A Filha da Noite escrita por sutekilullaby, izacoelho


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

mals pela 'demora' gente, é que eu nunca ficava satisfeita com esse capítulo e editei ele umas mil vezes. ainda não tô completamente satisfeita, mas vai.
Ah, e comemorem: a edição que eu fiz nesse cap. e no próximo vai adiantar em mais ou menos dois capítulos (ou mais, porque estou pensando em dar mais uma editada no 9) na parte em que eles se pegam, viva o/



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  No dia seguinte, estávamos no topo da colina às cinco da manhã, como Dioniso mandara. Nico e eu fomos os últimos a chegar. Eu havia acordado sozinha uma hora antes de tão nervosa, mas demorei pra acordar Nico, ele tinha um sono de pedra. Quando subíamos a colina, pude ver o jeito que Percy e Thalia nos olhavam. Tenho até medo de pensar no que podia se passar por aquelas mentes poluídas.

 

  — Olá, dorminhocos. — Nos cumprimentou Thalia ainda com aquele brilho malicioso nos olhos azuis. — Dormiram bem?

 

  — Dorminhocos nada! Dorminhoco. — Falei, dando uma olhada para Nico, que parecia um zumbi.

 

  — Hmmm?

 

  — É, dormiram bem, sim. — Thalia levantou uma sobrancelha para nós.

 

  — Como você é pervertida, Thalia. — Comentou Annabeth.

 

  — Quem falou em perversão aqui? — Perguntou ela com falsa inocência. — Eu só perguntei se eles dormiram bem. Não posso me preocupar com o bem-estar dos meus amigos agora?

 

  — Há, há. Andem, vamos logo antes que o Sr D nos expulse daqui. — Eu disse, lançando um olhar para o diretor do acampamento que subia a colina, provavelmente indo nos enxotar de lá.

 

  Nós cinco descemos a colina, com nossas mochilas nas costas, mesmo sabendo que nós provavelmente acabaríamos perdendo nossas coisas. Thalia, Percy e Annabeth iam conversando animadamente como os velhos amigos que eram. Nico e eu íamos atrás, ele ainda estava acordando, e eu ia pensativa.

 

  — Preocupada com algo?

 

  Olhei para meu infelizmente-só-amigo-e-companheiro-de-chalé, ele parecia bem mais acordado agora, e me observava. Sua expressão não demonstrava nenhuma emoção.

 

  — Não, não é nada. — Respondi.

 

  Mentirosa.

 

  Nico riu, seco.

 

  — Você não me engana, Melanie. Eu sei que tem algo te preocupando.

 

  — Como você pode saber? Até onde sei, você não lê mentes.

 

  — Não leio mentes, mas leio expressões. E você não anda o tempo todo com as sobrancelhas franzidas e uma cara pensativa.

 

  Ah, droga.

 

  — É essa profecia. — Confessei. — Está clara demais. Tem que ter algo errado. Alguma das frases tem algum duplo sentido de que não estamos nos dando conta. É impossível uma profecia entregar tudo de bandeja, assim.

 

  — Estive pensando nisso também. Bem, algumas coisas já foram esclarecidas. Os quatro meios-sangues mais poderosos, ou seja, nós dois, Thalia e Percy, estamos partindo para o monte Santa Helena para enfrentar Tífon, e com Annabeth, filha da deusa da sabedoria, formamos cinco. O que mais me intriga é o terceiro verso e o quarto... “No oeste mais tempo vão ficar, para do abismo, três resgatar”.

 

  — Também me preocupa o negócio de que seis voltarão. Como assim, seis? — Suspirei, e acrescentei, com a voz mais baixa — Acho que esse negócio de abismo tem algo a ver com o seu pai.

 

  Nico ficou calado por um minuto. Sua expressão parecia mais pensadora e um pouquinho mais sombria.

 

  — Talvez. Estou com um pressentimento terrível de que...

 

  — ...vamos perder alguém nessa missão. — Completei. — É, também sinto isso.

 

  — Como você...?

 

  — Nico, minha mãe foi a primeira rainha do mundo dos mortos. Você queria que eu pressentisse quando alguém fosse nascer? Acho que não.

 

  Nico fez uma expressão que pareceu inabalada, mas eu sentia que ele estava meio magoado. Ele tentava esconder as emoções dele de mim, mas não conseguia. Não sei como, mas às vezes era como se eu visse através dele, ou como se lesse seus sentimentos. Uma pena que não fosse assim nas horas que eu mais queria.

 

  — Eu não sei se suportaria perder algum de vocês. — Confessei. — Quer dizer, eu mal conheço Thalia, mas seria horrível se ela se fosse, eu me sentiria bem mal. Mas se for Percy, ou Annabeth, ou você... O que com certeza vai acontecer, já que três irão para o tal abismo...

 

  Logo percebi que meus olhos estavam cheios d’água. A simples idéia de perder Nico me deixava totalmente abalada, o simples fato de imaginar como seria se ele me deixasse para sempre, se eu nunca mais pudesse treinar com ele, nunca mais pudesse olhar em seus olhos muito escuros, nunca mais pudesse conversar com ele sobre qualquer coisa e ouvir da voz dele algo que me consolasse ou me fizesse rir, nunca mais ter o trabalho de acordá-lo toda manhã... Aquilo me destruía por dentro, e eu me perguntava como alguém que eu havia conhecido há pouco mais de um mês conseguia me abalar tanto e me trazer a sensação de que eu o conhecia há anos, como amigos de infância. Apesar de meu sentimento ir muito além da amizade.

 

  — Ei, ei. — Ele falou enquanto eu diminuía o passo e colocava a mão na boca para evitar os soluços. Eu era horrível quando chorava, ficava soluçando que nem uma louca. — Calma, Mel. Não chora.

