A Filha da Noite escrita por sutekilullaby, izacoelho


Capítulo 25
Capítulo 25


Notas iniciais do capítulo

Este capítulo está mais curto, mas espero que gostem. n_n



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  Digo, literalmente desabou.

 

  Acho que gritei alguma coisa, mas tenho sérias dúvidas, considerando o fato de que eu não conseguia encontrar minha voz. Só sei que, em um segundo, milhares de pedras estavam caindo sobre Encélado... E Heidi.

 

  Paralisei.

 

  — Hei... — Minha voz saía baixinha e rasgada. — Heidi?

 

  — Ela não... — A voz de Thalia estava como a minha. — Não acredito que ela fez isso.

 

  Com bastante dificuldade, levantei, com minhas pernas tremendo e mal sustentando meu peso. Tentei gritar o nome de Heidi, mas minha voz era fraca demais.

 

  — Vamos lá. Vamos ver o Percy. — Thalia disse, andando até mim, tropeçando e escorregando o tempo todo.

 

  Percy não estava tão inconsciente. Quando nós o sacudimos, ele abriu os olhos. Não acho que ele estivesse bem, considerando seu olhar completamente perdido.

 

  — Percy? — Chamamos.

 

  — Hmmmmm?

 

  — Está nos ouvindo, Percy?

 

  — Como você se sente?

 

  — Aaaaahn... — Sério, ele parecia um velho gagá daquele jeito. Só faltava a baba. — Dói.

 

  — O que dói?

 

  — Tudo. — Ele murmurava, mas sua voz estava melhor que a nossa.

 

  — Imagino o seu esforço para criar aquela onda. De onde tirou a água? — A voz de Thalia parecia pior que a minha.

 

  — Ahh... O lag... Ai.

 

  — Ah, um lago. — Imaginei que Percy devia ter secado o tal do lago com toda aquela onda, mas resolvi não comentar. — O que fazemos?

 

  — Descansamos, ora. — Thalia parecia mais impaciente que o normal. — Ou você acha que estamos em condição de enfrentar Tífon?

 

  — Tem razão.

 

  — E os monstros? — Percy perguntou.

 

  — Acho que vamos ter que dar uma chance à sorte. — Thalia já ia se deitando ao lado dele.

 

  — Faz sentido nós descansarmos — falei cautelosamente —, mas vocês não sabem como esta floresta está infestada de monstros. E nossos pais são fortes. Nosso cheiro é forte.

 

  — Ei! Não me excluam da reunião!

 

  Levei um susto com aquela voz. Era a voz de Heidi. Mas como ela podia estar falando, se ela havia sido soterrada por uma avalanche? Será que ela havia feito algum truque, alguma ilusão? Virei-me na direção da voz, por acaso era a direção onde Encélado havia estado minutos antes. Minha surpresa aumentou ainda mais ao ver Heidi vir, inteira, na nossa direção.

 

  — Pronto, cheguei. Podem continuar agora.

 

  Ficamos em silêncio, encarando-a, pasmos.

 

  — Que foi? — Ela perguntou com seu jeito petulante. — Por que estão me olhando assim?

 

  — Como... Como você SOBREVIVEU?! — Minha voz estava melhorando aos poucos, mas mesmo assim saiu em um guincho em vez de uma exclamação surpresa.

 

  — Sobrevivendo. Dã. Por que, queria que eu tivesse morrido?

 

  — Mas... Mas você foi soterrada. — Thalia havia sentado de novo. — Você devia ter morrido.

 

  — Bem, para a sua infelicidade, eu não morri! Surpresa!

 

  — Isso é impossível.

 

  — Meus deuses, será que dá pra vocês pararem de ficar reparando no fato de que eu estou viva?! — Heidi bufou. — Agora vão dormir. Eu fico de vigia. Como já deu pra perceber, eu sei muito bem cuidar de mim mesma.

