A Filha da Noite escrita por sutekilullaby, izacoelho


Capítulo 35
Capítulo 35


Notas iniciais do capítulo

Ae o/ Era pra eu ter postado tipo três dias atrás, mas minha internet não cooperava comigo. Enfim, aqui está, o penúltimo capítulo / Espero que gostem =D



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  Bem, depois de terem descoberto uma filha de uma das primeiras divindades a surgir (no caso eu, filha de Nyx) não foi um susto tão grande a descoberta de uma filha de Hemera, ainda mais considerando minha dica ao pedir chalés para todos os deuses primordiais. Então, poucos segundos depois de Atena quebrar o silêncio saudando uma atordoada Summer, já estávamos todos em um espaço aberto rodeado pelas construções em estilo grego antigo do Olimpo — que havia sido reformado por Annabeth — conversando, dançando; enfim, festejando.

  Além dos deuses principais, havia vários deuses menores por ali. A maioria dos deuses conversava entre si, apesar de Percy estar conversando com seu pai, Summer estar encantada com Apolo, Thalia estar falando com Ártemis e Nico ter sumido com Hades. Eu estava sentada em uma fonte, apenas observando tudo e pensando nos últimos acontecimentos. Heidi, que estava sozinha comendo um doce amarelo esquisito, veio até mim e sentou ao meu lado.

  — Você já sabia, né? — Ela perguntou sem olhar para mim.

  — Sobre Hemera? Não. Sobre a mãe de Summer ser uma deusa primordial? Suspeitava. — Respondi calmamente.

  — Por que você pediu aquilo? — Ela perguntou, agora me encarando enquanto terminava de comer aquele doce. Parecia algo entre um bolo e um cookie. Eu suspirei.

  — Antes de você ir até nós lá no Mundo Inferior... — Comecei a dizer, cautelosa. Eu ainda tinha aquela confiança estranha em Heidi, mas aquele assunto me parecia mais sigiloso. — Minha mãe foi até lá e me contou umas... Coisas.

  — Os deuses primordiais estão se agitando, certo? — Heidi disse como se estivesse pensando em voz alta. — Há anos. Me pergunto como os outros não perceberam isso...? — Ela apontou os deuses à nossa frente ao dizer “os outros”.

  — Eles souberam. — Contei, enquanto Heidi pegava outro doce em uma pequena mesa próxima a nós. Este era laranja e parecia algum tipo de pudim. — Quando cheguei ao Acampamento, me contaram que cerca de 15 anos atrás, os deuses primordiais se agitaram e alguns deles quase causaram problemas sérios. Mas depois disso eles ficaram na deles, pelo menos até o que se sabe.

  — Claro que os outros não iam perceber se os deuses primordiais continuassem agindo. Eles estavam muito em função de Cronos e da Grande Profecia de Percy. — Ela disse com o olhar perdido. Então, ela se voltou para mim. — Acha que podemos ter problemas em breve?

  — Talvez. — Engoli em seco. — Por que você não volta ao Acampamento esse ano? Há alguns irmãos seus lá, em um chalé só para sua mãe... E creio que ninguém vai te tratar como uma leprosa dessa vez.

  — É, acho que vão precisar de mim por lá.

  — Por que você recusou a imortalidade? — Perguntei depois de alguns momentos em silêncio e depois de Heidi pegar uma bebida azul e rosa.

  — Bom... Eu não quero ser imortal. — Ela respondeu, hesitante. — Você vive para sempre, vê a civilização mudar... Mas a vida imortal me parece tão complicada. O que eu mais queria de verdade era ser uma garota normal, com problemas de uma garota normal. Mas já que não posso nascer de novo, ou pelo menos não por enquanto... Tento isso na medida do possível. Como se fosse possível ser muito normal quando se é uma meio-sangue invulnerável filha da deusa da magia.

  — Você esqueceu a parte de ser provavelmente a filha mais poderosa de Hécate e de ter sido o instrumento dos deuses para derrotar o monstro mais poderoso de todos. — Falei, mesmo sem ter engolido aquela resposta dela. Uma musa veio dançando até nós com uma bandeja cheia de bebidas coloridas como a de Heidi, nos oferecendo. Peguei uma bebida em tons de amarelo e vermelho.

  — Hey, não dá corda! — Heidi disse, rindo e dando um leve empurrão no meu braço. Derrubei um pouco da bebida na minha calça, mas felizmente ela tinha alguma magia (como tudo no Olimpo) e não manchou nem molhou. Era como se eu nem tivesse virado.

  — Ah, não pode ser assim tão ruim. — Eu disse, experimentando a minha bebida. Tinha gosto de salada de frutas vermelhas com sorvete de creme, mas não era como se tivessem jogado tudo aquilo junto no liquidificador. Dava para sentir cada sabor diferenciado, como se eu estivesse de fato tomando sorvete com salada de fruta. Só que era líquido. — Quer dizer, deve ter um lado bom em ser filha de Hécate. Tipo a parte de conseguir fazer feitiços. Ou a parte de que os monstros dela não devem te atacar, aí são vários monstros a menos atrás de você.

