Vossa Majestade escrita por Evil Queen 42


Capítulo 26
Capítulo 26 - Insensatez




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A lareira acesa iluminava aquele cômodo, os irmãos aproveitavam a chama para se aquecer naquele fim de tarde frio.

Itachi encarava Sasuke, sentado ao seu lado, fitando o fogo alto dentro da lareira. 

Eles estavam sozinhos nos aposentos da família Uchiha. Naquele horário, Izumi estava a serviço da Rainha. 

– Você não disse uma palavra desde que saiu do escritório da Rainha. - Itachi comentou sugestivamente, fitando o rosto sério do caçula. 

Sasuke soltou um riso anasalado. 

– Não há o que ser dito. - Respondeu, ainda com os olhos fixos no fogo - Resolvemos apenas que eu continuarei na Corte. 

Itachi suspirou derrotado. No fim, temia que a história entre Sasuke e Sakura se repetisse. 

– Você conhece os riscos. - Alertou - Você não é mais um garoto.

– Sakura ainda me ama. - Sasuke afirmou, finalmente encarando seu irmão - Eu voltei por causa desse amor, Itachi. Não pense que desistirei tão fácil. 

– Sasuke... - Itachi falou em tom de aviso, em reprovação a qualquer atitude inconsequente que Sasuke pudesse tomar - Meu irmão, seja sensato. 

– Nunca fui íntimo da sensatez, bem o sei. - Riu. 

– Qualquer pessoa que lhe ouvisse dizer tais palavras seria imediatamente induzida a pensar que você se lembra com clareza de cada detalhe da sua vida. 

Itachi não estava errado. Várias lacunas da vida de Sasuke permaneciam vazias em sua memória. Aos poucos suas lembranças voltavam, a cada dia tinha mais lapsos que muitas vezes questionava-se se poderia ser sonho ou realidade. 

– Lembro claramente de ter caído de um precipício por causa de uma flor. - Sasuke respondeu com indiferença, mesmo que tal ato lhe tenha custado seis anos de sua vida - Acho que qualquer pessoa sensata não chegaria perto de fazer isso. 

O espírito de Sasuke não havia mudado. Ele continuava o mesmo, teimoso e determinado. O grande problema era até onde tal teimosia e determinação poderiam levá-lo. 

– Nosso pai costumava dizer que uma pessoa sábia aprende com os próprios erros. - Observou o mais velho. 

Sasuke riu em escárnio. 

– É realmente uma pena que eu não me lembre de nosso pai. 

– Poderia pelo menos fazer um esforço para honrar a memória dele. - Itachi retrucou. 

– A vida de nosso pai acabou pelo que sei, mas a minha está recomeçando. - Sasuke disse firmemente - Ainda consigo ponderar as coisas, me resta um pouco de raciocínio lógico. 

– O que pretende fazer, então? - Questionou - Pelo visto a conversa com sua antiga companheira de cama o deixou determinado, mas infelizmente menos sensato do que costumava ser.

– Concluí que Sakura nunca teve intimidades com Sasori, isso faz dela mais minha do que dele. - Disse com um ar de superioridade, o que deixou seu irmão claramente preocupado - Um casamento não consumado nunca será válido, logo, meu irmão, Sakura não é casada. 

– Seu raciocínio está certo, mas Sasori também é Rei de Konoha. Se você voltar a ter casos com Sakura, terá ofendido o Rei. - Alertou - Seria condenado à morte sem direito a um julgamento, Sasuke! - Falou entre dentes - Você fala de raciocínio lógico, mas não sei até que ponto está mesmo usando a lógica.

Sasuke soltou um longo suspiro.

– Não voltarei a encontrar com Sakura às escondidas no silêncio  e escuridão da noite. - Ele esboçou um sorriso de canto - Minha idéia é outra... Sei que posso acordar aquele sentimento adormecido em seu coração. 

Sasuke não estava disposto a desistir. 

Ter caído de um precipício apenas para pegar uma flor, e depois de anos voltado sem garantia alguma só poderia significar que tudo valeria a pena no final. 

Desistir de tudo como um covarde nunca fez parte de seus planos.

– E como fará isso, Sasuke? 

– Sarada.

A resposta de Sasuke espantou seu irmão. Sakura jamais permitiria que os Uchiha mantivessem contato com a Princesa, principalmente se esse Uchiha fosse Sasuke, pai biológico dela. 

