P.O.V Melanie

  Precisei de um minuto pra processar a informação.

  Então Nico di Angelo, o cara por quem eu havia me sentido atraída desde a nossa primeira conversa embaixo daquela árvore no acampamento, estava parado ali na minha frente, me perfurando com aqueles olhos escuros, dizendo que ele não havia se comportado do jeito que havia porque ele me odiasse, mas exatamente pelo contrário, e o jeito com ele me olhava indicava que aquilo era tudo verdade.

  — S... Sério? — AI MINHA NYX, COMO EU SOU IDIOTA! Que garota diz “sério” quando o cara de quem ela gosta acaba de se declarar? Cadê a mágica da situação?

  — Sim. — Foi a única coisa que ele respondeu, estendendo o braço e pegando a minha mão. O olhar dele parecia meio tristonho. Só faltava ele pensar que eu não o correspondia.

  — Nico... Eu... — Por que era tão difícil falar aquilo? Talvez porque eu sempre havia sido tão fechada com meus sentimentos. Ou porque nunca havia sentido aquilo antes, sei lá. Mas então pedi forças aos deuses, e forcei as palavras a saírem da minha boca. — Eu me sinto da mesma maneira.

  Meu coração batia tão forte e tão rápido que parecia que eu ia enfartar ali. Baixei a cabeça e meio que fechei os olhos, isso foi meio que uma reação automática, o que eu temia, se ele já havia dito o que sentia por mim primeiro?

  — Mesmo? — A voz dele estava carregada de alguma coisa, parecia, sei lá... Felicidade contida? Mordi o lábio para não sorrir e parecer uma boba alegre ali, mas não obtive muitos resultados.

  — Mesmo. — Minha voz saiu em um sussurro nervoso. Shit.

  Ele entrelaçou os dedos na mão que segurava a minha e me puxou para mais perto. Sua outra mão puxou meu rosto para cima. Então, ele me beijou.

  Se o ataque da empousa havia sido a maior dor (física) da minha vida, aquele momento havia sido um dos melhores. O beijo começou suave, mas foi ficando mais quente e com mais vontade, ele tinha uma das mãos no meu cabelo e outra, que antes estava na minha mão, agora estava apertando a minha cintura, as minhas estavam se enroscando em seu cabelo e puxando-o para cada vez mais perto, como se isso fosse possível. De repente senti uma parede atrás de mim, eu não fazia idéia de que havíamos saído do lugar, mas aparentemente sim. A boca de Nico desceu da minha para meu queixo, meu pescoço, e então subiu para minha orelha, beijando e mordiscando cada lugar por onde passava.

  — Você não faz idéia de como esperei por isso. — Sussurrou ele no meu ouvido, meu causando arrepios no corpo inteiro.

  — Não precisava ter esperado tanto. — Parabéns Melanie White, você acaba de ganhar o prêmio Respostas Toscas 2010!

  Nico riu, e voltou a me beijar, refazendo a trilha até a minha boca. Aparentemente, ele não achava que eu merecia o prêmio Respostas Toscas 2010. Eu não acreditava que aquilo estava acontecendo, tudo o que eu mais queria, e havia sido tão simples! Eu havia imaginado aquele momento várias vezes na minha cabeça, mas nunca havia imaginado que seria assim. E estava sendo melhor do que eu imaginava, muito melhor.

  De repente ouvimos um pigarro, e nos viramos, ainda colados um no outro e eu colada na parede.

  — Estamos interrompendo alguma coisa? — Perguntava Percy em uma mensagem de Íris.

  — Ahn... — Era a única coisa que conseguíamos falar. Nos entreolhamos e começamos a rir do nada. Parecíamos dois chapados daquele jeito, meus deuses.

  — É, estamos, sim. — Concluiu Thalia, aparecendo ao lado de Percy. — Mas escutem aqui, casalzinho feliz. Já passou das dez horas. Então por favor, parem de se agarrar um pouco e venham ao nosso encontro, porque o horário que havíamos combinado de nos encontrar já passou há um bom tempo.

  — Como vocês conseguiram fazer uma mensagem de íris à noite? — Aquela pergunta foi bem idiota, mas era a única coisa que se passava pela minha mente. Quer dizer, a pequena parte que não pensava em Nico.

  Thalia me lançou um olhar de sarcasmo.

  — Temos nossos meios. — Respondeu Percy. — Agora será que dá pra vocês virem?

  — Sim, já estamos indo. — Nico disse isso e sacudiu a mão, dispersando a imagem de nossos amigos.

  — Acho melhor a gente ir, né? —Falei, passando as mãos nos cabelos, que deviam estar em um estado “maravilhoso”.

  Nico assentiu e se afastou de mim, mas me estendeu a mão. Eu sorri e a peguei. Fomos andando assim até a rodoviária, conversando e às vezes trocando beijos rápidos.