A Filha da Noite escrita por sutekilullaby, izacoelho


Capítulo 14
Capítulo 14




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  Quando chegamos à rodoviária, nossos amigos nos lançavam olhares... Estranhos. Esse é o defeito geral deles, não perdem uma única oportunidade de implicar com a gente e fazer brincadeirinhas idiotas, às vezes eles pareciam umas crianças, principalmente Thalia, apesar de Percy não ficar muito atrás. Annabeth não era muito disso, graças a Atena a filha dela já era madura o suficiente e fazia essas brincadeiras idiotas só de vez em quando. Porém, logo que chegamos, lancei um olhar assassino para Percy e Thalia, imaginei que meus olhos estariam queimando que nem a primeira vez que enfrentei Dioniso. Percy reprimiu um riso e Thalia arqueou as sobrancelhas, mas não fizeram nada mais além disso, graças aos deuses, caso contrário Hades teria mais duas almas pra cuidar.

 

  Esse dia passou normalmente, nossa viagem foi tranqüila e sem nenhum ataque de monstro, e nossa passada por Minneapolis também. Tínhamos pouco dinheiro, que resolvemos guardar, então Percy chamou alguns pégasos e fomos em direção à Dakota do Norte. À tardezinha, os pégasos nos largaram em um bosque e voltaram para de onde quer que houvessem vindo.

 

  Estava ventando bastante aquele dia, mas nós não nos deixamos abalar. Mais alguns dias de viagem e finalmente chegaríamos ao nosso destino, e cumpriríamos (ou não) nossa missão. Tive a impressão de ter visto algumas dríades pelo bosque, mas creio ter sido só impressão. De repente começamos a sentir uma presença, não só eu, mas todos nós. Estávamos perto de algo ou alguém poderoso, algum deus. Começamos a ficar nervosos, porque quando os deuses nos procuravam eles geralmente queriam nos dar uma ajuda muito mal-dada em troca de favorzinhos que podiam nos custar a vida.

 

  Chegamos a uma clareira, onde resolvemos descansar por uns momentos, mas a presença não nos deixava, e o vento ficava cada vez mais forte e frio, apesar de estarmos em pleno verão. Sentei sob uma árvore e me abracei para me aquecer, até que senti dois braços à minha volta, e vi Nico ali comigo.

 

  — Essa coisa está me incomodando. — Disse Annabeth olhando em volta, insegura. Creio que ela estava se referindo àquela presença que parecia ficar cada vez mais forte, ou ao vento, ou aos dois.

 

  — QUEM ESTÁ AÍ?! MOSTRA A SUA CARA DE UMA VEZ! OU TÁ COM MEDO DE UM BANDO DE MEIOS-SANGUES?! — Gritou Percy. Ok, essa atitude foi... Idiota? Ignorante? Suicida? É, acho que eu devo admirar a coragem dele, se fosse algum deus com pavio curto, ele estaria ferrado.

 

  — Não brinque assim comigo, rapazinho. — Falou uma voz profunda e grossa, que parecia vir de todos os cantos. Senti um calafrio, algo me dizia que teríamos problemas.

 

  — POR QUÊ?! TÁ COM MEDO, É?!

 

  — CALA A BOCA, SEU CABEÇA DE ALGA IDIOTA! — Gritei para ele, me levantando. Eu já havia sido insolente e respondona com alguns deuses, mas esse em particular não estava fazendo nada, pelo menos não naquele momento, e mesmo que eu sentisse que teríamos problemas, sua presença não era maligna. A não ser que mexêssemos com ele, como meu querido amigo estava por acaso fazendo.

 

  — NÃO TE METE, MELANIE!

 

  — ACHO MELHOR VOCÊ FECHAR O BICO, PERSEU JACKSON! — Ah, legal, agora o Nico estava se metendo, em minha defesa. Tudo bem que ele gostasse de mim e tudo mais, mas não sou nenhuma donzela pra precisar de um cavaleiro destemido comprando minhas brigas.

 

  — PAREM! — Annabeth e Thalia gritaram juntas, mas acima das vozes delas estava aquela voz profunda. O vento ficou subitamente mais violento, e então começou a rodopiar em um ponto no centro da clareira, como um mini furacão à nossa frente. O pequeno furacão foi aumentando até alcançar o tamanho de um homem adulto bem alto, e então se dispersou. Agora, em vez de uma ventania em círculos, estava parado à nossa frente um homem alto e forte, com cabelos e barba longos e grisalhos, vestindo uma capa e uma túnica branca como a dos gregos antigos. O que mais me chamou a atenção nele foi o par de enormes asas douradas em suas costas. Annabeth, Nico e Thalia o olharam com perplexidade, como eu e Percy éramos menos informados, simplesmente fitamos o senhor do vento com a cara amarrada.

