A Filha da Noite escrita por sutekilullaby, izacoelho


Capítulo 3
Capítulo 3




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P.O.V Melanie

 

  Quíron me chamou ao chalé principal — a Casa Grande. Chamou também Nico di Angelo e Percy Jackson.

 

  — Isso não é possível... — Dizia ele mexendo nervosamente em sua barba. — Nyx... Ela está adormecida. Deveria estar. Como todos os deuses primordiais. E os deuses primordiais não têm filhos com mortais... Como... Como pode...

 

  — Pelos deuses Quíron, você não se lembra de quando alguns deuses primordiais resolveram despertar uns quinze anos atrás e quase causaram uma guerra? — Falou o Sr. D, aka Dioniso, diretor do acampamento, entrando no recinto. — Se você for ver, a data em que Nyx e outros deuses estiveram despertos bate certo com o nascimento da Milena Brown.

 

  — É Melanie White. — Corrigi.

 

  — Tanto faz. É essa garota aí. — Falou ele.

 

  — Tem razão, Sr D. — Falou Quíron.

 

  — Certo. E por que nós estamos aqui? — Perguntou Percy impaciente.

 

  — Bem, garotos. Como vocês devem imaginar, ser filha de um deus primordial é ainda mais arriscado e poderoso do que ser filho de um dos Três Grandes. Mas, como nós só temos filhos dos Três Grandes aqui... Eu queria pedir que vocês fossem os tutores de Melanie. Nico, você pode ajudá-la a treinar seus poderes e habilidades. Nyx foi a primeira rainha do Mundo Inferior, então Melanie deve ter poderes semelhantes aos seus. Percy, você deve ajudar Melanie e aprender a lutar.

 

  — Não preciso de tutores. — Falei. Me arrependi dois segundos depois, vendo a expressão de Nico. Ele tentava parecer indiferente, mas por trás dessa máscara eu via um pouco de mágoa. — Quer dizer...

 

  — Todos os campistas novos precisam aprender a lutar, Melissa Black. A não ser que você queira morrer no mundo lá fora.

 

  — É MELANIE WHITE, DROGA! — Explodi. Caramba, esse Dioniso erra meu nome por gosto, né?!

 

  — Eu não falaria assim com um deus, mocinha... — Falou ele com um fogo roxo e assustador nos olhos.

 

 — Você não. Mas eu sim. — Senti meus olhos negros queimando também. Imaginei o que Quíron, Percy e Nico estivessem vendo. Senti a tensão no ar.

 

  Dioniso cerrou os punhos e videiras cresceram por baixo da cadeira onde eu estava sentada e me amarraram forte. Uma fenda começou a se abrir sob os pés de Dioniso, mas ele flutuou para longe, deixando um buraco negro no meio da sala, esperando por ele. As videiras se tornaram raízes grossas com espinhos.

 

  — CHEGA! — Exclamou Quíron. — Eu sei que não mando em vocês, mas PAREM! Melanie, feche esse buraco, porque ninguém aqui quer cair no Tártaro. Dioniso, solte a menina.

 

  Dioniso se virou para responder algo a Quíron, mas um trovão soou ao longe, o que o fez assentir de má vontade e logo eu estava livre novamente, e o chão estava inteiro. Meus braços estavam cheios de machucados dos espinhos e marcas do aperto das videiras.

 

  — É melhor essa menina se comportar direito. Ou da próxima vez não serão videiras que a espremerão...

 

  — Chega, D.

 

  Dioniso calou-se. Quíron disse que estávamos dispensados, era melhor voltarmos aos chalés, pois logo as harpias sairiam para devorar os campistas malcriados que andassem por aí depois do toque de recolher.

 

  — Onde vou dormir? Pelo que sei, deuses primordiais não têm chalés. — Falei.

 

  — Continue no de Hermes, ora. — Falou Dioniso com desprezo.

 

  Resmunguei e saí da Casa Grande. Nico e Percy vinham logo atrás de mim. Ouvi Nico me chamar, mas me fiz de surda. Saí correndo pela noite e me transformei em uma sombra, como já havia feito tantas vezes. Precisava esfriar a cabeça.

 

  Fui até a praia, ainda como sombra. Fiquei sentada lá na areia, observando o céu.  Então, um cara se aproximou de mim. Ele parecia ter uns trinta e algo, tinha cabelo cor de areia e nariz fino, e usava roupas que pareciam uniforme de carteiro. Estranhei um cara desses correr na praia quase à meia-noite, mas não falei nada. Ele não podia me ver, mesmo.