 

  Então ele simplesmente fez o meu dia, com o simples ato de passar os braços pelos meus ombros e me abraçar. Eu queria poder falar algo pra ele, podia inventar alguma desculpa, eu ODIAVA que me vissem chorando. Mas eu sabia que se abrisse a boca só sairiam soluços altos demais.

 

  Nico desfez o abraço, cedo demais para o meu gosto, mas continuou com um braço nos meus ombros. Ele ia me guiando atrás dos outros três, nós dois apressamos o passo para alcançá-los antes que se dessem conta de que havíamos ficado um pouco para trás.

 

  — Como posso me acalmar... — Eu dizia, entre alguns soluços. Pelo menos eu conseguia contê-los um pouco. Um pouco. — S-sabendo que posso per-perder um de vocês? Um ou mais?!

 

  — Não fica assim, Mel. Você não vai perder um de nós.

 

  — Como você pode saber?! A profecia disse que...

 

  — A profecia disse que vamos resgatar os três que forem para o abismo.

 

  — Nico, essas coisas são cheias de duplos sentidos! A profecia diz que iremos ao resgate de três, mas quem disse que o resgate vai dar certo?!

 

  — Cara, você é sempre tão pessimista assim? — Ele riu enquanto fez a pergunta, mas acho que havia um fundo de verdade nela. Meu coração se contraiu e eu fechei a cara, me afastando dele.

 

  — Ei, Mel! — Ele voltou até mim, mas não me abraçou. Meu pobre coração se contraiu mais ainda. — Desculpa se eu falei alguma coisa que te chateou. É só que... É só que eu odeio te ver assim, tão perturbada com algo, ainda mais se eu estou metido no meio.

 

  — Tanto faz.

 

  — Me perdoa?

 

  — Tanto faz, caramba.

 

 

  P.O.V Nico

 

  Beleza. Então, do nada, Mel havia resolvido fechar a cara pra mim. O que foi que eu disse? Eu não falei nada! E depois elas negam quando dizem que as mulheres são complicadas.

 

  Andamos por uma hora e pouco até chegarmos em Nova York. Lá, resolvemos pegar um ônibus para começar nossa viagem. Mel continuava com a cara amarrada, e mal falava comigo, mesmo eu tendo sentado ao seu lado. Ela respondia vagamente quando eu falava com ela.

 

  — Honestamente, Melanie. Não entendo por que você está assim comigo. O que foi que eu fiz? — Perguntei, sem agüentar o silêncio entre nós.

 

  — Nada. Eu que estou de mau humor.

 

  — Não, não é isso. Você estava perfeitamente bem antes de eu dizer alguma coisa que te deixou assim.

 

  — Pra que você tanto quer saber? Isso faz alguma diferença? Desde quando você se importa?

 

  — Caso você queira saber, eu me importo, sim. — Que ótimo, ela pensava que eu não me importava com ela. Não faço idéia de onde ela havia tirado aquilo. Talvez ela estivesse passando por uma crise existencial ou algo assim, vai entender as mulheres.

 

  — Ah, bom saber!

 

  — Melanie, você não ouviu o que eu disse horas atrás? Eu odeio te ver mal assim, ainda mais quando eu estou metido no meio.

 

  — Como vou saber que você não está falando isso da boca pra fora? — Com os braços cruzados, ela finalmente virou o rosto para mim. Seus olhos me cortavam como duas lâminas, que atingiam em cheio meu coração. Por que ela estava sendo assim comigo?

 

  — Melanie, por favor, me diga claramente, o que foi que eu te fiz? Estava tudo tão bem até sairmos do acampamento, aí do nada você resolve que...

 

  — Ah, nada. Eu que sou a criatura neurótica com profecias e insuportável de pessimista.

 

  Certo. Eu não havia ouvido aquilo. Quer dizer, eu havia falado brincando que ela era pessimista! Mas tudo bem, ela estava nervosa desde o dia anterior, vai ver os nervos ficaram tão à flor da pele que, sei lá, uma coisinha assim foi a gota d’água.

 

  — Mel, aquilo foi... Uma brincadeira. Você sabe disso. — Falei com toda a calma do mundo.

 

  — Pode ter sido uma “brincadeira”, Nico, mas você tem que tomar cuidado com as suas “brincadeiras”, ainda mais sabendo como eu sou, ainda mais sabendo como eu estava por causa daquela maldita profecia, ainda mais sabendo que... — Sua voz começou a tremer e seus olhos grandes ficaram semicerrados, parecia que ela estava prestes a chorar de novo. Sem terminar a frase, ela virou o rosto para a janela.

 

  — Mel, me desculpa. Eu sei bem como você se sente, também fiquei apavorado com aquela profecia, fui um idiota por ter feito uma brincadeira em um momento como esse.

 

  Eu a encarei por alguns segundos, desejando que ela virasse o rosto para mim e me perdoasse. Eu não queria que ela ficasse assim comigo por uma razão tão boba. Acho que agora eu entendo como alguns casais brigavam por razões idiotas. Não que nós fôssemos um casal, mas deu pra entender. Quase inconscientemente, estendi a mão e peguei a dela, em um gesto de aparo, compreensão. Pensei até em dizer o que eu sentia naquele momento, mas não sei, alguma coisa me travava, eu tinha medo que ela me desprezasse ou algo assim, ainda mais com os nervos no estado em que estavam.

 

  — Tanto faz. — Disse ela por fim, me olhando de relance. Tentei pensar em algo a mais para dizer, mas poucos minutos depois ela havia caído no sono, e sua cabeça acabou pousando no meu ombro.


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Notas finais do capítulo

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