– Você jamais terá permissão para se aproximar dela. - Disse Itachi. 

– Um pai não precisa de permissão para se aproximar de um filho. - Rebateu o mais novo - Sarada é minha prioridade agora, o amor de Sakura será consequência. 

Itachi soltou um longo suspiro. Pensou que Sasuke, mais velho, teria pensamentos um pouco mais sensatos. Mas o coração de uma pessoa nunca muda, por mais que amadureça. E agora não era somente Sakura, mas Sarada também.  

– Um pai comum. - Enfatizou o mais velho - Mas Sarada é filha da Rainha, nem eu tive permissão para manter contato com ela, e olha que já implorei por várias vezes. - Disse cabisbaixo. 

– Não desistirei, Itachi. - Sasuke falou decidido - Eu não posso obrigar Sakura a ter algo comigo, e certamente me conformarei mais facilmente em não ter o amor de Sakura caso ela não queira. Todavia, agora existe uma filha também, minha filha, meu sangue, e eu não serei privado de uma convivência com ela.

– Acha que será fácil? - Itachi questionou. 

– Não será, mas não desistirei. 

[...] 

Há vários minutos Sasuke observava enquanto Sakura caminhava sozinha no jardim, tendo dispensado suas damas de companhia. Era bem clara a forma que ela havia mudado, parecia outra pessoa.

O vestido cinza ricamente bordado e com detalhes em arminho deixavam claro que aquela mulher pertencia à realeza, coisa que antes Sakura não fazia questão de ressaltar.

Ela realmente mudou muito, pensou o jovem. 

Se antes Sakura era uma mulher simples demais para sua posição, agora demonstrava todo o seu porte de Rainha. 

Sasuke caminhou a passos lentos pelo grande jardim, indo em direção a rosada que ficou estática ao notar sua aproximação. 

– Sasuke... - Ela falou com a voz firme quando se encontrou face a face com seu antigo amor - Pensei que tudo já estivesse resolvido entre nós. 

– Não disse que não está. - Ele retrucou.

As formalidades foram deixadas de lado. Sasuke não se curvou para sua soberana como mandava a cortesia, visto que lembrava-se claramente da reação de Sakura quando ele o fazia. Ela não gostava quando alguém, principalmente Sasuke, agia de maneira extremamente formal.

Em contrapartida, Sakura estava mudada, e cada vez mais afirmava sua posição de Rainha. Enxergou como falta de respeito o comportamento de Sasuke, mas por hora resolveu não discutir por conta disso. 

– O que quer? - Ela questionou. 

– Sou novamente um cortesão, acho que posso caminhar livremente pelo palácio e seus jardins. - Respondeu sugestivamente. 

– Céus, não seja cínico! - Bufou - Não deveríamos nem nos encontrar! 

– Por quê? Sakura, éramos grandes amigos. - Afirmou - Por que não podemos ter contato? 

Sakura suspirou pesadamente. 

– Sou uma mulher casada agora, Sasuke. 

– Não falei nada sobre sermos amantes. - Rebateu - Das poucas lembranças que tenho de minha vida, as melhores são ao seu lado... - Disse sinceramente, esboçando um discreto sorriso - Minha infância... As mais claras são da minha infância. Nós éramos inseparáveis, Sakura. 

– Não somos mais crianças. - A Haruno insistiu - Não tente forçar algo que já não tem cabimento. 

– Permita-me desfrutar novamente de sua presença. - Insistiu - Eu respeito o seu casamento, Sakura, e jamais tentaria algo com uma mulher casada. 

Sakura sabia que Sasuke estava sendo sincero. Ele sempre foi muito correto e sensato... bem, a sensatez às vezes lhe faltava, mas Sakura estava certa de que ele jamais se tornaria seu amante enquanto ela permanecesse casada com Sasori. 

– Não é qualquer cortesão que tem a honra de desfrutar diariamente da presença da Rainha. - Sakura respondeu - Eu afirmei que não quero problemas trazidos por você. 

– Não trarei. - Afirmou - Dou a minha palavra. 

Sakura não disse nada, mas assentiu com a cabeça. 

Aquela foi a primeira deixa para Sasuke. Convivendo com Sakura dia após dia, pouco a pouco, ele sentia que rapidamente conseguiria ganhar sua confiança novamente, talvez até o seu amor. 

Se quisesse uma aproximação com sua filha, primeiro deveria se aproximar da mãe dela. 


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