Vossa Majestade escrita por Evil Queen 42
Notas iniciais do capítulo
Boa leitura, amores.
Sakura estava diante dos mais belos vestidos que já vira. As costureiras juntamente com os ourives capricharam em cada detalhe dos vestidos e agora uma indecisão imensa tomava conta de si.
– Hinata, qual você prefere? - A rosada pousou seu dedo indicador no lábio inferior, analisando minuciosamente cada detalhe dos vestidos que estavam sobre sua cama.
– Majestade, ambos estão lindos.
– Você não está ajudando... - Suspirou - As cores, as combinações... Estão perfeitos, os dois.
– Talvez o vestido púrpura com as mangas de arminho, já que se trata do aniversário da Rainha. - Hinata esboçou um pequeno sorriso e Sakura assentiu.
– Púrpura e arminho, as marcas da realeza. - Sorriu de canto enquanto caminhava até a mesa de madeira no centro de seu quarto, onde ela havia colocado algumas jóias para se decidir sobre qual usar - Para completar, talvez uma coroa... Acho que fica mais apropriado do que a boina com a pena.
– A pena nas cores preto e branco combina perfeitamente com o arminho, Majestade. - A dama de companhia falou num tom sugestivo - Embora eu também ache que uma coroa dourada adornada com pedras seria perfeito.
– Posso me decidir sobre isso depois. Mas o colar, claro, será este. - Sakura pegou um colar de pérolas cujo pingente era um S de ouro com três pérolas maiores enfeitando-o - É meu favorito.
– Sim, a Rainha o exibe com muito orgulho. - Hinata respondeu sorridente.
Com certeza o colar favorito da Rainha era aquele que tinha a inicial de seu nome. Sakura adorava colares com iniciais e outro que também exibia com muito orgulho era o que tinha o pingente com a letra "R", enfatizando ainda mais que ela era uma Rainha. Também havia um com a letra "H", pois ela era uma Haruno.
– O tenho desde criança... - Respondeu nostálgica, guardando novamente o colar - Foi presente da minha mãe.
– A Rainha Mebuki tinha um excelente gosto. Nota-se pelas jóias que herdaste dela.
– É... - Um sentimento de saudosismo tomou conta da Haruno. Perdera a mãe muito cedo e pouco conviveu com a mesma - Enfim, usarei o vestido púrpura. As jóias escolho depois com mais calma, mas preciso que encomende sapatos pretos de veludo.
– Sim, Majestade.
– Agora vá.
A morena fez uma reverência e se retirou, deixando a Rainha à sós.
Sakura olhou mais uma vez os vestidos, realmente estavam ótimos e a monarca ficou extremamente satisfeita.
Assustou-se ao ouvir a porta atrás de si ser aberta e, quando virou para trás, se deparou com Orochimaru.
– Perdão pela intromissão, Majestade. - O homem pálido dos cabelos negros fez uma reverência para a Rainha.
– Como ousa entrar em meus aposentos sem ser anunciado, Orochimaru? - Questionou furiosa.
– É rápido, Majestade, só queria fazer uma pergunta.
– Pois faça! - Pôs as mãos na cintura e encarou com impaciência o homem à sua frente, deixando claro que ele estava sendo inconveniente.
– Notei que a Rainha não enviou uma única correspondência para o Rei, avisando sobre a festa. Não faz questão de sua companhia?
Sakura soltou um longo suspiro, tentando manter a paciência. Não suportava a intromissão dos Conselheiros em sua vida pessoal e Orochimaru era quem ela mais detestava.
Estava claro que ele só queria provocá-la como sempre fez. Sabia que Orochimaru nunca havia aceitado o fato de que a aliança com Suna não tirou a rosada de sua posição como regente.
– O Rei sabe quando faço aniversário. - Respondeu firmemente - Não há necessidade de avisá-lo. Seria irrelevante.
– Deveria fazê-lo pelo menos para mostrar que lembra do Rei e que se importa.
– Ele sabe que eu não me importo. - Cruzou os braços em frente ao corpo, mantendo seu olhar de superioridade sobre Orochimaru - O que eu falei há três anos, Orochimaru? - Questionou de maneira retórica - Aquela foi a primeira e última vez que me submeti à vontade dos meus Conselheiros. Vocês nunca mais irão impor nada a mim e só abram a boca para expressar suas opiniões caso lhes seja mandado!
– Deveria se importar... - Ele esboçou um sorriso de canto - Nem que seja pelo bem de Konoha.
– Pelo bem de Konoha? - Estreitou os olhos após questionar com indignação quase palpável - Eu fiz algo contra a minha vontade única e exclusivamente pelo bem de Konoha!