 

  Tive vontade de argumentar dizendo que ela tanto sabia cuidar de si que seu plano teria fracassado se Percy não tivesse intervindo. Mas eu estava cansada demais. Deitei e já estava dormindo poucos segundos depois.

 

  Tive um sonho estranho. Eu estava em um lugar escuro, sombrio. Era um lugar pequeno que logo reconheci como... Um quarto. Havia uma cama grande, uma mesa de cabeceira atulhada de coisas, um armário, uma estante com coisas que não consegui identificar na escuridão. Tudo isso preto ou da cor de algum metal.

 

  — Melanie?

 

  Levei um susto. Virei para os outros lados à procura do dono daquela voz e vi Nico. Meu coração deu um pulo violento.

 

  — Nico! — Tentei correr até ele, mas eu não conseguia sair do lugar. Fiquei irritada com isso. Só então me dei conta de onde deveríamos estar. — Você... Você está morto?

 

  — Há. Claro que não. — Ele disse com uma pitada de bom humor. — Estou no meu quarto aqui no Mundo Inferior. Meu pai não quer me deixar sair. Não me pergunte por quê. Ele sempre fica mal-humorado quando Perséfone está fora.

 

  — Seu pai te salvou?

 

  — Ah. Sim, ele me salvou. Você devia comparar o comportamento dele com relação a mim de quando eu tinha onze anos para agora. Mudou da água pro vinho.

 

  Acho que nunca me senti tão aliviada em toda a minha vida. Nico estava vivo. E pensar que eu havia feito toda aquela cena pensando que ele havia morrido.

 

  — E Annabeth? Ela está aí com você? — Perguntei. Quando eu disse “aí” eu me referia, obviamente, ao Mundo Inferior, e não... Bem, não à parte específica em que Nico se encontrava.

 

  — Ah. Annabeth. — Ele fez uma pausa, como se não quisesse me contar alguma coisa.

 

  — O que foi, Nico? O que aconteceu com Annabeth?

 

  — Bem... Eu perguntei ao meu pai sobre ela. Contei o que havia acontecido. Contei que sabia que ela está aqui, em algum lugar.

 

  — E...?

 

  — E ele disse que não tem nada a ver com isso, e que não faz a mínima ideia de onde ela possa estar.

 

  Congelei. Como assim? Hades não havia salvado Annabeth? Pelo que Percy havia me contado, a mãe dele havia se dissolvido em luz dourada assim como Annabeth e Nico, e era Hades quem a estava mantendo no Submundo, para negociar com ele. Mas se Hades não tinha nada a ver com isso, quem havia sido o deus que havia nos ajudado?

 

  — Estou tão confuso quanto você. — Nico disse, olhando minha expressão. Eu podia ser realmente ótima em esconder emoções, mas naquele momento eu estava perplexa demais para me dar ao trabalho de esconder minha cara de espanto. — Perguntei ao meu pai quem poderia ter feito isso, onde ela poderia estar, e como ela poderia estar viva... Mas ele não me respondia nada. Ele só me dizia que não sabia.

 

  Achei tudo aquilo muito estranho. Por que Hades se recusava a responder Nico? Resolvi deixar o assunto um pouco de lado, para discutir com os outros depois. Percy e Thalia conheciam os deuses bem melhor do que eu e poderiam ter alguma pista relacionada a isso.

 

  — Como vim parar aqui? — Perguntei, mudando de assunto.

 

  — Isto é uma ligação empática. — Nico respondeu. — É bem difícil de fazer. Tive que me esforçar bastante. Só funciona quando as pessoas são próximas de verdade. Eu precisava falar com você.

 

  — Por quê? Aconteceu mais alguma coisa? — Fiquei alarmada.

 

  — Nada de mais. — Nico deu um meio sorriso. — Eu só queria saber se você estava bem. E não queria te deixar preocupada. E... Queria pedir desculpas, você sabe... Por ter agido daquele jeito com você e com o Percy. Não sei o que me deu. Mas eu estava com...

