A Filha da Noite escrita por sutekilullaby, izacoelho


Capítulo 17
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Mals pela 'demora', povo! É que fiz várias mudanças em alguns capítulos e pensei que essas mudanças poderiam alterar algo neste, mas as mudanças acabaram sendo bem poucas. Mesmo depois disso, não fiquei assim tão satisfeita com ele, mas espero que vocês gostem!



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  — O que é você? O que você fez com a Annabeth?

 

  Foi provavelmente o momento de maior estupidez na minha vida. Quer dizer, minha amiga é possuída e eu fico ali, olhando com cara de tacho, perguntando quem é o demônio. Ah, vá.

 

  — Não sabe quem eu sou, irmãzinha? — Aqueles olhos vermelhos e enormes que me olhavam com tanto interesse estavam assustando. Pensei na minha arma, mas seria inútil contra um espírito que estava no corpo de Annabeth.

 

  — Pare de me chamar de irmãzinha. Não sou sua irmã.

 

  — Mas você nem sabe quem eu sou... — A coisa no corpo de Annabeth juntou as mãos e inclinou a cabeça de um jeito que pareceu extremamente doentio se você somar aos olhos vermelhos. Sério, aquilo era pior que o mais bem-feito filme de terror. Tive a leve impressão de que eu acabaria não dormindo aquela noite.

 

  — Eu sou Lissa. — Falou a voz dentro de Annabeth. — O daemon da loucura. Filha de Nyx. Até onde sei você é, sim, minha irmã.

 

  Lissa. Eu já havia escutado aquele nome antes, em alguma história. Meu cérebro disléxico revirou as histórias que eu havia lido nos livros do acampamento. Lissa esperou pacientemente enquanto eu pensava. Ela parecia não ter pressa em matar sua “irmãzinha”. Até que me lembrei.

 

  — Você é o espírito que enlouqueceu Héracles. — Falei, por fim. — O espírito que entrou nele e fez ele matar a mulher e os filhos.

 

  — Isso mesmo. Muito bem, Melanie White! — Exclamou Lissa. — Mas agora, que tal irmos para a parte interessante? A parte em que você morre?

 

  O daemon deu um sorriso doentio com o rosto de Annabeth, e pulou em cima de mim. Minha asa estava quase boa, mas não completamente, então tive que me contentar em rolar para um lado. Eu estava realmente impressionada com a velocidade com que meu corpo se regenerava. Mas eu não tinha tempo de pensar nisso. O espírito pulou em cima de mim enquanto eu estava deitada no chão, suas mãos procurando meu pescoço. Sei que é horrível dizer isso, mas graças aos deuses que Lissa havia se apoderado de Annabeth, e não de qualquer um dos outros. Annabeth era ágil e forte, mas isso era só. Percy, Nico e Thalia tinham habilidades herdadas de seus pais.

 

  Peguei os pulsos de Annabeth e consegui derrubá-la no chão, ficando eu em cima dela. Olhei fundo em seus olhos vermelhos e esperei que minha amiga ainda estivesse ali.

 

  — Annabeth. Annabeth Chase. Olhe pra mim. — Eu falava, já em desespero. — Annabeth! Sei que você está aí. Ann, não deixe esse demônio se apoderar de você. Por favor, Ann. Pense em mim, sua amiga. Pense em Thalia, em Percy! Percy Jackson, esse nome te lembra alguém? Por favor, Ann...

 

  Por um momento, pensei ter visto um lampejo de cinza por aqueles olhos vermelhos, um cinza triste, frustrado e que parecia não entender nada. Mas aquilo durou uma pequena fração de segundo, pois logo o vermelho louco e cruel estava de volta.

 

  — Não adianta, irmã. Sua amiga está escondida demais para se pronunciar.

 

  Lissa começou a se debater com força, me chutando e tentando me socar. Percebi que seus chutes tentavam atingir minha asa quase boa. Levantei rápido, e Lissa também. Ela tirou a faca de Annabeth sei lá de onde (já comentei como armas mágicas são coisas incompreensíveis pra mim?) e tentou me atacar, mas fui mais rápida, desviando com um pulo e arrancando o pingente do meu colar. Começamos a lutar, uma luta difícil e que poderia levar horas. Eu percebia pelos movimentos e pelo olhar de Lissa que ela só pararia quando me matasse, o que poderia não demorar muito, se dependesse do meu cansaço e da voracidade com que ela lutava. Eu apenas defendia, além de Lissa mal dar espaço para eu atacar, eu tinha que pensar. Se eu acertasse ela pensando em Lissa, na verdade estaria acertando Annabeth. Annabeth seria quem ficaria ferida, Annabeth seria a prejudicada.

 

  Não faço idéia de quanto tempo se passou desde que começamos a lutar, só sei que eu estava ficando seriamente cansada. Eu tinha de pensar em um jeito de livrar minha amiga daquele demônio, mas como? Cheguei à conclusão de que não tinha como eu ter tempo de pensar em algo se Lissa continuasse me atormentando, e não havia jeito de Lissa parar de me atormentar se Annabeth não sofresse um pouquinho. Com um novo jorro de energia, avancei pelo lado de Annabeth/Lissa, e antes que ela pudesse processar o que eu pretendia, bati com a parte achatada de minha lança nela.

 

  O primeiro problema era que eu havia esquecido que aquela lança queimava, e eu era a única imune a isso. O segundo problema era que eu não pretendia acertá-la na cabeça. Mas foi o que aconteceu. O terceiro problema foi que essa batida foi com força, por causa de toda a adrenalina da luta correndo por minhas veias e tudo mais.

