo tão bem?

—Emma?- ouviu o som abafado de Íris pela porta fechada.

—Sim.- respondeu.

—Você está bem?

Respirou fundo e abriu a porta.

—Claro.- sorriu para sua tia.

—Ótimo, a pizza está esfriando.- Emma seguiu Íris pelas escada, mas parou nos últimos degraus quando a porta se abriu.

—Emma!- Joe exclamou, feliz ao ver a garota. Ela abriu um sorriso verdadeiro, mas o sentiu murchar quando a viu, a mulher ao lado de Joe deu um passo a frente.- Essa é Emma, a garota que eu te falei.- o detetive falou para a mulher ao seu lado.- Em, essa é Carla Tannhauser, um antiga amiga.

Emma não sabia o que falar, então apenas apertou a mão estendida de Carla. A mulher sorriu, seus olhos brilhavam com um certo interesse sobre ela.

—Você é muito parecida com a minha filha quando ela era mais nova.- Carla comentou, e Emma instantaneamente praguejou mentalmente.

—Tenho um rosto comum.- justificou.- Sou muito comum.

—De comum você não tem nada Emma.- Íris implicou e se voltou sorrindo para a mulher.-Prazer, Íris.

—Seu pai me falou muito sobre você.

Carla em muitas feições era parecida com ela, Emma previa que aquela noite não podia ficar pior.

—Onde estão os outros?- Joe perguntou, retirando o casaco e o colocando no cabide, Carla repetiu o gesto. Íris suspirou levemente irritada.

—Estão tentando fazer uma fogueira no quintal.

—Estão o que?

Emma observo seu avô sair a passos largos em direção aos fundos da casa, Íris e Carla o seguiam, a garota inspirou profundamente, se jogou no sofá e murmurou para si mesma.

—Previsão do dia, noite nublada com sérios riscos de enchente de palavras não ditas e brigas familiares. Você já devia estar acostumada Emma, é a sua família.

Carla Tannhauser era uma prestigiada bio engenheira e presidente das Corporações Marts, tinha olhos azuis energéticos e cabelos castanhos que sempre estavam presos em um coque firme no topo da cabeça, sempre usava um terninho básico, odiava ser interrompida, preferia café preto, sem açúcar por favor, era controladora e perfeccionista.

Cabeça dura e prepotente.” Sua mãe resmungava toda vez que se encontrava com sua avó, Emma apenas revirava os olhos e esperava seu pai falar a mesma coisa de sempre: “Como se você fosse diferente.”

Ela sempre ria quando seu pai era atingido por uma bolsada, mas sempre se sentia mal quando sua avó ia embora sem nem ao menos dizer adeus. Emma gostava de sua avó, mas as vezes preferia não ouvir as brigas que ela e sua mãe travavam todas as vezes que se encontravam.

Todos diziam que Carla tinha tudo, fama, dinheiro, seu próprio império, mas isso seria uma mentira. Só havia uma coisa que Carla queria mais do que tudo no mundo. E Emma sabia exatamente o que era, sua avó queria ter um relacionamento saudável com Caitlin.

Mas Emma sabia que aquilo iria demorar mais do que necessário, conhecia Carla e sabia do seu temperamento, porque convivia diariamente com uma copia sua, que também apresentava resquícios desse temperamento.

Sua cabeça estava cheia de pensamentos confusos, muita coisa não fazia. Emma se lembrava que seu pai só havia conhecido sua avó no natal daquele ano, ela não se lembrava de seus avós terem se conhecido antes, nunca ouvira historias sobre isso. Mas havia uma vez que sua tia comentará que seu pai convivia com um amor platônico do passado, porém ela não aprofundou no assunto deixando a garota curiosa.

Encarou o teto de sua futura casa, sabia que o clima estava pesando lá fora, sabia que teria que ir lá a qualquer momento, mas também sabia que precisava de uma folga das alfinetadas trocadas entre sua mãe e sua avó. Enrolou uma mecha do cabelo entre os dedos, ela queria ir para casa, então subitamente  tomou uma decisão, contaria a verdade ao seu pai -por enquanto somente para ele-, com certeza ele a ajudaria, seus poderes ainda não haviam voltado, mas ela iria para casa de um jeito ou de outro.

E é ai que o fator Allen 2 entrava em cena.

“A verdade liberta. E também te põem de castigo.”


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