 

  — Ok, garota. Pode aparecer. Eu sei que você está aí, Melanie White.

 

  Assustada, resolvi não aparecer. Pelos deuses, quem era aquele?

 

  Ele revirou os olhos. — Melanie, vamos lá. Preciso falar com você. Não é legal conversar com alguém que a gente não pode ver.

 

  — Pra começo de conversa, quem é você?

 

  — Sou Hermes. — Ele disse, sentando-se ao meu lado. — Agora apareça, por favor. Tenho umas coisas pra te falar.

 

  Apareci. Hermes sorriu.

 

  — Boa menina.

 

  — Não precisa me tratar como um cachorro.

 

  — Você realmente gosta de enfrentar os deuses, não?

 

  — Há, há.

 

  — Pois bem. Vim aqui porque tenho uma encomenda para você.

 

  Hermes remexeu um treco que parecia uma bolsa de carteiro e tirou de lá uma caixinha de jóia. Ele me entregou.

 

  — É um presente. Será a sua arma.

 

  Abri a caixinha e vi ali dentro um colar. Era um pouco comprido e tinha um pingente com uma lua igual à que havia ficado marcada em minha testa.

 

  — Como um colar pode ser minha arma?

 

  — Arranque o pingente.

 

  Confusa, fiz o que ele disse. Arranquei a lua da corrente de prata e então duas hastes enormes e pontudas saíram dele. O que antes era um pingente virou uma lança de duas pontas enorme, com um pequeno cabo de couro onde estava a lua reluzente.

 

  — É feita de uma mistura de ferro estígio com rochas vulcânicas do Submundo, e outros materiais que só Nyx sabe. — Ele me informou. — Além de ser uma lança de duas pontas como outra qualquer, ela queima. Menos quando em forma de colar, claro. A única imune à queimadura é você.

 

  — Uau... — Falei, passando a mão suavemente na lâmina escura. — Por que está me dando isso?

 

  — É um presente... Da sua mãe.

 

  — Minha mãe? Como pode ser um presente dela? Quíron e Dioniso disseram que ela está adormecida, e que os deuses primordiais não têm uma relação exatamente boa com vocês, Olimpianos.

 

  — É verdade. Mas isso não os impede de nos usarem quando precisam de um meio de comunicação com o mundo exterior.

 

  — Mas por quê...

 

  — Não sei de mais nada, garota. — Falou Hermes. — Não sou Apolo para desvendar suas perguntas ou prever seu futuro. Mas algumas coisas posso adiantar: não negue a ajuda dos seus amigos filhos de Hades e Poseidon, nem de Quíron. Não arranje encrenca com o diretor do acampamento. Por mais poderosa que você seja, os deuses são ainda mais. Uma missão se aproxima... Boa sorte, e guarde sua arma. Você vai precisar... De ambas.

 

  Hermes se levantou, mas me levantei junto. — Espere! Como faço para voltar a ser um pingente?

 

  — Simplesmente pendure-o na corrente. Use sempre no seu pescoço. Não se preocupe em perdê-la. Esses itens mágicos sempre acabam voltando ao seu dono.

 

  Com pouca dificuldade, pendurei a meia-lua na corrente que já estava em meu pescoço, através de um ganchinho. As pontas da lança se encolheram, e eu tinha apenas um colar.

 

  — Ah, Melanie. —Hermes ia andando quando se virou de repente para mim. — Sua mãe é a patrona das bruxas e feiticeiras. Talvez você tenha alguma habilidade relacionada a isso... Mas lembre-se: nunca, jamais pratique magia negra. Os deuses a baniriam para o Tártaro. Foi o que fizeram com os telquines, pelo mesmo motivo. Agora com licença, que eu tenho trabalho a fazer. Você pode ficar no meu chalé, filha de Nyx. Boa sorte com tudo!

 

Então ele deu as costas e saiu correndo com sua bolsa de carteiro mágica.


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Notas finais do capítulo

Pingente da Mel: http://www.tradeport.com.ph/uploads/Image/full/ChosenHouseof.jpg


Gente, agradeço muito aos reviews do ultimo capítulo, e espero que tenham gostado desse n_n' Venho postando bastante porque tenho vários caps. prontos e comentários, também. Se quiserem que continue assim, já sabem... XD