Era final da tarde, e eu estava treinando o feitiço do patrono nos jardins, perto do lago, aproveitando os últimos raios alaranjados de sol, que faziam meu cabelo brilhar como fogo e fazia a neve reluzir, quase machucando meus olhos. Eu me esforçava o máximo que podia, tentando lembrar de algo feliz o suficiente para produzir um patrono corpóreo, mas nada parecia o suficiente para produzir algo além de uns fiapos prateados ou um balão disforme.
Eu suspirei,fazendo uma pequena nuvem de vapor pairar em frente ao meu rosto, quando o hálito quente entrou em contato com o ar gelado. O sol já baixara completamente e uns poucos raios avermelhados restavam no céu. Eu resolvi tentar uma última vez antes de entrar no castelo quentinho e jantar.
Fechei meus olhos e me concentrei, em busca de uma lembrança forte o suficiente, e então algo passou pelo meu subconsciente, me deixando com a vaga lembrança de uma bolinha dourada com asas frenéticas sendo estendida na minha direção.
Eu fixei essa imagem incompleta no meu cérebro, tentando lembrar do restante, e falhando miseravelmente, enquanto chacoalhava a varinha em um pomposo movimento e falava em um tom de voz firme, porém pouco mais alto que um sussurro:
— Expecto Patronum.
E funcionou.
O que antes era um grande balão disforme prateado, começou a tomar forma. Quatro patas, alto, esguio e majestoso. Era uma corça.
Quando vi a forma que tinha tomado, balancei a varinha desesperadamente fazendo o patrono sumir, olhando para os lados tentando procurar sinais de que alguém tinha visto e feito a conexão. Quando não vi ninguém, respirei um pouco mais aliviada até que ouvi um farfalhar nos arbustos perto de mim.
Virei o rosto depressa, vi apenas um pedaço de uma capa vermelha e preta da Grifinória enfurnada nas folhagens. E eu fiz o óbvio a se fazer naquela situação.