  — Ah, é! Garota, você não sabe como os feitiços cansam. Quer dizer, como eu treino há um bom tempo é fácil para mim, mas no começo... — Heidi deu um suspiro dramático e eu revirei os olhos de leve. — Quanto à coisa dos monstros... É, com alguns é assim, mas esses são poucos. A maioria tem ciúme, inveja de nós, filhos de Hécate. Esses nos perseguem ainda mais. E muitas vezes não é nada legal ser filha dela. Imagine uma avó perfeccionista, uma mãe autoritária e uma irmã mais velha chata, todas em um mesmo corpo.

  — Ah, disso você não pode falar. Você é completamente bipolar. Nunca te passou pela cabeça que os outros também podem te achar uma avó perfeccionista, uma mãe autoritária e uma irmã chata no mesmo corpo?

  — Oh, olha quem falando!

  Nós duas rimos e começamos a falar bobagens assim. Heidi podia ser a criatura mais insuportável do mundo, mas também podia ser uma ótima amiga.

  — Olha só quem está chegando. — Disse ela, parecendo quase bêbada. Será que aquele filho da mãe do Dioniso havia posto álcool na bebida dela? — Seu cavaleiro de armadura enferrujada montado no cão infernal preto.

  — Cão infernal? — Perguntei. — Mas eu não sinto nada...

  — Cão infernal é minha substituição para cavalo branco, inteligente. — Disse ela me dando um tapa na cabeça.

  Eu estava prestes a começar a xingá-la, e nós provavelmente começaríamos a nos esgoelar e a jogar bebidas coloridas uma na outra, se Nico não tivesse chegado.

  — I guess I’ll go, I best be on my way out — Heidi cantarolou, levantando e dançando até uma mesa de bebidas pegar outro daqueles sucos esquisitos. Fiz um movimento com a mão e um fiapinho de noite surgiu e deu um leve tapa na cabeça de Heidi no momento em que ela pegou uma bebida em vários tons de roxo. Ela me lançou um olhar furioso e foi conversar alegremente com Nêmesis. Espero que não fosse para bolar alguma vingança contra mim por ter feito a mesma coisa que ela havia me feito um minuto antes.

  — Hey! — Nico me cumprimentou com um beijinho no canto da boca e sentou ao meu lado, pegando minha mão e entrelaçando nossos dedos.

  — Oi, sumido. — Falei, animada. — Por onde você andava?

  — Falando com meu pai sobre o meu pedido. 

  — Ah. — Eu tinha a impressão de que eu sabia qual era o pedido. E pelo jeito minha suposição estava certa. — E quais foram os progressos?

  — Muitos! — Ele disse abrindo um sorriso que fez meu coração parar. — Consegui convencê-lo a realizar meu pedido. Então, ele nunca mais vai se meter nos meus assuntos desse... Gênero. E vai parar de implicar com você.

  Quase ri quando ele hesitou em dizer "assuntos desse gênero". "Amorosos" era uma palavra constrangedora demais para ele.

  — Não entendo por que seu pai me odeia tanto. Quer dizer, acho que ele nem devia existir quando Nyx parou de governar o Mundo Inferior, certo?

  — Não sei... Mas deve haver algum outro motivo para ele botar tanto problema no nosso relacionamento. 

  — Ah, ele está assim porque eu estou tirando a inocência do filhinho dele! — Falei com ironia. Nico ficou da cor de um tomate, e eu não consegui reprimir uma risada alta que fez algumas ninfas me olharem com cara de espanto. 

  — A-aah é... — Disse ele, ainda vermelho. Me segurei para não rir mais. — Quer dizer, ele não se importa tanto assim... Ainda se fosse Bianca... Porque, você sabe, meu pai não liga muito para os filhos... Quanto menos para mim... E... 

  — Tá, tá, já entendi. — Interrompi antes que ele começasse um discurso. Quer dizer, Nico não era de falar muito, mas acho que qualquer um fica tentando dar mil explicações quando está nervoso. — Eu estava brincando, bobo.

  — Eu sei disso.

  — Não parece.

  Ficamos discutindo como dois namorados bobos que éramos por mais algum tempo, e depois começamos a conversar sobre outros assuntos. Era incrível como nós conseguíamos falar de tudo um com o outro. Tivemos uma conversa semelhante à que eu tive com Heidi sobre os deuses primordiais, e Nico chegou à mesma conclusão que eu — de que nós talvez tivéssemos mais problemas se aproximando. Contei a Nico minha conversa com minha mãe, e foi bem mais fácil contar isso a ele do que a Heidi. A única parte que não contei foi a parte da profecia sobre mim e minha irmã. Aquilo me preocupava e me assustava um pouco. Profecias nunca significam boa coisa quando é sobre alguém específico, e eu não queria que ele ficasse preocupado também.

  Algumas horas depois, os deuses nos comunicaram que era hora de voltar para o Acampamento. Hefesto disse que poderíamos usar nosso carro mágico, mas que ele estaria disponível para usarmos apenas nas missões mais importantes. Nos despedimos de todos os deuses presentes (o que demorou, considerando que não eram poucos) e descemos para o nosso carro, para voltar para casa.


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Notas finais do capítulo

Heidi e suas músicas =3 Nesse caso é Ignorance, do Paramore. E, erhm, creio que não há muitas notas mais nesse capítulo qqq.
Enfim, penúltimo capítulo, WEE :B (ok, ignorem, postar à uma da manhã rende notas nada inteligentes).
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