– Não fez mais do que vossa obrigação, Majestade. - Respondeu - Há séculos monarcas sacrificam suas vontades pelo bem do Reino. Não és a primeira e tampouco serás a última a fazer isso.
– Se eu já fiz o que o Conselho queria, Orochimaru, não existem mais motivos para pressão. Konoha tem uma Rainha regente, mas também tem um Rei, há uma aliança forte. O que mais querem de mim?
– Herdeiros. - Respondeu simplesmente - Há boatos de que o Rei nunca sequer visitou a Rainha em seus aposentos... - Disse em tom sugestivo - Isso é muito grave em diversos sentidos.
– Minha vida pessoal não diz respeito ao Conselho.
- Majestade, quando se dorme com um Rei ou com uma Rainha isso deixa de ser assunto particular. O futuro da Dinastia Haruno depende de vosso ventre.
– Saia daqui! - Bradou - Agora! Saia!
Orochimaru se retirou e Sakura, no momento em que o homem fechou a grande porta de madeira, arremessou um objeto de porcelana sobre ela.
Sua felicidade simplesmente havia acabado ali. Orochimaru sempre dava um jeito de alfinetá-la, sempre fazendo insinuações sobre sua vida pessoal e sobre o futuro do trono.
Saiu do quarto apressada, andando pelos corredores do castelo sem se importar com os que faziam alguma reverência para ela, indo em direção à um dos jardins.
Levou sua mão até o peito e suspirou apreensiva. Sentia como se estivesse gritando numa local cheio de gente e ninguém conseguisse ouvi-la.
– Sasuke... Tudo teria sido tão diferente se você estivesse aqui... - Sussurrou num fio de voz quando a lembrança do Uchiha lhe veio à mente.
– Majestade? - Ouviu uma voz masculina atrás de si e virou-se, deparando-se com Itachi - Parece aflita.
– Estou aflita. - Respondeu.
– Poderia contar-me o porquê? - Perguntou o moreno. Sua preocupação era mais do que clara, uma vez que sentia um carinho especial por Sakura como pessoa e não como Rainha. Ele praticamente a viu crescer.
– A única pessoa para quem eu realmente me abriria está morta há seis anos... - Falou com pesar.
– Majestade. - Aflito, Itachi abaixou o olhar. Aquele assunto ainda mexia com ele, mesmo que tanto tempo já tivesse passado - Todos sabíamos que ele não iria voltar.
– Não, Itachi, eu sentia... Sentia que ele estava vivo, mas o tempo passou e minhas esperanças foram enterradas.
– A Rainha criou expectativas que a machucaram profundamente. Sasuke está morto e nossas vidas continuam.
– Ele dizia que me amava... - Sorriu sem humor, olhando para o horizonte - Eu pensei que esse amor pudesse trazê-lo para mim de alguma forma.
– Sasuke a amou... De verdade.
– O amor de um homem nada vale, Itachi, eu descobri isso com o tempo.
Sakura de fato havia se tornado uma Rainha amargurada, preenchendo vazios em seu coração com coisas fúteis. Ela já não era mais a mesma... A ausência de Sasuke conseguiu transformá-la radicalmente.
– Mas esse amor deu frutos, Majestade... Deveria sentir-se grata por isso.
A expressão no rosto da monarca rapidamente se transformou. Ela, furiosa, olhou para Itachi e ele sentiu que havia falado mais do que deveria. No entanto, o Uchiha simplesmente não conseguia se conter... Era como se o coração de Sasuke ainda batesse de alguma forma.
– Itachi... Já falei isso várias vezes, mas torno a dizer. Não abra sua boca para dizer o que você acha que sabe!
– Não é questão de achar, minha Rainha, é questão de ter certeza.
– Pois não tenha! - Ralhou - Esse assunto não lhe diz respeito.
– Sim, esse assunto me diz respeito. - Mesmo conhecendo o temperamento de Sakura, Itachi não hesitou em confrontá-la mais uma vez - É o sangue do meu irmão que...
– Não ouse repetir isso! - Sakura o interrompeu, furiosa - Sasuke está morto e mais nada relacionado a ele me importa!
– Sim, importa... - O moreno estreitou os olhos - Ainda está machucada, Majestade.
Sakura não disse uma única palavra sequer, mas sentiu seus olhos arderem. Ela queria chorar.
Sem argumentos para rebater, a mulher simplesmente virou as costas e correu novamente rumo aos seus aposentos.
Queria parecer forte, queria demonstrar que não se importava mais, todavia era impossível. De alguma forma, de um jeito ou de outro, sentia que o coração de Sasuke ainda batia.
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