 

  Um grunhido horrível saiu da boca de Annabeth, e esperei que Lissa saísse com ele. Minha amiga caiu desmaiada. Verifiquei se ela estava mesmo inconsciente, vai saber quando Lissa ia me enganar. Mas então vi um fiapo de névoa sair dos lábios entreabertos de Annabeth, e vi o daemon rodopiar para longe. Peguei minha amiga nos braços e fui em direção à cidade.

 

  Descobri que estávamos em uma cidadezinha ao norte do estado de Nevada. Apesar de tanto reclamar de Bóreas, ele havia encurtado um pouco nosso caminho. Esperei que os outros estivessem bem, e estivessem tão perto quanto nós.

 

  Fucei os bolsos da minha calça, e encontrei dinheiro o suficiente para um quarto por uma noite no menor hotel da cidade. O quarto com duas camas de solteiro era minúsculo, mas pelo menos tinha um banheiro ajeitadinho.

 

  Deixei Annabeth deitada em uma cama e fui ao banheiro. Achei alguns dracmas de ouro nos bolsos, e usei a iluminação do banheiro e o chuveirinho (que era bem potente) para mandar uma mensagem de íris.

 

  — Ó, deusa do arco-íris, aceite minha oferenda. — Falei jogando a moeda no jato de água que estava ensopando o banheiro inteiro, mas quem se importa? — Mostre-me Nico di Angelo.

 

P.O.V Nico

 

  Eu estava dormindo quando Thalia me sacudiu. Havíamos parado no meio da floresta cada vez mais rala para descansar. Devia ser umas cinco da manhã, fazia uma meia hora que eu estava dormindo, eu que havia trocado de turno com ela, por que ela estava me acordando? Quase a mandei para o inferno (literalmente).

 

  — O que você quer, Thalia? Me deixa em paz.

 

  — Nico. Alguém quer falar com você.

 

  — Caramba Thalia, quem pode ser? Manda a criatura pro inferno.

 

  — Ah, bom saber que você quer me ver no inferno, Sr Di Angelo.

 

  Levantei imediatamente ao som daquela voz. Mel já havia me visto tantas vezes com cara de sono que nem me importei. Por um momento eu pensei que ela estava ali de verdade, meu coração estava a mil. Então meu olhar focalizou uma nuvem à minha frente, e nessa nuvem, a imagem mostrava do tronco de Mel para cima. Uma mensagem de íris.

 

  — Mel! — Foi impossível conter a alegria na minha voz. Só o fato de saber que ela estava bem...

 

  — Nico. — Melanie estava séria. — Onde vocês estão? O Percy está com vocês?

 

  Por que diabos ela queria saber do Percy?

 

  — Não sabemos onde estamos. — Falei. — Sim, Percy está aqui, dormindo. Por quê?

 

  — Hm. Eu estou em uma cidadezinha ao norte de Nevada. Estou no menor hotel da cidade, com Annabeth... Ou com o corpo inerte dela.

 

  Thalia e eu congelamos. — Como assim, Mel?

 

  — Nós estávamos em um deserto. Fomos perseguidas por uma Anfisbena, mas Ann a matou enquanto ela quase me matava. Depois, um daemon se apossou do corpo dela e tentou me matar, mas eu meio que, ahn, desmaiei ela. Faz uma hora e algo que ela está inconsciente. Estou começando a ficar preocupada.

 

  — Annabeth... Ela... — Thalia parecia em estado de choque.

 

  — Não sei, Thalia. Vocês poderiam acordar o Percy, por favor?

 

  Acordamos, e Mel contou toda a história a ele.

 

  — Isso não é verdade. — Percy estava ainda mais chocado do que Thalia. — Não é. Você não fez isso.

 

  — E não fiz mesmo. Eu não fiz nada, Percy. Foi Lissa.

 

  — Não. Não.

 

  — Acalme-se, Percy. Ela vai ficar bem. Não lembra-se de Héracles? O mesmo espírito o fez matar a família e ele continuou vivo.

 

  — Mas não havia nenhuma maluca pra furar a cabeça dele com uma lança!

 

  — Em primeiro lugar, eu não furei a cabeça dela, eu a acertei com a parte achatada da lança, e não era pra ser na cabeça. Segundo, eu não vou discutir com você. Você está em estado de choque.

 

  — NÃO!

 

  — Percy, calma... — Coloquei a mão no ombro do meu amigo em solidariedade, mas ele a afastou. Havia lágrimas em seus olhos. — Annabeth não morreu, Percy. Eu sinto isso.

 

  — Percy. — Mel o chamou. Ela estava surpreendentemente calma, mas eu sabia que por trás daquela calma ela estava tão desesperada quanto nós. — Olha aqui, pra mim. A gente vai dar um jeito nisso. Lembra da profecia? “E ao final, seis retornarão”. Ann vai voltar com a gente.

 

  De repente, uma porta atrás de Mel se abriu. Parada ali estava Annabeth, segurando sua faca de bronze. A única diferença era que seus olhos estavam vermelhos.

 

  — Olá de novo, irmã. — Disse uma voz estranha saindo da garganta de Annabeth.

 

  Então a imagem se dissipou. 


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem desse cap. Ao contrário da ju_vassallo, não sou boa com cenas de ação, por isso não descrevi melhor a luta delas :F Sugestões? Críticas? Elogios? Só deixar um review o