A Filha da Noite escrita por sutekilullaby, izacoelho


Capítulo 11
Capítulo 11




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  Thalia me acordou lá pelas três da madrugada para o meu turno de vigia. Subi na árvore onde ela e Percy haviam sentado para seus turnos. Para minha surpresa, em vez de deitar e dormir, ela subiu de volta na árvore.

 

  — Não vai dormir? — Perguntei.

 

  — Não estou com sono, por enquanto.

 

  — Hm. — Aquilo estava estranho. Thalia e eu nos dávamos bem, mas não éramos exatamente amigos. Tinha de haver algum motivo pra ela estar ali, em vez de dormindo em um “confortável” saco de dormir. — O que você quer, Thalia?

 

  Ela me olhou com os olhos azuis delineados de preto um pouco arregalados.

 

  — N-nada... Só queria que você soubesse que, se quiser alguma ajuda — ela deu uma olhadinha em Melanie —, pode contar comigo. Não conheço Melanie tão bem, mas dá pra ver que nós somos parecidas.

 

  Era verdade. Eu nunca havia reparado naquilo, mas Thalia e Melanie eram mesmo parecidas. Ambas eram sarcásticas, ‘meio’ explosivas (Thalia conseguia ser ainda mais do que Melanie), corajosas, misteriosas (apesar de Mel ser muito mais por causa de sua natureza da noite, Thalia também tinha seu mistério), tinham estilos parecidos. Mas mesmo parecidas, ambas eram únicas, e era Melanie quem tinha o encanto que me atraía, com suas características únicas apesar de semelhantes às de Thalia.

 

  — Obrigado. — Agradeci verdadeiramente. Apesar de ser uma Caçadora e ter jurado viver sem garotos e tudo mais, Thalia já havia sido uma humana ‘normal’, já havia sentido os poderes de Eros e Afrodite, apesar da decepção ao saber que o alvo de seu amor, Luke, era um traidor.

 

  — Não há de quê. — Thalia desceu da árvore, e se acomodou no saco de dormir onde eu estava antes, ao lado de Mel. Do outro lado dela estavam Percy e Annabeth, abraçados. Era incrível como aqueles dois se gostavam, como eles viviam grudados pra lá e pra cá.

 

  — Boa noite, Nico. — Falou Thalia, já deitada com os olhos fechados.

 

  — Boa noite, Thalia.

 

 

  Meu turno foi tranqüilo, assim como o dos outros. Acordei Annabeth às cinco e meia da manhã de acordo com meu relógio, e dormi mais um pouco. Sim, eu tive a cara de pau de acordar Thalia só pra mandá-la pra fora do meu saco de dormir ao lado de Melanie. Thalia quase mandou um raio na minha cabeça, mas fez o que eu disse e foi para o seu próprio saco de dormir, que era ao lado do de Annabeth. Depois disso Annabeth me acordou às oito da manhã.

 

  — Uau — falou ela — bem que Mel dizia que você tem um sono de pedra. Faz uns dez minutos que tento te acordar.

 

  Levantei e esfreguei os olhos. Ao meu lado, Melanie continuava dormindo. Me perguntei quanto tempo ela demoraria pra acordar, quando essas coisas aconteciam havia casos em que os feridos ficavam semanas adormecidos. Comemos, juntamos nossas coisas e voltamos a andar.

 

  Lá pelo meio-dia, nós já estávamos ficando com fome de novo, e a floresta terminou. Agora nós andávamos por campos por onde passava uma estrada de asfalto que não tínhamos idéia de onde levava, e não havia nenhum estabelecimento à vista.

 

  — Nico, você não quer que o Percy carregue a Mel um pouco? — Perguntou Annabeth. Me surpreendeu ela mesma ter oferecido isso, acho que Percy queria se oferecer mas estava com medo de Annabeth ter um ataque de ciúmes. — Faz horas que você está carregando ela debaixo desse sol dos infernos.

 

  — Não, muito obrigado.

 

  — Mas...

 

  — Deixa ele — falou Thalia. — Como se fosse um sacrifício enorme ele ter que ficar com a Melanie nos braços o tempo todo.

 

  — Thalia tem razão. — Percy disse com um riso.

 

  — Caramba, por que vocês não me deixam em paz com relação a isso?

 

  — Porque é legal zoar os amigos quando estão apaixonadinhos. — Quem disse isso foi Annabeth. Nunca imaginei que ela dissesse que é legal zoar alguém, independente de quem ou por quê.

