Inocência Premeditada escrita por Bia


Capítulo 4
Draco Malfoy


Notas iniciais do capítulo

Draco Malfoy (x)
Ron Weasley (-)
Harry Potter (-)



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Draco Malfoy

Nem adiantava tentar argumentar com Pansy porque ela não entenderia nunca.

Não importava o quanto quisesse explicar – se realmente quisesse— que o que admirava em Hermione Granger não era apenas o seu físico ou seu jeito de querer agir corretamente independentemente de qual fosse a situação.

O que admirava nela era sua coragem.

E não apenas a sua coragem em seguir o Potter, estar lado a lado com ele em todos os perigos, não importando qual fosse. Mas, principalmente, a coragem em ser quem era.

Quantas vezes já não tinha escutado pessoas falando que era ridícula e que não passava de uma decoradora de livros? Pessoas de todas as casas, aliás. E não eram apenas sussurros ou murmúrios pelo corredor, eram também afirmações altas, com o nítido propósito que ela as escutasse. Ele mesmo havia repetido esse bordão inúmeras vezes, a voz carregada de nojo, enquanto, no fundo, sentia uma admiração tremenda.

Admiração porque, simplesmente, ela não se importava.

Adolescentes, humanos em geral, são como rochas em uma praia. Muito suscetíveis a mudança devido à pressão externa. Sendo moldado a cada onda.

Houve uma época, logo no começo da escola, em que Draco jurou que ela não resistiria. Que faria   a mesma coisa que ele teve que fazer: fingir ser quem não era para que, em troca, pudesse ganhar o apoio e aprovação dos demais. Esperou isso com uma paciência envenenada. Logo, ela estaria se preocupando menos com os estudos, relaxando um pouco mais, procurando namorados. No entanto, durante quatro anos isso não aconteceu. E no quinto ela veio com aquela história de proteção aos elfos domésticos que ninguém, a não ser Dumbledore e unicamente ele, deu atenção. Ela não desistiu. Nada mais Hermione Granger.

Draco admirava esse tipo de coragem porque era justamente o que faltava nele.

A verdade era algo simples e duro de se admitir; algo que jamais falaria em voz alta porque queria manter a admiração e o amor das outras pessoas, porém, na verdade, nunca tinha entendido exatamente o ódio aos nascidos trouxas; porque ficar se preocupado com isso? No entanto, isso era algo que seu pai esperava dele, sua mãe nem tanto, era o que esperavam seus amigos da Sonserina.

Uma vez ousou perguntar “Porquê?”. Não devia ter mais do que sete anos na época. Sua mãe fechou os olhos em uma careta piedosa, mas o pai o olhou como se fosse um monstro, um dos temíveis nascidos trouxas. Virou as costas e não respondeu. Ficou sem falar com Draco durante uma semana e não respondeu. Como se a resposta fosse a mais óbvia das coisas.

E então começou a fingir. Começou a fingir que os odiava. E era um ator tão bom que chegou enganar a si mesmo.

Ás vezes ficava se perguntando o que teria acontecido se tivesse frustrado o caminho que seu pai havia traçado para ele. Os natais seriam péssimos, com toda certeza, isso se pudesse passá-los em casa. Entretanto, seria uma exceção. Um em mil sonserinos que não odiavam os nascidos trouxas, uma peça rara e valiosa. Enquanto, agora, era apenas um entre mil sonserinos que odiavam os nascidos trouxas.

Hermione não tinha cedido a força externa, não tinha fugido de quem era para agradar os outros. E algumas vezes, mais raras agora com o passar do tempo, Draco queria ter tido coragem para fazer o mesmo.

No entanto, era tarde para ele, tarde demais. Já havia aceitado a missão de corresponder exatamente as expectativas do pai e assim o faria.

O único prazer que se deu foi não se explicar com Pansy. Até porque ela não entenderia, mas principalmente porque, sobre isso, não se sentia obrigado.


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