 

  — Vai continuar me insultando, heroizinho? — O deus dirigiu um olhar a Percy que poderia fazer até o mais destemido herói tremer. Mas Percy, com seu orgulho inflado demais, simplesmente desviou o olhar do deus.

 

  — Com todo o respeito — falei —, quem é você?

 

  — Eu sou Bóreas — respondeu o deus. — Um dos quatro Ventos principais.

 

  Soltei um “ah” de pouco caso. Ah, um Vento? O que os Ventos podiam fazer? Ah, como era bom ser ignorante.

 

  Para minha sorte, Bóreas me ignorou, e voltou os olhos para Thalia. Os olhos extremamente azuis escondidos entre um par de grossas sobrancelhas brancas e um nariz fino ficaram arregalados. Thalia o fitava sem expressão. Subitamente, Bóreas assumiu uma postura diferente. Sua expressão se suavizou, ele parecia encantado.

 

  — Você é tão parecida com uma pessoa que conheci há muito, muito tempo... — O Vento estendeu a mão para tocar o rosto de Thalia, mas ela se afastou, o olhando em desafio e um pouco de medo.

 

  — Do que ele está falando? — Perguntei a Annabeth, que fitava a cena com os olhos cinza enormes.

 

  — Uma pessoa muito especial... — Continuou Bóreas, se aproximando de Thalia, que recuava cada vez mais.

 

  — Provavelmente de Orítia. — Sussurrou Annabeth para mim enquanto todos assistíamos Bóreas tentando cortejar Thalia. — Ela era uma princesa ateniense que Bóreas raptou e com quem ele teve quatro filhos semideuses. Bóreas era perdidamente apaixonado por Orítia. Se ele acha Thalia parecida com ela... — Annabeth não chegou a completar a frase, mas eu sabia bem o que ela queria dizer.

 

  — Não... Não se aproxime de mim. — Thalia murmurou enquanto Bóreas a encurralava.

 

  — Por que não, filha de Zeus?

 

  Em resposta, Thalia empunhou sua espada e ativou seu escudo, e tentou inutilmente atacar o deus. Com uma rajada de vento, ele simplesmente mandou as armas de Thalia para longe, avançou para ela e a pegou pela cintura, já alçando vôo.

 

  — NÃO! — Gritamos todos juntos. Me perguntei se Zeus e Ártemis estavam muito ocupados para não ver que a filhinha dele e comandante das caçadoras dela estava sendo seqüestrada por um Vento maluco.

 

  Arranquei meu pingente e voei contra o deus de asas douradas, um grito rasgado que parecia muito mais animal do que humano saiu de minha garganta. Antes que eu pudesse atacar, porém, Bóreas se virou e mandou uma rajada de vento contra mim, me atirando com força contra uma árvore. Senti dores nos ombros, na clavícula e principalmente nas asas. Acho que eu havia quebrado uma. Droga.

 

  Nico cravou sua faca preta no chão, e de lá brotaram alguns guerreiros fantasma que foram para cima de Bóreas. Aproveitando a distração dele com os espíritos, Thalia tirou uma flecha prateada (não me pergunte de onde, essas armas mágicas das Caçadoras são coisas que vão além da minha compreensão) e cravou com força no braço do deus que a segurava. Ele afrouxou o aperto na cintura dela, e ela caiu, tirou seu arco e lançou diversas flechas contra ele.

 

  — JÁ BASTA! — Gritou Bóreas, o vento se agitando mais do que nunca. — Vocês pagarão, semideuses.

 

  O vento estava tão forte que estava quase nos levantando do chão. Nico tentou correr até mim, ainda atirada embaixo de uma árvore e toda dolorida, mas o vento o levantou e o mandou para longe. Percy e Annabeth também estavam voando em círculos, e logo eu estava no ar com eles.

 

  — Você também, filha de Zeus. — Não consegui ver, mas imagino que Bóreas tenha lançado um de seus olhares assassinos a Thalia.

 

  Depois disso, não sei de mais nada. Senti algo batendo com força demais na minha cabeça, provavelmente uma árvore. Então, apaguei, pela segunda vez naquela missão. 


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Notas finais do capítulo

Reviews? n-n Ah, e feliz dia das mães! lol.