 

  — Eu não estou “apaixonadinho”.

 

  — Não. Apaixonadinho é pouco. — Depois de Thalia dizer isso, os três começaram a rir como se fosse a piada do século.

 

  — Vão se foder, todos vocês.

 

  — Ai, estressado.

 

  — Nico, sabe o que significa quando uma pessoa fica tão revoltada com algo? Significa que o que os outros dizem é verdade! — Certo, esse lado novo da Annabeth era realmente irritante. Se não fosse pelo Percy, ela já estaria fazendo uma visita ao meu pai há horas.

 

  — Deixem o cara em paz, garotas. — Percy se meteu.

 

  — Não seja careta, Percy.  Zoar o Nico é tããão legal!

 

  — Calada, Thalia. — Resmunguei.

 

  — O quê? É verdade!

 

  — Cala a boca.

 

  — Não seja estressado. De estressadas já basta eu e a Mel aqui. E o Percy.

 

  — É, não posso ser a única criatura equilibrada do grupo. — Falou Annabeth.

 

  — CALEM. A. BOCA.

 

  Depois disso, a não ser por um “Eu não sou estressado...” baixinho do Percy, nós ficamos calados por um bom tempo, até avistarmos alguma coisa ao longe.

 

  — Gente, o que é aquilo? — Perguntou Annabeth.

 

  — Acho que é um posto de gasolina. — Respondeu Percy.

 

  — Postos de gasolina têm lojas de conveniência! COMIDA! — Sério, às vezes a Thalia parecia um cara, principalmente com esse negócio de comida. Ela comia como um cavalo, e geralmente quem come como cavalos somos nós, os homens.

 

  — Podemos aproveitar e pedir informações! — Annabeth estava mais animada. Eu fiquei feliz porque postos de gasolina também têm algum lugar pra sentar, e por mais que eu amasse Melanie, meus braços estavam doendo.

 

  Apressamos o passo, e chegamos ao posto. Thalia e Percy compraram algumas coisas pra comer e umas garrafas de água mineral, Annabeth pediu informações a uns funcionários do posto e eu fiquei sentado do lado de fora do posto, em um degrau no cimento, com Mel no colo. Os funcionários ficavam nos olhando com cara de assustados, mas o que você faria se visse um cara todo de preto com uma garota desmaiada com uma lua na testa e camiseta de uma banda chamada CADAVERIA no colo?

 

  De repente Melanie começou a resmungar, e me animei pensando que ela fosse acordar. Mas então ouvi um grunhido alto e corri para dentro da loja do posto. Lá dentro, Annabeth, Percy e Thalia lutavam contra três monstros com corpos pretos e podres, asas de morcego enormes e chicotes nas mãos. As Fúrias.

 

  Tive de largar Mel por um momento, enquanto ela continuava resmungando, provavelmente por ter sentido a presença das Fúrias. Saquei minha faca e matei uma por trás, Percy matou outra e Thalia e Annabeth se encarregaram da última.

 

  — Pelo menos conseguimos comprar alguma coisa. — Suspirou Percy depois de se recuperar do ataque repentino.

 

  — E eu consegui informações. Estamos perto de Mansfield, uma cidade próxima a Cleveland. Se continuarmos nesse passo, vamos estar em Minnesota e Tífon já vai ter fugido.

 

  — Tem alguma sugestão de transporte rápido e eficaz, então? — Thalia já estava abrindo uma barra de chocolate e comendo sem a menor cerimônia.

 

  — Hm... Não pode chamar Ártemis para nos ajudar, Thalia? — Perguntou Percy.

 

  — Os deuses não podem intervir diretamente em nossas missões. — Interrompi. No fundo, me senti aliviado por não precisar conviver com Ártemis e talvez com suas Caçadoras.

 

  — Bom, vamos andando. — Disse Annabeth. — Quando chegarmos à cidade, veremos o que fazer.

 

  Saímos do posto e nos pusemos a andar, até que Percy parou, parecendo ter tido uma luz.

 

  — Estou sentindo algo por perto daqui que pode nos ajudar. Eles estão só de passagem por aqui, mas acho que não se importam de nos dar uma carona...

 

  Minutos depois, cinco pégasos pousavam à nossa frente.


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Notas finais do capítulo

Os capítulos anteriores têm tido bastante reviews. Espero que continue assim, vocês não sabem como eu fico feliz com isso n__n