 

  Ele parecia nervoso. Não sei se é assim com todos os garotos (minha experiência não é lá muito vasta), mas eu já havia percebido que Nico sempre ficava assim em situações que têm a ver com sentimentos. Principalmente quando eu estou no meio. 

 

  — Com muito ciúme. Muito ciúme idiota. — Falei, levantando o rosto. Era bom que ele soubesse que havia sido um idiota. É, eu posso ser realmente cruel quando eu quero, mesmo com quem eu gosto. Não que isso fosse um ato de muita crueldade, mas eu vi a expressão de Nico quando eu disse isso, e devo dizer que ele não deve ter gostado nadinha disso. Oras, eu sou filha da deusa que deu à luz praticamente tudo que há de ruim no mundo, e sou irmã de Nêmesis. Você ia esperar que eu ficasse toda cheia de amores depois de um ataque de ciúmes sem razão? Poupe-me.

 

  — Isso. — Ele disse, com uma expressão estranha, talvez porque ele fosse orgulhoso demais para admitir, ou porque se sentisse culpado, ou ambos. — Então eu estava com tanto ciúme que... Eu precisava dar uma volta, esfriar a cabeça. Aí você já deve saber o resto.

 

  — Sim, já sei.

 

  Pensei que ele fosse mudar de assunto, mas ele ficou com uma cara mais nervosa.

 

  — E... — Ele disse, com dificuldade. Pelos deuses, o que ele ia dizer?

 

  — E...? — Perguntei, encorajando-o.

 

  — E... É isso. — Ele respondeu, relutante.

 

  Rezei aos deuses para que minha decepção não aparecesse na minha expressão. “É isso”? Ah, vá!

 

  — Bem, já que não tem nada de importante acontecendo, acho que podemos parar com essa “ligação empática”, né? Você já deu seus recados, então posso dormir em paz.

 

  Eu já comentei como eu gosto de ser má com os outros quando me fazem alguma coisa? Quer dizer, o garoto ia falar algo importante que com certeza não fugia do nosso assunto anterior, e então me larga um ‘é isso’? Ah, faça-me o favor.

 

  — Já que você diz... — Certo, ele parecia realmente chateado. Era incrível como ele era sempre acertado em cheio por tudo o que eu fazia. Acho que eu devia maneirar um pouco, ou ficaria me sentindo culpada depois. Gosto que as pessoas recebam o troco e pouco me importo se acabo dando troco pra mais, mas era diferente quando se tratava de Nico. Meu coração de pedra acabava amolecendo à primeira expressão desolada que ele fazia, o que não demorava muito.

 

  — Sinto sua falta aqui. — Falei, com a expressão completamente mudada. Agora toda a aspereza havia sido substituída por afeto.

 

  — Eu também. — Um sorriso lento se formou em seu rosto, e me senti mais aquecida. — Se cuida, tá?

 

  — Se me acontecer algo, você será o primeiro a saber. — Falei com uma sobrancelha erguida. É claro que ele seria o primeiro a saber se algo me acontecesse. Ele sentia quando os outros morriam, não sentia? Dã.

 

  — Espero não sentir nada até vocês completarem essa missão. — Ele falou, e senti a sinceridade em sua voz. — Durma bem, Mel.

 

  Então a imagem começou a escurecer, até que caí em um sono sem sonhos. 


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Notas finais do capítulo

aqui, como eu havia dito, o desenho da heidi: http://sutekilullaby.deviantart.com/art/PJatC-Daughter-of-Hecate-166108128 (favor não reparar em coisas como minha folha de caderno, a total falta de proporções, a cor do cabelo dela, que não saiu o que eu queria; os olhos totalmente diferentes, minha letra "linda" [insira ironia aqui] entre outras coisas t__t ah sim, eu desenhei ela com luvas graças à minha dificuldade em desenhar braços decentes.)

espero que tenham gostado do cap. Os próximos, mais ou menos até o 30, serão postados pela izacoelho. Reviews? =)